Em quatro meses, Cascavel registra mais de 60% dos casos de todo ano passado

De janeiro a abril deste ano já foram 154 atendimentos de abusos a crianças e adolescentes

Quando se fala em violência infantil o caso do pequeno Henry, de São Paulo, morto em março deste ano logo vem à mente. Mas, infelizmente, esse não é um caso isolado. De tempos em tempos surgem os ‘Bernardos’ e as ‘Isabelas’ que são mortos por aqueles que deveriam protegê-los ou pior ainda, escondidos dentro de casas, milhares de crianças em todo o mundo sofrem caladas algum tipo de violência.

RECEBA AS PRINCIPAIS NOTÍCIAS PELO WHATS. ENTRE NO GRUPO

Especificamente em Cascavel, os números preocupam quando se compara com anos anteriores. Segundo dados da Secretaria de Assistência Social, que atende essas vítimas, de janeiro a abril deste ano, foram 154 atendimentos. O número equivale a mais de 63% de todo o ano passado, quando chegou ao conhecimento dos assistentes 242 relatos de algum tipo de abuso.

Sim, chegou ao conhecimento porque, como a maior parte dos agressores são os pais ou mesmo os responsáveis por cuidar dessa criança, isso demora certo tempo para ser descoberto.

E, como os pais não relatam isso, é através da escola, do atendimento das agentes de saúde que visitam as residências ou mesmo de vizinhos que ouvem ou presenciam os abusos.

Marta, um nome fictício, moradora do Universitário, foi uma das pessoas que acionou o Conselho Tutelar esse ano. Cansada de ouvir os gritos de socorro de três crianças, de 4, 7 e 9 anos, resolveu denunciar. “Não tenho convivência com esses vizinhos, eles se mudaram faz pouco tempo. A mãe trabalha de dia, o padrasto a noite e as brigas são constantes”.

Ela conta que o maior problema percebido por ela não é só a violência física, mas sim a negligência – responsável pela maior parte dos atendimentos nos últimos três anos pela Secretaria. “Como os responsáveis trabalham em horários diferentes, esses pequenos ficam parte do dia (do horário que o homem sai até a mãe chegar) sozinhos em casa. É nesse momento que eu consegui falar com a menina maior. Segundo ela a casa é limpa, mas eles precisam implorar por comida que os responsáveis não fazem, o pequeno fica dois a três dias sem banho, fora todos os palavrões que ouço eles falar para as crianças”.

O relato de Marta não é o único. Em todas as regiões da cidade há casos de violência. As principais vítimas são crianças de 12 a 17 anos, os adolescentes. Dos 154 atendimentos prestados esse ano, 66 é desta faixa etária. Na segunda colocação são os pequenos, de zero a seis anos, com 53 atendimentos; e as crianças de sete a 11 anos são responsáveis por 35 atendimentos da Secretaria.

Em relação ao tipo de violência, os casos mais comuns são os de negligência, com 63 relatos; seguido pela violência psicológica com 44, violência física com 33, abuso sexual com 28 e quatro casos de trabalho infantil.

Ano a ano

A reportagem do Preto no Branco solicitou à Secretaria dados relativos aos anos de 2018, 2019 e 2020, para efeito comparativo. Segundo eles, houve um pequeno crescimento nos dados de 2019 em relação a 2018 (281 contra 287 no ano passado). Já no comparativo entre 2019 a 2020 a queda foi mais perceptível: em todo ano passado foram 242 atendimentos.

18 de Maio

Para lembrar essas vítimas, na próxima terça-feira (18) é celebrado o Dia Nacional de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. O Dia foi instituído em 1988, incentivado por um crime ocorrido no dia 18 de maio de 1973, quando uma menina de oito anos foi sequestrada, drogada, espancada, violentada e morta.

Fonte: Fonte não encontrada

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *