Autor: Alceu Sperança

  • A história do coronel Jorge

    A história do coronel Jorge

    Mais de um mês depois de começar sua viagem ao Oeste, primeira tentativa importante do Estado do Paraná para abrasileirar a região, em 8 de outubro de 1904 o engenheiro Arthur Martins Franco chegava para iniciar a demarcação das terras das obrages das margens do Rio Paraná.

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    Seriam 52 dias “num sertão deserto e desconhecido, chefiando uma turma de 16 homens, composta quase toda de paraguaios e argentinos, entre os quais havia apenas 2 brasileiros: o Francisco Chagas, o balizador, e meu cozinheiro José, paulista”.

    Franco e os técnicos Aristides e Getúlio seguiam a cavalo e “a peonada marchava a pé, mochila às costas”.

    Partindo para o interior do sertão, outro mês e meio se passou até a turma de agrimensura em sua árdua viagem ao interior do Paraná alcançar o local onde começaria a demarcar as terras da obrage Nuñes y Gibaja.

    “Nesses primeiros dias a marcha para o acampamento Central foi uma verdadeira odisseia, porque começou a chover sem cessar e nos lugares baixos, canhadas ou mesmo terrenos planos, onde havíamos passado facilmente, por ocasião da nossa entrada, estavam agora de tal modo encharcadas, que constituíam verdadeiros atoleiros, onde os cargueiros ficavam presos, atolados até a barriga, e que era preciso descarregar toda a carga para o animal sair, arrancado dali pelos peões que nos acompanhavam” (Arthur Martins Franco, Recordações de Viagens ao Alto Paraná).

     

    Foco na pose das terras

    Franco vinha medir terras enquanto brasileiros excluídos de posses no período de liberdade condicional que se seguiu à Lei Áurea vinham de outras regiões do País para tomar posse delas.

    Alheios aos esquemas cartoriais políticos e familiares das elites paulistas, curitibanas, litorâneas e guarapuavanas, eles começam a escolher “posses” no interior do Paraná, processo que daria origem aos primeiros atritos com os latifundiários e seus agentes locais.

    Como os fazendeiros paulistas que vêm ocupar e/ou comprar terras, os posseiros acompanhavam os trilhos da estrada de ferro São Paulo−Rio Grande, que no final de fevereiro de 1905 chegam a União da Vitória.

    Essa massa de deserdados, sem condições de adquirir terras pela compra, ocupa áreas que o governo cedeu no Império a grandes interesses estrangeiros. Eles são a origem dos “pelados”, que sempre a um passo da rebelião contra a ordem republicana recentemente instituída serão iludidos pelo fanatismo armado.

     

    Militar expulso do Exército

    Curitiba tinha na primeira década do século XX um vereador incomum. Jorge Henrique Schimmelpfeng (1876−1929), aos 29 anos, já havia feito história. Cadete na Escola Militar da Praia Vermelha, florianista, combateu a Revolta da Armada e em março de 1895, por solidarizar-se com colegas na vaia contra o general Jacques Ouriques (1848−1932), foi expulso da academia militar.

    Aos 19 anos, apadrinhado pelo pai comerciante, havia assumido a função de subcomissário de Polícia em Curitiba, de onde se credenciou para uma vaga na Câmara Municipal.

    Mesmo anistiado depois pelo Exército e recebendo o posto de coronel, Jorge nunca mais retornou de fato à carreira militar, mas ser vereador em Curitiba já não cabia em seus projetos.

    Preferiu trocar a comodidade de uma tranquila vereança para se meter na fronteira desconhecida assumindo um encargo oficial. Sua missão era instalar uma comissão fiscal do Estado na então minúscula e desprestigiada Vila Iguaçu, onde as autoridades estaduais pretendiam aplicar um plano regional de desenvolvimento.

     

    Surge a Fazenda Britânia

    Jorge Schimmelpfeng fará muito mais que cumprir funções burocráticas a serviço do Estado. Ele decidiu mergulhar de corpo e alma na tarefa de transformar a Vila Iguaçu em uma cidade importante.

    Em 6 de abril de 1905, representando o capital inglês da Compañia de Maderas del Alto Paraná, ele adquire 274 mil hectares de terras devolutas e forma a Fazenda Britânia, um fantástico latifúndio das terras mais férteis do planeta, entre o Rio São Francisco e o Porto Artaza, do argentino Júlio Allica.

    Nessa propriedade, que será a origem de Toledo, Marechal Cândido Rondon e outros municípios do Oeste, vai ocorrer uma das primeiras experiências industriais do remoto interior paranaense além do beneficiamento da madeira.

    Seria uma fábrica de essências para fixar perfumes, instalada na comunidade de Rio Branco. Com alambiques, extrairiam o óleo da planta vetiver e da casca da laranja silvestre apepú.

     

    Mão de obra paraguaia

    O Porto Britânia escoava madeira, erva-mate e os demais produtos da Fazenda. “O administrador geral das terras pertencentes à Compañia Maderas del Alto Paraná, no Brasil, era Mr. Flemming. Os exploradores, picadores e os carroceiros dessa companhia eram paraguaios. Os carretões usados para o transporte dos toros de madeira, das matas até o porto, eram chamados de alçapremas, sendo puxados por bois ou burros” (Projeto Memória de Marechal Cândido Rondon).

    As obrages prosperavam e os latifúndios cresciam. Foi nesse período que o Estado do Paraná passou a Colônia Lopeí e com ela também os pousos Guajuvira, 1° de Outubro, Arroio Grande, Palmito, Pouso Frio e Toledo, cada qual com 200 hectares, ao domínio da companhia Nuñes y Gibaja. Isso acontecia um quarto de século antes de a cidade de Cascavel ter início.

     

    Barthe, o dono do Oeste

    O ano de 1905 foi todo tomado por um trabalho intenso de construção rodoviária. O governo do Paraná queria alcançar com a máxima brevidade a Colônia do Iguaçu, então com escassos mil habitantes, número que iria dobrar já no ano seguinte. A aceleração da obra atraía mais gente, agora brasileiros, para a região.

    O franco-argentino Domingo Barthe já controlava a exploração dos mais de 60 mil hectares adquiridos às margens dos rios Paz, Tormenta e nascentes do São Francisco, cujos confins se estendiam mais de 90 quilômetros além do Rio Paraná.

    A localização de propriedades tão distantes dos portos do Rio Paraná exigia a construção de estradas que facilitassem o escoamento da erva-mate e da madeira por essa via navegável (José Augusto Colodel, Obrages & Companhias Colonizadoras).

    Barthe aproveitou a construção das “picadas” necessárias aos seus negócios para requerer mais terras ao governo do Estado, ampliando seu domínio em mais mil hectares, vindo a ter dois portos de embarque: Santa Helena e Sol de Maio.

     

    A angústia de Vicente Machado

    O território se apresentava crescentemente dominado por estrangeiros e seus empreendimentos, defendidos por “jagunços” dos “pelados”, que testavam os limites dos proprietários cartoriais e grileiros de terras.

    Não sem razão, portanto, a preocupação com o povoamento do território centralizou a mensagem que o governador Vicente Machado enviou aos deputados estaduais em 1905.

    O governador apresentava um balanço bem sombrio do contencioso com Santa Catarina. As chances do Paraná se reduziram desde que o governo federal rescindiu contratos para o assentamento de novos imigrantes: “As grandes levas de imigrantes desapareceram”, lamentou Machado.

    A suspensão do apoio federal à ocupação do território paranaense pelos imigrantes não só levou à escassez de colonos interessados em ocupar o interior remoto e abandonado como veio favorecer as incursões paramilitares barrigas-verdes.

    Sem apoio financeiro, os colonos não viriam. E se os cofres araucarianos estavam exauridos, como o governo iria bancar a entrada de novas famílias de imigrantes? Além de pagar os custos da viagem da Europa ao Brasil, seria preciso custear a propaganda das terras paranaenses no exterior.

     

     (foto 1)

     

    Fazenda Britânia, destacando a futura cidade de Toledo (1946): experiência inglesa chancelada pelo coronel Schimmelpfeng

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Perdendo nas armas, SC ataca o Paraná no STF

    Perdendo nas armas, SC ataca o Paraná no STF

    Quase um ano após a morte do governador que havia derrotado Santa Catarina pelas armas – Santos Andrade −, em 6 de janeiro de 1901 o advogado Manuel Mafra deu entrada no Supremo Tribunal Federal, no Rio de Janeiro, com um ação contra o Paraná que iria causar novas tensões entre os dois estados.

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    A batalha será longa. Estrategicamente, o Paraná decide intensificar suas ações de controle sobre suas regiões Oeste e Sudoeste. O 1º Batalhão de Engenharia do Exército se estabelece em Colônia Mallet, a futura Laranjeiras do Sul, para estender o trabalho de instalação da linha telegráfica.

    Tendo partido de Ponta Grossa, a missão seguirá até Foz do Iguaçu, sob o comando do capitão Félix Fleury de Souza Amorim (1866−1925).

    Seriam seis anos de trabalho duro na mata do Oeste paranaense para o goiano Amorim, que depois, major, consagrou-se atuando sob as ordens de Cândido Rondon (1865–1958) em sua célebre comissão desbravadora.

     

    Expulso da Argentina e Paraguai

    Enquanto os fios seguiam em direção à fronteira, outro oficial engenheiro, Júlio Tomás Allica, servindo ao Exército argentino, caía em desgraça em seu país ao tentar dar um golpe de Estado e também teria papel importante na telegrafia e na produção de energia elétrica no interior paranaense.

