PCC investe para dominar toda a cadeia do narcotráfico e ganhar o mundo

Forças de segurança fecham o cerco no enfrentamento à organização criminosa

O PCC (Primeiro Comando da Capital), maior facção criminosa brasileira e da América Sul, investe pesado para dominar toda a cadeia do narcotráfico. 

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Com cerca de 35 mil faccionados em diversos países, as principais investidas vêm se concentrando em abrir fronteiras para o tráfico, além de se especializar em toda a cadeia produtiva. 

Segundo investigações da Polícia Federal e do Ministério Público, a quadrilha já ostenta cultivos de maconha em países como o Paraguai e de coca, que dá origem à cocaína, na Colômbia e Bolívia. Essa última droga é a que vem sendo traficada para mundo, já que garante um elevado valor de mercado.

Segundo o MP de São Paulo, investigações recentes têm relevado aquisições de propriedades no Paraguai e na Colômbia. 

Além de cuidar da terra, de plantar, de colher, de processar e vender, o grupo está focado em ganhar o mundo com a venda direta e o transporte, avançando sobre fronteiras em parceria com grupos mafiosos, de extermínio e células terroristas.

Maconha para brasileiros

A maconha é exemplo clássico do domínio do setor produtivo, afirma o delegado-chefe da Delegacia da Polícia Federal em Foz do Iguaçu, Marco Smith. Para eliminar intermediadores e verticalizar a cadeia produtiva, a facção passou a cooptar novos membros pela América do Sul. Há ainda o envio constante de brasileiros para esses países para cuidar do cultivo e da logística. “Quase toda maconha que abastece o Brasil vem do Paraguai e essa facção está nos últimos anos eliminando todos os intermediadores, atravessadores garantindo assim mais rendimentos, além de conhecer todo o esquema sem depender de outros grupos. Cuida do plantio, do processamento, da venda e do transporte”, reforçou o delegado. 

A maconha abastece prioritariamente o Brasil, enquanto a cocaína ganha o mundo garantindo faturamentos bilionários em dólares e euros. 

Parceria com máfias e terroristas

Segundo o delegado, a facção começou a intensificar essa metodologia na década passada após parcerias importantes com grupos mafiosos e com caráter terrorista que estimulam a expansão pelo planeta. O delegado alertou que pouco se fala sobre o assunto, mas existe uma ligação estreita da facção brasileira com um grupo islâmico xiita que no Oriente Médio se intitula como partido político, mas é reconhecido por ações terroristas. Deles, os brasileiros recebem treinamento de guerrilha e para atos de terrorismo. O ciclo da maconha dura, em média, quatro meses e meio. Neste momento é um dos períodos da colheita no Paraguai e a expectativa para que esse ano haja uma safra recorde, o que promete culminar com apreensões mais constantes nas próximas semanas.

Com a cocaína a facção encontrou um mercado rentável e, de certo modo, de baixo risco. Como geralmente a droga é inserida clandestinamente em navios em portos como o de Santos, em São Paulo e Paranaguá, no Paraná, quando ocorrem apreensões costumeiramente não há prisões e o grupo perde só o pó. 

No ano passado a Receita Federal apreendeu no porto de Paranaguá 1.114 quilos de cocaína que eram embarcados clandestinamente nos navios. Nos três primeiros meses de 2023 foram 161,5 quilos. 

Segundo o delegado-adjunto da Alfândega da Receita Federal no Porto de Paranaguá, Gerson Zanetti Faucz graças aos sistemas de gerenciamento de risco da Receita Federal e a utilização do scanner, um volume importante das drogas é detectado antes de deixarem o território brasileiro. Por outro lado, é incalculável o volume que deixa o Brasil, sobretudo para a Europa, África e América Central.

Rota terrestre e pelo ar

Os principais fornecedores da folha de coca, que dão origem à pasta base, estão na Bolívia, no Peru e na Colômbia. Onde a facção ainda não planta, costuma adquirir de outros grupos criminosos, mas isso vem mudando. O processamento ocorre em laboratórios que, apesar de equipados, têm características rudimentares que servem bem à função.

Destes países a droga chega por rota área ou terrestre até o Paraguai, comumente à região do Chaco. Ali existem entrepostos para acomodação até o transporte a destinos intermediários com rotas estratégicas até a fronteira com o Brasil. “A droga sai do Paraguai no meio de cargas lícitas em caminhões, escondidas em carros de passeio e principalmente pequenos aviões que seguem pela chamada rota caipira”, contou Marco Smith ao lembra que essas aeronaves de pequeno porte sobrevoam abaixo da linha do radar para não serem identificadas pela fiscalização.

“Elas descem em estradas que são transformadas em pistas de pouso e decolagem improvisadas e costumam ser abastecidas no oeste e norte do Paraná ou no oeste de São Paulo  de onde a droga segue para os portos com destino a países da Europa, da África, das Américas”, completou o delegado.

Na Europa o quilo da cocaína pode valer até 15 vezes mais que no Brasil. A droga na Colômbia pode ser encontrada, no meio de áreas de cultivo, a US$ 300 o quilo, algo próximo a R$ 1,5 mil. Fora da área produtiva, mas ainda naquele país, pode ser encontrada por US$ 3 mil, menos de R$ 15 mil. No Brasil, porém, pode render no mercado final até R$ 180 mil, segundo levantamento do Departamento da Polícia Rodoviária Federal de 2022. Na Europa, a depender da qualidade do produto, o quilo pode variar de US$ 70 mil a US$ 180 mil, ou seja, R$ 420 mil até mais de um milhão de reais. “Então é evidente que o mercado mais rentável é o internacional e nestes casos estamos considerando uma droga com um grau de pureza muito elevado para ser batizada lá [misturada com outras produtos que a façam render]”, alertou o delegado.

Da lavoura ao destino final

Até poucos anos a avaliação de forças de segurança era de que a droga vendida pela facção era entregue nos poros e a responsabilidade para o envio era de sócios como as máfias italianas, nigerianas ou sérvias. Naquele período o MP identificou que a máfia ficava com 40% da droga e pagava o resto em euros no preço de comercialização. 

Com a verticalização do processo, já se pode constatar que a própria facção está entregando a droga nos outros continentes, o que explicaria um número cada vez maior de criminosos ligados ao bando vivendo na Europa e na África, por exemplo. As investigações apontam ainda para um planejamento meticuloso de dominar o narcotráfico pelos cinco continentes.

Fonte: Assessoria

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