Com a criação do Ministério da Aeronáutica, em 1941, o Correio Aéreo Militar passou a se chamar Correio Aéreo Nacional e logo de saída propiciou a inauguração do Aeroporto do Parque Nacional do Iguaçu.
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Sob a administração do Ministério da Agricultura, foi um marco de progresso que logo levou à conquista da linha internacional Rio de Janeiro-Assunção-Buenos Aires: a empresa Pan American Airways prometeu voos semanais a Foz do Iguaçu.
A oferta de transporte aéreo abriu campo ao interesse pessoal dos empresários sulistas interessados em investir no Paraná. As visitas começam e se intensificam. Os mapas e as avaliações iniciadas com as primeiras viagens resultariam em projetos ambiciosos de colonização.
Havia, no entanto, uma preocupação limitante: os empresários que chegavam a bordo dos aviões em seus roteiros semanais a Foz do Iguaçu encontravam praticamente uma terra estrangeira, com moeda e idioma alheios.
Ao se inteirar da situação de insegurança na fronteira e ainda sem condições de projetar quando a II Guerra poderia terminar, os projetos eram traçados para ficar em compasso de espera, aguardando mais incentivos.
Não era animador saber que as crianças brasileiras iam estudar na Argentina, onde cantavam o hino nacional daquele país. Foi assim que ainda em 1941 as autoridades locais se viram pressionadas a criar um espaço de brasilidade no “Brasiguai” que o Oeste do Paraná era então.
Desencadeou-se “uma campanha de alfabetização com o maior sucesso, pois em determinados trechos da fronteira com a Argentina, as crianças brasileiras atravessavam-na para adquirir nas escolas desse país os conhecimentos que não lhes eram ministrados em nosso território” (Ademar Marques Curvo, Livro de Ouro do Ministério da Guerra III Exército).
Hitler invade a Rússia, Japão ataca EUA
Em junho de 1941 a II Guerra chegava ao auge da violência e insanidade. Hitler invadiu a Rússia com a elite de suas tropas, na Operação Barbarossa, e a União Soviética reagiu com a Grande Guerra Patriótica.
Os nazistas ocupam a Ucrânia, mas enfrentarão severa resistência russa. O desfecho desse ataque, decisivo para os objetivos dos invasores, custou o sacrifício de 20 milhões de vidas.
A essa altura, as pressões exercidas pelos EUA sobre a ditadura brasileira já havia produzido efeito. A neutralidade frente ao nazifascismo se convertia em bom negócio em 1º de outubro de 1941, quando foi celebrado o Acordo Brasil-EUA.
O Brasil cedia Natal (RN) para ser uma base aérea estadunidense em troca do desenvolvimento da siderurgia nacional.
Em novembro, a URSS vencia os nazistas na Batalha de Moscou e o Eixo tentaria um lance ousado em dezembro, quando o Japão atacou a base dos EUA em Pearl Harbor (Havaí).
O resto de neutralidade que a ditadura brasileira ainda mantinha em relação aos países do Eixo se dissolve em 28 de janeiro de 1942, quando Vargas determina o rompimento de relações com a Itália e a Alemanha.
Em represália, em fevereiro um submarino nazista afunda o navio brasileiro Buarque, fazendo 54 mortos, no primeiro de uma escalada de ataques.
Tudo leva à guerra
Em 18 de agosto de 1942, estudantes ocupam o clube alemão Germânia, no Rio de Janeiro, e o prédio se torna a sede da UNE.
Como em resposta, a 22 de agosto o submarino alemão U-307 afunda cinco navios mercantes brasileiros, nas costas de Sergipe, com a perda de 607 passageiros. O povo irado sai às ruas exigindo que o Brasil declare guerra ao nazismo.
A ofensiva alemã vai complicar a situação dos descendentes de imigrantes que vivem nas áreas fronteiriças. O governo federal determina que todos os imigrantes de origem alemã, japonesa e italiana que não falassem a língua portuguesa fossem retirados a uma “distância segura” de cem quilômetros das linhas divisórias internacionais, com a máxima urgência.
Para o efetivo cumprimento da imposição, criaram-se áreas de concentração para a permanência dessas populações “perigosas”.
A medida favoreceu a localidade de Cascavel, por exemplo, para onde vieram na época diversas famílias de origem italiana expulsas de Santa Helena.
