Cadê o banco que estava aqui? Mato cresce e toma conta de parques e praças

Mato alto toma conta dos espaços públicos da cidade

Por Silvio Matos

Nesta semana, a reportagem do Preto no Branco, ao invés de detalhar um único bairro, fez um giro por Cascavel para analisar os parques e praças do município, pauta sempre levantada pelos moradores, que questionam as secretarias de Esporte e Lazer e a de Meio Ambiente sobre a manutenção dos espaços públicos. 

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Começando pela região norte de Cascavel, o bairro Morumbi ganhou um Ecopark no ano de 2018. Com quase R$ 18 milhões em investimentos, o parque tem 91 mil metros quadrados. Hoje é impossível localizar alguns bancos, lixeiras e até parte das pistas de caminhada devido ao mato alto, que toma conta. “Eu calculo uns quatro ou cinco meses que o parque está sem uma grande poda. Esses dias até vieram aqui, mas abandonaram sem terminar. Com essa chuva, o mato só cresce e toma conta de tudo”, diz o aposentado João da Cruz. “Por que o Ecopark Oeste é tão organizado e cuidado, e aqui está desse jeito?”, questiona o morador.

Situação deplorável do Ecopark Morumbi

A segurança é um ponto que chama a atenção do seu João, que mora no Morumbi há 26 anos.

“Estamos com dificuldade com os usuários de drogas no parque. O pessoal faz um estrago, vandaliza os espaços e deixa assim, do jeito que estamos vendo. Achamos muito perigoso tudo isso. Precisávamos de mais guardas aqui, para circular e coibir essas práticas. Eu mesmo nunca vi um guarda andando no parque durante a noite”, conta.

Nas proximidades, no Periollo, na esquina da rua Europa com rua Haiti, está um espaço que contava com fonte d’água. Atualmente o local funciona como uma praça, com bancos, lixeiras e até um mini portal. A situação se repete, o mato tomou conta. Um dos vizinhos opina. “Penso eu que não devemos esperar só a prefeitura vir e resolver, a população poderia muito bem cuidar dos locais que frequenta, ajudando na poda e na limpeza e também nos cuidados com o vandalismo. Eu mesmo, sempre que posso, tento ajudar”, comenta o aposentado Ivaldo Rodrigues, que mora há poucos metros da praça.

Morador das proximidades, Ivaldo Rodrigues cita que a população também precisa cuidar do bem público

Parque Vitória: “Não pretendo voltar aqui”

Na movimentada rua Manaus está localizado o Parque Vitória, um dos mais tradicionais de Cascavel. Com ampla metragem, parquinhos infantis e academias para a terceira idade, o parque pode perder frequentadores. “Fazia muito tempo que eu não vinha, sempre achei muito perigoso esse parque. Hoje resolvi encarar, mas a situação está bem complicada. Só fiquei nas proximidades das entradas. Já ouvi inúmeros relatos de assaltos e outros crimes. Não pretendo voltar tão cedo, a insegurança é grande”, afirma a arquiteta Thayra Tonietto, que vive na região há oito anos. A situação com o mato alto se repete, tendo trechos quase intransitáveis e equipamentos vandalizados. 

A arquiteta Thayara Tonietto ressalta que o Parque Vitória tem pontos intransitáveis, com relatos de assaltos e outros crimes

“Só vejo isso em Cascavel! Em Toledo nunca vi praça nessa situação”

A diretora escolar Valdinéia Fernandes de Souza é de Toledo e estava passeando em Cascavel, no último fim de semana. A visitante ficou assustada com o que viu na Praça dos Mosaicos, que fica na rua Fortaleza esquina com a rua Pio XII, próxima a região central da cidade. “É muito difícil encontrar, em Toledo, uma praça nesta situação. Essa praça está bem desleixada. Tem vezes que queremos o espaço para uma atividade de lazer, mas o local, simplesmente, não tem condições. Chega a dar medo, em razão da insegurança, frequentar uma praça assim”, discorre.

Moradora de Toledo, Valdinéia Fernandes de Souza, se assustou com o abandono da Praça dos Mosaicos

Praça do Country e Praça Rui Barbosa

Na Praça do Country, região central, e na Praça Rui Barbosa, nas proximidades da avenida Toledo, encontramos moradores que não quiseram se identificar, mas relataram: “Estamos com medo. Está muito inseguro frequentar essa praça em determinados horários do dia”, diz uma cidadã, que passava pela Rui Barbosa. “Temos medo dos usuários de drogas, tem vezes que aparece um pessoal aqui e tira o nosso sossego”, conta um cidadão da região do Country. 

 Mato alto e falta de cuidados são vistos em todos os cantos de Cascavel

Espaços passarão por manutenção 

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente informou que nenhum dos parques e praças estão em estado de abandono. “Todos os parques e praças mencionados receberam manutenção em janeiro deste ano. No entanto, as chuvas combinadas com as altas temperaturas provocaram o crescimento acelerado da vegetação. A secretaria destaca que todos os espaços passarão novamente por manutenção, incluindo a praça da rua Haiti e o Parque Vitória”, diz a nota.

Já a Secretaria de Esportes e Lazer comunicou que a manutenção dos parquinhos já está na programação e será realizada assim que possível. Em relação à insegurança nos parques e praças mencionados na reportagem, a Guarda Municipal foi procurada, mas não respondeu até o fechamento desta edição.

Parque Vitória: o mato tomou conta

Por que Cascavel conta com tantos parques lineares e avenidas largas?

A arquiteta e urbanista Solange Smolarek é figura marcante no planejamento urbano de Cascavel. A profissional colaborou com o desenvolvimento da cidade e ajudou a construir grandes obras, como o Lago Municipal, que faz parte da maior reserva urbana do Sul do Brasil. Solange detalha os motivos que levaram Cascavel a concentrar tantos parques lineares.

“Cascavel conta com muitos fundos de vale, que são os locais por onde passam os córregos, os rios e onde existem nascentes. No Plano Diretor de 1976, criado através da consultoria do escritório do arquiteto Jaime Lerner, foi previsto definir todos esses espaços como áreas de preservação ambiental para evitar possíveis invasões, loteamentos e manter o local cuidado. Com isso, foi muito fácil definir os fundos de vale como parques lineares, que recebem este nome por seguirem as linhas dos rios”, explica. 

Solange também comenta sobre as avenidas Brasil e Tancredo Neves, que contam com canteiros largos, que acabaram se tornando grandes “praças” centrais. “Essas vias eram parte da estrada que ligava o litoral do Paraná a Foz do Iguaçu, a atual BR-277. A rodovia mudou de local devido ao crescimento de Cascavel. Em razão da faixa de domínio da então rodovia, a atual Brasil tinha, na época, 60 metros de largura e a Tancredo 70 metros. O arquiteto Gustavo Monteiro foi o primeiro autor dos projetos da avenida Brasil. O profissional criou um urbanismo dentro do padrão da época, onde a prioridade maior eram os carros, com muitos estacionamentos no centro da via. Ao longo do tempo mudou o conceito, as pessoas ganharam a cada década mais protagonismo, em especial após o ano 2000. O que antes era usado para estacionamento, hoje tem uma função de lazer muito importante dentro do contexto social”, detalha.

Praça do Country

 

 

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