Desde que as mulheres resolveram ‘queimar seus sutiãs’ declarar sua independência a moda foi ser dona de si, ter seu próprio dinheiro, seguir carreira e aderir às modernidades que a vida lhes apresentava: máquina de lavar roupas, louça, comida embalada, e tantas outras que surgiram com o tempo.
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Mas, uma leva dessas mulheres que se dedicaram durante anos ao seu sucesso pessoal tem feito o chamado ‘caminho inverso’. Elas, por opção, estão voltando aos lares para cuidar da casa, do marido, dos filhos. São as antigas ‘Amélias’ e que hoje são denominadas Mulheres Virtuosas. Nesta edição do Preto no Branco, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher – celebrado na próxima segunda-feira (08), conversamos com três mulheres que deixaram suas vidas para compartilhar com àqueles que elas mais amam, seus dias.
“Foi um chamado de Deus”
Por mais de 10 anos Marisa de Paiva Monteiro trabalhou fora como vendedora, garçonete, bartender, e muitas vezes com dois empregos para ter seu sustento e crescimento profissional. Ao longo desses anos todos, Isa, como é conhecida pelos amigos, conheceu o Eduardo, seu esposo. “Sempre senti no meu coração que trabalharia até termos a graça de sermos pais. Sempre deixei esse desejo ao meu esposo, de cuidar dos nossos filhos em tempo integral e assim, desde a primeira gestação, ele já estava ciente que seria o provedor do nosso sustento. Ele sempre me apoiou”.
A decisão, segundo ela, foi algo vindo de Deus. “Decidi mudar acreditando ser um chamado de Deus. Penso que Ele o faz a todas nós, esposas e mães, mas cada uma responde conforme a necessidade nos permite. Tive o exemplo da minha mãe, que cuidou integralmente da nossa família”.
Quando a primeira filha, Geovana, chegou, Isa disse que mesmo sendo um desejo no seu coração, relutou um pouco ao abrir mão de tudo. “Recebi algumas propostas para voltar ao mercado de trabalho, até tentei, mas ver a dependência e a necessidade que aquele anjinho tinha, reacendeu em mim o chamado e Deus foi moldando meu coração, até que deixei cumprir a vontade d’Ele em nossas vidas”.
Questionada em relação a como a sociedade, sejam familiares ou amigos, viram a mudança na vida dela, Isa disse que no começo foi bem difícil. “Vivemos em uma sociedade consumista, em que o ter é uma necessidade e vai além do que é necessário. Mas aos poucos fui me reeducando e aprendendo. Não sofri nem sofro preconceito por ser mãe e esposa”.
Sobre a valorização da mulher, ela diz que ser mulher é um dom de Deus. “Penso que a sociedade moderna deturpou o privilégio da mulher poder viver de forma plena a vida de mãe e esposa. Essa é uma das primeiras necessidades para a criação de uma boa sociedade”.

“Minha família foi e é o meu suporte”
Formada em secretariado executivo, a Nadia Maria Fellini de Luca decidiu com o esposo, Anderson, parar de trabalhar por um tempo depois do segundo filho. Ela já tinha a Isabela e o Rafael quando resolveu sair do seu trabalho de sete anos na Coodetec. “Quando o Rafa tinha dois meses saí de um lugar que eu amava, tinha um salário muito bom, mas passava o dia todo longe das crianças. Isso em 2010. Aí em dezembro descobri que estava grávida. Meu presente surpresa, a Ana Clara, estava a caminho”.
Nesse momento o casal decidiu que ela não iria trabalhar fora, já que teriam três crianças pequenas – de 6 anos, um ano e meio e um bebê. “Quando decidi parar tive o apoio de todos, tanto dos meus amigos quanto da minha família, que foi meu suporte”.
Questionada sobre o incentivo da sociedade no fato da mulher ser ‘dona do seu nariz, independente’, Nadia comenta que até pouco tempo esse lado da mulher se dedicar à família tinha caído em desuso. “Percebo que há um movimento recente contrário, onde elas estão sentindo mais esse lado mãe, dona de casa, esposa, e acima de tudo, se sentindo felizes ao fazer esse papel sem se importar com o preconceito. E mais ainda, não se culpando em gostar disso, de poder viver a vida com mais leveza”.
Apaixonada pela família, ela conta que não pensa em voltar ao mercado de trabalho.
Sobre a valorização da mulher, ela disse que a função de mãe e esposa é tão ou mais importante que qualquer outra. “Demorou um tempo para eu entender que o meu papel na nossa família é fundamental. Talvez seja muito mais valioso para a sociedade que eu esteja em casa, junto com meus filhos todos os dias, educando e os colocando no caminho do bem e na parte espiritual também. Acredito que essa função é muito relevante”.

“Quando decidi parar, ninguém acreditou”
Inspirada na mãe Rosa, que desde sempre trabalhou duro para cuidar dela e do irmão, Michelle Sauer começou a trabalhar muito jovem. “Com 18 anos eu passei no concurso da Unioeste e, ainda quando fazia faculdade de enfermagem já comecei a trabalhar na área”.
A vida corrida da enfermeira se uniu a do médico pediatra Júlio, e depois de um tempo, com a chegada da terceira filha, ela também decidiu parar por um tempo. “Foi logo que começou a pandemia. Vi a dificuldade enorme da minha filha Jade, de sete anos, em seguir seus estudos. Percebi que ela iria repetir de ano, tentamos professor particular, tudo, e ela não avançava. Eu estava grávida e, como trabalhava no Hospital Universitário eles me afastaram”.
E foi nesse tempo que ela percebeu que sua presença em casa era fundamental naquele momento. “Eu sempre fui muito ativa, ninguém acreditou quando eu disse que iria pedir licença para ficar um tempo em casa”.
Já na gestação ela viu a mudança na família. “Eu sempre trabalhei, sempre. Mas precisava dar esse tempo para mim, para meus filhos e para meu esposo. Meus dois filhos menores já estavam cansados da vida corrida que tínhamos. Eles acordavam antes das 7 horas da manhã, tomavam café e já iam para a escola. Só via eles no fim do dia. Vi que eles estavam, de certa maneira, ficando sem o pai e sem a mãe no momento mais importante da vida deles, que é a infância. Perdi com meus dois primeiros filhos todas as coisas que as mães recordam, como o caminhar, o falar. Isso eles aprenderam na escola e já chegaram em casa fazendo”.
Segundo Michelle, o fato do esposo conseguir prover o lar e a apoiar, é muito importante na decisão. “Felizmente hoje o Julio consegue nos proporcionar o que precisamos e eu estou aqui, cuidando de tudo. Pra mim, não tem nada mais compensador que eu preparar o almoço e meu filho de três anos dizer: está delicioso”.

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