Em 1946 a região Norte se afirmava como a potência paranaense e no descuidado Território Federal do Iguaçu uma nova força econômica e política também vai se agigantar.
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É a Madeireira Moysés Lupion, que fez Cascavel ingressar definitivamente no ciclo da madeira do pós-guerra, por meio das serrarias Central e São Domingos.
Pode-se aferir a importância das serrarias de Lupion pelo impacto que promoveram no fortalecimento da comunidade cascavelense. Toda mão de obra que chegava tinha como destino uma das duas serrarias.
Os prestadores de serviços tiveram nas famílias dos operários do setor um importante ganho de clientela. Grande parte da produção colonial cascavelense já não ia mais aos portos do Rio Paraná, retida antes de passar por Santa Tereza.
Para atender aos antigos clientes, os colonos precisaram expandir horizontes, chamando parentes que viviam com dificuldades em outras regiões para vir aproveitar as perspectivas na região.
Em seu moinho de pedra tocado a água, o colono Antônio Dolla, além da diversificada produção agrícola, também fornecia fubá, farinha de biju, trigo e descascava arroz.
Até as serrarias de Lupion chegarem, sua rotina era vender o bom excedente da produção em Foz do Iguaçu e de lá retornar com cargas de café, açúcar, sal e combustíveis, sobretudo querosene.
Logo de saída, toda a sua produção habitual de fubá foi arrematada pela administração da Serraria no São Domingos, encravada na fazenda do mesmo nome – 320 mil metros quadrados, adquiridos do espólio do obragero Domingo Barthe, morto em Paris, em 1917.
Central Barthe, a capital do Oeste
Nascido em São Bento do Sul (SC), em 1893, Antônio Dolla estava estabelecido em 1943 no polo regional de Itaiópolis, de onde também vieram as famílias Munhak, Bartnik, Dias e Pfeffer, dentre outras, quando decidiu vir para Cascavel.
Dez anos depois ele fundava a Associação Rural de Cascavel ao lado de Tarquínio Joslin dos Santos, Munhak e dezenas de outros colonos.
A família Lupion estabeleceu a Serraria Central no antigo entreposto da Companhia Domingo Barthe, entre Cascavel e Santa Tereza. Herança dos tempos ervateiros, havia ali uma espécie de vila de alta rotatividade.
Central Barthe teria se tornado o início da cidade de Cascavel, não fosse um dramático episódio da Revolução Paulista (1924/5) em que os revolucionários, acossados pelas tropas do general Cândido Rondon, incendiaram o local para que os governistas não encontrassem ali recursos de abastecimento disponíveis.
Depois do incêndio, o local ficou abandonado. Com Barthe morto, seus agregados mantiveram interesses apenas na Argentina. Jeca Silvério arrendou em 1928 junto a Antônio José Elias os arredores da Encruzilhada dos Gomes e ali deu início à cidade após outra revolução – a de 1930.
40 dias e 40 noites
A Madeireira Moysés Lupion aproveitou a cogitação militar de que Cascavel será um futuro grande centro estratégico e iniciou seu duplo empreendimento no Médio-Oeste precipitando a inclusão desse ainda distrito de Foz do Iguaçu em definitivo no mapa econômico do Brasil.
As serrarias Central e São Domingos vão se somar ao vasto portfólio de empreendimentos com que Moysés Lupion se tornará a principal força no interior do Estado e na região do Território Federal do Iguaçu.
Outra força, porém, começará a se desenhar em 17 de fevereiro de 1946, quando um novíssimo caminhão Ford é carregado com camas, colchões, acolchoados, travesseiros, machados, foices, serras, martelos, pás, picaretas e uma reserva de gasolina.
O caminhão de Alfredo Ruaro, entregue ao irmão Zulmiro Antônio, seguirá de São Marcos para Vacaria (RS), de onde vai a Erechim, em seguida a Chapecó (SC) e ao Paraná, via Clevelândia, passando por Lagoa Seca em direção a Laranjeiras do Sul, esta agora com o nome de Iguaçu, a capital do Território.