    Exilado no Paraguai, de ontem também foi expulso, Allica iniciava em 1902 a construção de um império ervateiro no Oeste do Paraná, adquirindo 400 alqueires diretamente do governo do Estado.

    Allica deu à sede de sua obrage o nome de Porto Artaza, homenagem à cidade espanhola de onde a família partiu rumo à Argentina.

    Na região, tendo como capataz o famigerado Santa Cruz, seu cunhado, formou “um verdadeiro império, com suntuosas residências, pomares, engenhos de arroz e mandioca”, segundo o Projeto Memória de Marechal Cândido Rondon:

    “Represou um lago para a produção de energia elétrica, conservando um bosque a fim de criar animais e aves regionais domesticadas. Para consumo dos habitantes desta propriedade, criava gado bovino, suínos e cabras. Para o transporte, criava equinos e muares. Dos escritórios, partia uma linha telegráfica para os ervais, a qual atingia 140 km de extensão. O porto era equipado com zorras (vagões ou carrinhos utilizados para a carga e descarga dos toros)”.

    Barthe, outro “imperador”

    Também nessa época, Manoel José da Costa Lisboa transfere ao sócio franco-argentino Domingos Barthe todos os direitos da propriedade cuja compra ele intermediara junto ao governo brasileiro, permitindo também a Barthe iniciar sua própria obrage, além de explorar a navegação fluvial e o turismo.

    Por sua vez, a Companhia Mate Laranjeira adquiria 800 mil hectares entre o Paraná e o Mato Grosso, formando uma das obrages mais poderosas. Essas companhias exploravam a mão-de-obra paraguaia e brasileira em regime similar ao da escravidão:

    “(…) exploravam preços absurdos, no clássico hábito de colocar o trabalhador sempre em dívida com o empregador. Esse é um processo de escravidão de toda a América, desde o Amazonas aos rios do Equador, desde os campos do sul do Chile aos cacauais da Bahia, desde os cafezais de São Paulo às plantações da Argentina” (Jorge Amado, O Cavaleiro da Esperança).

    A essa altura, 1902, os fios telegráficos já alcançam Catanduvas. Ali, onde os militares fizeram uma plantação em 1889, surgia uma estação telegráfica e o início da vila. A ação governamental avançará para o Oeste mais acelerada a partir de agora.

     

    Campo Mourão: chegam os brasileiros

    A Comissão Estratégica, organizada pelos militares ainda nos tempos imperiais, desembocou em 1903 na Comissão de Estradas Estratégicas.

    Muito natural, portanto, que a rodovia ligando Guarapuava a Foz do Iguaçu ganhasse a denominação provisória de “Estrada Estratégica” ou, simplesmente, “a Estratégica”, no curso das obras então iniciadas, que são a origem da atual BR-277.

    A construção da rodovia se orientava pela progressão avançada dos fios telegráficos, cuja extensão se iniciara um pouco antes. Mas a turma que abria a estrada nunca chegaria a alcançar a vanguarda telegráfica: a engenharia militar decidiu direcionar a estrada para o divisor de águas, afastando-se da linha depois que as obras empacaram em Catanduvas.

    Por essa época, o paulista José Luiz Pereira, fixando-se na fértil região hoje polarizada pela cidade de Campo Mourão, inicia uma nova frente de colonização no remoto interior paranaense. Desta vez, com brasileiros.

     

    Cresce o domínio argentino

    No extremo-Oeste, com a legalização das terras que possuía no Brasil, Domingo Barthe assume o controle da navegação no Rio Paraná, pondo em suas águas os vapores Feliz Esperanza, Dolores Barthé e Tembey, destinados exclusivamente ao transporte de passageiros e cargas entre Buenos Aires e Puerto Aguirre.

    Em meados de 1903, o baiano Dionísio Cerqueira (1847–1910), general e ex-ministro de Prudente de Morais, chefe da Comissão de Demarcação dos Limites Brasil-Argentina, funda o núcleo que daria origem a duas cidades.

    Um acampamento onde havia um barracão para a hospedagem dos tropeiros e militares de passagem seria uma delas, hoje com seu nome. A outra era um pedaço urbano da atual Barracão.

    É sob o comando do general Cerqueira, como parte de um projeto diplomático, que se inaugura em 20 de julho de 1903 o Marco das Três Fronteiras, estabelecendo o limite territorial do Brasil com a Argentina e o Paraguai.

     

    Machado, o governador unânime

    Nas eleições de 1903 para o governo do Paraná, em raro fenômeno na história paranaense, as elites no controle da economia e da política não sentiram a necessidade de criar, como se tornou hábito desde o Império, duas candidaturas formalmente opostas para, em polarização, manter a mesma estrutura de poder.

    Seria inútil. O ex-governador Vicente Machado (1860–1907) era a grande liderança do Estado desde a resistência aos invasores gaúchos. Foi eleito sob o consenso das lideranças políticas, algo que só teria similar no futuro com a ampla aliança construída em torno do jaguariaivense Moysés Lupion (1908−1991), nascido um ano após a morte de Machado.

    Na frente desbravadora, os trabalhos da linha telegráfica e da Estrada Estratégica avançavam ao sabor do clima em 1904.

     

    A saga de João Gualberto

    O alferes João Gualberto Gomes de Sá (1874–1912), designado para servir na Comissão encarregada da abertura da estrada e linha telegráfica ligando Guarapuava à Colônia Militar de Foz do Iguaçu, avançava quando o tempo favorecia. Ele passou cerca de quatro anos no sertão.

    “Os acampamentos se localizavam à margem dos rios. Sempre que a frente de trabalho se distanciava mais de 30 quilômetros, aconteciam as mudanças. Feitas de madeira tosca, sem pintura, janela de pau, as casas nem assoalho tinham. Cobertas de tabuinhas, dividiam-se em sala de dois quartos, que continham camas tipo tarimba, pregadas na parede, guardavam as roupas nas malas ou em prateleiras improvisadas” (Francisco Brito de Lacerda, Gazeta do Povo, 25/1/1987).

    O engenheiro curitibano Arthur Martins Franco (1876−1979) vai iniciar em 3 de setembro de 1904 uma viagem ao Oeste do Paraná em que cada passo será uma página histórica. Ele pretendia abrasileirar o Oeste do Paraná, mas isto só começaria de fato duas décadas mais tarde, após a Revolução Paulista.

    O trajeto seguido pelo engenheiro, então com 28 anos, hoje parece maluco: para chegar à região de Cascavel, começou partindo de Curitiba a Paranaguá, onde tomaria um navio argentino para viajar a Montevidéu (Uruguai) e então a Buenos Aires (Argentina), para finalmente se deslocar pelo Rio Paraná até Foz do Iguaçu.

     

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Surge com Abreu o novo Paraná

    Surge com Abreu o novo Paraná

    No fim do século XIX, enquanto o governo tentava fortalecer a brasilidade no interior, do outro lado da fronteira vinha uma importante lição aos paranaenses e ao Brasil, trazida pela escritora portenha Victória Aguirre Anchorena (1860–1927).

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    Sobrinha do famoso pintor Prilidiano Pueyrredón (1823−1870), Victória Aguirre foi precursora, por sua ação cultural e beneficente, das mais importantes personagens femininas de uma nação que a partir dela teria como ícones a pampiana Evita Perón (1919−1952) e as Mães da Plaza de Mayo.

    Em 1898 ela participava da primeira caravana de visitação turística às Cataratas do Iguaçu. Aos 38 anos, Victória Aguirre já era uma expressão importante em seu país. A escritora ficou inconformada por não haver uma boa estrada até os maravilhosos saltos.

    Foi assim que ela tomou a decisão de patrocinar a construção de uma rodovia para permitir o acesso de turistas de todo o mundo às Cataratas.

    A empresa argentina Nuñes y Gibaja, que também operava no Brasil, entrou com mais dinheiro, máquinas e pessoal para concluir a obra, que era de seu interesse. A estrada permitiria fácil acesso ao hotel que a empresa mantinha no lado platino das Cataratas.

    O nome da escritora benemérita do turismo foi escolhido pelas autoridades argentinas para batizar o porto localizado na tríplice fronteira – Puerto Aguirre –, que viria dar origem à atual cidade de Puerto Iguazu.

    Mais que São Paulo

    Nas eleições presidenciais de 1898 vão às urnas 462 mil eleitores, delas saindo o segundo presidente civil da República: o rico fazendeiro paulista Manuel Ferraz de Campos Sales (1841−1913).

    Cândido Ferreira de Abreu, o supersecretário estadual dos Negócios de Viação, Obras Públicas e Colonização do Paraná, assumiria, nesse período de entra-e-sai de governantes, um papel decisivo de comando no processo de interiorização administrativa do Estado.

    São Paulo, por exemplo, oferecia aos imigrantes a oportunidade de ser mão-de-obra substituta para os escravos, mas Abreu queria lhes oferecer algo bem mais sugestivo: não só um emprego temporário, a cada safra, mas a oportunidade de enriquecer.

    Nos últimos meses do século XIX, Abreu vinha de uma gestão magnífica à frente da Prefeitura de Curitiba e daria também uma importante contribuição ao Estado do Paraná, estabelecendo uma forma inteligente de atrair ao Paraná os imigrantes mais bem preparados e ambiciosos.