Cascavel ganharia de Santa Helena, até então a colonização mais bem-sucedida no Oeste do Paraná, baseada em colonos sulistas e descendentes de etruscos, a sua primeira leva importante de imigrantes italianos.
Fronteira ainda pouco brasileira
A certeza de que o Brasil precisava nacionalizar rapidamente seu Oeste se impôs acima das desgastantes pendências entre Estado e União que produzirão conflitos também sangrentos, de brasileiros contra brasileiros, em imensos desafios à lei e à Justiça.
A Comissão Especial da Faixa de Fronteira fez um levantamento de dados sobre a realidade oestina. “Segundo pareceres emitidos […] o município de Foz do Iguaçu era despovoado, com uma densidade demográfica de 0,38 habitantes por quilômetro quadrado” (Luciana Grespan Zago, Fronteira e Segurança Nacional no Extremo Oeste Paranaense).
A vila pequena e isolada vive na dependência absoluta da navegação argentina: “[…] Toda zona ribeirinha, […] ligada por via fluvial a Posadas, Corrientes, Buenos Aires e ao mar, não tem sinal algum do Brasil e, não possui núcleos de habitação brasileira dignos de menção. […] A própria vila de Foz do Iguaçu não tem como se desenvolver por falta de meios de comunicação” (Theófilo Andrade (O rio Paraná e o roteiro da marcha para o oeste).
A pouco brasileira Foz do Iguaçu, entretanto, unia três nações e fazia parte da “avenida” fluvial que se estendia do Mato Grosso ao Atlântico, enquanto penosamente eram iniciadas as obras da ligação rodoviária entre o litoral paranaense e a isolada Foz do Iguaçu de 1941.
Colonos vinham do Alto Uruguai
Para o governo federal, o fato de Foz do Iguaçu ser um lugar despovoado preocupava muito, sendo um local de trijunção internacional de fronteira, encontro de três países: Argentina, Brasil e Paraguai. “O medo que estrangeiros dominassem extensas faixas de terra, principalmente na fronteira, era comum” (Luciana Zago).
O esforço para abrasileirar o Oeste precisava de uma política mais resolutiva de ocupar a região com colonos brasileiros cativados pela propaganda da existência de boas terras acessíveis a qualquer um que chegasse.
Os colonos que vinham à fronteira para ocupar os terrenos liberados para posseiros e colonos desde os tempos da Colônia Militar do Iguaçu eram filhos de imigrantes que ainda dominavam precariamente o idioma português, mas serão as principais forças de afirmação da presença brasileira no interior então despovoado.
Nesse mesmo ano de 1941 chegavam à futura Santa Terezinha de Itaipu o colono Zeferino Ponzoni, a esposa Josefa Stachelski e os filhos, procedentes do Alto Uruguai.
Da mesma região, denotando uma corrente, vinha Leonardo Pavlak de Marcelino Ramos (RS), com a esposa Maria e o filho Plínio, trazidos de carroça por Ludovi Jakubowski.
Pegue a terra que quiser
Percebe-se que alguns não chegavam para se apossar de terras devolutas, preferindo adquirir posses já estabelecidas sobre as melhores terras feitas anteriormente.
Ponzoni, por exemplo, adquiriu a posse do polonês Adão Kultz, mas muitos outros, como Leonardo Pavlak, requeriam áreas de terras na Prefeitura de Foz do Iguaçu. Era tanto espaço disponível e ainda não requisitado que Pavlak saiu da Prefeitura com autorização para ocupar qualquer área, desde que respeitasse as posses já definidas.
A tarefa foi bem fácil: conseguiu o local ideal depois de percorrer apenas dois quilômetros margeando o Rio São João. Estava orientado a não derrubar árvores, por conta das novas regras do comércio madeireiro.
Enquanto os colonos gaúchos chegavam para ocupar terras com burocracia zero, a Comissão de Estradas de Rodagem (CER-1), sob as ordens do coronel José Rodrigues da Silva, dava início às obras de construção da nova estrada entre Ponta Grossa e Imbituva.
Os trabalhos começaram com rapidez, mas sofreriam descontinuidade com o desgaste da ditadura: à medida que o combate ao nazifascismo aumentava mundialmente, seus simpatizantes no interior do governo eram isolados, a inclinação democrática da população crescia e o regime começava a entrar em colapso.
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