Pré-candidatos a prefeito se dividem sobre o enfrentamento do coronavírus

Nos últimos dias o Brasil ingressou no olho do furacão do coronavírus com o número de ifectados e de mortos começando a subir por aqui. Lideranças de Norte a Sul do país tem opiniões contraditórias sobre as estratégias de enfrentamento do problema, a começar pelo próprio presidente da República, Jair Bolsonaro, que contradiz as recomendações da Organização Mundial da Saúde.

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Em Cascavel não é diferente. Com 84 casos confirmados até o fechamento desta edição, a cidade é a terceira do Paraná em número absoluto de casos, figurando atrás apenas de Curitiba e Londrina. Mas, se considerado o coeficiente de incidência por habitantes, Cascavel lidera o triste ranking com índice de 255,7 casos para cada milhão de habitantes, a frente até mesmo de cidades maiores como Curitiba, Londrina, Maringá e Ponta Grossa.

Quando a pandemia chegou, o prefeito Leonaldo Paranhos, seguindo orientação do COE – Centro de Operações em Emergência, determinou a suspensão das aulas, a suspensão do transporte público, o fechamento do comércio não essencial, entre várias outras medidas, objetivando conter a proliferação do vírus para achatar a curva de casos e evitar o colapso do sistema de saúde.

Depois, gradativamente, foi permitindo a reabertura das atividades, mesmo sendo questionado por muitos, inclusive pelo próprio Ministério Público, que moveu ação para tentar manter as medidas restritivas mais rígidas, sem êxito. 

A divisão de opiniões sobre o que é certo e o que está errado, foi além das autoridades e a discussão foi chegando às ruas. Alguns especialistas enxergam que o debate em torno do tema pode ensinar o país a viver de uma vez por todas em um Estado federativo, ainda que isso ocorra a duras penas, em meio a uma crise sanitária cujo o preço ainda não sabemos qual será.

Isso tudo deverá ser o foco central dos debates políticos que se avizinham com a chegada de um novo pleito eleitoral nos municípios. Por isso mesmo, e sem qualquer intenção de politizar um assunto tão grave, Preto no Branco ouviu a opinião de vários pré-candidatos a prefeito de Cascavel para saber o que pensam da pandemia e da metodologia adotado para o seu enfrentamento na cidade, bem como buscou saber o que cada um faria de diferente, caso estivesse na cadeira de prefeito. 

O próprio prefeito Leonaldo Paranhos (PSC) foi questionado sobre o tema, mas não se manifestou. O pré-candidato Edgar Bueno (PROS) também preferiu não se manifestar. Confira as respostas dos demais.

Juarez Berté

Pré-candidato do Democratas (DEM)

As medidas foram todas protocolares. O fechamento na horizontal também ficou confirmado que foi uma medida exagerada. O comércio e o transporte precisam ser liberados totalmente, com as devidas restrições de higiene, e informações básicas das medidas de saneamento por parte do poder público. Também por parte da população é preciso haver zelo e cuidado, como a utilização do álcool gel, máscara, distanciamento.

Em relação ao que faria diferente. Faria um plano emergencial de redução na questão do IPTU, ISSQN e alvarás!

Evandro Roman

Pré-candidato do Patriotas

Num primeiro momento as medidas foram corretas porque todos estávamos no escuro e assustados com as notícias da pandemia. Depois, faltou uma avaliação mais criteriosa e em consenso com a comunidade, afinal o problema não era só da saúde, mas social e econômico, no sentido de se permitir a retomada dos negócios com medidas de precaução, mas sem o isolamento radical. 

Eu teria chamado toda a sociedade organizada para debater estratégias de ação junto com os profissionais de saúde. É possível que desse encontro tivéssemos outras alternativas. Vou dar um exemplo: os supermercados e farmácias continuaram abertos e recebendo consumidores todos os dias. Se as pessoas estavam indo aos supermercados, tomando todos os cuidados de higiene e prevenção, não poderiam ir a outros comércios? Uma loja de calçados, roupas ou de móveis nunca vai reunir tantas pessoas ao mesmo tempo como um mercado. Em segundo lugar, penso que poderíamos ter usado parte do orçamento para comprar esses testes rápidos, como fez Niterói, por exemplo, porque testar a população é fundamental.

