Cerca de 45 mil cascavelenses voltaram ao trabalho na última terça-feira (7), depois de mais de duas semanas parados por causa da crise do coronavírus. Apesar do retorno, isso não significa retorno à normalidade. As regras são muitas e o temor do contágio continua.
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Trabalhadores temem a garantia dos seus empregos, empresários temem ser obrigados a fecharem as suas portas, autônomos temem não ser capazes de sustentar o seu negócio. Mas, acima de tudo isso, indivíduos em todo o planeta temem pela saúde própria, de familiares e amigos.
Em meio a todas estas incertezas e temores, empresas e trabalhadores começam a se adaptar dentro de uma nova realidade de trabalho.
Para alguns segmentos o retorno ainda não está autorizado. Outros sequer têm perspectiva de quando vão poder voltar a trabalhar, por que suas atividades estão ligadas diretamente a aglomeração de pessoas.
Como a crise da covid-19 afetou a sua atividade? Quais foram os principais impactos e quais os desafios a serem superados com a retomada do trabalho?
O Preto no Branco buscou respostas com quem está vivendo este dilema, nos mais diversos setores.
Guilherme Engelks
Serviço de buffet
O meu segmento já parou no dia 15 de março. Todos os eventos que eu tinha marcado foram cancelados. Isso representa em torno de 1500 refeições que deixaram de ser servidas.
O pior é que o tempo para voltar a ter movimento novamente vai demorar. As festas, então, serão as últimas atividades a retomarem sua normalidade. Acredito que só em novembro e dezembro para que iremos recuperar a normalidade neste segmento.
Ricardo Savério Simeoni
Personal Trainer
A parte mais complexa é o aluguel. Sem dúvida, com as pessoas mal informadas e com medo alguns clientes acabam optando em parar de treinar ou trancar a matrícula.
O principal impacto é manter as finanças, os custos são altos e não tem dinheiro entrando. A maioria dos meus clientes também sofre disso, pois assim como eu, têm seus negócios.
Eu trabalho sozinho na academia. É mais complexo ainda, pois não temos uma resposta clara. Parece que vai ter uma reunião no sábado para definir o caso que inclui as academias. Tem mais gente correndo risco no mercado ou na panificadora do que eu dando aula, pois atende um ou dois alunos por hora e num ambiente que não passa niguém, além de eu mesmo e os alunos.
Ederlize Alonço dos Reis
Fotógrafa
Meu setor foi um dos mais atingidos. Eventos, por conta das aglomerações e ensaios fotográficos porque temos um maior contato com as pessoas. Como estou há menos de um ano só fotografando, o impacto foi bem grande, não tinha reservas, comprei vários equipamentos novos para voltar a fotografar com as economias que tinha e equipamentos fotográficos não são nada baratos!
No mês de março e abril todos os casamentos e ensaios foram cancelados e ainda não tem data para acontecer, e em maio não será diferente.
Terei que fazer muitas promoções nos valores de ensaio, ter ainda mais criatividade, e fazer ainda mais marketing digital para atrair clientes e ter paciência, perseverança, fé e muita força de vontade para vencer todos os desafios.
Sérgio Grapegia
Corretor de seguros
Na área de seguros, em algumas modalidades houve acentuada queda. Empresas fechadas, pessoas não querendo comprometer a parte financeira, e acabam deixando o seguro para depois. No setor de automóveis, as concessionárias não estão entregando nenhum veículo, então seguros novos reduz bastante. Na área de renovação de seguros de automóvel, também está parado.
Embora eu não trabalhe nesta área, sabemos que a procura por seguros de saúde e de vida têm aumentado. Até então as seguradoras não davam cobertura em casos de pandemia, mas a grande maioria já revogou a cláusula e começou a cobrir.
O impacto é a redução do faturamento que caiu em até 40%. Esse reflexo vai ser também nos próximos meses, por causa dos contratos parcelados. Vamos sentir, mas também tempos que nos adequar à nova realidade. Vamos passar por isso, como passamos por todas as outras crises financeiras que já enfrentamos.
Adriano Casarin
Desenvolvimento Gerencial de Profissionais
Uma parcela de alunos preferiu abster-se de aulas, mesmo antes de quaisquer medidas de isolamento tomadas pelo poder público. O que ocasionou um aumento de inadimplência. E, posteriormente mudanças em relação a campanhas e acompanhamento das aulas dos mesmos.
A priori, com o decreto emitido, o impacto sentido foi na sala de aula. Na parte financeira está vindo agora o reflexo, pois muitos ainda não sabem como será o mercado e seguramente seguram os seus investimentos.