    No comando das áreas mais importantes na administração do Paraná de então – estradas, obras públicas e colonização −, Cândido de Abreu oferecia aos imigrantes a oportunidade que jamais conseguiriam se mantendo na condição de mão-de-obra barata a serviço dos poderosos cafeicultores paulistas e seu “sistema egoísta de colonização”.

    Ganham aqui, gastam lá

    “Ao viajante observador não escapará, por certo, a enorme quantidade de colonos que regressam à Pátria, depois de na safra do café terem adquirido um insignificante pecúlio” (Cândido de Abreu, em Relatórios da Secretaria de Negócios de Viação, Obras Públicas e Colonização do Estado do Paraná, 1899).

    Gastando em seu país o pouco que recebiam, os imigrantes retornavam a São Paulo para a safra seguinte, recorrendo às passagens pagas pelos fazendeiros no porto de embarque.

    “Estou convencido que o colono retira-se de São Paulo e vai despender longe dali o que ganhou, porque não encontra terra para adquirir e estabelecer-se”, afirmava o secretário.

    É a partir daí que os imigrantes, que já manifestavam sensação de progresso na capital, começam a ter essa mesma perspectiva no interior. Assim, é na esteira da política de enriquecer imigrantes formulada por Abreu que os primeiros habitantes de Irati chegam, em 1899.

    Explica-se nesse ânimo pela colonização do interior paranaense porque os estrangeiros que iniciaram no centro do Paraná o povoamento de Reserva (franceses, depois eslavos) deram à sua colônia o nome de Cândido de Abreu, hoje sede de um tradicional município paranaense.

    Ferrovia, eterno projeto

    As ferrovias também figuram com destaque nos planos de Abreu para integrar o Paraná de Norte a Sul, Leste a Oeste. Na trilha dessa estratégia, Timóteo de Souza Feijó, em abril de 1899, recebe concessão para construir uma ferrovia ligando Guarapuava às Sete Quedas.

    O governo consegue no Congresso Legislativo do Paraná autorização a Feijó para construir uma estrada que teria 30 metros de largura, dos quais os 15 metros do centro limpos e destocados.

    A estrada de ferro que se pretende construir no centro dessa estrada partiria de Guarapuava, seguindo até a foz do Rio Ivaí e daí às Sete Quedas, percorrendo a região entre os rios Piquiri e Ivaí, pelo divisor de águas dos dois vales. Um bom projeto que seus sucessores não levaram adiante.

    Os trilhos se desenvolviam só no sentido Norte-Sul. Começa a operar com oficinas de manutenção a estação da Estrada de Ferro São Paulo−Rio Grande em Ponta Grossa, dando impulso à colonização do Centro-Sul do Paraná.

    Nos últimos instantes do século XIX o Estado também já começava a se destacar na produção industrial de madeira. Suas 64 serrarias apresentavam um volume de produção suficiente para assumir uma ainda modesta mas já honrosa quarta posição na receita do Estado.

    O novo século

    1900. Começa o século XX, em que o Paraná assumirá uma posição de destaque entre os estados mais importantes do País. Deixará de ser apenas uma sombra paulista para ter sua própria identidade.

    É assim que, ansiosos pela riqueza oferecida pelo secretário Cândido de Abreu, os imigrantes chegam maciçamente, agora vindos principalmente da Itália.

    O censo de 1900 revela um Brasil de 17,3 milhões de habitantes, 74% dos quais analfabetos e com uma expectativa de vida de 33,7 anos. O Paraná estava com ainda escassos 327.136 habitantes.

    O interior também revela dinamismo e vitalidade nesse início de século. Para evitar esta sangria e os demais problemas que ameaçavam a indústria ervateira, Vicente Machado, com sua liderança de ex-governador, parlamentar e em vias de novamente retornar ao governo, propõe uma polêmica medida, que vai sacudir a economia sul-americana.

    O estabelecimento do monopólio estatal da erva-mate defendido por Machado iria detonar uma reação furiosa entre os interesses anglo-argentinos solidamente estabelecidos nas barrancas do Rio Paraná.

    Estratégias das obrages

    Em represália à proposta de Vicente Machado, a companhia Nuñes y Gibaja transferiu seu trabalho de exploração com a madeira para o lado argentino das Cataratas do Iguaçu.

    Com isso, o monopólio estatal da erva-mate provocou uma consequência inicialmente não calculada pelas lideranças paranaenses. Obrigou os interesses privados que ganhavam muito com a exploração desimpedida do mate a aumentar sua aposta na extração da madeira para compensar as perdas.

    Foi a partir daí que a empresa Nuñes y Gibaja se tornou a principal divulgadora da beleza das Cataratas do Iguaçu, praticamente iniciando a exploração comercial do turismo na região.

    Mas o obragero franco-argentino Domingo Barthe preferiu um caminho bem diferente: a parceria com brasileiros influentes. Ele iria se aliar ao coronel Manoel José da Costa Lisboa na aquisição de uma área que no futuro seria muito cobiçada e objeto de interesse para grileiros e posseiros.

    É um título provisório que assegurava direito a 10 mil hectares de terras devolutas comprados nas áreas de Entre Rios, Paz e Tormenta, então situados na porção Oeste do município de Guarapuava, que se estendia até o Rio Paraná.

     

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Gaúchos e catarinenses atacam o Paraná

    Gaúchos e catarinenses atacam o Paraná

    Criado com a República, em 1889, o Estado do Paraná tinha a pretensão de resolver os problemas que a Província do Paraná (1853–1889) não conseguiu. O principal deles era a ocupação dos territórios esvaziados de contingentes indígenas.

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    No início da década de 1890 as apostas nesse sentido estavam na Colônia Militar do Iguaçu. Sob controle federal, a CMI permitiria ao Paraná cuidar da integração entre as regiões Norte, sob influência paulista, e Sudoeste, entregue aos coronéis curitibanos.

    Provavelmente o maior importante homem público da história paranaense, o engenheiro Cândido de Abreu (1856–1918) foi enviado à região para avaliar os rumos da Colônia Militar e encontrou muitos problemas.

    Seu relatório, porém, foi brando: “É de justiça consignar-se que o que ali existe de bom e de bem feito deve-se às administrações desse período, especialmente à do saudoso capitão Edmundo de Barros e seus auxiliares”, escreveu Abreu em 1894.

    “Esse período caracterizou-se no empenho em dar à Colônia uma feição de liberdade e asilo; todos trabalhavam por sua prosperidade”.

    O legado de Barros

    Na verdade, no extremo-Oeste do Paraná a economia que prosperava era o contrabando, causando sérias dores de cabeça ao comando da Colônia Militar.

    As maravilhas do lugar ainda estavam longe de sugerir seu aproveitamento econômico: o turismo na fronteira não era viável por absoluta falta de estrutura.

    Embora se saiba que a influência do inventor Alberto Santos-Dumont (1873−1932) foi decisiva para a criação do Parque Estadual (depois, Nacional) do Iguaçu, em 1916, não foi ele quem o idealizou.

    A origem do Parque Nacional do Iguaçu está no trabalho do militar e escritor goiano Edmundo Xavier de Barros (1861–1905), um dos formadores da cidade de Foz do Iguaçu, já mencionado elogiosamente em 1894 pelo engenheiro Cândido de Abreu.

    Coube a Barros, em 1897, enquanto Santos-Dumont fazia seu primeiro voo de balão em Paris, iniciando sua histórica trajetória aeronáutica, a iniciativa de levantar a planta dos Saltos das Cataratas em detalhes, projetando um grande parque a ser construído na margem brasileira, diante das Cataratas.

    Santos-Dumont, no século seguinte, será o responsável por agregar ao projeto a força de sua celebridade e levá-lo a se concretizar.

    Contrabando à solta

    O retrato otimista de Abreu em 1894, porém, ignorava a agricultura pouco expressiva, muito aquém de seu potencial. As culturas de subsistência normalmente mascaravam a atividade principal: o contrabando.

    Nesse ponto, a Colônia Militar quase não saía do lugar: não convertia em ganhos econômicos o estímulo, ainda que mínimo, às culturas de café, fumo, mandioca, cana-de-açúcar, arroz, trigo, cevada, feijão, milho, batata e outros produtos que o Paraná pretendia para alimentar seu povo.

    Para o governo do Paraná, nessa época, a prioridade foi reforçar as vias de transporte e as comunicações. O combate ao contrabando deveria ser feito pelas autoridades militares. Afinal, a colônia era militar e pertencia à União.

    Foi assim, priorizando a infraestrutura, que em outubro de 1894 o Estado já punha em operação os serviços das linhas telefônicas de Foz do Iguaçu, sob o comando do alferes João Gualberto Gomes de Sá Filho (1874−1912), um jovem pernambucano de 20 anos.

    João Gualberto foi em seguida também designado para cooperar com a Comissão Estratégica, encarregada de construir a estrada Guarapuava−Foz do Iguaçu.

    Brasil vence Argentina

    Terceiro presidente da República e primeiro civil no cargo, Prudente de Morais assume em 15 de novembro de 1894 um país mergulhado na crise, com muitas tensões políticas e derramamento de sangue.

    Para a região, a gestão de Prudente foi positivo na medida em que foi sob seu governo que no início de 1895 chegou ao fim o contencioso entre Brasil e Argentina sobre a chamada Região das Missões.

    Laudo emitido pelo presidente Grover Cleveland em fevereiro de 1895 acolheu a tese do barão do Rio Branco quanto à posse efetiva da área, assegurando ao Brasil a região Sudoeste do Paraná, barrando assim a pretensão platina.

