O assassinato brutal do jovem Luís Lourenço, de 35 anos é, infelizmente, mais um registrado nas ruas da área central de Cascavel. Assim como fazia sempre, ele caminhava tranquilamente no Parque Vitória na manhã de terça-feira (25) quando, ao passar pela academia da terceira idade, teve seu destino interrompido ao cruzar com Ivanildo dos Santos, de 48 anos.
Ivanildo, que já possuía inúmeras passagens pelo setor criminal, estava com Patrícia Aparecida Sena, de 32 anos.
De acordo com o delegado Fabiano Mozza, responsável pela Delegacia de Homicídios, . “Ouvi pela segunda vez a mulher que estava com o autor, ela disse que estava fumando crack e que Ivanildo tinha bebido um litro de cachaça. (…) Ele teria dito que a vítima estava mexendo com mulher dos outros e perseguiu o rapaz”
Luiz correu por mais de cinco minutos, pediu socorro em uma obra, os trabalhadores tentaram conter o homem que os ameaçou. “Também ouvimos um dos motoristas que aparece no vídeo e ele disse que acreditou se tratar de um assalto, já que um homem corria com o pedaço de concreto e outro tentava abrir o carro”, disse o delegado.
Ivanildo perseguiu Luís com um cano com concreto e ferro, e no cruzamento das ruas Manaus com Sete de Setembro, matou o homem com diversos golpes na cabeça. Patrícia viu tudo, não fez nada, e deve ser indiciada como coautora do crime. Já Ivanildo, mesmo depois de matar Luís, investiu contra um policial civil e foi alvejado por policiais militares, morrendo em seguida.
O caso não é algo isolado. Infelizmente, em um rápido levantamento feito pela reportagem do Preto no Branco, ao menos quatro pessoas que morreram nos últimos seis meses têm alguma ligação com os moradores de rua.
E é justamente aí que está o problema. Mesmo com diversas operações desencadeadas na cidade pelas forças policiais – a última delas aconteceu na quarta-feira (26) em que 80 moradores de rua foram abordados, o problema parece ser cada vez mais difícil de ser resolvido.
Conforme dados repassados pela Secretaria de Comunicação Social de Cascavel, há cerca de 500 pessoas morando na rua na cidade e, infelizmente, 86% deles possuem indicativos criminais – Patrícia e Ivanildo também tinham.
Em entrevista ao vivo à TV Tarobá, o vice-prefeito Henrique Mecabô disse que o município está ‘enxugando gelo’. Segundo ele, a morte de Luís Lourenço é um fato triste e chocante, e que a situação é um ‘desafio tremendo’ que causa bastante preocupação. “A Prefeitura tem se desdobrado desde o início deste mandato em relação a questão dos moradores de rua, com as operações resgate e blindagem”.
Mecabô citou inclusive que o assassino de Luís, Ivanildo dos Santos, foi abordado já no segundo dia de operação desencadeada pela Guarda Municipal e Guarda Civil Patrimonial. “Ele tinha um histórico de acolhimento no ano passado. Estima-se que foi abordado mais de 10 vezes pelas equipes, mas se recusou a qualquer tipo de atendimento. Infelizmente temos a legislação federal que permite isso”.
Outro ponto destacado pelo vice-prefeito é que das 770 pessoas abordadas até terça-feira (26) pelas forças policiais, 450 recebem bolsa família. “Em todo ano passado, por exemplo, o Município gastou cerca de R$ 80 mil com passagens para mandar essas pessoas em situação de rua para sua cidade de origem. Esse ano, até agora, já são mais de R$ 40 mil”.
Ele ressalta que a população não deve dar esmolas aos moradores de rua. “Nem esmola, nem marmitas. Isso facilita a permanência deles nas ruas”.
O que fazer?
Questionado, Mecabô disse que o compromisso da atual gestão é dobrar o efetivo, passando dos 150 guardas para 300, até o fim do mandato. “Temos problemas com a questão financeira, mas vamos acelerar para cascatear esses profissionais ao longo do período e o mais rápido possível”.
Em relação às mobilizações da população, o vice-prefeito disse que entende a preocupação dos cascavelenses. “Fomentamos que esses abaixo-assinados continuem. Precisamos desse respaldo da população para pedir soluções ao Poder Judiciário. O que vemos é que a Guarda Municipal prende múltiplas vezes a mesma pessoa e encontra novamente esses criminosos nas ruas”.
Preto no Branco mostrou situação da cidade há um ano
Infelizmente, o problema causado pelo grande número de moradores de rua na cidade, já foi alertado algumas vezes nas páginas impressas do Preto no Branco.
Na edição do dia 28 de maio do ano passado, quando a reportagem apontou que, em 2017, por exemplo, 800 pessoas em situação de rua haviam sido atendidas pela Secretaria de Assistência Social e em 2023 o número saltou para 3,5 mil, crescimento de 338% em cinco anos.
Na edição do dia 14 de junho do ano passado, o Preto no Branco trouxe uma reportagem sobre o PIB de Cascavel. Na capa o questionamento era, inclusive, duas fotos: uma do sistema de saúde outra de um morador de rua, atrelando os dois problemas que estão – queira ou não, interligados. Mesmo com o aumento da população, a cidade possui o pior PIB (Produto Interno Bruto) de todo Oeste.
Sociedade organiza abaixo-assinados e mobilizações
No mesmo dia em que Luís foi morto, diversos órgãos da sociedade se organizaram com abaixo-assinados para pedir mais segurança. Em um deles, elaborado por moradores dos bairros Canadá, Cancelli e Country, exatamente na região em que houve o homicídio.Além disso, uma mobilização está sendo programada para o próximo domingo (30) na Feira do Teatro às 8h30.
Mortes no Centro
Uma rápida pesquisa feita pela reportagem do Preto no Branco aponta que, desde novembro do ano passado, ao menos quatro assassinatos envolvendo moradores de rua foram registrados em Cascavel.
No dia 26 de novembro, Nahin Everaldo Camin de Oliveira, de 40 anos, foi morto com uma facada no peito na Rua Paraná, próximo à rua Salgado Filho. Já no dia 30 de dezembro, um homem de 37 anos foi atacado com uma facada na região do pescoço. Ele foi encaminhado ao HU, mas acabou morrendo alguns dias depois.
Onze dias antes do assassinato de Luís, na noite do dia 15 de março, outro morador de rua foi executado com três tiros. Todo crime também foi flagrado por câmeras de segurança, na Rua Osvaldo Cruz. Mesmo ferido, Filipe Novas de Savetra, de 25 anos, correu até a Avenida Brasil, mas acabou morrendo.
Em depoimento, mulher disse que já ‘respondeu’ por tentativa
Em depoimento à Polícia Civil, Patrícia Aparecida de Cena, de 32 anos, confirmou que já possuía diversas passagens pelo setor policial, dentre elas uma tentativa de homicídio. A mulher será indiciada como co-autora do homicídio de Luís Lourenço, de 35 anos.Ela aparece ao lado de Ivanildo dos Santos nas imagens registradas por câmeras de segurança, logo após Luís receber o primeiro golpe na cabeça.Questionada pelo delegado, ela disse que estava ‘fazendo caminhada no parque’ e que não sabe dizer o que motivou o crime. “Ele (Ivanildo) estava louco. Saiu correndo atrás do cara e eu fui atrás”, citou Patrícia em um trecho do depoimento.Mesmo presenciando toda situação, Patrícia nada fez para impedir o assassinato cruel na Rua Manaus. Em audiência de custódia realizada na quarta-feira (26), a Justiça deliberou por deixa-la presa na carceragem do Depen em Corbélia, até seu julgamento
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