Guerra começa e governadores do Paraná fracassam

O navio brasileiro Marquês de Olinda, que subia o Rio Paraguai, foi aprisionado pelo Paraguai retaliando a invasão do Uruguai pelas tropas brasileiras

Depois de criar a Província explorando o antagonismo entre conservadores e revolucionários liberais, é em clima de guerra que o primeiro paranaense recebe o chamado do imperador Pedro II para ocupar um cargo de ministro.

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Jesuíno Marcondes (1827–1903) foi nomeado para administrar o Ministério dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, integrando o Gabinete de 31 agosto, chefiado pelo piauiense Francisco José Furtado (1818–1870).

A partir dessa época, Marcondes se tornará o grande chefe das Araucárias e começará com ele uma “dinastia” de políticos que terão seus descendentes, por parentesco ou afinidade política, em todos os governos paranaenses no futuro.

O clima de guerra foi instalado em setembro de 1864, quando finalmente as tropas brasileiras cumpriram a ameaça de invadir o Uruguai.

Solano López em cena

 

Joaquim Marques Lisboa (1807–1897), o Almirante Tamandaré, chefe da esquadra brasileira, assinara um acordo de cooperação militar com Venâncio Flores (1808–1868), o líder colorado uruguaio, para a deposição do governo blanco de Aguirre.

Mas a liquidação de Aguirre, determinada a pretexto de defender os interesses dos brasileiros que viviam no Uruguai, não iria ficar por isso mesmo: será o estopim de um conflito bem maior.

Ao líder paraguaio Solano López só restava cumprir a ameaça feita de que iria retaliar se o Brasil invadisse o Uruguai. A resposta veio com o aprisionamento do navio brasileiro Marquês de Olinda, que navegava pelo Rio Paraguai, próximo a Assunção, com destino à província de Mato Grosso.

Ainda nesse início de hostilidades, a Província do Paraná mantinha o quadro favorecido pela expansão dos negócios na região.

As exportações de erva-mate dobraram até esse final de 1864, passando de pouco mais de sete mil toneladas para quatorze mil. Entretanto, uma crise viria, fatalmente, em consequência da guerra.

 

O grande Paraná

O decreto Imperial 3.378 estabelecia como limites da Província do Paraná os rios Canoas e Uruguai. O Paraná, portanto, mantinha limites legais com o Rio Grande do Sul. Depois da Guerra do Paraguai, no curso de um longo processo em que o Paraná foi derrotado por Santa Catarina e sua poderosa força no Rio de Janeiro, esse território foi perdido.

Naquele momento, ainda com capacidade de iniciativa, o Paraná estava decidido a tomar posse de todo o território que legalmente lhe pertencia.

Foi aparelhada uma nova exploração exploradora, também aos cuidados dos engenheiros Keller, constituída por seis embarcações, cinco das quais com cinco toneladas de capacidade.

O objetivo era explorar a fundo as possibilidades dos mais importantes afluentes do Rio Paraná, “no interesse da navegação e da ciência”.

 

Oeste, região estratégica

O presidente (governador) da Província do Paraná, André Augusto de Pádua Fleury, informava aos deputados provinciais no início de 1866 que o Paraná “recebeu como herança de São Paulo e este de Portugal o estabelecimento de uma via de comunicação entre o litoral e a margem esquerda do Rio Paraná, abaixo das Sete Quedas”.

Esta via, argumentava Pádua Fleury, era necessária não só para defender a fronteira, como também para a fundação de um porto na confluência do Iguaçu com o Paraná.

Atendendo à sua recomendação, ordem imperial determinou à canhoneira Mearim promover uma jornada exploratória na região para organizar a estrutura de defesa da fronteira e projetar a edificação de um porto na foz.

Dava a largada ao projeto para viabilizar a soberania do Paraná sobre a região Oeste, então dominada pela Argentina e interesses ingleses.

 

Fleury projeta Foz do Iguaçu

A proposta de Fleury está na origem da atual BR-277 e do “empório comercial de vulto entre o Brasil e os Estados do Prata”, em seu dizer, que viria a ser a atual Foz do Iguaçu.

Esse porto, pretendia Fleury, deveria ser um futuro centro comercial (“empório”, segundo ele), aproximando o Império do Brasil das nações do Prata. Fleury estava “profetizando” a atual Foz do Iguaçu e intuindo o Mercosul.

Fleury deixa o governo paranaense em março de 1866, devolvendo-o a Agostinho Ermelino Leão, sem ter condições de avançar mais nesse projeto por conta da Guerra do Paraguai.

Ao término de um governo provisório de Ermelino de Leão, assume em novembro de 1866 o jornalista, juiz e professor piauiense Polidoro César Burlamaqui (1836–1894).

A gestão de Polidoro Burlamaqui acaba em agosto de 1867, quando assume por breve período o advogado e juiz fluminense Carlos Augusto Ferraz de Abreu (1834–1872).

Ferraz de Abreu, que também governaria Santa Catarina durante a guerra, entregou o comando paranaense no final de outubro de 1867 ao mineiro José Feliciano Horta de Araújo (1835–1908).

 

Colonização não prosperava

Com o fim do governo de Horta de Araújo, em maio de 1868, reassume por alguns meses o vice-presidente provincial Carlos Augusto Ferraz de Abreu, para dar posse ao português Antônio Augusto da Fonseca (1830–1890).

Abreu saiu lamentando as dificuldades enfrentadas no setor de colonização. “Este ramo de serviço”, observou ele, “merece ser estudado acuradamente. As grandes despesas feitas com ele tem sido até hoje improdutivas”.  

De fato, embora algumas boas sementes já estivessem plantadas, só iriam frutificar depois da Guerra do Paraguai, considerando também que a região já sentia os efeitos danosos do prolongado conflito entre as nações vizinhas.

A guerra pareceu encerrada quando, sob o comando do Duque de Caxias, as forças brasileiras entram em Assunção, a 5 de janeiro de 1869.

Mais de um ano ainda transcorreria, entretanto, até que o Paraguai estivesse destroçado e seu comandante já caído fosse executado por um golpe final.

 

Desenho da vocação agrícola

Com o fim do governo de Antônio Augusto da Fonseca, em agosto de 1869, Ermelino de Leão prepara a posse do baiano Antônio Luís Afonso de Carvalho (1828–1892), que ocorre em novembro.

Carvalho, que também governou a Bahia, em relatório aos parlamentares provinciais desenhou o retrato de um Paraná agrícola, projeto de difícil execução após o esgotamento da mão-de-obra escrava e antes das colônias de imigrantes:

– O terreno é de uma fertilidade espantosa e presta-se perfeitamente a todos os gêneros da agricultura europeia, bem como de alguns peculiares aos climas temperados. Na colônia Thereza, o terreno às margens do Rio Ivaí produz trigo, café, centeio, cana de açúcar, algodão e arroz de que se abastece em grande quantidade Guarapuava e a Comarca de Castro.

Uma descrição que trazia, com o relato, uma proposta de propaganda da qualidade das terras paranaenses, tendência crescente a partir dessa época. Mas no Oeste, e assim ainda seria por longo tempo, os idiomas mais falados eram o Guarani e o Espanhol. O controle real da região, porém, era inglês.

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