Alto Alegre:Moradores e comerciantes afirmam que vivem com medo

Conforme os indicadores da GMC (Guarda Municipal de Cascavel), o bairro Alto Alegre, localizado na região oeste da cidade, de janeiro a abril, recebeu três vezes mais atendimentos do órgão que em todo o ano de 2023.

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Em 2024, até o último dia 24 de abril, foram 510 ocorrências registradas, contra 149 no ano passado – isso equivale a quase cinco ocorrências por dia no bairro.Dentre os atendimentos se destacam situações ligadas a furto ou roubo; tráfico; violência doméstica; e recuperação de veículos.

A criminalidade no bairro assusta moradores e comerciantes. Em 2022, a conhecida “Gangue da Marcha Ré” deixou prejuízos para lojistas da rua Cuiabá. Os criminosos utilizam os veículos para destruir as fachadas de vidro e conseguir acesso ao interior dos comércios. Na época, um dos empreendimentos afetados, uma loja especializada em botas, teve prejuízo estimado em mais de R$ 4 mil.

A Polícia Militar do Paraná foi procurada para informar quais ações foram adotadas para coibir a prática na cidade, mas não respondeu até o fechamento desta edição. “Tem muito assalto no bairro! Estamos sempre pedindo mais policiamento, por meio de rondas, aqui no Alto Alegre. Os moradores estão realmente com medo.

Tem pontos, principalmente próximos à Avenida Tancredo Neves, com concentração de usuários de drogas e outros tipos de marginais. Quem mora ali já fica com receio de sair na rua. Acredito até que sejam os mesmos que estão no Terminal Oeste e vem descendo sentido o bairro”, afirma o presidente da Associação de Moradores, Adelson Lemos, fazendo referência ao problema de segurança pública nos arredores da Praça da Bíblia.

 “Quem mora próximo a Praça da Bíblia, tem receio de sair narua”, disse o presidente do bairro, Adelson Lemos.

Pavimentação é problema crônico

Mais uma vez a pavimentação das vias urbanas de Cascavel é pauta desta série de reportagens. O problema crônico também afeta o Alto Alegre que, segundo os moradores, só recebe obras nas principais ruas, como a Cuiabá, e o restante do bairro fica à mercê com “crateras” no asfalto e marcas de inúmeras operações tapa-buracos. “Tem ruas que já estão com o mesmo asfalto há uns 35 anos, nunca tivemos uma grande obra de revitalização. Somos um bairro muito movimentado, que recebe veículos de grande porte como ônibus e caminhões, além do fluxo intenso de carros. É mais do que necessária uma obra de recapeamento de todas as vias, além da Cuiabá”, solicita Adelson Lemos.

 Ruas com asfalto de 35 anos nunca viram uma grande obra de revitalização

Transporte

Antes do novo sistema de transporte público de Cascavel começou a operar, em 2019, a linha 160 – Santo Onofre, que atende o Alto Alegre, contava com três veículos nos horários de pico, proporcionando umafrequência maior pela manhã e no fim da tarde. Atualmente o número de carros foi reduzido, tendo apenas dois operando nos períodos de maior demanda. Conforme o presidente da Associação de Moradores, Adelson Lemos, a redução de ônibus pode ter prejudicado os usuários do sistema.

“Temos muitos trabalhadores que usam diariamente a linha. O Alto Alegre ainda recebeu um grande número de imigrantes do Haiti e da Venezuela, aumentando o número de passageiros, com isso é mais do que necessária a ampliação do serviço”, cobra.

No mesmo segmento, um ponto de ônibus foi destruído após um acidente de trânsito, na rua Cuiabá, quase esquina com a rua Gomercindo Pompéu da Silva, em 2020. Desde lá a população ficou sem a estrutura do abrigo, que na época era novo. O que sobrou foi apenas um banco de concreto. “Nunca vieram arrumar! O ponto era novinho. Agora ficamos na chuva ou no sol todo dia”, diz uma moradora que não pediu para não ser identificada.

