Cascavel registra dois abusos infantis a cada três dias

O número é alto: 335 atendimentos em um ano. Esse é o balanço repassado ao Preto no Branco pela Secretaria Municipal de Assistência Social de Cascavel referente aos casos de abusos na cidade. 

A cada três dias, pelo menos duas crianças são atendidas em um dos CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) espalhados pelos bairros de Cascavel.

E o número pode ser ainda maior levando-se em conta que muitas das vítimas dos vários tipos de abusos não denunciam seu agressor ou, se denunciam a algum familiar, por exemplo, nada é feito.

Conforme o levantamento, dos 335 casos de abusos registrados no ano passado, mais de 49,5% são de negligência ou abandono (166 atendimentos).

Na sequência vem a violência intrafamiliar (física ou psicológica) com 97 atendimentos, ou seja, quase 30% do total.

Na terceira colocação, porém não menos importante estão os registros de atendimentos relacionados ao abuso sexual, com 72 casos em 2019.O único tipo de abuso atendido em que houve só um registro é exploração sexual.

No comparativo com 2018, os números gerais caíram: de 337 para 335.  Só houve aumento nos casos de negligência ou abandono, crescimento de mais de 15%. Em 2018 foram 141 atendimentos contra 166 no ano passado.

De acordo com o secretário de Assistência Social, Hudson Moreschi, toda suspeita detectada pela rede de atendimento é investigada. “São profissionais interligados. Por exemplo: se alguma professora ou agente comunitária de saúde verificar algo suspeito relacionada a violência contra a criança, já aciona os demais profissionais para detectar se procede ou não o mais rápido possível para, caso confirmado, as providências necessárias sejam tomadas”.

Questionado em relação aos inúmeros casos em que a criança denuncia o agressor ao responsável e o mesmo pensa ser uma mentira, por exemplo, o secretário salienta que é preciso se manter na denúncia. “Se aquelas pessoas que teriam que dar o suporte necessário ao menor não o fazem, ela pode procurar outras pessoas, a professora, uma vizinha amiga, ou ela mesma ligar para denunciar”.

Sobre a possível omissão, muitas vezes cometida pela mãe que possui um novo companheiro, por exemplo, Hudson fala que a dependência é ponto crucial. “Muitas vezes não é só a dependência emocional, mas também a financeira. O gerador de renda é o agressor e ela tem receio de passar algum tipo de necessidade caso ele seja preso”.

Denúncias

Conforme o secretário, qualquer pessoa pode denunciar casos de violência contra criança de forma anônima. “Temos o Disque 100,que é um número nacional em que a pessoa não se expõe, é totalmente sigiloso e tudo é investigado”. Além disso, os denunciantes podem ir até o Nucria ou ao Conselho Tutelar mais próximo.

Secretário Hudson destaca que todas as denúncias são investigadas pela rede de apoio. Foto: Secom Cascavel

 

Mulher usa o Facebook para denunciar abandono e abuso sexual 

No início desta semana uma internauta utilizou-se do Facebook, através do grupo Elogios e Reclamações, para denunciar mais um caso de abuso sofrido por uma criança de apenas 6 anos. 

Na postagem, ela relata que soube por uma amiga, vizinha da criança, que o pai da menina deixa a menor completamente abandonada. No relato ela cita que a menina perdeu a mãe há pouco mais de um ano, vitima de alcoolismo e que o pai, alcoólatra também, estaria deixando a menina sozinha, sem comida, sem a devida higiene e que, o genitor estaria abusando sexualmente da criança.

A mulher cita que ao saber da situação foi até a casa, encontrou a menina e, quando estava conversando com ela o pai chegou embriagado, brigou com a menor, e entrou. Ela teria questionado a menina para que ela entrasse, mas a mesma disse que ia esperar ele dormir para não ser agredida.

Ainda pelo Facebook ela comentou que ligou para a Polícia Militar relatando o caso e que foi orientada a acionar o Conselho Tutelar. No Conselho Tutelar eles disseram à ela que já sabiam do caso e que estavam investigando.

Mas, depois da postagem e da repercussão que a história ganhou, o Conselho Tutelar Sul, que é o responsável pela área em que a menina mora, foi até a casa dela e a retirou do pai, que será ouvido. O caso foi encaminhado também ao Nucria (Núcleo de Proteção a Criança e ao Adolescente).

Questionado em relação a esse caso específico, o secretário de assistência social, Hudson Moreschi disse que a secretaria não pode intervir no atendimento do Conselho Tutelar. “Assim como a Polícia, o Conselho Tutelar tem total autonomia; a secretaria é ligada somente de forma administrativa, oferecendo condições de trabalho aos conselheiros”. Hudson comentou que, assim como os profissionais da Secretaria, os conselheiros não podem agir no impulso. “Todas as denúncias são apuradas, de forma cuidadosa, para evitar qualquer tipo de exposição”.

Segundo ele, o cuidado é necessário porque a denúncia pode ser ou não verdadeira. “Até que se prove o contrário, a pessoa é inocente. Precisamos ter muito cuidado com as informações que chegam. Pode ser que a vitima seja realmente agredida ou mesmo que algum vizinho denuncie porque o suposto agressor esteja, de outra forma, o incomodando”.

No caso específico, Hudson contou que soube que a criança foi acolhida e o pai será investigado.

Fonte: Fonte não encontrada

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