De lá a comitiva gaúcha, formada por 14 trabalhadores, rumou para Rocinha (atual Catanduvas) e alcançará Cascavel em 18 de março de 1946. Pernoitando em Cascavel, o grupo no dia seguinte parte para o arroio Toledo, onde irá começar um vasto projeto de colonização na antiga Fazenda Britânia.
Para chegar ao Oeste do Paraná, o caminhão levou “30 dias para percorrer 700 quilômetros entre Farroupilha (RS) e Cascavel e tardaria ainda mais nove dias até chegar no Pouso de Toledo” (Marcelo Grondin, O Alvorecer de Toledo no Oeste do Paraná).
O começo de uma história nova
Partindo de Cascavel em 19 de março, os pioneiros de Toledo chegam enfim ao território da antiga Fazenda Britânia. O riacho, referência da propriedade, herdara o nome de um pouso montado por um antigo funcionário da companhia ervateira argentina Nuñes y Gibaja: o “Señor Toledo”.
Esse argentino descendente de espanhóis deu nome não só ao rio, mas também ao futuro município. O lugar se chamava, segundo Moacir Neodi Vanzzo, Pouso do Velho Toledo.
Naquele instante começava uma nova história para a antiga propriedade inglesa no Oeste do Paraná, sobre a qual já se sabe muito. Entretanto, só será possível compreender o que esse grupo de pioneiros começou no Médio-Oeste do Paraná lançando algumas luzes sobre o longo processo que os levou a esse março de 1946.
Vibrante crônica da formação de uma rede de famílias de filhos de imigrantes que viria a ser um dos motores do desenvolvimento do Sul brasileiro, a história da colonizadora Maripá, ao contrário de várias outras que atuaram no mesmo período, não vinha da iniciativa de um capitalista que decidiu investir de estalo em um negócio que lhe pareceu promissor.
Luiz Alberto Dalcanale, filho de João Alberto Dalcanale e Mathilde Jeanne Esquier, contou que os negócios do grupo se entrelaçaram unindo líderes em uma sólida parceria.
Bortolazzi: cara, coragem e família
A saga começa em Ponte Serrada, no Oeste de Santa Catarina, iniciativa da firma De Carli e Companhia, de Caxias do Sul (RS), que tinha na liderança local o comerciante José Bortolazzi.
Ele chegou ao local desabitado em 1.º de agosto de 1926, levando toda a família. A coragem e o espírito de sacrifício dos Bortolazzi nesse primeiro empreendimento é atestada por um emocionante relato contido na memória da Paróquia Santo Antônio de Pádua:
“Aí permaneceram muito tempo só com a família sem nenhum vizinho, morando em um armazém recém construído pela companhia colonizadora. (…) Parecia-lhe que neste mundo não existisse mais ninguém. Seu único divertimento era a caça: ia acompanhado de sua mulher e filhinhos, levando-os às costas. Eis que no dia 9 de julho de 1929 chega para Ponte Serrada um segundo habitante, o sr. Genoíno Amadori”.
A esse primeiro projeto colonizador se seguiu a formação da Vila Oeste, hoje São Miguel do Oeste, trabalho iniciado pela firma Barth, Benetti e Cia, que depois virou Barth, Anoni e Cia, tendo à frente Willy Barth e José Anoni, de Carazinho (RS).
Barth, Ruaro, Dalcanale, Festugato…
Mais tarde a empresa passou a se chamar Colonização e Madeiras Oeste Ltda e teve como diretor José Festugato II, também de Carazinho. Associados a um grupo de Erechim, liderado por José Sponchiado, Hélio Wasum e Angelino Rosa, fundaram a Industrial e Colonizadora Erechim Ltda, que iniciou a colonização de Barracão, já no Paraná.
Para aumentar o alcance das atividades na região de São Miguel do Oeste, Alberto Dalcanale, o irmão Luiz e Alfredo Ruaro constituíram a empresa Pinho e Terras Ltda, colocando como seu gerente local Olímpio Dal Magro.
Além de responsável pela colonização direta de inúmeras áreas no Oeste de Santa Catarina, apoiou e abriu caminho também para a colonização de São José do Cedro e Romelândia, com Romeu Granzzoto.
Em breve o grupo passaria a estender sua presença por uma ampla área do Oeste paranaense, criando cidades enquanto outros capitalistas criavam empresas.
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