    O Brasil não perderia mais essa região, mas o Paraná perderia parte dela para Santa Catarina no século seguinte.

    Com Andrade, paz e progresso

    No fim do século XIX o Paraná foi governado por José Pereira dos Santos Andrade (1842–1900). Em tempos geralmente de brigas e rancores, o governo do conservador Santos Andrade foi de paz e progresso.

    Em feito raro, politicamente perfeito e estrategicamente vencedor, começou chamando para a articulação política do governo seu maior adversário: o coronel Luiz França, em quem viu disposição e concordância em unir o Paraná para enfrentar seus grandes desafios.

    Na grave crise decorrente da Revolução Federalista, amargando a invasão de aguerridas tropas gaúchas, Andrade abriu mão do salário de governador, que ficaria para ser pago quando o Paraná voltasse a prosperar.

    Além de nunca mais ser pago, no final do governo ele foi surpreendido pela informação de que tropas catarinenses foram enviadas para ocupar o Sul e Sudoeste paranaense.

    Forte coluna da polícia barriga-verde, embarcada em lanchas e vapores, pretendeu controlar a navegação dos rios Negro e Iguaçu, de jurisdição paranaense.

    Santos Andrade reagiu, atacou, venceu e desarmou os soldados do Estado vizinho, arrecadando todas as armas e munições que portavam. Saiu do governo em fevereiro de 1900 e morreu logo depois.

    CM tenta mostrar eficiência

    O final do século XIX foi um período marcante para a história do Sul brasileiro, uma vez que em 1896 começou a construção da Estrada de Ferro São Paulo−Rio Grande, elemento decisivo na formação do Paraná.

    É a ferrovia que fará a integração entre o Norte e o Sul do Estado. Cada estação ou posto avançado de trabalho com boas aguadas vai gerar um núcleo de colonização.

    Um Paraná mais íntegro se esboça no avanço dos trilhos e os conservadores prevaleciam. A supremacia dos maragatos no Litoral havia sido quebrada na espinha com a derrota da Revolução Federalista.

    A Oeste, a estruturação da Colônia Militar do Iguaçu já dava ao governo estadual a impressão de ter regularizado as explorações ervateiras nas margens do Rio Paraná.

    Os números oficiais revelados em 1896 pelo comandante da Colônia Militar, tenente-coronel Joaquim de Sales Torres Homem (1851−1920), apontam que Foz do Iguaçu registrou nesse período um volume de exportação de erva-mate ao redor de 880 toneladas.

    Torres Homem reconhecia, entretanto, que pelo menos um terço da produção total do mate seguia para a Argentina via contrabando, passando ao largo de qualquer fiscalização oficial.

    Primeiro combate ao contrabando

    O governo do Paraná resolve endurecer a fiscalização, em fins de 1897, procurando reforçar o erário estadual com o combate à sonegação.

    Vai empreender uma repressão mais forte ao contrabando na fronteira, onde a omissão dos militares permite a sangria de riquezas paranaenses para a Argentina, via Rio Paraná.

    As agências fiscais já existentes tiveram ações intensificadas e uma comissão do Estado foi enviada à Colônia Militar para criar uma agência fiscal de fronteira.

    Ao criar a Administração dos Correios do Estado, em janeiro de 1898, o governo do Paraná concentra energias em uma de suas prioridades: a comunicação entre a capital, o litoral, o Sul ameaçado pelas tropas catarinenses e as regiões de desbravamento, especialmente a tríplice fronteira.

    Faz parte do esforço para interiorizar a administração estadual a criação de entrepostos em postos-chaves ao longo da trilha militar que daria origem à Estrada Estratégica, hoje BR-277.

    O século XIX se encerra com o Paraná amargando prejuízos com a cultura do café. A agricultura ainda estava longe de ser o negócio do Paraná. A sombra da indústria ervateira pairava permanentemente sobre o Estado e a primeira tentativa de exportar o café regional foi desastrosa.

     

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Pioneiros entre ilusões e surpresas

    Pioneiros entre ilusões e surpresas

    Os imigrantes chegavam ao país em crescente número no fim do século XIX. O sucesso da atração de braços estrangeiros se devia à Superintendência do Serviço de Imigração na Europa, instalada em Paris sob a direção do cônsul-geral José Maria da Silva Paranhos Júnior (1845−1912), o Barão do Rio Branco.

    A formação das novas colônias no vale do Iguaçu constituía fator de ânimo, apesar da tragédia causada pelas enchentes, mas a situação nacional também era desfavorável: todo o País mergulhava em crise financeira, que sequer era a primeira desde a instauração da República, em 1889.

    Sofrendo pressões dos republicanos progressistas, o marechal Deodoro da Fonseca não tem mais condições de se sustentar no poder. É forçado a renunciar em 23 de novembro de 1891, em plena crise econômica e institucional, quando assume o marechal Floriano Peixoto, seu vice – e adversário.

    Lendas e verdades

    Nesse início da década final do século XIX, contavam-se lendas fantasiosas e verdades inacreditáveis sobre essa região já parcialmente explorada por estrangeiros mas desconhecida pelas autoridades brasileiras.

    Verdades incríveis como a extrema fertilidade do solo, que depois os técnicos comprovariam ser similar à da Mesopotâmia, o vale bíblico dos rios Tigre e Eufrates. E lendas fantasiosas sobre fortunas em ouro em pó que os jesuítas teriam deixado ocultas quando foram expulsos pelos bandeirantes.

    Logo depois da Guerra do Paraguai, um empreendedor ainda mais de olho na hipotética fortuna dos jesuítas que nas riquezas reais organizou expedições e saiu farejando o tesouro que os padres e os índios teriam deixado para trás.

    É Norberto Mendes Cordeiro, que se intitulava “comendador amansador de índios”, um fazendeiro de Guarapuava a quem o Cacique Bandeira, esperto e manipulador, comunicara a localização de um certo Campo do Abarrancamento ou Campinas Vitorianas, onde a riqueza estaria à sua espera.

    Da ilusão à conquista

    A sugestão interessou ao ambicioso “Comendador Marcondes”, como Norberto era conhecido, que com mais quatorze companheiros guarapuavanos saiu em expedição para tomar posse dos campos anunciados como sítios de maravilhosas riquezas.

    Foi assim, em 1893, que esses fazendeiros de Guarapuava registram no Juízo Distrital de Colônia Tereza a posse de 60 mil hectares do Imóvel Mourão, para criação de gado. A área foi denominada “Campos de Criar”.

    A declaração de posse, que servia como registro de propriedade, relacionou trinta nomes de pecuaristas guarapuavanos donos dessa vasta área em comum. Ela estava na região que o futuro conheceria como Campo Mourão.

    A partir daí passam a ser legitimadas as futuras posses e registros oficiais de terras no remoto interior do Paraná.

    Choque de realidade

    A ideia de um Eldorado araucariano, seja pelo suposto ouro, seja pelas terras promissoras, animava muitos espíritos ambiciosos. Mas chegar ao Rio Paraná era extremamente penoso.

    “No sertão e nas restingas, a largura da picada é de 20 metros, mas pela extrema uberdade do solo, o mato limita o caminho a um pequeno trilho, zombando em seu rápido e precoce desenvolvimento, das foices e machados das turmas de conservação” (José Muricy, A Foz do Iguassú — Ligeira Discripção de uma Viagem Feita de Guarapuava à Colônia da Foz do Iguassú em Novembro de 1892).

    Quem finalmente conseguia chegar à região encontraria raros brasileiros, mas muitos estrangeiros que haviam descoberto o verdadeiro “ouro” daquela época: o contrabando de erva-mate e madeira para a Argentina.

    Um estrangeiro, por exemplo, como o francês Raymond Robert de Blasset. Ao pedir às autoridades da Colônia Militar do Iguaçu uma concessão de terras “para criação e cultura”, Blasset declarava ser morador do local desde 1887 (Cecília Maria Westphalen, História documental do Paraná: primórdios da colonização moderna na região de Itaipu).

    Blasset empregava mais de cem pessoas. Não era um simples colono, mas um empreendedor fincado no remoto interior, ignorado pelas autoridades paranaenses e até então a salvo dos impostos oficiais.

    Leis corretivas

    Relatos como o de Blasset causavam surpresa entre os militares, que se consideravam os “desbravadores” da região. Por conta dessa ocupação desconhecida das terras do interior, o governo do Paraná edita em dezembro de 1892 a Lei 68 – o primeiro regulamento regional de terras.

    Com a Constituição de 1891, as terras devolutas haviam passado ao domínio dos Estados, mas a Lei 68 ainda seguia os princípios da lei agrária imperial, de 1850, “notadamente quanto ao conceito, apuração física e destinação das terras devolutas” (Antenor Bonfim e Francisco Pereira Muniz, Comentário à Lei de Terras do Paraná).

    Nesse mesmo sentido, a Lei n° 1 do Paraná já havia criado, em abril de 1892, a Secretaria de Estado de Obras Públicas e Colonização do Paraná, um reforço importante na documentação das terras ocupadas.

    A autonomia concedida à Colônia Militar ocorreu em outubro de 1892. Agora a Comissão Estratégica passará a se encarregar exclusivamente dos trabalhos de conservação da “estrada estratégica” Guarapuava−Foz do Iguaçu.

