Imersão na rotina hospitalar aperfeiçoa acadêmicos de Medicina da UEPG

O retorno às atividades é diferente para um grupo de 35  alunos do curso de Medicina da Universidade Estadual de Ponta Grossa . Durante as férias, ao invés do descanso, eles realizaram um curso no Hospital Universitário (HU) da UEPG.

A iniciativa rendeu uma imersão na rotina hospitalar, em especialidades que contemplam o currículo básico nos setores de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Centro Cirúrgico, Ambulatório Clínico e Ambulatório Cirúrgico. A atividade iniciou no dia 20 de dezembro e se encerra nesta sexta-feira (28), com apoio e autorização da Direção Acadêmica do Hospital.

Os estudantes enfatizam o ganho de experiências proporcionado pelas atividades práticas. Milena Christine Krol do Nascimento está no 3º ano de Medicina e descreve que conhecer de perto a rotina de um médico é, também, pensar no próprio futuro. “Eles nos ajudam a entender como vamos trabalhar no futuro e o que faremos”, conta. Milena diz que estreitou a convivência com os pacientes. “Acabamos nos ligando a eles, lidamos com essa fase do luto que alguns familiares passam e isso acaba nos gerando uma empatia”.

A rotina é dividida em oito horas diárias, cinco dias por semana, com os alunos divididos entre os cinco setores. “Vemos a evolução dos pacientes, como estão os exames laboratoriais ou de imagens, conversamos com o paciente, além de discutirmos o caso com o médico”, explica a universitária. “Quando a gente acompanha um paciente, temos mais interesse em estudar a doença que o acomete, o que deixa o trabalho muito mais interessante. Aprendi e me interessei muito mais pela teoria quando conheci os pacientes”, declara.

PRÁTICA –O projeto do curso de férias foi pensado pela médica e professora de medicina da UEPG, Elise dos Santos Reis. O objetivo é oportunizar ao aluno o conhecimento prático, que possibilite a vivência real em um hospital. “O aluno de medicina sai hoje muito pouco preparado na parte prática”, salienta Elise. A partir do anseio de proporcionar conhecimento para além da teoria, a professora viu o período de janeiro como uma oportunidade de contribuir com o HU.

“O Hospital tem menos profissionais em janeiro, por conta das férias. Isso permitiu que tivesse essa união e os alunos convivessem com a prática”. Elise ressalta que o curso é uma relação ganha-ganha. “É uma troca do conhecimento, onde o aluno aprende e os profissionais do Hospital recebem ajuda nas demandas”.

“Ultimamente, ando pensando muito no meu futuro como médico e cheguei à conclusão de que estaria mais tranquilo nas férias evoluindo um pouco como profissional”, declara Erich Giuliano Locastre, aluno do terceiro ano de Medicina. Erich escolheu aprender a rotina da UTI durante o curso. “Escolhi a UTI porque é o lugar onde tenho menos contato na faculdade, para entender como funciona a rotina e conhecer os equipamentos que a gente sempre ouve falar, principalmente agora na Covid”, disse ele.

O maior aprendizado do acadêmico foi entender o quanto é pesado para um paciente estar internado em uma UTI. “Senti um clima mais desafiador para o médico, devido à situação do paciente”. Erich também desmistificou a parte da clínica médica. “Dá para o médico atuar de maneira tranquila, sem muita pressa, e isso acabei gostando muito, senti tranquilidade para agir”, completa.

ATENDIMENTO –Finalmente chegou o dia de Emanuely Vitória, de 11 anos, tirar o gesso da perna. Sua mãe, Sonia Medeiros Miranda, acompanhou todo o atendimento feito pelos alunos, que estavam acompanhados pelo médico. “Foi muito bom o atendimento, estão de parabéns. O atendimento aqui tem sido muito bom desde o primeiro dia e agora a vida é normal para a minha filha”, comemora Sonia.

Luis Miguel Leuch acompanhou o atendimento de Emanuely e afirma que o curso está sendo proveitoso. “A gente consegue fazer alguns procedimentos simples, algumas análises de exames e consegue ter contato com pacientes, o que acho muito interessante”.

O acadêmico do 2º ano de Medicina destaca a atenção que recebe dos profissionais que atuam no Ambulatório. “Eles estão prontos para tirar nossas dúvidas e sempre dão dicas do que podemos ou não fazer, o que conta muito para a nossa carreira”. Para Nathan Nabozny, o Ambulatório é o local onde mais se consegue aprender.  “O nosso foco é ver histórico dos pacientes, checar os exames, além de realizar procedimentos simples, como retirar pontos e fazer curativos”, explica.

Do outro lado do corredor, estava a paciente Cleri Aparecida Gomes, em uma consulta para tratar os últimos detalhes de sua cirurgia no ouvido. O encontro com o médico rendeu análises dos estudantes que estavam na sala.  “Achei muito bom receber esse atendimento, todo mundo dava uma opinião e estudava o meu caso, me senti muito bem”, descreve.

“Temos uma rotina aqui no Ambulatório. Chegamos, acompanhamos toda a rotina do médico de plantão e temos a chance de fazer perguntas sobre as condutas que estão tomando e também fazer perguntas durante a consulta ao paciente”, conta a acadêmica Crisangela Consul. Para ela, a oportunidade de vivenciar o dia a dia de uma pessoa formada é única.

O Centro Cirúrgico do HU também contou com a atuação dos estudantes. Jéssica Mainardes destaca a diferença do aprendizado prático, em comparação com a teoria. “Pudemos conhecer bastante a cirurgia e ver como as coisas funcionam. Isso vai ajudar a suprir uma falta que a pandemia nos trouxe, pois aqui conseguimos fazer várias coisas pela primeira vez”. A receptividade dos médicos é destaque na fala de Jéssica. “Eles entendem que aqui é um hospital escola e que a gente está aqui pra aprender”.

FAZ A DIFERENÇA– A experiência prática faz a diferença para um futuro profissional, conforme explica o médico Marcos Vinícius Taffarel. “É muito bacana para eles terem esse contato com a parte prática. Aqui a gente conversa e, a cada início de procedimento, damos uma aulinha antes, para eles ficarem a par”, conta.

A experiência também está sendo proveitosa para os profissionais do Centro Cirúrgico, de acordo com o médico. “Eles agregam muito, são muito participativos. Eles se separaram e cada um está indo para uma sala, fazendo algum procedimento. Conversamos antes e depois do procedimento, então está sendo muito bacana”.

Estar ao lado do médico de plantão e “mergulhar” na realidade hospitalar foi um objetivo cumprido para a médica Elise. “O horário da aula do estudante tem tempo delimitado e aqui nesse curso ele tem a chance de ver a rotina completa, com uma vivência maior”.

Depois de mais de um mês de experiência profunda para os 35 alunos, a professora e organizadora da iniciativa vê um saldo positivo. “Temos reuniões semanais, em que cada um apresenta o que está aprendendo, e muitos já querem entrar na lista para o próximo curso”, comemora.

Fonte: Secom Paraná

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