A princesa dos tatames

Foi no seu lugar preferido, o tatame, que a reportagem do Preto no Branco encontrou a pequena Vitória Camargo Botelho Alves. Natural de Marechal Cândido Rondon, a menina de nove anos treina há quatro e hoje já é a número um no ranking nacional.

Sorridente e faladeira, Vitória conta animada como começou a treinar. “Meu pai estava com uns quilos a mais e queria fazer algo pra entrar em forma. Ele decidiu que ia fazer kickboxing e me levou para os treinos. O resultado? Ele parou no terceiro treino e eu continuei”.

Atleta conhecida no meio das lutas como ‘Princesa dos tatames’, Vitória começou lutando com uma amiga, que desistiu pouco tempo depois. A partir daí, ela passou a treinar com os adultos e desde então não parou. “Ela tinha cinco anos e estava no kids. Como a colega ia e acabava se entretendo com outras atividades e saiu posteriormente, o treinador disse que ela tinha condições suficientes para treinar com os adultos e assim foi”, conta a mãe Franciele Camargo.

A primeira competição oficial foi em Maringá, aos cinco anos. “Como poucas meninas lutam, na categoria dela tem tanto meninos quanto meninas, geralmente maiores que ela, e ela dá conta numa boa, conta orgulhoso o pai Jeferson Lazaro, que acompanha a pequena para todo lado. “Foi em 2016 lutando kickboxing e ela já se destacou no paranaense. De lá pra cá, não parou mais”.

Mas, diferentemente do que muitos pensam, a menina de nove anos tem uma vida um tanto quanto parecida com as garotas da sua idade. “Ela vai na escola pela manhã, treina todas as terças e quintas das 15h30 às 18h30, porque treina também jiu-jistu, come de tudo e brinca como todas as outras meninas da idade dela”, diz a mãe. A única diferença na rotina, segundo ela, é quando tem uma competição próxima. “Aí o treino é quase diário, para ter força, habilidade e conhecimento para vencer”.

Aluna do 4º ano, a única cobrança dos pais é para que não deixe os estudos de lado. “Eu amo treinar e não quero parar nunca. Mas meus pais já me disseram que se eu for mal, ou se reprovar de ano por exemplo, vou ficar sem a luta e não quero isso não”.

Internacional

E quem pensa que é só no Brasil que a Princesa dos Tatames já competiu, se engana. Vitória já foi para Cancun participar do Panamericano e, se a competição se mantiver, viaja em agosto para a Sérvia, onde disputa o Mundial de Kickboxing. “Já fomos atrás de comprar as passagens, mas por conta da pandemia do coronavírus não é possível adquirir. Outro risco é de comprar as passagens e o campeonato ser cancelado”.

O sonho

Fã dos atletas Poliana Botelho e Fábio Galvão, Vitória só é pequena no tamanho. Ela sonha alto. “Não tenho como meta ir a uma Olimpíada, com 18 anos vou participar do UFC e vou ganhar”, disse.

Mas, para chegar até lá ainda tem um bocado de chão. E enquanto isso, ela vai participando de outras competições. Somente no mês de março já trouxe pra casa,em Cascavel, duas medalhas: uma do Toledo Open de Jiu-Jitsu e outra da Copa Brasil de Kickboxing, disputada em Foz do Iguaçu. “Por conta do coronavírus muitas competições foram suspensas e nas modalidades que ela disputa não foi diferente. Ainda estamos aguardando algumas definições mas provavelmente o Paranaense que deveria ser em abril, já não acontece mais”.

Porém, pra embarcar para uma viagem como essa para a Sérvia, além de liberada a passagem e a competição, a família precisa desembolsar um valor considerável. “Fizemos as contas aqui e são mais de R$ 10 mil. É uma boa grana e não é só isso, né? Além da viagem temos todos os custos com treinos e as competições próximas”, cita o pai. 

A atleta tem alguns patrocinadores e, claro, sempre está em busca de quem quer ajudar. “Temos o apoio do Clube Tuiuti, da Livraria Schuster, da Rockfeller, Kimonos In The Guard e Fight Fox, Direct Internet. Dra. Daniele Niterói, Defensul e o Fábio Martins que tem nos dado apoio”, conta.