A Adunioeste – Sindicato dos Docentes da Unioeste/Subseção de MCRondon – manifestou-se através de nota, neste domingo (29), contrária à reabertura do comércio e serviços de Marechal Cândido Rondon. Na última sexta-feira (27), o prefeito Marcio Rauber anunciou que a partir de terça-feira (31) seria permitida a retomada das atividades nas empresas locais.
A nota vem carregada de questionamentos, entre eles “o que o executivo fará para socorrer os micro e pequenos empresários?” e também “o que a Acimacar fará para ajudar os segmentos da economia mais atingidos e que não têm capacidade de sobreviver a uma quarentena necessária e prolongada?”
Confira na íntegra:
POR QUE O PREFEITO NÃO DEVE REABRIR O COMÉRCIO
Neste sábado, dia 28 de março, o prefeito de MCRondon, Márcio Rauber, declarou em redes sociais que irá, assim como outras prefeituras do Oeste do Paraná, “autorizar o retorno do comércio com algumas pequenas restrições”. Disse ainda que o decreto do executivo municipal será expedido neste mesmo dia. Em entrevista ao “O Presente” disse também que para reabrir o comércio terá que reabrir as escolas e os CMEIS porque os pais precisam ter onde deixar seus filhos.
Esta decisão contraria todas as medidas e orientações do Ministério da Saúde, da Organização Mundial da Saúde e de todas as grandes economias mundiais que estão em estágio mais avançado de disseminação do Covid-19. Todos os estudos científicos disponíveis até o momento indicam a necessidade de quarentena como única medida de contenção da transmissão do coronavírus. Países como Itália e Inglaterra, que subestimaram o impacto do Covid-19, da velocidade de sua contaminação e de sua letalidade, arrependeram-se e se viram obrigados a adotar medidas de isolamento mais severas do que poderiam ter feito antes.
É o caso do primeiro ministro do Reino Unido, Boris Johnson, que adotou estratégia de evitar quarentena e não restringir aglomerações visando uma rápida imunização da população. Não deu certo. Agora contaminado com o Covid-19, estabeleceu o isolamento social como uma medida urgente. Outro exemplo é do prefeito de Milão, Giuseppe Sala, que, convencido pelo empresariado local, não decretou isolamento social e permitiu o pleno funcionamento do comércio, apoiando a campanha “Milão não pára”. Depois disso, de acordo com a Gazeta Brasiliense, em 26 de março, Milão já concentrava 54,4% das mortes por coronavirus ocorridas no país, mais de 4 mil óbitos. Giuseppe Sala voltou atrás, estabeleceu a quarentena, pediu desculpas a população, mas o estrago estava feito.
Estamos distantes disto? O coronavirus já circula em Marechal há, pelo menos, uma semana. A declaração do próprio prefeito em redes sociais sobre o teste positivo para Covid-19 do tenista Thiago Wild, e os contatos que teve com diversas pessoas (algumas em quarentena), muitas ainda não identificadas, é uma prova de que nos próximos dias poderemos ter mais casos de infectados.
Diante de tudo isso, o que se espera do executivo municipal é uma proposta para esta crise. Não será reabrindo o comércio que a contaminação será contida. O que o executivo fará para socorrer os micro e pequenos empresários? O que a Acimacar fará para ajudar os segmentos da economia mais atingidos e que não têm capacidade de sobreviver a uma quarentena necessária e prolongada? O Congresso Nacional votou o programa de Renda Mínima Emergencial para os trabalhadores em situação de informalidade, estabelecendo até R$1.200,00 mensais por família durante os próximos três meses. Criou-se uma linha de crédito de 40 bilhões de reais para que pequenas e médias empresas possam pagar salários dos seus trabalhadores por dois meses em meio a pandemia. O executivo precisa propor ações que preservem vidas e responder a perguntas objetivas para que a população saiba qual é a realidade que enfrentamos. No quadro de reabertura do comércio, quantos leitos com UTI o município precisará? Qual é a estimativa de contaminação realizada pelas equipes técnicas da prefeitura?
Portanto, a decisão do prefeito de reabrir o comércio, as escolas e os CMEIS, expõe ainda mais a população de Marechal ao coronavírus. Além disso, preocupa-nos a ausência de respaldo científico, da área da saúde, que embase esta decisão executivo municipal. Em quais documentos técnicos reconhecidos por órgãos de governo e entidades científicas da área da saúde esta decisão se baseou?
Diante de tudo isso, apelamos as autoridades oficiais com atuação no município, juízes de direito, procuradores, vereadores, que se manifestem dentro do interesse público sobre este assunto para ajudar a população neste momento.
Ao prefeito, em particular, apelamos para seu bom senso e representação política de toda a população, que reveja tal decisão. Abertos ao diálogo, nos despedimos e convidamos os leitores desta Nota de esclarecimento da Adunioeste – Sindicato dos Docentes da Unioeste/Subseção de MCRondon a refletirem e exercerem seu direito de manifestação pela vida.
Nenhum de nós tem experiência com uma tragédia dessas. Mas não tratar esta situação como uma tragédia é irresponsabilidade.
Adunioeste – Sindicato dos Docentes da Unioeste/Subseção de MCRondon
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