Transparência é fundamental na comunicação

Vai entrar para a história da comunicação brasileira a parceria firmada entre veículos midiáticos brasileiros com o objetivo de desenvolver um trabalho colaborativo visando garantir transparência na divulgação dos dados sobre a pandemia de Covid-19.

A iniciativa ocorreu nesta semana, depois que o governo federal adotou mecanismos para dificultar o trabalho da imprensa na obtenção das informações.

Primeiro, o Ministério da Saúde passou a atrasar o horário de disponibilização do boletim de dados, passando das 17 horas para as 22 horas, o que prejudicou a inclusão de informações atualizadas nos telejornais e jornais impressos.

Em uma segunda investida, os gestores federais alteraram a forma de divulgação dos dados, com o intuito de manipulá-los. Eles definiram que deixariam de fora da estatística os óbitos ocorridos em dias anteriores e cujos exames deram positivos no dia da contagem. Dessa maneira, a quantidade divulgada diariamente passaria a ser reduzida significativamente – uma estratégia para maquiar a realidade.

A Universidade Johns Hopkins chegou a excluir, temporariamente, o Brasil de seu levantamento global sobre coronavírus. A instituição detém o maior e mais atualizado levantamento sobre a pandemia no planeta.

Ao perceberem a tentativa de manipulação da quantidade de óbitos pelo governo, uniram-se G1, O Globo, Extra, Estadão, Folha e UOL. A parceria inédita entre estes veículos tem o intuito de mobilizar suas equipes de jornalismo para realizarem diariamente o levantamento de dados diretamente nas secretarias estaduais de saúde, sem depender do Ministério. 

A partir de então, passou a haver uma contabilização de dados paralela à realizada pelo governo federal, que, no entanto, não deixa de ser oficial, já que possui como fontes os órgãos estaduais.

O consórcio formado pela imprensa tem o propósito de oferecer a suas audiências dados mais fidedignos referentes à pandemia e seus impactos. 

Os diretores dos veículos consideram fundamental que haja transparência na comunicação dessas informações à população brasileira. Elas são imprescindíveis para que se tenha dimensão do problema, são essenciais para embasar a tomada de decisões, bem como podem influenciar no comportamento social.

Observamos, portanto, que o jornalismo brasileiro tem resistido fortemente aos obstáculos que lhe são impostos diariamente nas coberturas de pautas nacionais.

Ao tentar cercear a mídia dos verdadeiros números relacionados à doença no país, o governo federal ofereceu à imprensa a oportunidade de ratificar a sua natureza de guardiã da verdade factual, bem como o seu papel de socializadora da informação de interesse público.

Segundo o levantamento realizado pelo grupo midiático, o Brasil se aproxima dos 38 mil mortos pela Covid-19. 

Saúde a todos!

* A autora é jornalista e investidora

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