A incômoda presença de Stédile na comitiva de Lula para a China: diálogo ou endosso às invasões de terra?

Lula leva Stédile para comitiva na China depois de líder do MST pregar invasões

O presidente Lula acaba de voltar da viagem à China. Ele passou pelas arábias, pelo Oriente Médio e Ásia Menor. A viagem teve vários aspectos positivos, até porque a China há mais de 10 anos é o maior parceiro comercial do Brasil. Os números de 2022 indicam que, dentre as 27 unidades da federação, 14 têm o país asiático como seu principal destino das exportações. Além disso, a viagem do presidente mostra que a República Federativa do Brasil voltou a ser respeitada, ouvida e, acima de tudo, ocupar destaque internacional positivo. Nos últimos quatro anos, o destaque era comer hotdog na Times Square.

Mas, nem tudo são flores. A viagem de Lula à China também levanta questões preocupantes, principalmente em relação à sua companhia. A presença de João Pedro Stédile, líder do MST, na comitiva oficial de Lula, gerou controvérsias sobre o eventual endosso do governo a ações que violam o direito de propriedade. Na viagem, Stédile reiterou sua promessa de recrudescer as invasões de terra no Brasil, o que pode indicar que o governo está endossando essa posição.

A relação entre o governo e o MST preocupa o setor produtivo, uma vez que a estrutura da administração federal conta com nomes ligados ao movimento em posições de destaque, como a presidência da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e a Secretaria de Abastecimento, Cooperativismo e Soberania Alimentar do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar. A coordenadora nacional do MST, Keli Mafort, ainda deve assumir a Secretaria Nacional de Diálogos Sociais e Articulação de Políticas Públicas da Presidência da República, o que reforça a preocupação com a influência do movimento no governo.

A postura do governo em relação ao MST também fica clara em sua resposta aos recentes episódios de invasões de terra. Em fevereiro, quando os sem-terra invadiram fazendas produtivas pertencentes à Suzano Papel e Celulose, na Bahia, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, defendeu “diálogo” em vez de condenar a violação da lei. Essa postura mais uma vez sinaliza que o governo está endossando novas invasões de terra, que já superam todo o primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro. 

Na seara política, a tropa de choque de Lula trabalha para enterrar uma nova CPI na Câmara destinada a investigar as ações do MST, o que sinaliza novamente que o governo está mais preocupado em proteger o movimento do que em garantir o cumprimento da lei.

Enquanto isso, a bancada ruralista, que tem à frente o deputado paranaense Pedro Lupión, pressiona para recuperar o comando de áreas transferidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento Agrário. Eles apresentaram emendas para retirar atribuições da pasta, mirando a Conab, o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e o Incra, que se tornou ainda mais relevante na disputa com o MST. O Movimento Sem Terra organiza uma comitiva para ir reclamar diretamente ao presidente da Câmara, Arthur Lira, e defender a importância da Conab para os pequenos produtores e do Incra para a reforma agrária.

Por outro lado, para tentar melhorar sua relação com o agronegócio, em especial os agricultores de médio porte, o governo Lula estuda a criação de uma linha especial de crédito com juros subsidiados para financiar estes produtores, que não fazem parte da elite do agro, mas que também não podem ser considerados pequenos, responsáveis, na sua maioria, pela produção dos alimentos para o mercado interno. Essa proposta pode germinar até maio, quando será lançado o novo Plano Safra. Essa iniciativa pode ser um passo importante para fortalecer o agro brasileiro e garantir a segurança alimentar do país, mas é necessário que o governo priorize a legalidade e a proteção do direito de propriedade para garantir um ambiente favorável ao desenvolvimento do setor.

E você? O que pensa da relação entre governo e MST? Deixa seu pitaco aí nos comentários. 

*Jadir Zimmermann é jornalista, analista político e diretor de conteúdo do jornal Preto no Branco

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