Carlos Moraes

Pré-candidato do Avante

Até agora não houve nenhuma ação que fosse de iniciativa própria da administração local. As medidas colocadas em prática foram apenas reeditadas e repetidas em Cascavel.  Precisaria haver comprometimento efetivo dos gestores públicos, por exemplo, com corte nos salários do prefeito, secretários, vereadores e comissionados em geral. Além do valor material, mostraria o valor solidário, de compaixão e preocupação com o próximo. Não houve nenhuma corte na própria carne da administração. Deveria ter isentado a população do IPTU 2020, ISSQN e outras taxas nesses três meses de maior gravidade. Seria uma decisão elogiável, porém não aconteceu. Bastaria pedir ao STF ou Tribunal De Contas para abrir mão da receita. 

O comércio foi restringido sem organização. Ficou num abre e fecha sem coordenação. A fiscalização deveria ter sido reforçada e com bom senso, cercando a população de todos os cuidados, a economia estaria girando numa maior velocidade, preservando as pessoas do grupo de risco. Tudo foi muito demorado. Numa guerra, numa crise, numa pandemia não pode haver lentidão e indecisão como estamos assistindo.  

Decisão, ação, agilidade e coragem são ingredientes fundamentais que devem fazer parte da vida daquele que se propõem a administrar uma cidade como Cascavel. Ficar com colete da defesa civil, fazendo lives para dizer que está preocupado e trabalhando não é o caminho que devemos seguir. 

Nelsinho Padovani

Pré-candidato do PTB

Naquele momento quando começou a pandemia do coronavírus, as medidas tomadas foram de forma correta. Mas, entendo que as restrições poderiam ter sido afrouxadas mais rapidamente. Não precisaria o comércio ter parado tanto tempo. Muitas empresas, especialmente as pequenas, ficaram desarticuladas, sem capital de giro.

Eu não teria fechado o Restaurante Popular de Cascavel. Acho que funciona como uma UPA, uma farmácia, um hospital. É um serviço essencial. As pessoas não pararam de circular, mesmo com o comércio fechado. Havia funcionários de vários setores essenciais que continuaram funcionando e que precisavam desta estrutura. O restaurante tem uma função social, porque está oferecendo nutrição especialmente às pessoas mais necessitadas. Fechar o Restaurante Popular é uma ação que eu não teria feito. 

Paulo Porto

Pré-candidato do PT

Foto: Flávio Ulsenhaimer

 

É necessário ter claro que são três etapas claras. A primeira é o isolamento social para conter a propagação do vírus. A segunda etapa é garantir a estrutura hospitalar adequada para receber eventual excesso de pacientes contaminados de Covid-19. E a terceira é criar uma rede de proteção social e econômica para atender tanto as famílias mais vulneráveis do município e os pequenos e médios empresários para que consigam sobreviver à crise econômica, que vai se agravar com a crise sanitária.

O Paranhos vem pecando em dois quesitos, no primeiro e no terceiro. No primeiro ele vinha bem no sentido de garantir o isolamento social. Mas, não suportando a pressão, ele flexibilizou de tal maneira a abertura do comércio que hoje voltamos a ter uma vida normal em plena pandemia. Esse pode ter sido o grande erro do prefeito. Foi prematura essa reabertura. Espero que eu esteja errado, mas é melhor pecar por cautela do que colocar a cidade numa roleta russa da forma como foi colocado.

Eu não cederia às pressões em detrimento à saúde do cascavelense. Não flexibilizaria a este nível a reabertura neste momento. E também não seria tão lento em dar uma resposta à rede de proteção econômica. Precisamos de políticas públicas que auxiliem as famílias mais carentes e de socorro aos pequenos e médios empresários. A demora para uma resposta foi o que acabou gerando essa pressão maior que o Paranhos sucumbiu e devolveu Cascavel a uma vida normal em plena pandemia.

