Cachaça, erva-mate, polpa: Invest Paraná prepara pequenos produtores para exportação

Foto: Albari Rosa/AEN

O mercado exterior já não é mais tão distante para as pequenas empresas paranaenses. Com orientação da Invest Paraná – agência de negócios do Governo do Estado, vinculada à Secretaria da Indústria, Comércio e Serviços (Seic) –empreendedores de pequeno porte já estão exportando ou se preparando para levar sua produção a outros países.

“Os pequenos empreendedores são parte do plano de internacionalização da economia paranaense do governador Ratinho Junior. Buscar o mercado externo exige qualificação, por isso é importante o Estado apoiar esses produtores a evoluírem”, afirmou o secretário estadual da Indústria, Comércio e Serviços, Ricardo Barros.

Um dos pequenos empreendimentos paranaenses que se prepara para exportar com apoio da Invest Paraná é a Cachaçaria Estação Antonina, no Litoral, que produz cerca de 2 mil litros por mês de aguardente nos sabores banana, limão com mel, café, carvalho e, em breve, pitaia.

Participante do programa Vocações Regionais Sustentáveis (VRS) , projeto da Invest Paraná que auxilia pequenos empreendedores de produtos típicos paranaenses a se profissionalizarem com práticas tradicionais e sustentáveis de produção, a cachaçaria está adaptando processos administrativos e produtivos para começar a vender para outros países.

O proprietário Hamilton Cerqueira Lima afirma que a Invest Paraná foi quem detectou potencial da Estação Antonina para exportar e a encaminhou para se qualificar pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). Uma funcionária da cachaçaria iniciou recentemente o curso de seis meses do órgão federal. Assim que concluir a capacitação, vai replicar as técnicas de exportação para toda a equipe de colaboradores da cachaçaria com acompanhamento da Apex-Brasil por um ano.

Além da preparação de documentação, a capacitação envolve adaptações nos rótulos, embalagens, caixas e nos processos produtivos para que a empresa comece a exportar até o fim do ano que vem. O plano é iniciar as vendas pelos países vizinhos da América do Sul e, na sequência, buscar outros mercados.

“O VRS me ajudou porque na realidade a gente não entende nada de exportação. Estamos agora no beabá, mas sempre tive ideia de exportar e a oportunidade surgiu com o VRS”, ressalta Lima.

“Todo esse processo é investimento não só na minha empresa. Acredito que a exportação vai ajudar também a nossa região aqui do Litoral, porque aumentando minha produção para enviar ao Exterior vou ter que adquirir mais produtos daqui mesmo, formando um ganho em cadeia”, enfatiza o empreendedor, cujos fornecedores de matérias-primas são todos de Antonina e cidades vizinhas.

CONTATOS– O papel da Invest Paraná nesse processo de internacionalização é dimensionar a capacidade produtiva e mapear as necessidades dos pequenos empreendedores para encaminhá-los para a exportação. Para isso, a agência oferece aos empreendedores do VRS todo o network que utiliza na negociação do próprio Estado para atrair empresas, como no caso das multinacionais.

“Colocamos à disposição das pequenas empresas os mesmos contatos que a Invest Paraná oferece quando há negociações do Estado com grandes corporações. Isso envolve entidades como a própria Apex-Brasil, câmaras de comércio, consulados, parcerias institucionais e outros organismos internacionais, além de interessados diretos nas negociações”, afirma o gerente de Desenvolvimento Econômico da Invest Paraná, Bruno Banzato.

Tem sido por essa rede de contatos que a indústria Erva Mate Paraná, de Curitiba, está se preparando para expandir as exportações – a empresa já vende ao Canadá, Austrália e Emirados Árabes Unidos.

Também integrante do VRS, a beneficiadora de erva-mate para chimarrão, tererê e chá a granel, sachê e solúvel passou a exportar ano passado ao Canadá após intermediação da Invest Paraná com uma empresa de lá. O contato foi durante a missão comercial da agência ano passado à Sial Food, em Toronto, maior feira de alimentos da América do Norte, para onde a agência levou em 2023 os produtos da Erva Mate Paraná e mais 11 pequenos empreendedores do VRS.

“A Invest Paraná tem nos ajudado muito nesse caminho da exportação com palestras, cursos e contatos. Para a gente, que não tem condições de ir com frequência para feiras internacionais, é importante ter alguém falando dos nossos produtos lá fora. É uma ajuda muito bem-vinda”, destaca um dos sócios da Erva Mate Paraná, Danilo Richartz Benke.