    Entre rodovias ou ferrovias

    Nesse momento, a prioridade era impor o controle oficial por um fio transbrasiliano, ou seja, cortar o Brasil de Leste a Oeste no eixo paranaense por essa rodovia “estratégica”.

    Na prática, era o arquivamento dos vários projetos ferroviários do Império. Mas no sentido Norte−Sul a integração pretendida estava mantida: ela seria ferroviária.

    As terras do interior paranaense foram classificadas em geral como de “terceira ordem” pelo governo estadual, o que correspondia a um preço mais baixo.

    Não era uma depreciação negativa sobre a fertilidade da terra: a baixa classificação alcançava sobretudo as áreas localizadas em matas fechadíssimas, sem estradas de acesso.

    “As terras devolutas do Estado do Paraná estavam classificadas em três categorias − de primeira, segunda e terceira ordens − conforme sua situação relativa a centros urbanos e portos marítimos, fertilidade e fins a que se destinavam” (Pedro Calil Padis, O Paraná: uma Visão de Conjunto).

    Um valor, na verdade, estipulado pela distância dos centros abastecedores e a disponibilidade de meios para o transporte dos produtos. Valor que só mudaria quando mais rodovias e novas ferrovias rasgassem o Paraná.

    Brasileiros contra brasileiros

    Mas um novo fator veio retardar a ocupação do interior do Paraná: a Revolução Federalista consumiu recursos e ocupou homens que poderiam cobrir o interior da infraestrutura mínima para o aproveitamento da região.

    Enquanto os combates aconteciam, em 1º de março de 1894 o paulista Prudente de Morais (1841−1902) vence a primeira eleição direta para presidente, pondo fim à tumultuada República dos Marechais.

    Finda a Revolução Federalista, em 1895, começam a transitar pela Estrada Estratégica, ainda muito precária, colonos do Rio Grande do Sul, de Guarapuava e de Ponta Grossa tendo como destino a Colônia Militar do Iguaçu, onde havia a distribuição de propriedades em troca de serviços prestados.

    Os argentinos ainda eram a maioria dos negociantes do lugar e também trataram de obter a posse de terrenos coloniais. Essa primeira população iguaçuense dedicou-se à pequena agricultura e à suinocultura, principalmente os caboclos, naturais do Paraná, que chamavam os imigrantes gaúchos de gringos.

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Revolta, preconceitos e virada política

    Revolta, preconceitos e virada política

    Em 1883 terminava o governo de Carlos de Carvalho à frente da Província do Paraná, abalado pela Revolta do Vintém (também chamada “Revolta dos Comerciantes”), protesto popular ocorrido no final de março daquele ano em Curitiba.

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    A revolta do comércio era contra a contra a cobrança de taxa extra sobre as rendas, conhecido na época por “Imposto do Vintém”.

    Com Carlos de Carvalho praticamente expulso do Paraná, começa o mandato-tampão do comendador Antônio Alves de Araújo (1830−1887), presidente da Assembleia Legislativa.

    Paranaense de Morretes, ligado como tantos outros líderes regionais ao chefe supremo Jesuíno Marcondes, o deputado Araújo presidiu a Assembleia Legislativa por oito anos, período em que ocupou o governo do Paraná para dar posse ao fluminense Luiz Alves Leite de Oliveira Belo II (1849−1915).

     O declínio de Pedro II

     

    Enquanto fervilhava o caldeirão de intrigas no governo imperial, o agravamento da situação abalava o prestígio do imperador Pedro II.

    Enfraquecido e indiferente à política, o monarca era considerado por muitos como incapaz para seguir reinando ao se aproximar dos 60 anos. Doentio e apático, sequer reagia aos preconceitos contra a governança exercida pela princesa Isabel.

    No governo, Oliveira Belo, apesar de enfrentar dificuldades para impor o ensino obrigatório no Paraná, comemorou a decisão do ministro dos Transportes, Manuel Alves de Araújo (1832−1908), de apresentar à Nação um novo Plano Ferroviário Nacional, que serviria de base para o primeiro plano republicano, em 1890.

    As lideranças do Paraná estavam fortes no governo imperial. O PFN projetava a extensão de trilhos entre Paranaguá e o extremo-Oeste paranaense e um ramal ao Rio Grande do Sul.

    Um projeto altamente ambicioso, considerando que ainda não existiam as cidades de Foz do Iguaçu e Guaíra, menos ainda Cascavel, que surge só em 1930.

     

    A ferrovia que nunca veio

    Araújo era cunhado daquele que foi o primeiro ministro araucariano − Jesuíno Marcondes, o grande líder do Paraná nos tempos imperiais. Como também era deputado, chegando a ser presidente da Câmara nacional até o fim da monarquia, Araújo conseguiu articular a aprovação de seu Plano Ferroviário.

    No velho vício da descontinuidade administrativa decorrente da alternância de grupos antagônicos no poder, o projeto seria depois refeito por seus sucessores, sem mais a ousadia de duas ferrovias cortando o atual Oeste paranaense quase uma década antes do início da vila inicial de Foz do Iguaçu.

    O governo de Oliveira Belo termina em 5 de junho de 1884, quando assume o paulista Brasílio Augusto Machado de Oliveira (1848−1919). Brasílio, fenômeno raro, seria um dos governantes provinciais paranaenses de maior permanência no poder.

     

    Com Queiroz, a vanguarda

    Nessa época, um descendente de bandeirantes paulistas, Firmo Mendes de Queiroz, começará a plantar cidades no interior do Paraná acompanhando o desbravamento telegráfico.

    Queiroz possuía propriedades nas áreas por onde passavam a estrada e a linha telegráfica. Ele doou terras para que nelas fosse construída uma povoação de vanguarda.

    O lugar passou a ser conhecido como São João Batista de Capanema − homenagem ao Barão de Capanema, Guilherme Schüch (1824−1908), diretor-geral do Telégrafo Nacional, que instalou a primeira linha telegráfica no Brasil.

    Estender linhas telegráficas ao interior do Paraná, abrir estradas, ativar a navegação do Rio Iguaçu e ocupar os campos de Palmas até os atuais limites de Santa Catarina com o Rio Grande do Sul foram cartadas certeiras da administração pública paranaense nessa época.

     

    A Questão das Missões

    Deve-se a elas a decisão de um árbitro, o presidente norte-americano Stephen Grover Cleveland (1837–1908), de favorecer o Brasil em princípios de 1895 no conflito internacional com a Argentina conhecido como Questão das Missões.

    Com isso, a região delimitada pelo Sudoeste do Paraná e Oeste de Santa Catarina passava a pertencer definitivamente ao território brasileiro. Mas o Paraná, que criou as condições estruturais para essa conquista, depois perderia metade dessa área para Santa Catarina.

    Em 1885, uma séria crise se aproximava. No Rio de Janeiro, o Império estava em polvorosa e havia forte reação às manobras dos líderes liberais. Em agosto desse ano acontece a virada: o governo recai nas mãos dos conservadores, com a posse de João Maurício Wanderley, o Barão de Cotegipe.

     

    Crise do mate e corrida ao pinheiro

    A volta dos conservadores ao poder coincide com a percepção do declínio da erva-mate, cuja exportação desaba a níveis irrisórios, criando uma onda de desemprego que varre o Paraná.

    O monopólio argentino da erva-mate, assim, viria a ser uma vingança platina contra a perda de seu pretenso Território de Misiones.

    O estrangulamento da economia paranaense, no entanto, abriu caminho a uma tábua de salvação feita de pinho. As matas passam a ser sacudidas pela derrubada maciça dos pinheirais para exportação.

    Depois do liberal Brasílio Augusto, que encerrou seu governo em agosto de 1885 com o saldo de concluir a Estrada de Ferro Paranaguá-Curitiba, em setembro assumiu o visconde Alfredo D’Escragnolle Taunay (1843–1899).

    Ficando só por alguns meses à frente da administração paranaense, o conservador Taunay deixou boa impressão, marcada pela inauguração do Passeio Público, em Curitiba.

    Ele gostou de encontrar europeus no Paraná, mas também soube que muitos imigrantes eslavos sofreram prejuízos e trapaças nas mãos de especuladores.

     

    Taunay enfrentou reações

    Um entusiasta da atração de mão-de-obra europeia, Taunay decidiu retomar a campanha de atração dos imigrantes, vendo neles o impulso que faltava ao desenvolvimento do País.

    “Apontava o Império e o Paraná como a terra da promissão. Algumas lideranças políticas da Província, com posições xenófobas, culpavam-no de estrangeirismo. Acusavam-no de valorizar em excesso os imigrantes em detrimento do elemento caboclo nacional” (Ruy Christovam Wachowicz).

    Essa oposição não impediu Taunay de organizar sociedades de imigração nos municípios do interior para estimular as correntes imigratórias e colonizadoras para a Província.

    Se o liberal Brasílio Augusto foi fustigado pelos conservadores, Taunay teve o dissabor de ver em seu governo a criação, em Curitiba, do Clube Republicano.

    Amigo do imperador, Taunay saiu do governo paranaense nomeado por Pedro II para uma vaga no Senado, representando Santa Catarina. Ambos iriam sucumbir ao golpe militar que iniciou a República no Brasil, em 1889.

    Fonte: Fonte não encontrada

  • O governador que venceu os índios

    O governador que venceu os índios

    O curitibano João José Pedrosa (1844–1882) governou o Paraná por menos de um ano, entre agosto de 1880 e maio de 1881. Um dos primeiros governantes do Paraná a nascer em Curitiba, Pedrosa foi jornalista e também governou o Mato Grosso, de 1879 a 1881, antes, portanto, de retornar ao Paraná para assumir seu governo.

