A vida é assim… a gente não escolhe por quem vai se apaixonar, mas acontece. Depois que conheci a Bolsa de Valores nunca mais consegui deixar dela (suspiro). E não é por falta de desavença, não.
Apesar da expressão recorrente dos traders de que “não se pode ‘casar’ com a ação”, no mercado de renda variável cabe bem a analogia com uma relação entre casais.
O Investidor é o marido e a Bolsa de Valores é a esposa. Ele apenas deseja ter uma vida prática: quer comprar as ações em um dia e vender no outro, com o lucro almejado. Simples assim. Será que é muito complicado para a Bolsa entender isso?
– Calma lá! – diz ela. – Aqui o negócio é renda variável, portanto, meu humor varia para cima e para baixo.
Se os papéis somente se valorizassem, não seriam investimentos de risco. E todo mundo iria querer se casar com a Bolsa.
Mas ela é uma mulher muito orgulhosa, se faz de difícil. Por diversas vezes o homem sequer consegue entender os seus movimentos. Tem até um ditado que diz que ela “sobe no boato e cai no fato”, tamanha incoerência.
Para tentar compreender a esposa, o homem criou um índice que nomeou como Ibov. A partir dele, o marido consegue ter uma ideia do humor da esposa, a cada novo dia de pregão.
Ainda assim, persiste a dificuldade de saber qual o momento ideal para comprar ou vender, pois a esposa vive situações de alta volatilidade, e tem como piorar: quando ela passa pelo circuit braker. É o terror para o marido!
Tal qual o casamento e a própria vida, o mercado de capitais também é feito de altos e baixos, como uma montanha russa em um parque de diversões. Você pode escolher o brinquedo que tem formato de minhocão (ações mais defensivas) e terá apenas algumas ondulações a percorrer, com pouca palpitação cardíaca.
Mas se você gosta de adrenalina pode escolher uma gigamontanha russa (papéis mais voláteis), subir ao topo com valorizações de até quatro dígitos, girar de ponta cabeça em loopings e despencar de grandes alturas em alta velocidade. Inclusive tudo isso com apenas um ticket, seja ele um lote ou uma única ação. E descobrirá que os extremos de amor e ódio são capazes de conviver no mesmo lar.
Quando o Bolsa lhe jogar para cima, você a desejará ardentemente, irá saboreá-la e terá as melhores noites de sua vida. Mas quando ela derreter os seus ativos, precisará ter extremo autocontrole para não abandoná-la de vez, batendo a porta, sem levar sequer uma muda de roupa na saída. Calma.
Você sobreviverá. E quando se der conta já estará novamente grudadinho a ela, sentado no sofá, assistindo às notícias sobre economia e lendo fatos relevantes das empresas.
Beberá da fonte dos gráficos, das figuras, das vídeoaulas – e continuará com sua sede de Bolsa.
Mesmo que em algum momento você se revolte e fique líquido, ela se vestirá com uma deslumbrante tendência de alta, calçará o seu mais lindo setup, colocará a mão na cintura e lhe atrairá novamente aos seus braços. E reconhecerá que é paixão.
Portanto, não importa quão conturbada seja sua relação com ela – se lhe fizer vibrar ou chorar, ela permanecerá irresistível, pois o ser humano gosta mesmo é de quem abala as suas emoções.
Por tudo isso, cabe um alerta: mesmo que você não case com a Bolsa, se tiver oportunidade de um jantar romântico à luz de velas com ela, desde já advirto que poderá se apaixonar.
Mas se isso é o que você realmente deseja, prepare o bolso, compre o melhor vinho e sirva-se de um cardápio diversificado de ativos. Ao brindar com ela, logo se sentirá envolvido. Aproveite o encontro, dê o melhor de si, que ela será perfeitamente capaz de lhe retribuir.
Sucesso a todos!
* A autora é jornalista e investidora
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