Marcos Vinícius

Pré-candidato do PSB

O que se precisa buscar é com relação a uma curva do comportamento da infecção e número de pessoas infectadas. Se deixarmos tudo em condições normais, esta curva atingiria um pico que superaria em muito a capacidade de atendimento do nosso sistema hospitalar. Isso faria com que a mortalidade em decorrência do vírus aumentasse em muito. 

Hoje a preocupação do gestor público é de salvar o maior número possível de vidas, mas ao mesmo tempo tendo que ter preocupação com os negócios e as atividades humanas. Mas, as duas coisas são incompatíveis. Se nós provocarmos um isolamento da população, seguramos o vírus. Mas se segurarmos uma família isolada por 3 ou 4 meses, ela pode até sobreviver ao vírus, mas não sobreviverá à fome, à falta de emprego. Esse é o desequilíbrio.

Cabe ao gestor público buscar esse equilíbrio, ouvindo a área de saúde e do outro lado tentando manter as atividades normais da população dentro do possível, de uma forma que o pico da curva não ultrapasse a capacidade de atendimento hospitalar às pessoas infectadas. Esse é o trabalho diuturno que o gestor precisa se concentrar, para que a população sinta o mínimo possível economicamente, mas que o vírus seja combatido com a menor letalidade possível.

O gestor tem que ter não apenas coragem, mas também a capacidade para enxergar isso e buscar o melhor para a população.

Márcio Pacheco

Pré-candidato do PDT

Tenho um entendimento que não dá pra politizar uma situação tão dramática que o mundo inteiro está vivendo. Não existe uma fórmula. É fácil fazer um julgamento ou apresentar uma posição diferente. Ninguém tem uma solução. Todos, de maneira diferente estão sofrendo.  Além dos problemas de saúde, os problemas econômicos que virão também serão graves.

É o momento de estarmos unidos para tentar encontrar soluções. Não vou deixar de fazer as críticas quando são necessárias. Mas, agora, não dá pra saber o que realmente está certo. Eu quero ajudar, como cidadão, como deputado, como representante de Cascavel.

Evidentemente que faria ações diferentes do que o Paranhos fez, mas não tenho como garantir que elas estariam certas e não as que ele adotou.

Minha posição pessoal é que precisamos fortalecer muito as ações de conscientização da população para o distanciamento social. Flexibilizar a questão do isolamento horizontal. Se forem muito extremas, as consequências podem ser muito graves. É preciso muito zelo com o isolamento vertical, que envolve as pessoas do grupo de risco. 

Educação para quem precisa sair, que precisa trabalhar, que tome todos os cuidados para evitar a contaminação.

Inês de Paula

Pré-candidata do Progressistas

Avalio que as medidas devem ser adotadas na forma de isolamento vertical, respeitando todos os requisitos de distanciamento e uso dos equipamentos de proteção. Principalmente, tendo o cuidado com os idosos e pessoas com comorbidades, pessoas com doenças pré-existentes e com baixa imunidade, para que fiquem em casa. As pessoas com boa saúde devem dar continuidade com suas atividades, para que não se agrave a crise sócio-econômica da nossa cidade, bem como, tenhamos a saúde mental de todos os munícipes.

Vivemos um cenário do antes e teremos o depois do coronavírus. O desconhecido talvez faça os gestores tomar atitudes sem as coordenadas técnicas e de forma impulsiva, e as vezes intencionados num suposto crédito político, o que seria terrível para a população.

É preciso bom senso para cuidar da saúde do povo, não só no que tange à pandemia e outras epidemias como a dengue, mas também a saúde mental da população. O fechamento horizontal traz consequências gravíssimas, pois se não há comida na mesa consequentemente vamos trazer problemas sociais que o próprio governo municipal e outras esferas terão que dar conta.

De acordo com as estatísticas, aumentou a violência doméstica; mais pessoas com a saúde mental prejudicada, e tende a agravar ainda mais, caso não sejamos cautelosos com a atual realidade. 

Vivemos num país tropical, e podemos muito bem conciliar o combate à pandemia com o trabalho. 

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