Nesta semana o Preto no Branco chega ao Brasília, região norte de Cascavel. Apesar do crescimento do bairro e expansão do comércio, o transporte público, segundo os moradores, não atende a demanda e obriga os usuários do sistema a buscarem outras alternativas para os deslocamentos cotidianos. “Perdemos muito nessa área, antes eram várias linhas, hoje só uma. Temos um ônibus durante o dia todo e dois veículos nos horários de pico, mas não são suficientes. Está bem ruim mesmo”, afirma o presidente do bairro, Jocinei Bezerra.
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“A maioria da população do Brasília usa o transporte e as pessoas, como não podem perder tempo, estão atravessando o viaduto para pegar o ônibus na avenida Brasil, por ser mais rápido, e isso não poderia acontecer. Solicitamos a Transitar uma linha que atenda o Brasília e o Consolata com itinerário até o Centro ou terminais”, comenta o líder comunitário. “Durante a noite é muito perigoso, com tentativas de assalto, devido às distâncias dos pontos das residências. É algo que poderia ser evitado, o ônibus deveria entrar mais no bairro”, cobra Jocinei.
“Para os moradores do interior do Brasília dificultou bastante, as pessoas precisam se deslocar grandes distâncias para acessar o transporte. Os horários são ruins, o tempo de espera chega aos 40 minutos. Antes o Brasília era atendido pela linha Floresta, que contava com vários veículos, mas depois do novo sistema ficou um vazio, precisamos de mais ônibus e horários”, solicita a moradora Glades Rossi. “É frequente ver usuários do transporte atravessando o viaduto da rua Theobaldo Bresolin para pegar o ônibus no São Cristóvão. Não poderia acontecer isso de jeito nenhum. A linha Leste/Nordeste via UPA é desproporcional ao tamanho do bairro”, pontua.
Glades lembra do histórico de problemas. “Estamos assustados com tantas falhas no processo de concessão do transporte público. A Transitar precisa pensar a longo prazo, na realidade atual e em prospecções futuristas, não no agora ou no passado. É algo que precisa ser mais estudado e o projeto deve ser o mais democrático possível, ouvindo realmente a população, o usuário é o mais interessado na concessão. Sinto que não existe uma abertura plena do Executivo para atender aos anseios dos moradores. Antes de tudo começar novamente, audiências públicas devem ser realizadas”, diz.
“As pessoas passam muito tempo no transporte, temos vizinhos que trabalham no Santos Dumont e atravessam a cidade diariamente. O trabalhador precisa do máximo de conforto nos ônibus, pois é o tempo de vida deste cidadão que está passando. Hoje nosso transporte não é atrativo, não tem poder de convencimento para os motoristas deixarem o carro em casa”, destaca.


“Precisamos de viadutos duplicados”
Seguindo na área de mobilidade urbana, o presidente do Brasília, Jocinei Bezerra, lembra da dificuldade da população em atravessar a PRC-467. “Precisamos do alargamento da rua Theobaldo Bresolin, por ser uma via bem importante. Pensamos, ainda, que uma duplicação do viaduto poderia ajudar a mobilidade da região evoluir. Das 7h às 8h da manhã é bem complicado, bem como o fim do dia”.
A moradora Glades Rossi concorda. “Temos o viaduto da Theobaldo e o da Jacarezinho, nos horários de pico o fluxo é muito grande, porque temos só esses dois acessos que ligam o Brasília e parte da região norte ao Centro e as demais regiões de Cascavel. O mesmo ocorre com as alças de acesso, que ficam sobrecarregadas. Para resolver, acredito que a duplicação dos viadutos seja uma boa solução ou mesmo trincheiras. Os engarrafamentos são enormes, precisamos de solução”, cobra.
“A Avenida das Américas é linda, mas necessitamos de manutenção e asfaltamento em trechos que ainda não possuem o pavimento. Os moradores até usam o canteiro central para se reunirem e conversarem nos fins de tarde, aos domingos, pois é o único espaço que temos”, comenta Glades sobre outro problema nas vias do bairro. “Nessa área, o que eu mais gosto no Brasília são os nomes das ruas, que são de músicos de MPB”, discorre sobre a curiosidade.


Educação em pauta: “CMEI é muito mais que um lugar para deixar os filhos”
No segmento de Educação, a solicitação da presidência do bairro é a criação de um CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil). “Uma das demandas mais importantes do bairro, hoje, é a construção do CMEI. O Brasília fica em uma região central da zona norte, que é passagem para os demais bairros, sendo um local estratégico para a instalação do CMEI”, explica Jocinei.
Glades Rossi lembra da importância de um centro de educação. “O CMEI não é só um espaço para os pais deixarem os filhos, mas também para colaborar com o retorno das mães ao mercado de trabalho, que veem no CMEI um lugar seguro para as crianças ficarem. Nosso bairro, assim como muitos outros, tem uma demanda altíssima, as famílias precisam de mais vagas”.

“Iluminação em LED é necessária”
A iluminação pública em LED ainda não chegou a todas as ruas do Brasília. “Precisamos dessa nova tecnologia para melhorar a situação das noites, que hoje são bem escuras, pois estamos com as luminárias velhas, que não são a mesma coisa destas novas”, cobra Jocinei. “Outras obras que estamos esperando com ansiedade são as dos novos pontos de ônibus, que trarão grandes benefícios para a comunidade”.

