A primeira metade da década de 1840 se caracterizou pela instabilidade governamental, prejudicando a demanda dos lideres de Curitiba, Campos Gerais e litoral pela criação do futuro Paraná, que ninguém imaginava com esse nome. A intenção, na época, era criar a “Província da Coritiba”.
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Em 1843, João da Silva Machado consolidava seu poder no Império, recebendo o título de Barão de Antonina, projeção que facilitaria o esforço pela criação da nova Província, mas os líderes paulistas fariam tudo para impedir essa conquista – inclusive manobras desonestas.
Havia uma tendência dos políticos conservadores a aceitar a emancipação do futuro Paraná, mas a polarização entre eles e os liberais paralisava tudo que não fosse passível de consenso, como aconteceu com a rejeitada intenção do imperador de perdoar os rebeldes farroupilhas.
Em 22 de abril de 1844, Manoel Felizardo de Souza e Mello, conservador e partidário da emancipação, encerrava sua gestão à frente do governo provincial paulista sem avançar um centímetro nesse objetivo.
Perdoar ou punir os revolucionários?
Assume o governo paulista o brigadeiro Joaquim José de Moraes e Abreu, para ficar na função apenas até 1º de junho e passar o cargo ao general fluminense Manoel da Fonseca Lima e Silva, o Barão de Suruí (1793–1869).
Lima e Silva, tio e também cunhado do Barão, futuro Duque de Caxias, permaneceu três anos no governo, mas também não obteve sucesso em emancipar o Paraná. Pior ainda: autorizou a prática de um crime irreparável contra a memória histórica do futuro Paraná. A pretexto de coletar documentos para preservar e mostrar o potencial da região, o grosso da memória paranaense da época foi levado para São Paulo e lá se perdeu.
O Paraná ficou praticamente sem memória anterior aos anos 1840 e a emancipação sofreu muito atraso, até por conta da situação nacional: em 24 de maio de 1844 o jovem imperador Pedro II dissolveu a Assembleia Nacional por decreto porque a maioria dos parlamentares era contra perdoar os revolucionários sulistas e o monarca pretendia aprovar o perdão para pacificar o país.
Prioridade ao Sul
Com o tio governando São Paulo e o sobrinho Caxias controlando São Pedro, como o RS era conhecido na época, as atenções do Império estavam inteiramente voltadas ao Sul, onde os revolucionários republicanos farroupilhas perderam a iniciativa das ações e as tropas imperiais do Barão de Caxias avançavam com firmeza, palmo a palmo.
A preocupação do Barão de Suruí era a construção do caminho ligando o centro do atual Paraná ao Norte do Rio Grande do Sul, a cargo de Francisco da Rocha Loures, que partiu de Guarapuava em 4 de março de 1845.
O capitão Hermógenes Lobo e o cacique Vitorino Condá, já eliminados da colonização de Palmas, seguiam na comitiva.
Finda a Revolução Farroupilha com o Tratado de Poncho Verde, em março de 1845, o ano de 1846 foi o mais tranquilo para o Brasil no decorrer de uma década de muita agitação.
Esperando os imigrantes
Atanagildo Pinto Martins, tropeiro paranaense que iniciou a conquista do Nordeste gaúcho, era um entusiasmado defensor desse novo caminho, que estrategicamente e em definitivo integraria o Paraná ao RS.
O caminho, porém, atravessaria regiões completamente despovoadas e sem estrutura. Atrair imigrantes para trabalhar na florescente cultura do café foi a opção que se apresentou com a onda de miséria que varreu a Europa nessa época.
O ano de 1845 assinalara o início da Grande Fome na Irlanda, maior catástrofe demográfica que atingiu a Europa entre a Guerra dos Trinta Anos e a Primeira Guerra Mundial.
O país pacificado permitiu ao Barão de Antonina, João da Silva Machado, promover intensas expedições por desde o Sul até o ainda inexplorado Mato Grosso, expandindo frentes de exploração que consistiam primeiramente em identificar as áreas mais ricas e promissoras para se apossar delas e iniciar projetos de colonização.
Exploração minuciosa
No interior, a tarefa era conhecer cada palmo da região para explorar melhor seu potencial. O Barão de Antonina reuniu importantes relatórios para traçar seus planos nesse sentido.
Nas anotações dos exploradores constará que o Rio Ivaí é, em geral, “ladeado por terra roxa superior, em muitos lugares desde a barranca vestida de boas madeiras, e própria a qualquer cultura; muito abundante em peixe, caça e frutas (havendo até no inverno jabuticabas maduras)” (Resumo de Viagem, Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil).
“Salve Ivaí, com as tuas grandes corredeiras, com as tuas selvas majestosas, que, por dezenas de léguas, estão até agora livres de penetração humana! Salve rio de caça e pesca assombrosas, e das imensas riquezas ocultas entre as tuas pedras! Salve, praias alvas e puras; pássaros bonitos e ariranhas ariscas! Salve! Brevemente voltaremos com uma Bandeira ideal, não para estragar as tuas opulências, mas sim para ainda mais admirar o supremo encanto da tua pujante natureza; para desvendar os teus mistérios; para conhecer novas belezas e maravilhas!” (Alcides Laffranchi, Nos Sertões do Rio Paraná – Caçadas, Pescarias e Peripécias nas matas e rios).
Recompondo informações
A expedição a serviço de Machado entra no Rio Paraná às 7 horas da manhã de 5 de outubro de 1845 e em dezembro, depois de muitas explorações, encontrará o Barão de Antonina “com um relatório e mapa detalhado de viagem, com tabela de distâncias por terra e por águas” (Ledir Marques Pedrosa, Origem histórica e bravura dos Barbosas).
A exploração dos rios Verde, Paranapanema e seus afluentes Tibagi e Pirapó, o Paraná e o Ivaí se encerrou com sucesso, também contando com a colaboração dos irmãos Francisco e Antônio Gonçalves Barbosa, trazendo preciosas informações a respeito do potencial das áreas estudadas.
O Barão de Antonina contou, portanto, com relatórios e dados fundamentais para traçar seus planos e assim começava a compensar o roubo de documentos informativos cometido por ardilosos políticos paulistas.
CLIQUE AQUI e veja episódios anteriores sobre A Grande História do Oeste, narrados pelo jornalista e escritor Alceu Sperança.

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