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    No Mato Grosso, Pedrosa se deparou com queixas de coronéis reclamando de ataques indígenas. Para protegê-los, criou uma força paramilitar, a milícia chamada “Guarda Rural” ou “Ronda Volante”, composta por fazendeiros e sertanistas, mas paga pela administração provincial. Era a versão brasileira dos Texas Rangers estadunidenses.

    Assumindo em seguida o governo do Paraná, Pedrosa quis repetir o sucesso da iniciativa: procurou se inteirar da situação dos conflitos entre brancos e índios e conduziu os primeiros à vitória. Os índios perderam as poucas terras que ainda cultivavam e a partir daí o caminho para a conquista do interior do Paraná estaria definitivamente aberto.

    Abalo na colonização

    A iniciativa de colonizar o interior, porém, deparou-se com um sério obstáculo. O Ministério da Agricultura suspendeu em abril de 1881 os subsídios concedidos a imigrantes, causando uma crise na frente colonizadora.

    Colonos alemães, italianos e eslavos sofreram assim um forte golpe, que levou muitos a se retirar do Brasil. Os colonos que decidiam ficar, sem dinheiro para pagar os lotes adquiridos, são obrigados pelas circunstâncias a abrir estradas para o governo imperial.

    Os índios, por sua vez, serviam de guias e mão-de-obra para os serviços mais pesados.

    A descontinuidade administrativa, as crises econômicas e o planejamento frouxo seguiam sua trajetória de prejuízos ao desenvolvimento econômico e social do Paraná.

    É nesse quadro que em maio de 1881 termina o governo provincial de João José Pedrosa, que dá posse a mais um baiano escalado para comandar o Paraná: Sancho de Barros Pimentel (1849–1924).

    Começa a vila de Foz

    Enquanto Pimentel começava a travar contato com as coisas do Paraná, Pedro Martins da Silva e Manuel Gonzalez, considerados espanhóis, vinham da Argentina para se instalar às margens do Rio Paraná. Era a virtual fundação da futura Foz do Iguaçu.

    Logo em dezembro de 1881 e com íntima relação ao deslocamento de argentinos para a foz do Rio Iguaçu, o governo platino criava a Gobernación de Misiones na área tomada do Paraguai na Guerra da Tríplice Aliança.

    O foco central era a extração da erva-mate, mas a ampla floresta e suas cobiçadas madeiras logo iriam atrair maior atenção.

    As pretensões platinas sobre uma extensa porção do território paranaense, que então alcançava até o Norte do atual Rio Grande do Sul, foram o grande foco de indignação na época.

    É a partir daí que amadurece de vez a proposta de criar uma Colônia Militar na foz do Rio Iguaçu: ela serviria como destino para a construção da Estrada Estratégica, futura BR-277.

    A reação brasileira

    Em janeiro de 1882, o ministro das Relações Exteriores, João Maurício Wanderley, o Barão de Cotegipe, bradava no Senado:

    – Não se pode consentir que o território argentino adiante-se até o centro de três províncias brasileiras, comprometendo para sempre a nossa segurança nacional.

    Em consequência da firme reação de Cotegipe, em março era instalada a Colônia Militar de Chapecó, em Xanxerê, e outras ações administrativas seriam tomadas em sequência para responder à tentativa argentina de controlar a região.

    Mas foi a instalação da Colônia Militar do Chopim que espicaçou as reações negativas mais fortes da diplomacia do Prata. A Argentina considerava isso quase uma declaração de guerra.

    Depois de oito meses de um governo sem grandes feitos, Sancho de Barros Pimentel vai embora em janeiro de 1882, quando o líder regional Jesuíno Marcondes preparou a posse do fluminense Carlos Augusto de Carvalho (1851–1905), em 6 de março.

    Balconista virou latifundiário

    O colonizador gaúcho Tomás Larangeira (grafia original) fez carreira. Saindo de Bagé para ganhar a vida em Porto Alegre, onde era balconista de uma loja portuguesa, foi um dos poucos brasileiros que realmente venceu a Guerra do Paraguai (1864–1870).

    Sentiu que seu futuro estaria em participar da comissão encarregada de demarcar os mal definidos limites do Brasil com seus vizinhos. Foi assim que chegou ao Mato Grosso, do qual se tornaria em breve dono de uma vastíssima extensão de terras.

    Em dezembro de 1882, agraciado inicialmente pelo Império, obteve permissão para explorar as terras do extremo-Oeste do Paraná, no que seria a primeira tentativa empresarial séria de explorar a região por um projeto real de colonização.

    Era uma obrage típica. Estendia seus domínios entre o atual Mato Grosso do Sul e o Oeste paranaense. Laranjeira, para adotar a grafia usual, obteve concessão para que sua empresa, a Companhia Mate Laranjeira, fizesse produzir em moldes capitalistas áreas das quais os índios foram progressivamente expulsos.

    Com apoio republicano

    As vantagens obtidas por Laranjeira foram atribuídas ao apoio que ele prestou ao Império na Guerra do Paraguai, mas suas influentes amizades e sociedades empresariais feitas com capitalistas brasileiros e argentinos pesaram bem mais nesse processo.

    Deixando de ser o simples empregado de uma comissão imperial para ser o controlador de uma área superior a vários estados brasileiros, seu empreendimento, no entanto, iria progredir ainda mais com a República, que faria dele o primeiro explorador brasileiro de erva-mate na vanguarda Oeste:

    “O Marechal Manuel Deodoro da Fonseca, Chefe do Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brazil, constituído pelo Exército e Armada, em nome da Nação, atendendo à conveniência não só de promover o desenvolvimento da indústria extrativa de produtos florestais de Mato Grosso, como de aumentar a renda pública, resolve conceder permissão ao cidadão Tomás Laranjeira para a exploração de erva-mate em terrenos devolutos”.

    Telégrafo e estrada

    A permissão original do Império para explorar as terras da região, porém, limitava-se exclusivamente à extração da erva-mate pelo período de dez anos − ou seja, até 1892 −, sendo-lhe vedado o corte de madeiras de lei.

    A decisão de não cumprir essa limitação está na origem da Guaíra de hoje. Se Laranjeira havia sido um dos vencedores da Guerra do Paraguai, ele também foi um dos raros sobreviventes dos interesses imperiais na nova ordem republicana.

    A empresa tinha seu centro nervoso em Campanário (MS), “sede do imenso latifúndio da Mate Laranjeira, país dentro do país do Brasil, país da escravidão e da mais terrível exploração do homem pelo homem” (Jorge Amado, O Cavaleiro da Esperança) .

    Uma forte ação empresarial agora estava fincada junto ao Rio Paraná e a necessidade de estender os fios do telégrafo pelo interior motivou uma ação conjunta dos governos imperial e provincial.

    Segundo o acordo, os trabalhos de instalação da linha telegráfica ficavam a cargo do Império. Por sua vez, o governo provincial iria abrir, simultaneamente, uma estrada.

    Seria a precursora da atual BR-277, ainda sem levar em conta o divisor de águas, acompanhando a posteação dos fios telegráficos. Agora já seria possível considerar que a conquista do Oeste realmente começava.

     

    Fonte: Fonte não encontrada

  • O esboço da Marcha para Oeste

    O esboço da Marcha para Oeste

    Construir uma ferrovia rumo ao nada – o Oeste do Paraná de meados do século XIX – era uma necessidade estratégica, mas o Império em 1878 vivia o início da decadência do imperador Pedro II, que preferia viajar pelo país para ser homenageado enquanto passeava.

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    Mas o entusiasmo dos áulicos não bastava para disfarçar seu cansaço e indiferença pelos assuntos de governo. No palácio imperial, quem reinava era a princesa Isabel de Bragança e Bourbon, 32 anos, casada com o nobre francês Conde d’Eu.

    O Oeste do Paraná estava descartado dos planos do governo. A região se limitava aos portos controlados por argentinos e ingleses no Rio Paraná e amplas áreas de extração de erva-mate onde os trabalhadores – os mensus – eram proibidos de fixar moradia.

    A ferrovia, com o traçado Paranaguá–Curitiba–Ponta Grossa–Guarapuava–Assunção, era uma proposta extremamente ambiciosa numa época em que Foz do Iguaçu e Cascavel ainda nem existiam.

    Havia um imenso e despovoado sertão a vencer e por isso o projeto não passou do papel, mas lançaria os fundamentos de uma futura rodovia “transbrasiliana”, “estratégica” ou BR-277.

    O sistema funcionava

    O início de 1878 foi de troca geral de governo. O conservador Duque de Caxias entregava a administração do Brasil ao liberal João Lins Vieira Cansanção (1810–1906), o Visconde de Sinimbu.

    Como funcionava o governo nessa época? Depois das eleições, elitistas e fraudadas, o imperador nomeava como presidente do Conselho (algo como um primeiro-ministro) um dos líderes do partido majoritário no parlamento, que ali escolhia os ministros para lhe garantir a governabilidade.

    O sistema funcionava: mesmo que o governo fracassasse, era culpa dos políticos, nunca do imperador. Exercendo o Poder Moderador, ele nomeava como presidente do Conselho o líder indicado pelo partido vencedor nas eleições.

