Cascavel passa a ter oficialmente a primeira cooperativa do Brasil com uma indústria de biodefensivos totalmente apta e liberada para operar. As últimas licenças acabaram de ser publicadas e agora a Biocoop Indústria de Biodefensivos, da Coopavel, apresenta oficialmente ao mercado soluções sustentáveis à agricultura de produção em larga escala. Os detalhes da operação da empesa são repassados pelo diretor da Biocoop, Leandro Belter. Ele lembra que os biofertilizantes são produtos naturais, feitos com microrganismos vivos (como bactérias e fungos), que ajudam as plantas a absorver melhor os nutrientes do solo, estimulam o crescimento das raízes e melhoram a saúde do solo. Eles são sustentáveis, biodegradáveis e não agridem o meio ambiente. Hoje, utiliza-se em larga escala fertilizantes químicos. São compostos por três nutrientes principais: Nitrogênio (N), Fósforo (P) e Potássio (K) são fabricados industrialmente e fornecem nutrientes diretamente às plantas, mas não regeneram o solo e podem causar impactos ambientais se usados em excesso.
Preto no Branco: Para que possamos iniciar esse bate-papo, poderia nos esclarecer o que é a Biocoop?Leandro Belter: a Biocoop é a indústria de biodefensivos criada pela Coopavel para atender cooperados e produtores do Brasil todo. A ideia nasceu há anos. É uma iniciativa que une inovação, sustentabilidade e produtividade no campo.
PB: O que motivou a criação da Biocoop?Belter: A crescente exigência por práticas mais sustentáveis, especialmente no setor de proteína animal, fez a Coopavel enxergar a necessidade de oferecer soluções ecológicas ao produtor. Se a Biocoop não lucrar nada, mas contribuir com a sustentabilidade, já terá valido a pena.
PB: E por que este momento é considerado um período tão importante para a indústria?Belter: Porque conseguimos a liberação oficial para produzir todo tipo de biodefensivo. Já vínhamos produzindo inoculantes para o milho em parceria com a Embrapa, mas agora temos licença total e a operação começa 100%.
PB: Quais são os produtos que vocês já têm prontos para o mercado?Belter: Estamos com inoculantes e biodefensivos. Os inoculantes, como o Azospirillum, ajudam as plantas a desenvolver raízes mais profundas e saudáveis. Já os biodefensivos, como o à base de Boveria, combatem pragas como a cigarrinha do milho, que é hoje de difícil controle.
PB: Poderia explicar o que são inoculantes e biodefensivos?Belter: Os inoculantes são bactérias que ajudam no crescimento das plantas, como biofertilizantes. Os biodefensivos são organismos vivos que combatem pragas – eles se multiplicam no inseto-alvo e o eliminam, como a Boveria faz com a cigarrinha.
PB: E tudo isso também ajuda o produtor a economizar na hora de bancar o custo de produção que é tão elevado?Belter: Com certeza. Por exemplo, o Azospirillum permite reduzir em até 25% o uso de adubação nitrogenada. Isso representa uma economia de até R$180 por hectare, com um produto que custa apenas R$ 6.
PB: E além da economia, tem impacto ambiental também?Belter: Sim. E é o principal. Usar biodefensivos reduz a emissão de CO₂. Um hectare com 25% a menos de adubação nitrogenada pode deixar de emitir até 380 kg de gás carbônico. Isso gera créditos de carbono, que no futuro serão monetizáveis para o produtor.
PB: Sobre isso, como funciona o crédito de carbono e que a Biocoop pode contribuir com os produtores?Belter: É um cálculo da quantidade de carbono que o produtor deixa de emitir usando práticas sustentáveis – como mata ciliar, energia solar, biometano ou biodefensivos. Empresas como companhias aéreas compram esses créditos para compensar suas emissões. O desafio hoje é ter regras claras para isso, mas é um mercado promissor.
PB: A Biocop pode ajudar a reduzir a dependência de importações de fertilizantes?Belter: Sim. Hoje somos muito dependentes de fósforo, potássio e nitrogênio vindos de fora. Os biodefensivos podem suprir parte dessas demandas com soluções locais, mais sustentáveis e acessíveis.
PB: E quanto à aceitação do produtor rural a biodefensivos e biofertilizantes? Belter: Está crescendo bastante. O mercado de biodefensivos cresce 25% ao ano. Mas ainda há muitos produtores que não conhecem ou desconfiam. Isso está mudando com mais informação, produtos de qualidade e resultados comprovados.
PB: A Coopavel vai atender só cooperados?Belter: Não. A Biocoop foi feita para atender cooperados, mas também toda a região e até fora do Paraná. Temos capacidade para isso – 12 biorreatores e produção anual de até um milhão de litros.
PB: E como a Coopavel pretende comunicar melhor tudo isso ao consumidor?Belter: Temos um compromisso com a qualidade e com a imagem do nosso agro. Trabalhamos para que grãos e carnes da região tenham o “selo verde”, o que é cada vez mais exigido por mercados europeus e americanos.
PB: Isso também ajuda a combater críticas internacionais ao agronegócio brasileiro que muitas vezes são infundadas?Belter: Exato. O Brasil preserva muito, especialmente no Oeste do Paraná. Nós temos responsabilidade e sabemos produzir com respeito ao meio ambiente. A comunicação precisa melhorar, e a Coopavel tem trabalhado nisso.
PB: Como foi para você, pessoalmente, assumir esse projeto?Belter: Um desafio enorme e muito gratificante. Eu era agrônomo de campo, depois passei para vendas e fui chamado para esse projeto. Trabalhar com organismos vivos, com tanta tecnologia e impacto positivo, é uma experiência única.
PB: A Biocoop é pioneira entre as cooperativas, certo?Belter: Sim, é a primeira indústria de biodefensivos criada por uma cooperativa no Brasil. E estamos ampliando: já estamos construindo a segunda planta.
PB: A fábrica está aberta para visitação?Belter: Apenas em períodos específicos, por questões sanitárias. A fábrica é mais limpa que uma UTI, literalmente. Mas planejamos momentos em que produtores e técnicos poderão visitar com segurança para conhecer como funciona todo o processo.
PB: Colocar tudo isso em prática foi desafiador, mas também é transformador, não é?Belter: Sim. Muito. A Coopavel acredita no potencial dos biodefensivos e vamos transformar o agro com sustentabilidade, produtividade e inovação em uma das regiões em que o agro, a produção de proteína mais cresce no Brasil, destacando que temos capacidade para atender produtores das mais diferentes regiões do país.
Fonte: Assessoria
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