O maior desafio agora será a recolocação no mercado de trabalho. Vai ser bastante desafiador a conscientização tanto da preparação para o futuro, quanto a adequação as novas práticas que tanto são pedidas pelos órgãos durante essa pandemia.
Marcos Kopichinski
Fábrica de Estofados
Como a gente atende direto o consumidor e o atendimento é personalizado na residência, afetou bastante no nosso movimento. Apesar de várias ferramentas que existem para auxiliam no negócio, o atendimento presencial é fundamental para nossa área. Não tem como eu mostrar a textura de um tecido pela internet.
Já senti também bastante inadimplência. Notei que muitas pessoas já estão protelando os pagamentos.
Essa semana deu uma aquecida, a partir da reabertura das atividades. A retomada ainda está lenta, mas o importante é que ela já está acontecendo.
Ailton Rodrigues (Magrão)
Venda de carros seminovos
O principal impacto é o fechamento do próprio comércio. Desde que fechou o comércio e mesmo agora que reabriu, não vendemos mais nada. O preço do carro seminovo até abaixou bastante, mas mesmo assim ninguém tá comprando nada. E não sou só eu. Todas as lojas de carro usado foram atingidas e as concessionárias também. Todos estamos sofrendo muito o impacto econômico da covid-19.
Acredito que só vai voltar à normalidade quando tudo isso aí passar.
Olice Mantovani
Produtor de Eventos
A Covid19 chegou como um rolo compressor, aniquilando todos os eventos programados. Tínhamos quase 50 agendados para os próximos meses e tivemos que adiar todos por tempo indeterminado. Na maioria deles já estávamos com a logística toda alinhada, como passagens aéreas compradas, empresas de som e luzes contratadas, locais contratados e toda a mídia no ar, além de muitos ingressos vendidos. Nos causou um transtorno irreparável e isso num ano que parecia ser o ano da retomada.
Estamos aproveitando esta pausa para organizar os novos passos, atualizar ações, já que esse mercado assim como os demais sofrem uma mutação constante.
Apesar de tudo, continuamos otimistas e acreditamos que tudo que acontece não é por acaso , tudo tem um motivo e no meu entender temos que respeitar isso sem reclamar e procurar alternativas futuras para compensar pelo menos parcialmente isso.
Alex Sandro Dutra
Delivey sushi
Felizmente no meu setor, que é delivery, tivemos uma demanda parecida com um mês normal. No início alguns clientes não conseguiram se adaptar por causa da alteração dos horários, mas agora já está fluindo bem.
O primeiro impacto foi o da incerteza. Trabalhamos com a culinária japonesa, é algo saboroso e saudável, mas não é algo que está todo dia nas refeições das pessoas. A matéria prima, que é na sua maior parte importada, tende a faltar ou encarecer, o que pode vir a dar problemas futuros.
Mas, o principal é que torço que todos possamos passar ilesos desta pandemia, em especial nossos colaborares, pelos quais tenho um carinho muito especial.
Pedro Arildo Zucco
Tornearia
Como a nossa empresa trabalha com manutenção em geral, industrial, agrícola e automotiva, o impacto inicial foi o fechamento dos nossos fornecedores, que prejudicou a nossa continuidade. Além disso, os fregueses também deixaram de vir.
Agora, a partir da retomada nesta semana, os clientes estão só assinando. Dinheiro não entra. Mas, pelo menos a semana começou melhor. Vamos ver como segue. Espero que volte a girar o dinheiro na cidade.
Rodrigo Andrade
Advogado
De início, tivemos um grande impacto, pois do dia para a noite nossa rotina e forma de trabalhar mudou. Em um único dia (17/03) foram editadas portarias dos diversos tribunais de nosso estado e região e dos demais estados onde atuo, cada um com uma diretriz diferente quanto à suspensão de prazos, de audiências e de atendimento, e no dia seguinte o CNJ determinou a suspensão de todos os processos e prazos em todo o país até dia 30/04.
O primeiro desafio foi se habituar a trabalhar em Home Office, atendimento remoto a clientes, comunicar aos clientes destas medidas. O segundo impacto será o financeiro, pois com esta paralisação do Judiciário, até tudo voltar à normalidade, nós, profissionais liberais autônomos sentiremos diretamente no bolso.
Mas tem também os aspectos positivos: como o Judiciário está trabalhando em Home Office e sem audiências, vários processos que estavam há tempos aguardando despachos, sentenças e diligências passaram a terem movimentação. E o outro ponto positivo é que após tudo voltar à normalidade, acredito que nosso trabalho na área jurídica irá aumentar, principalmente em razão da crise financeira que é certa.
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