    No Paraná, o governante de plantão dependia de nomeação pelo Império. Assim, com a volta dos liberais ao governo em 1878, o poder no Paraná foi concedido a Jesuíno Marcondes.

    Ligado à elite política paulista e a Antônio de Sá Camargo, o Visconde Guarapuava, Marcondes foi ministro de d. Pedro II – o primeiro paranaense a exercer essa função, ainda em 1864.

    Elite desprezava a indústria

    Dentro ou fora do palácio regional, Marcondes governou como grande líder do Paraná dessa época até o fim do Império. Quando algum gestor era dispensado ou ia embora, ele voltava ao governo para preparar o cargo para outro indicado seu.

    Em 23 de março de 1878, por exemplo, ele passou o governo ao baiano Rodrigo Otávio de Oliveira Menezes (1839–1882), que deu sequência à política de criação de colônias de imigrantes ao redor de Curitiba e no interior do Paraná, experiência bem-sucedida com Adolfo Lamenha Lins.

    Menezes se incomodava com o desinteresse das elites paranaenses pelo desenvolvimento industrial. A seu ver, o Paraná possuía “riquezas as mais variadas e desejáveis”, mas vivia uma situação de “lamentável pobreza e consequente atraso”.

    Mais concretamente que a fantasiosa ferrovia já se projetava o avanço ao Oeste tendo como eixo a Estrada de Mato Grosso, cujo trajeto, segundo Menezes, seria a “artéria principal do movimento comercial da Província”.

    Começando no porto de Antonina, “sob a denominação de Graciosa e atravessando esta cidade dirige-se ao Rio Paraná, no extremo Oeste”.

    Terra para quem se esforçasse por ela

    O início da marcha para o Oeste começa em meio a discussões sobre problemas agrários que já poderiam estar resolvidos no fim do século XIX.

    O empresário ponta-grossense Cândido de Almeida e Souza dirigiu nessa época proposta ao governo provincial para melhor aproveitamento das terras devolutas, criticando a única forma permitida para a aquisição de terras no Brasil: a compra.

    Nos EUA, que prosperavam, o Homestead Act, de 1862, permitia a posse das terras depois de cultivá-las por cinco anos. Os escravos libertos, por sua vez, depois da Guerra Civil (1861–1865) ganhavam 40 acres de terras e uma mula.

    Para Cândido de Almeida, no entanto, só ricos poderiam obter terras no Paraná, por imposição de um decreto de 1874, o que representava excluir os paranaenses e outros brasileiros pobres do acesso à terra:

    – Conhecemos grande número de famílias de conduta irrepreensível que não têm um palmo de terra de seu para cultivar; vivem, como agregados, em terras alheias, ou perdem na indolência as forças e atividade que convenientemente aplicadas poderiam ser tão úteis à sua Pátria.

    Marcondes: mimo ao primo

    Esses argumentos não sensibilizaram o trono imperial e o presidente provincial Rodrigo Otávio Menezes, ao encerrar seu governo, devolve a gestão no final de março de 1879 ao líder Jesuíno Marcondes.

    Ele voltava a assumir o governo por poucos dias, até preparar a vinda do próximo administrador nomeado, mas nesse interim fez a mediação para que um decreto imperial concedesse ao coronel Amazonas de Araújo Marcondes (1845−1924) concessão para explorar a navegação do Rio Iguaçu.

    O sobrenome Marcondes explica a decisão de Jesuíno de entregar o controle do rio ao primo Amazonas, então com 34 anos.

    Jesuíno Marcondes voltou a transmitir o comando provincial a mais um baiano que veio governar o Paraná: o jovem Manoel Pinto de Souza Dantas Filho (1852–1937), que assumiu em abril de 1879.

    Com a ocupação do Sudoeste em pleno andamento e fortalecida pela navegação oficializada no Rio Iguaçu, em 14 de abril de 1879 é criado o Município de Palmas.

     Governo imperial não ajudava

    Na virada para 1880 já estava bem debatida a proposta de fundar uma colônia militar na tríplice fronteira. A Guerra do Paraguai deu motivos estratégicos suficientes à iniciativa e a crescente presença britânica, a partir da Argentina, foi um excelente motivo adicional.

    Aliás, a Lei 601, de 18 de setembro de 1850, bem anterior à guerra, assim como sua regulamentação, de 30 de janeiro de 1854, já dispunham que “dentro da zona de dez léguas contíguas aos limites do Império com países estrangeiros e em terras devolutas, que o governo pretende povoar, estabelecer-se-ão Colônias Militares”.

    Mas esse projeto não se concretizou no governo provincial de Manoel Dantas Filho, que logo foi embora, em agosto de 1880, passando o João José Pedrosa (1844–1882).

    Como um político em eterna campanha eleitoral, em 1880 o imperador Pedro II continuava obcecado em viajar. Vindo ao Paraná para uma inauguração, a caravana do imperador viajou 600 km levando uma claque para puxar os gritos de aplausos.

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Crédito abre posse da região a interesses ingleses

    Crédito abre posse da região a interesses ingleses

    O governo de Venâncio José Lisboa não chegou a iniciar de fato a colonização do Oeste, mas iniciou o conjunto de normas que logo iria se tornar útil com a crise na Europa que favoreceu a atração de imigrantes.

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    Deixando o Paraná no início de 1873, o fluminense Lisboa transferiu provisoriamente o governo ao paranaense Manoel Antônio Guimarães (1813–1893).

    Nascido em Paranaguá, Guimarães, Barão e depois Visconde de Nácar, poderoso ervateiro e político da ala conservadora, não permaneceu longo tempo no governo. Não era fácil conciliar monarquistas conservadores e republicanos liberais.

    Foi em meio à intensificação da propaganda republicana que Guimarães entregou em junho de 1873 o governo do Paraná ao paulista Frederico José Cardoso de Araújo Abranches (1844–1903).

    No governo, Abranches manifestou preocupação sobretudo com a infraestrutura para “o desenvolvimento da agricultura, pois as estradas da província são as suas artérias – é por elas que giram seu sangue, o seu futuro, a sua vida, isto é os produtos da indústria e do trabalho”.

     

    Origem dos latifúndios

    Um fator decisivo para o interesse capitalista no Oeste veio na metade da década de 1870, quando o Paraná recebeu uma inovação especial: o sistema de crédito, ou seja, a compra das terras devolutas com pagamento a prazo.

    Essa modalidade de aquisição ficou limitada às Províncias do Paraná, Amazonas, Pará e Mato Grosso pelo Decreto Federal nº 5655, de 3 de junho de 1874, cuja inspiração era motivar a colonização dos espaços vazios, ou seja, as regiões nas quais os índios foram massacrados ou expulsos.

    Depois das antigas concessões de sesmarias aos amigos dos reis e das grandes ocupações dos campos paranaenses via expulsão de índios, empresas colonizadoras e grandes negociantes nacionais e estrangeiros começariam a adquirir amplos latifúndios por meio do crédito.

    A lei do crédito especial estipulava que o governo poderia vender a prazo terras nessas regiões e também doar áreas na faixa de fronteira, cláusula destinada a estimular os sobreviventes à Guerra do Paraguai a participar com seu trabalho da ocupação do território.

    No entanto, a regra serviu sobretudo  para estimular a formação das obrages controladas por interesses anglo-argentinos: empresas pouco dedicadas à colonização mas avidamente entregues à extração da erva-mate e da madeira.   

     

    A vaca inspiradora

    Adquiriu contornos de lenda um episódio ocorrido com o presidente provincial (governador) Adolfo Lamenha Lins logo ao chegar ao Paraná em maio de 1875, quando veio para substituir Frederico Abranches.

    Não havia ainda iluminação pública nem mesmo em Curitiba. Ao tentar se dirigir à noite para a catedral, o governador trombou com uma vaca. Esse desagradável episódio teria sido o fator responsável pelo seu plano de iluminar a cidade com lampiões.

    Nascido no Recife (PE) a 27 de junho de 1845, Lamenha Lins foi promotor público em Alagoas. Partidário da libertação dos escravos, governou o Piauí entre 1873 e 1874. Como governador do Paraná, estabeleceu núcleos de imigração nos grandes centros, sistema que, sendo adotado pelo governo imperial, deu origem às colônias Santa Cândida, Orleans, D. Pedro, Tomás Coelho, Lamenha, Santo Inácio e Riviera no Paraná.

     

    Ações em família

    Lamenha Lins acreditava que o estabelecimento dos imigrantes em localidades próximas às estradas carroçáveis já existentes, como a Graciosa, garantiria o êxito do núcleo colonial agrícola.

    O núcleo estaria ligado, através de uma estrada secundária (a ser construída pelos próprios colonos com os subsídios do governo), a uma estrada principal que possibilitaria a circulação de mercadorias (lenha e produtos da lavoura) para o abastecimento da cidade. Linz fez experimentos nesse sentido entre Curitiba e o litoral.

    Nessa época, além dos interesses estrangeiros, também eram privilegiadas ações em família. Na política, nos empreendimentos e até na aventura se encontram no Paraná sólidos arranjos familiares.

    Prosseguindo de onde os irmãos Keller pararam, atrapalhados pela Guerra do Paraguai, o capitão Nestor Borba e seu irmão Telêmaco (1840−1918) partiram em 4 de dezembro de 1875 rumo ao Oeste selvagem.

    Nessa viagem de reconhecimento pela região, Nestor Borba registrou em janeiro de 1876 o achamento das ruínas da Ciudad Real del Guayrá, junto à foz do Rio Piquiri. Guayrá apareceu em 1557, criada pelo capitão espanhol Ruy Diaz de Melgarejo (c.1509–c.1585).