Família pioneira
A família do presidente do Brasília é pioneira na comunidade. “Nasci e cresci aqui, conheço bem as necessidades da população. Minha família foi uma das primeiras do Brasília, participamos de forma ativa de todo o processo de evolução do bairro. Hoje sou líder comunitário, mas nunca vou esquecer do trabalho dos presidentes que vieram antes e fizeram a diferença, colaborando para o bairro ser o que é hoje. Tenho orgulho de morar há 40 anos aqui, nossa população é trabalhadora e feliz”, comemora Jocinei Bezerra, que é gerente de autoescola.
Apoio ao comércio local
Glades Rossi está há 36 anos na região norte de Cascavel, neste período viu os bairros se desenvolverem. A chegada de comércios locais é um dos pontos de destaque. “Não precisamos sair da região, as empresas daqui atendem todas as nossas demandas. Aproveito a oportunidade para incentivar os moradores a comprarem no bairro e colaborarem com os comércios da região norte, desta forma ajudamos os pequenos empresários a crescerem”, convida.
“Amo meu bairro”
Vinda de Taquaritinga, interior do estado de São Paulo, Carolina Sica Anastacio, de 94 anos, chegou ao Brasília na década de 1970. “Eu gosto muito de viver aqui, temos tudo à disposição. A convivência com os vizinhos é boa, gosto de tudo, amo o meu bairro”, diz a aposentada, que mora a uma quadra da movimentada rua Europa.
Sidnei Mazutti: “O transporte está precário”
Não são apenas os moradores do Brasília que pensam que o transporte público está problemático, o vereador Sidnei Mazutti (PSC), que mora há 31 anos na região norte, concorda com a população. “Só temos uma linha, antes era o tempo todo passando os ônibus por aqui, hoje está bem precário. Os cidadãos estão reclamando bastante. A situação começou quando o novo Terminal Leste começou a operar, mudando os itinerários. Segundo a presidente da Transitar, Simoni Soares, a autarquia não tem ideia de mudar a linha que atende o Brasília. Ficamos, infelizmente, com uma grande área desassistida pelo transporte público”, afirma. “Seria bem estratégico criar e instalar o Terminal de Transbordo Norte para ajudar a sanar os problemas”, sugere Mazutti.
“Precisamos que a situação da concessão do transporte público seja resolvida o quanto antes. Os moradores fazem pedidos aos vereadores e não conseguimos intermediar, pois dependemos deste novo contrato”, comenta o legislador sobre a série de inconsistências do processo licitatório, falhas apresentadas por empresas do segmento, interessadas em participar, bem como pelo TCE-PR (Tribunal de Contas do Estado do Paraná), que chegou a suspender o processo.
“Nós debatemos na Câmara de Vereadores a inclusão de aparelhos de ar-condicionado em toda a frota, porém a Simoni Soares afirma que isso pode afetar o valor da tarifa, já que nos ônibus movidos a diesel, o consumo do combustível aumenta. Eu defendo que a população merece essa comodidade, veja o calor dos últimos dias, se faz necessário o ar-condicionado, algo que poderia entrar como forma de subsídios aos operadores, para não impactar o valor da tarifa”, defende Mazutti.
Ônibus maiores, para outras regiões além do Centro, foi outra questão levantada pelo vereador. “Acredito que ônibus articulados deveriam ser solicitados para a composição da frota convencional. Teremos dois elétricos nesta configuração, porém existem outras regiões como a norte, por exemplo, que tem demanda para veículos articulados”, diz.
Saindo da área do transporte e indo para as obras, Mazutti comenta que, conforme uma conversa que teve com o secretário de Obras de Cascavel, Sandro Rancy, 64% da cidade já conta com iluminação em LED. “Nas principais vias já existe essa tecnologia. Não só no Brasília, mas em toda Cascavel. A ideia é chegar perto dos 100% em 2024”, conta o vereador. “O LED é a solução ideal pela durabilidade e economia, todas as ruas precisam desta inovação”, defende.

Sem respostas: Transitar e Secretaria de Obras seguem em silêncio
O Preto no Branco, mais uma vez, não foi atendido pela Transitar (Autarquia Municipal de Mobilidade, Trânsito e Cidadania) e pela Secretaria de Obras de Cascavel. Já são semanas sem respostas aos pedidos da população. A reportagem solicitou informações sobre o transporte público, melhorias no trânsito, estudos para implantação de duplicação de viadutos e ainda questionou o cronograma da instalação da iluminação em LED e dos novos pontos de ônibus, dentre outras questões levantadas junto a comunidade do bairro Brasília.
Sobre a implantação de um CMEI, a Secretaria de Educação informou que existe um projeto protocolado no PAR (Plano de Ações Articuladas) para uma futura construção com recursos federais. Os investimentos serão para um CMEI no modelo proinfância contando com contrapartida do Município. A pasta comunicou que não tem estimativa de investimentos ou previsão de entrega, visto que depende, ainda, de liberação do Governo Federal.
A Secretaria de Meio Ambiente repassou que vem mantendo os espaços do bairro. A praça da rua Vinícius de Morais, inclusive, passou por roçada na semana passada. Porém, não falou se existem projetos de adequação do espaço, bem como criação de novos lugares para a comunidade, assim como a Secretaria de Esportes que não se manifestou a respeito.
Indo para a segurança pública, a Guarda Municipal repassou que atendeu, neste ano, no Brasília I e no Brasília II, 260 ocorrências, sendo 174 via telefone 153; 53 por meio de ofício; 25 em patrulhamento preventivo e oito sem especificação. Dentre as dez principais demandas estão situações ligadas à Lei Maria da Penha e Perturbação do Sossego.
Fonte: Silvio Matos
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