A farmacêutica Merck (MSD no Brasil) divulgou um comunicado nesta quinta-feira (4), no qual afirma que não há evidências pré-clínicas nem clinicas de eficácia da ivermectina no combate à Covid-19. A empresa foi a produtora inicial da droga.
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O comunicado afirma que os cientistas da farmacêutica “continuam a cuidadosamente examinar os achados de todos os estudos disponíveis sobre eficácia e segurança do uso da ivermectina para tratamento de Covid-19”.
Diz, porém, que a análise da empresa aponta que os estudos pré-clínicos não mostram “base científica para potencial efeito terapêutico contra a Covid-19” e não há “evidência significativa de eficácia clínica em pacientes com Covid-19”.
Há, ainda, diz a farmacêutica Merck, uma preocupante falta de dados sobre segurança de uso da droga na maioria dos estudos disponíveis.
Dessa forma, a empresa conclui que vê que os dados disponíveis não dão suporte para segurança e eficácia da ivermectina além da dose e populações indicadas para uso da droga. A farmacêutica aponta que o medicamento é indicado para tratamento de doenças, como a cegueira dos rios, causadas por parasitas.
A ivermectina é uma das drogas que foram sugeridas pelo Ministério da Saúde e pelo próprio presidente Jair Bolsonaro para o tratamento precoce da Covid-19, junto com outras medicações de eficácia duvidosa, como cloroquina, azitromicina e doxiciclina.
A ivermectina e seu uso
A ivermectina inicialmente era destinada ao uso veterinário. Na fim da década de 1970, porém, o cientista da Merck William Campbell sugeriu o uso da droga para o tratamento de cegueira do rio (ou oncocercose), doença causada pelo nematoide Onchocerca volvulus e transmitida pelo mosquito-pólvora (Simulium sp). Os estudos para uso da droga nesse sentido começaram no início da década de 80.
Atualmente, a ivermectina é um vermífugo usado para promover a eliminação pelo corpo de vários parasitas. É um medicamente aprovado para o tratamento da oncocercose, bem como de elefantíase, pediculose, ascaridíase e escabiose.
A farmacêutica Merck deteve a patente da ivermectina até 1996.
Campbell, um dos desenvolvedores da ivermectina, foi laureado com o Nobel de Medicina em 2015 junto com Satoshi Ōmura ( cuja pesquisa ajudou no desenvolvimento da droga) e com Tu Youyou, com atuação importante na produção de drogas contra a malária.
Veja trecho do comunicado:
A Merck (NYSE: MRK), conhecida como MSD fora dos Estados Unidos e Canadá, afirma hoje sua posição em relação ao uso de ivermectina durante a pandemia de Covid-19. Os cientistas da empresa continuam a examinar cuidadosamente as descobertas de todos os estudos disponíveis e emergentes de ivermectina para o tratamento de Covid-19 para evidências de eficácia e segurança. É importante observar que, até o momento, nossa análise identificou:
– Nenhuma base científica para um efeito terapêutico potencial contra Covid-19 de estudos pré-clínicos;
– Nenhuma evidência significativa para atividade clínica ou eficácia clínica em pacientes com doença Covid-19, e;
– A preocupante falta de dados de segurança na maioria dos estudos.
Não acreditamos que os dados disponíveis suportem a segurança e eficácia da ivermectina além das doses e populações indicadas nas informações de prescrição aprovadas pela agência reguladora.
Fonte: Folha e CNN
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