Nesse processo, uma das adaptações propostas pela Invest Paraná que a indústria ervateira implantou para aumentar as exportações foi a tradução de todos os rótulos e embalagens para o inglês. “Isso é um investimento que tem dado certo. Além de vendermos os produtos em português e inglês, agora estamos reformulando o design das embalagens para termos um padrão único para exportação”, explica.

O diretor de Relações Internacionais e Institucionais da Invest Paraná, Giancarlo Rocco, afirma que ao se qualificar para exportar os pequenos empreendedores também ficam mais preparados para o próprio mercado interno. “Isso beneficia a economia do Estado porque a capacitação para exportar faz com que as pequenas empresas agreguem valor à produção, o que beneficia o Paraná com mais empregos e renda”, diz Rocco.

Foto: Reprodução/Secom Paraná
Foto: Reprodução/Secom Paraná

Um dos pequenos empreendimentos paranaenses que se prepara para exportar com apoio da Invest Paraná é a Cachaçaria Estação Antonina. Foto: Cachaçaria Estação Antonina

EXPOSIÇÃO NO EXTERIOR–O apoio da Invest Paraná também envolve a apresentação dos produtos de pequenos empreendedores no Exterior. A cachaça Estação Antonina, por exemplo, compõe o kit de lembranças protocolares entregue pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior e outros representantes do Estado a autoridades em visitas oficiais a outros países.

Assim como a tradicional Bala de Banana de Antonina, produzida pela indústria Soter, que também integra o kit de lembranças protocolares do Governo e que foi apresentada ao mercado canadense em maio pela missão comercial da Invest Paraná na feira Sial Food.

A bala chamou a atenção de empresas do Canadá interessadas em comprar um dos produtos mais típicos do Paraná, detentor do selo de Indicação Geográfica do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).

A diretora da Soter, Rafaela Takasaki Corrêa, explica que a empresa planeja expandir em dois anos 50% da produção atual de 16 toneladas mensais de balas. O plano é aumentar as vendas internamente, conquistando primeiro os mercados de outros estados para, na sequência, vender ao Exterior.

“A nossa bala já vai para outros países pelos clientes que levam o produto como uma lembrança do Paraná. Somos muito marcados em fotos nas mídias sociais de gente que mora no Exterior, porque a bala representa nossa região e o Estado”, diz a empresária sobre o potencial do produto.

“Não temos intenção de transformar a bala de banana em uma commodity, com exportação de grandes quantidades porque o produto é regional. Mas poderemos trabalhar com exportação para mercados externos específicos, que valorizem produtos com garantia de origem, de qualidade, que são feitos com propósito e sustentabilidade”, afirma Rafaela.

AGRICULTURA FAMILIAR– O diretor de Relações Institucionais e Internacionais da Invest Paraná diz que o momento é favorável para pequenos empreendedores que operam com processos sustentáveis, que é o caso das empresas participantes do VRS. Isso porque muitos mercados estão buscando produtos com rastreabilidade e cuja produção impacte o mínimo possível no meio ambiente.

“O mercado internacional está muito carente de produtos mais humanizados, que sejam industrializados mas com pouco processamento e que tenham uma história por trás, como o caso dos agricultores familiares que compõem a maior parte do VRS”, avalia Rocco.

É o caso da Cooperativa Agroindustrial de Produtores de Corumbataí do Sul (Coaprocor), município de 4 mil habitantes na Região Central do Estado, que, após o declínio da cultura de café no início do ano 2000, optou por atuar com fruticultura, com a venda de polpas, em especial o maracujá.

Hoje com 650 famílias cooperadas de 20 municípios, a Coaprocor tem a meta de exportar nos próximos anos. E para isso passou a contar recentemente com apoio da Invest Paraná.

“Nesse ano ainda não vamos exportar porque a demanda do mercado interno está muito alta e a safra baixou. Mas vemos sim a exportação como mais um canal para escoar nossa produção assim que as condições permitirem”, diz o diretor-presidente da Coaprocor, Olavo Aparecido Luciano.

Nesse processo, aponta Luciano, a Invest Paraná vai poder ajudar a cooperativa com orientações e exposição. “A parceria é nova, mas vai nos ajudar, principalmente em feiras internacionais que podem trazer oportunidades de negócios e que nós, uma cooperativa de agricultura familiar, dificilmente temos condições de participar por conta própria”, afirma o presidente da Coaprocor.

Fonte: Secom Paraná

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