O maior e mais importante rio do Paraná, o Iguaçu, faz um trajeto de 1,3 mil quilômetros, desde sua nascente, no limite entre os municípios de Curitiba e São José dos Pinhais, até Foz do Iguaçu, onde deságua nas Cataratas do Iguaçu.
PRINCIPAIS NOTÍCIAS PELO WHATS: ENTRE NA COMUNIDADE. TAMBÉM ESTAMOS NO TELEGRAM: ENTRE AQUI. SIGA-NOS NO GOOGLE NEWS.
Para chegar até lá percorre, de lesta a oeste do Paraná, 109 municípios. Mais do que uma fonte de água, o rio é uma fonte de luz.
A partir dos anos de 1970, durante o governo militar, com a necessidade da geração de energia elétrica e a expansão do modelo hidrelétrico, o leito foi observado como um potencial gerador com usinas hidrelétricas em série. De lá para cá já seis delas.
A primeira foi a Usinas Hidrelétricas de Salto Osório, com potência de 1.078 MW, inaugurada em 1975. Seu reservatório atinge os municípios de Quedas do Iguaçu e Rio Bonito do Iguaçu na margem direita e quatro municípios na margem esquerda; São Jorge d’Oeste, São João, Sulina e Saudade do Iguaçu.
A Usina Hidrelétrica do Baixo Iguaçu foi o último aproveitamento energético do Rio Iguaçu em três unidades geradoras de energia produzindo 350,2 megawatts (MW) de potência instalada. Inaugurada em 2019, seu reservatório passa pelos municípios de Capanema (onde estão as usinas geradoras), Capitão Leônidas Marques, Planalto, Realeza e Nova Prata do Iguaçu.
As seis hidrelétricas geram nove mil MW de energia ao longo da bacia e, em meio a uma série de polêmicas sobre os impactos ambientais, áreas alagadas e compensações financeiras aos cofres públicos municipais, elas são essenciais para abastecimento energético ao Paraná e estados vizinhos já que a geração de todas elas abastece até 15 milhões de pessoas em quase cinco milhões de unidades consumidoras.
As usinas do Iguaçu
Além de Salto Osório e Baixo Iguaçu, há ainda as usinas de Salto Santiago, com potência de 1.420 MW inaugurada em 1980 com seu reservatório passando pelos municípios de Rio Bonito do Iguaçu, Porto Barreiro, Virmond, Candói e Foz do Jordão (região centro-oeste) essas todas na margem direita, e três na margem esquerda; Saudade do Iguaçu, Chopinzinho e Mangueirinha (região sudoeste).
Na sequência está a unidade de Foz do Areia, rebatizada depois com o nome do ex-governador Bento Munhoz da Rocha Neto com potência de 1.676 MW. Ela foi inaugurada em 1979 e seu reservatório atinge os municípios de Pinhão, sede da usina, Cruz Machado, Bituruna, Porto Vitória e União da Vitória.
A Usina Salto Segredo entrou em operação no ano de 1992 e foi a primeira usina de grande porte nacional a contar com um estudo de impacto ambiental antes de sua edificação. A casa de força dela fica na margem esquerda, no município de Mangueirinha, com seu reservatório passando ainda por Bituruna, Coronel Domingos Soares, Pinhão e Reserva do Iguaçu.
Em Salto Caxias foi inaugurada outra grande hidrelétrica em 1999, com capacidade instalada de 1240 MW, que recebe o nome do ex-governador José Richa. Seu reservatório passa por Capitão Leônidas Marques e Nova Prata do Iguaçu.
A Usina do Baixo Iguaçu
Em 2013 iniciaram as obras da Usina de Baixo Iguaçu, para produção a fio d’água e sem precisar do represamento do rio, com potência instalada para a produção de até 350 MW.
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) elencaram na época mil famílias atingidas diretamente pela barregam em Capanema, Capitão Realeza e Nova Prata do Iguaçu. Inicialmente 350 foram contempladas para remoção de suas áreas. Neste momento, avalia o próprio Movimento, ainda há algumas delas tentando reparar seus danos por meio judicial, mas a maioria já foi indenizada.
O ato de inauguração ocorreu em Capanema, no Sudoeste do Estado, em 23 de março de 2019, há quatro anos. A estrutura foi construída por um consórcio formado pela Copel e a Neonergia, recebendo um investimento de R$ 2,3 bilhões.
Segundo o prefeito de Capanema, Américo Bellé, os impactos da obra foram basicamente sanados, porém, os municípios se organizam para pedir uma revisão dos valores pagos na compensação financeira pela utilização de recursos hídricos, uma espécie de royalties aos atingidos pela barragem. “Esperávamos muito mais, mas tem vindo pouco. Há meses em que chegam R$ 40 mil, R$ 60 mil, é pouco pelas áreas atingidas e o que produzíamos nelas, por isso vamos nos organizar para pedir uma revisão dos valores”, destacou ao reforçar que isso deverá ocorrer até o mês de junho.
Essa organização envolveria, segundo o prefeito de Capanema, representantes dos demais municípios afetados pelo reservatório.
As compensações em números
Segundo registro da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), em dezembro de 2022 o município de Capanema recebeu R$ 115 mil em compensação financeira, Capitão recebeu R$ 87 mil, Realeza R$ 116 mil e Nova Prata do Iguaçu R$ 5 mil, considerando apenas a Usina do Baixo Iguaçu, POIS parte desses municípios também recebe compensação por outras usinas instaladas. Esse, porém, não é o caso de Capanema.
Durante o ano passado inteiro Capanema recebeu R$ 985,4 mil em compensações financeiras, sendo o mês com maior recebimento o de junho com R$ 135 mil e o pior em abril com R$ 40 mil., “Esperávamos mais na média mensal e muitos munícipes até acreditam que seja mais, porém, pouco se faz com esses valores”, reforçou Bellé.
Já Capitão Leônidas Marques Recebeu durante o ano passado R$ 2,3 milhões em compensação financeira considerando as duas usinas, a do Baixo Iguaçu e a Usina de Governador José Richa. Ao se analisar apenas a Baixo Iguaçu, o município recebeu cerca de R$ 1,3 milhão em compensação.
Aposta no turismo
Além de buscar mais na compensação financeira, o município de Capanema, onde está a casa de máquinas da Usina do Baixo Iguaçu, espera a abertura da estrutura para visitação, incrementando assim o turismo local.
“O turismo seria bastante favorecido e isso seria extremamente positivo para o município. Já temos uma importante rota do melado, de produtos vindos da cana de açúcar, dos produtos orgânicos, do turismo de natureza, mas queremos ampliar nosso leque com visitações à usina, avaliamos que seria muito importante para todos nós”, avaliou.
Capanema fica no limite entre as regiões oeste e sudoeste do Paraná, tem quase 70 mil habitantes e é referência nacional na produção orgânica, no turismo natural e de aventura.