A polêmica sobre a locação da decoração natalina em Cascavel, agregada com estruturas em bambu a exemplo das famosas capivaras e outros adereços que incrementam a cena em Cascavel neste ano, vão além dos que aprovam ou desaprovam pela estética.
O assunto se transformou em polêmica e alvo de críticas pelo elevado valor que as obras representam aos cofres do Município de Cascavel. Na descrição completa do pregão eletrônico está claro: trata-se de “contratação de empresa para a prestação do serviço de locação dos itens da decoração natalina do Município de Cascavel, incluindo o transporte, entrega, montagem, instalação, manutenção e desmontagem de toda a decoração, com os materiais, insumos e mão de obra necessários” que pôde ser dividido em mais de um lote, envolvendo uma série de itens que vão além dos itens em bambu.
O dinheiro saiu do caixa da Secretaria Municipal de Cultura e o que, inicialmente estava previsto para R$ 2,3 milhões saltou para mais de R$ 2,6 milhões apenas para a locação e serviços de implantação.
Para o presidente do Conselho Municipal de Segurança Pública, Sérgio Leonardo Gomes, a locação representa uma afronta. “Imagine o que daria para fazer com esses recursos na segurança”.
Segundo Gomes, o dinheiro não daria para solucionar de vez os problemas, mas poderiam ser aplicados em ações para reduzir drasticamente o furto e roubo de veículos, furto de fios de cobre, principalmente nas instituições municipais, tráfico de drogas, abusos no trânsito, sistemas de segurança nas escolas, entre outras. “Enfim, a utilidade de um valor assim na segurança pública de Cascavel traria excelentes resultados para toda a população”, reforça.
Gomes reitera que não se trata de menosprezar a decoração natalina e itens que são importantes para o turismo e o comércio, mas ele avalia que os valores são demasiadamente elevados diante daquilo que pretendem promover de retorno, somado ao fato de as estruturas serem apenas locadas.
Quanto à possibilidade de parte da estrutura seguir em Cascavel de forma definitiva, como uma das capivaras em bambu, o presidente do Conseg faz outra observação. “Para sempre? Sendo de bambu e não tendo uma vigilância adequada nos locais, talvez dure uns três anos e com grande custo de manutenção”, completa.

“Imagine o que daria para fazer com esses recursos na segurança”Sérgio Leonardo Gomes, presidente do Conselho Municipal de Segurança Pública
Prefeitura de Cascavel se preocupa com a estética e não com as pessoas
O presidente do Conselho Municipal de Saúde, Elton José Munchen, classificou a locação milionária como absurda, disse que a prefeitura de Cascavel está demasiadamente preocupada com a estética enquanto filas se formam no sistema básico de saúde e pessoas aguardam por anos a realização de atendimentos e exames emergenciais ou essenciais.
“Temos filas imensas para atendimento em psicologia, em neuropediatria que são temas frequentes em nossas reuniões do Conselho. Tudo parece ser supervalorizado em Cascavel. Até um guincho foi locado para levantar uma bandeira recentemente”, descreve.
Para o presidente do Conselho da Saúde, nada deveria ser mais prioritário que a contratação e manutenção dos servidores na saúde. “Falta muito, falta gente para trabalhar, por isso que estão ruins todos os serviços. Esse recurso investido na saúde mudaria muito a realidade dos atendimentos”.
Para Munchen, investe-se para deixar a cidade bonita, mas não se importa em devolver serviço à população.
Segundo ele, somente na Secretaria Municipal de Saúde faltam neste momento, somente na parte administrativa, mais de 70 servidores.

Números alarmantes da saúde
A situação crítica envolvendo a saúde pública municipal é confirmada pelos números enviados pela própria Secretaria Municipal (Sesau) ao Conselho. Em um ofício do dia 14 de outubro, a pasta fala de agendamento na especialidade de neuropediatria. Diz que os bloqueios na especialidade vêm ocorrendo com frequência, que nos últimos três meses foram agendados 120 pacientes, sendo que existem 132 pedidos de priorizações aguardando para agendamento. “A fila de espera atual conta com 3.869 pacientes na faixa etária menor que 11 anos e 4120 pacientes na faixa etária acima de 12 anos”, afirma a própria Secretaria.
A justificativa dada pelo Município é que “está sendo realizada a qualificação na fila de espera e quanto a ampliação do atendimento cabe aos profissionais médicos neurologistas credenciados junto ao Cisop demonstrarem interesse em aumentar as ofertas das vagas uma vez que o Cisop, possui chamamento aberto para essa oferta, no entanto, é necessário o interesse dos prestadores para credenciamento”.
Para o presidente do Conselho, recursos adicionais seriam bem-vindos para agendamentos extra estrutura, como as contratações da rede particular.
Oito mil aguardam atendimento psicológico
Em outro ofício enviado pelo Município ao Conselho, a Sesau diz que existe fila única para atendimentos em psicologia com mais de oito mil pacientes aguardando atendimentos, com 101 pessoas consideradas de alto risco, 1.364 de risco médio e 6.537 avaliadas como baixo risco. “Ao menos não podem falar que não sabem [das pessoas que seguem aguardando e que precisam de atendimento]”, completa o presidente do conselho.
Vale destacar que entre os valores destinados à locação e instalação da decoração natalina, cerca de R$ 1 milhão foi destinado exclusivamente a uma empresa especializada na produção de itens em bambu.
Segundo o Município, Cascavel não cogita a aquisição e posse definitiva dos itens, mas contatou a empresa para ver se a capivara de bambu, do Lago Municipal, pode ser doada pela empresa, o que estaria em análise pela fornecedora.
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