Há uma semana, pais de crianças em idade escolar têm vivido um dilema: mandar ou não seu filho à escola. O motivo, obviamente, são as tragédias que, como a de Blumenau ocorrida na quarta-feira (05), estão gerando medo nos pequenos e nos adultos.
Com duas filhas na rede pública, uma na Municipal e outra na Estadual, Josiane Barbosa disse que a cada dia reza para que as filhas voltem sãs e salvas pra casa. “São coisas que a gente via no cinema ou que aconteciam lá nos Estados Unidos. Agora está cada vez mais perto”.
E o medo não é só dela. As meninas, de 9 e 14 anos, citam que nos últimos dias têm ficado mais atentas. “Qualquer coisa diferente eu já penso em como vou correr, como vou conseguir escapar. Já fico traçando uma rota de fuga”, disse Bárbara, que estuda no Colégio São Cristóvão – onde supostamente ocorreria um ataque.
O ataque felizmente não foi confirmado – a princípio trata-se de mais uma fake news, mas todas as forças de segurança estão em alerta máximo. Desde a semana passada tanto a Polícia Militar quanto a Guarda Municipal intensificaram as rondas e, desde a quarta-feira (12), guardas patrimoniais estão nas unidades de ensino da rede municipal.
Escolta armada
Também na quarta-feira (12), o prefeito Leonaldo Paranhos encaminhou à Câmara um projeto de lei – que foi aprovado ontem (13) para que o Município coloque um guarda municipal armado em cada escola e CMEI.
Como não há efetivo suficiente para isso, a proposta é ‘comprar’ as folgas dos servidores – como já ocorre hoje por parte do Governo do Estado junto à PM nas escalas chamadas ‘extra jornada’.
Desta forma, a Prefeitura de Cascavel pagará por hora para esses profissionais que, no seu momento de folga, façam a segurança nas escolas.
Perguntas sem resposta
Para sanar diversas dúvidas dos pais em relação a segurança de seus filhos nas escolas, a reportagem do Preto no Branco encaminhou ao Município ainda na segunda-feira (10) uma série de questionamentos a respeito do assunto.
Dentre eles como é feita a segurança nas unidades; se existe algum profissional capacitado para reagir em caso de algum ataque; sobre a Lei que está em vigor e até então, segundo os próprios pais, não é cumprida; quantos profissionais seriam necessários para implantá-la; como o Município pretende agir para as contratações necessárias, sendo que há uma determinação de corte de gastos; se há câmeras de segurança em todas as unidades; sobre os portões abertos das escolas; e ainda sobre o plano de segurança a ser implantado em cada escola, questionando em quanto tempo ele será posto em prática.
Ainda foi questionado se a Secretaria de Educação e de Segurança podem intervir nas escolas particulares do Município, porém até o fechamento da reportagem não houve resposta.
Lei de 2011 já prevê guardas em todas as escolas
Proposta pelos então vereadores Nelsinho Padovani – hoje deputado federal, e Julio Cesar Leme, a Lei Ordinária Nº 5893/2011, dispõe sobre a obrigatoriedade da permanência de guardas municipais ou guardas patrimoniais nas escolas municipais de Cascavel.
Em seu artigo 1°, a Lei cita que o profissional deverá permanecer na escola em todo seu horário de funcionamento, seja ele matutino, vespertino ou noturno. A Lei foi publicada no dia 17 de outubro de 2011.
De acordo com o deputado Nelsinho Padovani, a lei existe há 12 anos. “O que é preciso agora é que ela seja efetivamente cumprida. Não podemos esperar que uma tragédia como essa atinja as famílias cascavelenses. Foi uma preocupação nossa lá em 2011 e segue sendo ainda mais agora”.
Doze anos depois, o Município conta com câmeras de segurança interligadas a uma central e não há guardas nas unidades escolares.
Pais se organizam e cobram segurança
Assim que a notícia da tragédia de Blumenau (SC) ganhou repercussão e outros casos espalhados pelo Brasil de que pessoas têm entrado – ou tentado entrar, em escolas, pais de crianças da rede pública de ensino em Cascavel têm se mobilizado para cobrar as autoridades.
Em uma petição pública – que até o fechamento da edição já tinha mais de 3.400 assinaturas, eles pedem que um guarda municipal armado fique em cada escola e CMEI da cidade.
No sábado (08), com faixas e cartazes, eles foram até a Catedral Nossa Senhora Aparecida pedindo o comprometimento das autoridades municipais.
Escolas particulares
Assim como na rede pública, os pais de crianças da rede particular de ensino em Cascavel também cobraram as escolas para que fossem adotadas medidas de segurança.
Já na semana passada, algumas delas havia contratado segurança privada que tem ficado na entrada e saída das crianças. Catracas que, até então, estavam desativadas, foram colocadas para funcionar e nos espaços em que não há monitoramento ou ainda cercas elétricas, as unidades de ensino já estão providenciando a compra.
Outros municípios
Ainda no início da semana, o município de Guaraniaçu já havia adotado medidas para aumentar a segurança nas escolas da rede municipal. Dentre elas está o fechamento de portões das unidades, a instalação de cercas com arame farpado ou elétricas e também colocação de câmeras de monitoramento e outros dispositivos para acionar a Polícia Militar em caso de alguma atitude suspeita.
Em Santa Tereza do Oeste, um projeto de lei de autoria do vereador Marcelo Picoli foi aprovado pela Câmara e sancionado pelo prefeito, para a instalação de detectores de metais nas escolas, além de medidas similares às de Guaraniaçu. O projeto autoriza também a revista em pessoas que forem consideradas suspeitas dentro do ambiente escolar.
Escolas Estaduais
Reforço no policiamento, apoio psicológico e mais de R$ 20 milhões. Essas são apenas três das medidas que serão implantadas pelo Governo do Estado para reforçar a segurança nas escolas da rede estadual de ensino no Paraná.
O anúncio foi feito nesta quinta-feira (13) pelo governador Ratinho Junior em coletiva de imprensa em Curitiba. A princípio serão dez novas medidas. São elas:
Treinamento avançado em segurança escolar
Policiamento Escolar: 5.600 policiais (em turnos) em 2.200 escolas
Viaturas que não estiverem em atendimento ficarão, preferencialmente, em frente às escolas
Acionamento do botão de segurança por aplicativo, via registro de classe online
Programa Olho Vivo: videomonitoramento em 200 escolas
R$ 20 milhões: liberação de recursos para todas as escolas investirem em sistemas de segurança
Bem Cuidar: APP com atendimento psicológico gratuito para profissionais da rede
Contratação de psicólogos para o atendimento à comunidade escolar
Ampliação das escolas cívico-militares de 206 para 400
Criação de Comitê intersetorial de prevenção e monitoramento no Paraná.
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