Presidente do Sindicato Rural de Cascavel desde 2010, Paulo Roberto Orso, destaca o trabalho desta entidade que, desde a década de 1950 representa os interesses do homem do campo. O embrião da entidade surgiu em 1953, quando um grupo de 28 agricultores criou a Associação Rural de Cascavel. Em setembro de 1967, a associação promoveu a sua última assembleia e logo depois a primeira diretoria do Sindicato Rural Patronal de Cascavel foi eleita.
De lá para cá o Sindicato vem defendendo as causas do produtor, especialmente no aspecto legal, lutando pelos seus direitos. Mas, também atua na solução de problemas como o projeto inédito de combate aos borrachudos. E ainda, na luta por melhorias de infraestrutura, aliando-se ao poder público e a outras entidades na luta por obras estruturantes para Cascavel e região.
Nesta entrevista, Paulo Orso fala um pouco de todas estas ações desenvolvidas pela entidade que preside há 10 anos.
PRETO NO BRANCO: Como é a estrutura do Sindicato Rural atualmente? Qual a abrangência? Quais serviços oferece?
PAULO ORSO: A base territorial do Sindicato Rural diz respeito ao município de Cascavel, com extensões de base em Santa Tereza e Lindoeste. Nós temos a coordenação de todos os sistemas do Sindicato e representamos a Federação da Agricultura do Estado do Paraná, assim como a coordenação do Senar, que é uma ferramenta fantástica, necessária para todos os produtores. Em Cascavel o Sindicato é uma entidade com credibilidade perante a comunidade e perante a própria Federação, na nossa missão de representar e defender os interesses de todos os produtores rurais do nosso município, especialmente nossos associados. Assessoramos os associados e seus anseios principalmente na parte documental dentro do que determina a legislação que muda a cada dia. Nós temos grandes problemas dentro do setor rural principalmente no setor de previdência, onde o produtor muitas vezes não se prepara para o futuro e nós procuramos orientá-lo para não perder o seu benefício.
PB – Aliás, o Sindicato também tem orientado os agricultores a não pagar a contribuição salário-educação. E também auxilia a reaver esses valores pagos em anos anteriores. Por que isso e como o produtor deve proceder?
ORSO – Nós assessoramos o produtor em diversas situações legais, tanto no fundiário, parte trabalhista, em questões de restituição ou defesa de alguma inconstitucionalidade. É o caso do salário educação onde ocorre uma bitributação, uma vez que ele já recolhe isso na sua produção.
PB – O sindicato participa de um projeto inédito, que é o combate aos borrachudos no campo. Como se originou esse projeto e que resultado obteve até aqui?
ORSO – Eu tenho dito sempre que o Sindicato é a casa do produtor. Todos os seus anseios, dificuldades ou problemas deveriam vir até nós para que aqui, juntos, nós possamos buscar uma solução. Esse programa surgiu porque uma comunidade do interior tinha um problema muito sério com a infestação do borrachudo, que é um mosquitinho que incomoda e causa desconforto no ser humano e nos animais. Essa comunidade desde 2009 vinha pedindo uma ação do setor público para minimizar o problema. Quando eles vieram pedir apoio do Sindicato, há dois anos, começamos a fazer um levantamento do problema e fomos falar com o prefeito, que se sensibilizou. Começamos um pré-projeto que é o primeiro do Estado do Paraná. Já existe no Rio Grande do Sul e Santa Catarina e um trabalho da Embrapa de mais de 30 anos, mas no Paraná não havia. É um problema que atinge todos os distritos de Cascavel e outros municípios também. Com parcerias, viabilizamos o produto que é de controle biológico, aplicado na água pelos próprios produtores com a coordenação de uma bióloga. O resultado foi fantástico. A comunidade nos deu o seu feedback dizendo que em alguns lugares houve mais de 80% de controle. Foi uma missão cobrada pela comunidade ao Sindicato Rural, que teve o amparo do poder público e o envolvimento dos produtores. O projeto está em andamento e deve ser ampliado com o apoio da Secretaria de Meio Ambiente para alcançar 150 produtores, chegando até Sede Alvorada na divisa de Toledo, contemplando toda essa bacia.
