Ayrton Senna: 30 anos da morte do último ídolo brasileiro

Ayrton Senna continua vivo 30 anos depois de sua morte em Ímola

Dia 1º de maio de 1994. A morte de um dos maiores ídolos nacionais chocava não só o Brasil, mas todo o mundo. Agora, em 2024, o falecimento de Senna completa 30 anos e, desde a fatídica curva no circuito de Ímola, em San Marino, nisso país nunca mais foi o mesmo dentro das pistas de Fórmula 1.

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Senna foi muito mais do que um piloto tricampeão mundial da F1. Talvez a nova geração nunca saiba o que é ter um ídolo nacional — algo que era recorrente em um país tão apaixonado por esporte, como é o Brasil. Parece que isso se extinguiu nas últimas décadas.

Ele conseguiu unir o Brasil com uma modalidade que não tem nem 10% da popularidade do futebol, por exemplo. Todos na época se juntavam nas manhãs de domingo para torcer pelo piloto brasileiro. No entanto, as telas nos ajudam a reviver lendas, como Ayrton Senna.

Unanimidade nacional que nunca foi igualada

Uma coisa é certa: o tricampeão mundial de Fórmula 1 Ayrton Senna continua vivo após 30 anos do acidente fatal em Ímola.

A sua morte trágica há três décadas não foi capaz de arranhar a idolatria do piloto. Pelo contrário, aquele 1º de maio de 1994 se tornou uma efeméride cercada de homenagens a cada ano, numa demonstração clara de que ídolos transcendem o tempo.

No caso de Senna, ele transcendeu o Ayrton e se tornou uma marca, que foi muito bem trabalhada desde o início da carreira do piloto até os dias atuais por meio de seu Instituto e da Senna Brands, que cuida das marcas Senna e Senninha. Toda uma geração que nunca o viu nas pistas tem acesso a memorabilias, livros, filmes, produtos licenciados, etc.

Mas o que exatamente fez Senna virar um ídolo nacional beirando a unanimidade nunca mais atingida. O contexto histórico é fundamental para entender como um piloto de Fórmula 1, esporte elitista praticado por poucos, se tornou paixão no país do futebol, que, naquele momento, amargava muitas derrotas.

É senso comum que o momento do Brasil nos anos 1980 clamava por um ídolo. O país iniciava a redemocratização após o longo período da Ditadura Militar, e pairava um ar de orgulho nacional e otimismo pelo futuro. A seleção brasileira não seguia esse rumo, com a traumática eliminação na Copa do Mundo da Espanha, em 1982, por exemplo.

Senna conseguiu aliar seu carisma nato à construção de identidade nacional que caiu como uma luva para o período. É emblemático que a marca registrada da carreira do piloto tenha relação direção com o futebol. No dia seguinte à eliminação do Brasil para a França, na Copa do Mundo do México, em 1986, o brasileiro venceu o GP dos EUA, em Detroit, e, pela primeira vez, comemorou a vitória empunhando a bandeira do país de dentro do carro da Lotus. Foi uma forma de provocar os franceses, mas que ficou para a eternidade.

Um ‘título’ a cada domingo

O esporte também contribuiu para a construção da lenda. A Fórmula 1 já era uma modalidade popular entre os brasileiros desde a década anterior. Emerson Fittipaldi e Nelson Piquet foram campeões mundiais antes de Senna. Transmitidas em rede nacional, as corridas eram um campeonato em si. No período entre a conquista dos três títulos, foi possível comemorar 27 vitórias do brasileiro e tantas outras disputas pro posição. Pódios constantes com a imagem do Brasil no topo.

E, de quebra, explica em parte a dificuldade de outro atleta brasileiro chegar próximo de tamanha idolatria. As particularidades dos outros esportes impedem essa relação quase familiar com o ídolo presente na TV de casa todos os domingos celebrando uma vitória nacional.

O brasileiro via nele o Brasil que dava certo. E ele soube dividir suas conquistas com todo povo brasileiro, fazia questão de levantar a bandeira nas vitórias, foi o primeiro piloto a fazer disso um gesto constante. E numa época em que a F1 tinha tanto alcance nos lares brasileiros, ele se tornou um grande ídolo, um herói como acredito que nunca terá o mesmo patamar alcançado nos dias de hoje.

A era das redes sociais, na qual a efemeridade prepondera, é outro ponto que joga contra uma idolatria nacional. Se há um lugar onde a unanimidade não se cria é no ambiente virtual. Manter a aura intocada de um ídolo diante do escrutínio das redes é tarefa impossível nos dias atuais.

‘Rei da Chuva’

A fama de Senna em pistas molhadas veio logo no início de sua trajetória na Fórmula 1. Em 1985, quando ainda corria pela Lotus, o piloto brasileiro se destacou no GP de Estoril, em Portugal. Debaixo de um dilúvio, Senna fez a pole e liderou a corrida de ponta a ponta de maneira exímia.

“Lembro que num domingo de julho, acho que em 1975, houve uma corrida de kart em Interlagos, com chuva, e ele foi mal. Aí resolveu, por conta própria, que teria de melhorar, e começou a treinar em pista molhada. Treinou tanto que o que era deficiência transformou-se em qualidade. Passou a se divertir muito, tinha prazer especial nas atravessadas, controladas na pista encharcada. Tornou-se um especialista em corridas na chuva\”, contou Milton Theodoro da Silva, pai de Ayrton.

Podemos citar milhares de corridas em que Senna se destacou debaixo d’água. Mas esta de Portugal, em especial, é a mais lembrada por mostrar de forma clara a relação do brasileiro com a chuva.

Muitos julgavam Senna pela forma que conduzia durante a chuva, e diziam que o piloto colocava sua vida e a de outros em risco. O brasileiro nunca deu ouvidos e sempre manteve a mesma postura durante toda sua carreira.

‘Rei de Mônaco’

Senna também tinha uma relação especial com o circuito de Mônaco. O brasileiro venceu 6 vezes a prova e é até hoje o maior vencedor do GP. Foram seis vitórias: em 1987, 1989, 1990, 1991, 1992 e 1993, com cinco pole positions. Recordes nunca batidos por nenhum outro piloto na categoria.

Minissérie da Netflix

A Netflix acaba de lançar o primeiro teaser de “Senna”, minissérie brasileira que promete capturar a essência e os desafios da carreira do tricampeão mundial de Fórmula 1, Ayrton Senna.

Com estreia prevista para 2024, a série é protagonizada por Gabriel Leone, que interpreta Senna, e inclui no elenco nomes como Pâmela Tomé, Matt Mella e Patrick Kennedy, entre outros.

O teaser divulgado resgata a emocionante vitória de Senna no Grande Prêmio de Interlagos em 1991, evento notável por sua narração épica feita por Galvão Bueno e a memorável performance de Senna, que completou a corrida com o carro travado na sexta marcha.

Além de Leone, a série também apresenta Pâmela Tomé no papel de Xuxa, Matt Mella como Alain Prost, e Patrick Kennedy interpretando Ron Dennis.

Dirigida por Vicente Amorim e Julia Rezende, “Senna” é produzida pela Gullane em colaboração com a Senna Brands e a família do piloto.

A série promete uma jornada emocional que explora desde os primeiros dias de Senna na Fórmula Ford até seu trágico acidente em Ímola. Segundo Vicente Amorim, a série não apenas destaca as conquistas de Senna nas pistas, mas também mergulha profundamente em seu legado duradouro que continua a inspirar admiradores ao redor do mundo.

Fonte: O Gloo e Quatro Rodas

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