Lago Azul: “Perímetro urbano só no papel”

Bairro faz parte do perímetro urbano, mas falta infraestrutura

Desde 2018, o Lago Azul se tornou bairro e foi integrado ao perímetro urbano de Cascavel, especificamente da região norte da cidade. Uma vitória comemorada pela população, que esperou mais de 30 anos pela conquista. Conforme os moradores, de lá para cá, nada mudou.

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“Perímetro urbano ficou só no papel”, afirma uma dona de casa, que já perdeu as esperanças. “Aqui a gente já sabe que nunca vai ter asfalto, nem esperamos mais. São anos de promessa, mas até agora nada”, conta a mulher que pediu para não ser identificada. 

A situação é tão alarmante que até mesmo a Transitar (Autarquia Municipal de Mobilidade, Trânsito e Cidadania), diz que se fosse atender todos os quesitos de qualidade das ruas para a montagem do itinerário da linha 050 – Lago Azul/Terminal Leste, parte do bairro ficaria sem atendimento. “Definimos o trajeto de acordo com as condições das vias, entre outros parâmetros, priorizando o deslocamento em ruas pavimentadas. No entanto, no bairro em questão, se forem atendidos integralmente esses requisitos, parte da população local ficaria desprovida do serviço”, informou por meio de nota. Os cidadãos relataram que os ônibus ficam atolados e temem que os veículos quebrem, comprometendo a operação no bairro.

Segundo o presidente do Lago Azul, o eletricista Roberto Zorzan, o asfalto para as principais vias já era para estar concluído desde 2021, quando um contrato de R$ 4,6 milhões havia sido assinado com uma construtora. “Estávamos na pandemia, tudo subiu, principalmente os materiais das obras, a empresa não conseguiu dar continuidade. A prefeitura deu um aditivo, mas mesmo assim não recebemos o asfalto. A obra foi paralisada”, lembra.

A prefeitura pressionou, por meio de notificação, para que a obra fosse concluída, mas a empresa solicitou a rescisão do contrato. Na época, foi cogitado que a própria Secretaria de Obras terminaria os trabalhos e faria uma nova licitação para uma via em específico, a Lagoa da Pinguela. A reportagem cobrou explicações da pasta, solicitou como anda o processo, pediu previsões e perguntou se a pavimentação de todo o bairro poderia ocorrer, mas a secretaria, novamente, não respondeu o Preto no Branco. O Município também foi questionado sobre o que vem sendo estudado para minimizar os problemas, bem como o que a Prefeitura de Cascavel pretende fazer para realmente urbanizar o Lago Azul, porém não recebemos retorno até o fechamento desta edição.

Asfalto nas principais ruas já era para estar concluído desde 2021

 

“Nossas prioridades são outras”

Roberto Zorzan faz um breve comparativo do Lago Azul com outros bairros de Cascavel. “Vemos muitas associações lutando para ter um salão comunitário melhor, já para nós, com a atual realidade, isso não é importante. Nossa prioridade é conseguir uma infraestrutura básica. Para nós, um salão bonito seria um luxo”, diz. “Não posso dizer que não tivemos conquistas desde 2018, pois tivemos: chegou a água encanada, a internet via fibra, conseguimos a iluminação em LED na principal rua do Lago Azul e a verba para as obras do asfalto que estão paradas”, elenca.

“Hoje quando sai um loteamento, o local já vem com tudo, no nosso caso não foi assim. Eu calculo 40 anos que estamos nesta situação, no passado não havia leis para lotear, como existe agora. Estamos muito atrasados, quando comparamos com o restante da cidade”, comenta, o presidente, desanimado. O combo de problemas só aumenta no Lago Azul. “Como o bairro está crescendo, tendo várias construções, a água da chuva não é mais absorvida pelo solo, descendo para as ruas. Com os inúmeros ‘patrolamentos’, as vias foram abaixando e cada vez mais água desce. Pedimos ajuda da Secretaria de Obras, mas na primeira chuva todo o trabalho é perdido”, explica.

‘Nossa prioridade é conseguir uma infraestrutura básica’, cita Roberto Zorzan, presidente do bairro

 

Rede elétrica antiga

O eletricista automotivo, Roberto Zorzan, relata que a Copel também vem dando trabalho para a comunidade. “A rede do bairro é bem antiga, ainda no padrão rural. Já até fizemos um abaixo-assinado e protocolamos na Copel, em Curitiba, solicitando mudanças. Hoje, qualquer chuva, estamos sem luz. A fiação é velha! Na época do nosso pedido, a Copel disse que realizaria um planejamento, mas ainda não vimos alterações”, conta.

“Vereador não faz asfalto”

O presidente do bairro comentou que o Lago Azul não tem um vereador específico que atenda os pedidos locais, mas solicita o apoio de todos os parlamentares. “Eles não estarão fazendo nada mais que a própria obrigação. Na nossa situação, precisamos de muito apoio. Um vereador não faz asfalto, isso é muito usado politicamente, mas sabemos que um legislador não tem poder para isso, ele somente pode estabelecer o diálogo com as secretarias, que é o que nós precisamos hoje. Qualquer um que venha, estamos abertos”, afirma.

 

População diz precisar de vereadores que atendam os pedidos locais

 

“É um bairro maravilhoso”

A Associação de Moradores contabiliza 329 chácaras, com média de três mil metros quadrados, no Lago Azul. “Nosso bairro é um lugar maravilhoso! No início nem era pensado que se tornaria cidade, mas hoje o crescimento é exponencial. O asfalto ajudaria muito com o crescimento do Lago Azul”, projeta Zorzan. “Na área da Saúde não temos do que reclamar, acredito que a nossa USF (Unidade de Saúde da Família) é uma das melhores de Cascavel. O médico é ótimo e toda a equipe é maravilhosa. A população está bem satisfeita”, elogia.Morador há 26 anos do Lago Azul, o presidente compartilha que “o nosso sonho é ver o bairro completamente urbanizado. A comunidade é tão tranquila, de pessoas simples e trabalhadoras, todas de bem, precisamos de mais suporte da administração pública para mudar a nossa realidade”.

 

Há mais de 30 anos moradores sonham com um bairro realmente urbanizado

 

Usuários enfrentam um verdadeiro rally em dias de chuva
Transporte coletivo passa, mas infraestrutura não é adequada

 

Lago Azul deve ganhar CMEI

A Secretaria Municipal de Educação informou que já possui reserva de terreno no Lago Azul, o qual possui dimensões e características técnicas compatíveis para o pleito de recursos junto ao FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). “O projeto e demais peças técnicas encontram-se cadastradas no novo PAC do Governo Federal, para que haja a captação de recursos para a viabilização da construção de um CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil) com capacidade de aproximadamente 200 crianças em regime integral”, diz a nota.

Copel: “A rede está adequada”

A respeito do apontamento em relação à distribuição de energia no Lago Azul, a Copel (Companhia Paranaense de Energia Elétrica) informou que a rede da região está adequada à demanda dos consumidores. “Paralelamente, caso seja necessário realizar alguma adequação urbana relacionada ao posicionamento e ao realinhamento de calçadas, pavimentação, ou abertura de ruas, cabe à prefeitura municipal fazer o pedido para adequação da rede”, conclui a nota.

 

Fonte: Silvio Matos

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