PB – O senhor sempre fala de turismo rural. Tem perspectiva de prosperar essa atividade econômica extra para o homem do campo em Cascavel?
ORSO – Tem. É mais uma oportunidade que queremos dar. Cascavel é uma cidade que tem muita diversidade. É mais um incentivo para que a pequena propriedade tenha mais uma fonte de renda e garanta a permanência do homem no campo, com muita dignidade. O Sindicato já recebeu visitas de comitivas da Argentina, Chile, do Paraguai, americana, holandesa, alemã. Eles chegavam aqui e não sabíamos o que mostrar. Fomos buscar as parcerias junto com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do município, com o Senar, e está se levantando uma ação através da coordenação da prefeitura para que tenhamos no município três áreas de oportunidade de turismo: de aventura, técnico-agro e de eventos. Temos belas cachoeiras, temos um potencial fantástico no agro e temos grandes eventos que já acontecem, como o Show Rural, Show Pecuário, Expovel e outros que podem ser agregados ao turismo, gerando novas oportunidades.
PB – O senhor falou em Show Pecuário. Há cinco anos o Sindicato Rural vem realizando este evento. Qual a expectativa para a edição deste ano?
PB – Nós sempre procuramos parcerias com todas as entidades, desde o momento que iniciamos o Show Pecuário. A nossa característica é diferente de outras cidades da região. Nós tínhamos entidades muito fortes, mas individualistas. É uma característica nossa e temos até esse isolamento de infraestrutura justamente por isso, pelo individualismo, por falta de união e falta de representação política. Nós temos número, mas não temos poder. Nós, buscando um fortalecimento, procuramos, enquanto Sindicato, participar de todos os eventos das outras entidades, para nos integrar, fazer a representação da comunidade e nos fortalecer. O G8 é uma criação específica disso e já teve grandes vitórias até a nível de estado. Nós procuramos participar do Show Rural, que é uma forma de projetar cidade de forma internacional. Nós participamos da Expovel, que hoje passa a ser uma festa popular. E o Show Pecuário, que é do Sindicato Rural junto com a Sociedade Rural, onde focamos só a parte da pecuária específica, porque não havia um evento nesta área. E a nossa expectativa é que na sexta edição nós tenhamos novamente a participação dos nossos parceiros. Queremos fortalecer todas as categorias, seja peixe, suíno, bovino, aves, outras áreas, para a valorização do homem do campo, conservando e produzindo.
PB – O senhor esteve na comitiva que visitou recentemente o governador, quando ele autorizou a duplicação de mais um trecho da BR 277. O que o senhor sentiu no encontro? Essa obra sai de fato?
ORSO – Nossa entidade tem participado ativamente todas as bandeiras regionais, inclusive através do nosso acento dentro do G8 e dentro dessa ação fomos representando a parte rural, junto com as outras entidades, junto com o prefeito Paranhos, com o deputado. O que ouvimos nos deixou esperançosos. Fomos mostrar para o governador que precisamos disso, porque os nossos produtos chegam de forma muito lenta até Curitiba ou Paranaguá e o produtor paga a conta. O produtor e o consumidor. Mas, eu saí esperançoso pela primeira vez. Pedimos o empenho do governador. E foi isso que sentimos dele. Ele disse que quer mostrar que está assinado e dentro de um ano e meio teremos uma das maiores obras que é o trevo cataratas, a duplicação de mais um trecho da BR 277 e a terceira faixa até o Três Pinheiros.
PB – Como 2020 é um ano eleitoral, uma questão que não pode ficar de fora. O que o Sindicato espera do próximo prefeito de Cascavel?
ORSO – Queremos que dê continuidade às obras estruturantes de desenvolvimento de Cascavel. Queremos que o nosso agricultor seja reconhecido e valorizado pelo poder público e pela comunidade urbana. Que os nossos filhos não enxerguem a luz brilhante da cidade e deixem o campo pela falta de estrutura. Precisamos de condições de transporte, comunicação e conectividade.
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