     

    Sinais do passado

    Guayrá (ou Guairá) foi a região defendida ao longo de décadas pelo cacique Guairacá. A cidade espanhola foi destruída pelos bandeirantes portugueses em 1631. Dali os espanhóis se transferiram para o atual Rio Grande do Sul, onde criaram suas novas missões com os índios Guaranis catequizados que levaram do futuro Paraná.

    Ainda mais importantes que os registros de Nestor Borba sobre as ruínas encontradas foram suas anotações técnicas sobre o potencial das Sete Quedas e recomendações para desenvolver o Noroeste do Paraná, mas ainda por muitos anos a região passaria ao largo dos planos do Império.

    Mesmo assim, a ousada missão dos irmãos Borba ficou associada aos futuros projetos que iriam dar na hidrelétrica de Itaipu e na primeira iniciativa contemplando a necessidade de construir uma ferrovia cortando o Paraná de Leste a Oeste.

     

    Mutretas e corrupção

    O período inicial da formação paranaense, mais de planos que efetivação, foi também vergonhoso. Os grandes barões da terra vendiam ao governo, para fins de colonização, as piores áreas, ficando com as melhores para especulação.

    Encerrando seu governo em julho de 1877, Lamenha Lins deixou marcada positivamente sua passagem pela história paranaense, que logo iria se cobrir de suspeitas de corrupção e tramoias em prejuízo dos imigrantes.

    Como de hábito, o poderoso ervateiro Manoel Guimarães deu posse ao novo governador: o mineiro Joaquim Bento de Oliveira Júnior (1846–1878). Em sua gestão estourou o ruidoso caso da debandada de imigrantes russos que foram traídos pelos políticos responsáveis pela instalação dos imigrantes.

    O governador foi à Assembleia da Província do Paraná ao se despedir do governo, em 7 de fevereiro de 1878, alegando que um “indivíduo de nacionalidade suíça e por nome Lucas Albert Preisswerk, declarou e reconheceu-se ser emissário argentino expressamente comissionado para seduzir os colonos russos, já acenando-lhes com vantagens extraordinárias, já procurando desacreditar o nosso País”.    

    Nesse caso, segundo o governo, a evasão dos russos seria fruto de uma trama argentina e não das péssimas terras que os estrangeiros recebiam nas remotas e desassistidas colônias paranaenses.

    Joaquim Bento morreu em São Paulo um mês depois de deixar o Paraná.

     

    Fonte: Fonte não encontrada

  • O conto do tesouro jesuíta

    O conto do tesouro jesuíta

     

    Em abril 1870, depois de várias trocas rápidas de governantes da Província do Paraná, Antônio Luís Afonso de Carvalho transmite o comando a Agostinho Ermelino de Leão, que desta vez permaneceria por mais tempo nas funções.

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    A essa altura, o Império dá sinais de abalo e o movimento republicano já começa a se expandir pelo País. Panfletos pró-República são lançados abertamente.

    Em dezembro, Ermelino de Leão entrega o governo ao fluminense Venâncio José de Oliveira Lisboa (1834–1903), um dos governantes que por maior tempo administrou o Paraná no Segundo Reinado.

    Lisboa conquistara grande confiança nos centros do poder imperial: além do Paraná, governou a Paraíba, Bahia e Minas Gerais

    Em seu governo o café se expande pelo interior paulista e invade também o Norte do Paraná. A cafeicultura, por suas diversas etapas, requeria grande quantidade de mão de obra, mas o Paraná tinha escassez de jovens trabalhadores.  

    Brasil se oferece aos estrangeiros

    No início da atração de imigrantes havia facilidades e vantagens para aventureiros e militares, mas a cafeicultura moldou o interesse por atrair famílias inteiras.

    Havia um contrato padrão, de um ano e revogável, que engajava todos os familiares: “O migrante ganha salário-base proporcional aos pés de café a seu cargo, prêmios, suplementos pela carpa (limpeza) e colheita, um lote para plantar milho, mandioca, feijão, ou licença para o plantio intercalar” (Almir Ribeiro, História do Brasil, Segundo Reinado).

    Com o esgotamento do ciclo tropeiro, as autoridades paranaenses se viram na obrigação de construir uma agricultura que fosse além dos limitados modelos tentados com as primeiras e desassistidas colônias de imigrantes.

    O governo pretendia atrair colonos em massa. Para isso, prometia o custeio das viagens dos migrantes e criou um organismo para dirigir o fluxo migratório. A diplomacia brasileira recorreu a agências de propaganda, promovendo recrutamento em vários países europeus.

    Paranhos, o gênio

    A atividade mais importante da política externa das décadas finais do século XIX era aliciar multidões de colonos estrangeiros para povoar as terras férteis do Brasil e fazê-las produzir.

    José Maria da Silva Paranhos (1819–1880), o Visconde do Rio Branco, foi um dos artífices da política de atração de estrangeiros.

    Ele assumiu o governo do Brasil em 7 de março de 1871, em substituição a José Antônio Pimenta Bueno (1803–1878), o menino abandonado que se tornou ministro e Marquês de São Vicente.

    Em seu governo, Paranhos retomou no Paraná o projeto de ocupação do interior, cabendo à administração provincial paranaense a criação da Comarca de Guarapuava e a divisão da Província do Paraná em três distritos de Obras Públicas: 1° Distrito – Comarcas de Paranaguá e Curitiba; 2° Distrito – Comarcas do Príncipe e Castro; 3° Distrito – Comarca de Guarapuava.

    O terceiro distrito compreendia os atuais Oeste e Sudoeste do Paraná, abrangendo na época também o Oeste de Santa Catarina, que fazia parte do Paraná.

    O drama italiano

    A unificação da Itália, que se completa em 1871, não favoreceu a equalização do desenvolvimento do País, regionalmente desigual entre Norte e Sul. A pobreza crescente, a resistência do Vaticano à perda das terras que antes controlava e guerras fracassadas começam a expulsar as famílias italianas para o Novo Mundo. 

    É na expectativa de atrair parte desses colonos europeus que o governador Venâncio Lisboa irá desenvolver por dois anos uma administração até então rara, na medida em que os governos anteriores duravam em geral poucos meses.

    Os italianos começam a chegar, provenientes do Norte de seu país, acrescentando à população paranaense bons operários, artesãos e outros profissionais especializados.

    Depois do genocídio, o vazio

    O Brasil de então é litorâneo, costeiro, e tem o interior despovoado. O primeiro censo demográfico nacional, em 1872, revela que toda a população brasileira não chegava a dez milhões de pessoas.

    Mais de um milhão e meio eram escravos e o Paraná se apresenta como quase nada nesse contexto: meros 100 mil habitantes.

    Esvaziado de seus índios, perdendo escravos para as fazendas paulistas e jovens para as guerras no Sul, é fácil compreender porque ocupar o vazio demográfico criado pela matança de nativos foi a maior preocupação de Venâncio Lisboa.

    Terminada a Guerra do Paraguai, que estancou em parte a atração de imigrantes, o problema que resta no interior, afora a falta de estrutura, é a resistência indígena, esporádica mas tenaz.

    Ainda mais ameaçador, pela alta influência barriga-verde no Rio de Janeiro, há o assédio de Santa Catarina, que pretende tomar todo o Sudoeste do Paraná, então colado ao Noroeste do Rio Grande do Sul.

    Cacique Bandeira, o esperto

    No desafio de criar interesse pelo interior, quem ousasse ir em frente e ocupar os vazios do Paraná receberia o apoio das autoridades. Foi o que aconteceu com o guarapuavano Norberto Mendes Cordeiro, que se apresentava como “comendador amansador de índios” (Pedro Altoé, Campina da Lagoa – Estrela do Vale do Piquiri).

    Por essa época vivia no interior paranaense o cacique Índio Bandeira. Uma espécie de herói da região, esse nativo catequizado absorveu os estratagemas dos brancos e os usava para seus negócios.

    Além de iniciar a cobrança de pedágio no interior paranaense, ao aplicar nos ambiciosos exploradores de origem europeia o “conto do tesouro dos jesuítas” passou à história como o desbravador dos Campos do Mourão, região entre as duas margens do Rio Piquiri e o Rio Paraná.

    A partir das informações do Índio Bandeira, Mendes Cordeiro vai procurar o “Campo do Abarrancamento” ou “Campinas Vitorianas”, de que os nativos diziam maravilhas. É o início da exploração do Vale do Piquiri.

    Em breve, Mendes Cordeiro e seus sócios agropecuaristas vão registrar ali a posse de 60 mil hectares como “Campos de Criar”, começando a desenhar no mapa a futura cidade de Campo Mourão.

    Tratado de limites

    Data também dessa época, em 1872, o tratado de limites entre Brasil e Paraguai, que vai disciplinar a ocupação da área e atrair maior atenção ao território fronteiriço.

    Foz do Iguaçu ainda não viria tão cedo, mas os primeiros sinais de Guaíra já surgiam com a aquisição de terras na região por parte da Companhia Matte Laranjeira.

    Quando Venâncio Lisboa encerra seu governo, no início de 1873, deixa em pleno desenvolvimento o projeto de fazer avançar o povoamento do interior paranaense, a maior necessidade que se apresentara ao final do conflito com o Paraguai.

     

     

     

    Fonte: Fonte não encontrada