Dengue

Na divisa do Alto Alegre com o Santa Cruz, na rua João Berlando, entre a Público Pimentel e a Estanislau Cidral, o que chama a atenção é o volume de carcaças de carros, caminhões, ônibus e de muitos outros tipos de veículos largados a céu aberto, sem proteção, acumulando água e podendo ser um potencial criadouro do mosquito da dengue. O problema existe há anos, sendo visível até por meio das imagens de satélite do Google. A situação assusta os moradores, que temem serem acometidos com a doença. Sem se identificarem, as pessoas relatam que de tempos em tempos mais veículos chegam ao local.

A divisa do Alto Alegre com o Santa Cruz concentra um depósito a céu aberto de carcaças de veículos

Capela mortuária

O presidente da Associação de Moradores, Adelson Lemos, comemora a chegada de um novo equipamento público no bairro. “Fomos atrás e conseguimos! A capela mortuária é uma conquista para toda a comunidade”. Conforme a ACESC (Administração de Cemitério e Serviços Funerários de Cascavel), a obra da nova unidade está concluída, o investimento foi de R$ 630 mil. “Agora vamos iniciar a parte de mobília, como cadeiras, geladeira, fogão, bebedouro e ar-condicionado”, informou a nota.

Obra da capela mortuária está pronta, faltando a parte de mobília

“Amo o que eu faço”

Na movimentada rua Cuiabá, que corta a cidade desde a Região do Lago até o início do Santa Cruz, está localizado o salão de cabeleireiros da empresária Rose Medeiros Otani, que há 24 anos faz parte da vida dos moradores do Alto Alegre.

“Cheguei no bairro há 33 anos. Eu já tive uma fábrica de chocolates, depois fizemos uma de calçados, ainda tivemos uma lanchonete e por fim me formei em um curso e me tornei cabeleireira e não tenho do que reclamar, amo o que eu faço. O bairro evoluiu muito e nós também. Tenho clientes de longa data, todos nossos amigos”, diz. Na ocasião da entrevista, Rose cortava o cabelo da dona Marli Souza, quefrequenta o estabelecimento há 22 anos. “Nunca troquei a minha cabeleireira, gosto muito daqui”, afirma.

Cabeleireira Rose Medeiros Otani está no bairro há quase 33 anos

Respostas

A Transitar (Autarquia de Mobilidade, Trânsito e Cidadania) repassou que as características de atendimento da linha 160 mudaram desde a inauguração do Terminal Sudoeste.

Segundo a autarquia, antes do novo modal de transporte entrar em operação, em fevereiro de 2019, a linha Santo Onofre realizava o itinerário saindo do antigo Terminal Oeste até o ponto final no bairro, já após a inauguração dos terminais e a implantação das linhas pelos corredores exclusivos, a 160 passou a interligar o Oeste ao novo Sudoeste, implantado próximo ao Estádio Olímpico Regional, alterando o itinerário.

“Atualmente a frequência é de 20 minutos, destacamos que não há registros de superlotação. Para a ampliação no atendimento, são levados em consideração a demanda de passageiros da região”.

Sobre o ponto destruído da rua Cuiabá, a Transitar explicou que o abrigo sofreu um sinistro de trânsito, no qual o danificou totalmente e teve de ser retirado do local. “Informamos que a secretaria responsável pela Gestão e Fiscalização do Programa Avançar Cidades, projeto que contempla a instalação dos novos abrigos e a Secretaria de Obras, tiveram ciência do ocorrido, porém a pasta municipal apenas fez o recolhimento das partes do ponto.

Referente a reposição do abrigo, a Transitar está realizando estudos técnicos para realizar um processo licitatório de reformas e alterações dos novos abrigos, assim que se conclua o processo deve-se ser incluído uma solução para este ponto”, conclui.

Em relação ao asfalto, a Secretaria de Obras respondeu que “neste momento temos ações planejadas em fase final para licitação. Em ações futuras a região entrará no mapa de prioridades”. Já a Secretaria de Meio Ambiente, sobre o terreno com carcaças de veículos, afirmou que mandaria uma equipe de fiscalização para averiguar a situação.

Fonte: Por Silvio Matos

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