Categoria: Cultura

  • Os colonos religiosos contra o Estado-jagunço

    Os colonos religiosos contra o Estado-jagunço

    A colonizadora Maripá, que iniciou Toledo, deu origem a diversos braços empresariais. Um deles foi a Companhia Pinho e Terras, que também tinha como acionista o empresário Rui de Castro. Em 1953, Castro e sua empresa adquirem da Companhia Brasileira de Viação e Comércio (Braviaco) o direito de comercializar 25.310 alqueires da Gleba Piquiri, no Município de Guaíra. 

    Nessas terras, assinaladas em cinco escrituras públicas documentadas no ofício de registros de Imóveis da Comarca de Toledo, garantia oferecida aos compradores de terras, irá brotar no futuro a cidade de Palotina. Oficialmente fundada em 6 de janeiro de 1954, data da primeira missa, nasceria com Palotina também uma grave questão agrária.

    Não se compreende a gravidade da questão sem historiar a origem da Gleba Piquiri (https://x.gd/P6Rpb) e sua transferência à colonizadora Pinho e Terras, esta sob controle acionário de Alfredo Paschoal Ruaro, primeiro dirigente da Maripá no Oeste, Alberto e Luiz Alberto Dalcanalle.A Pinho e Terras surgiu em 1946, em Céu Azul, integrada ao projeto da Rota Oeste, com finalidades similares a outras empresas do gênero: comércio de terras, extração, exportação e beneficiamento de madeiras.

    O interesse em formar uma cidade na Gleba Piquiri veio dos padres do apostolado de São Vicente Palotti (https://x.gd/LRuPu), sediados em Santa Maria (RS). Consultado a respeito, o prelado de Laranjeiras do Sul, d. Manoel Koenner, concordou com a vinda de colonos, atraídos pelo padre e corretor Hermogênio Borin (1921–2010). 

    O milagre das vendas rápidas

    Borin imprimiu milhares de folhetos prometendo o paraíso a quem comprasse as terras de Palotina – a e o padre Borin ofereciam as melhores do mundo, com exceção da Ucrânia. 

    A colonizadora indicava como garantia da legalidade das terras estarem registradas em Foz do Iguaçu. No entanto, omitia (ou ignorava) que eram alvo de disputa judicial entre a União e o Estado.  

    “A caravana pioneira que vem para iniciar Palotina sai de Concórdia (SC) formada por uma camioneta, um automóvel e um caminhão Chevrolet Tigre. A iniciativa é do ousado farmacêutico Abud Dequech que, dentre outras proezas, já havia fundado a cidade paranaense de Assaí e a catarinense Ipumirim” (Alceu A. Sperança, 150 Anos de Governança Paranaense). 

    Oito meses depois de iniciada, segundo o jornal Correio Riograndense (n° 34, 1º/9/1954), a atração de colonos registrou a venda de mais de 1.500 colônias, além de chácaras e lotes urbanos.

    Os colonos, muito religiosos, confiavam muito nos padres. Chegaram ao Oeste do Paraná vindos de minifúndios localizados nos arredores da Serra de São Martinho (RS), estendendo-se pelos municípios de Santa Maria, Cachoeira do Sul e Júlio de Castilhos, além de toda a encosta do Alto Uruguai, segundo o padre Rafael Pivetta (História de Palotina).

    Sem ser alertados que as terras estavam sob questionamento, até porque a Pinho e Terras tinha autorização do governo federal para iniciar a colonização, eles compraram e amaram a terra, fundando a cidade de Palotina.

    A revelação preocupante 

    A comunidade palotinense seguiu em franca prosperidade até que em 1958 a preocupante informação circulou pelas colônias: logo após a revolução de 1930, o interventor do Paraná, Manoel Ribas, por meio do famoso decreto 300, tomou as terras da Braviaco.

    A Braviaco fez pouco do decreto estadual e continuou a negociar as terras sob seu controle desde antes da revolução. Ironicamente, o gaúcho Ribas nasceu na região de onde os colonos de Palotina viriam, duas décadas depois. 

    Por conta da história antiga, o governo do Paraná “resolveu – sem respeitar a legítima propriedade de Ruy de Castro e de centenas de famílias de agricultores de Palotina –, expedir títulos de domínio pleno sobre as terras de Palotina, em favor de terceiros” (Wilson Carlos Kuhn, advogado defensor dos colonos).

    Kuhn, que no futuro (1973) seria prefeito de Toledo e importante líder ruralista em Cascavel e região, chamou os beneficiados pela iniciativa do governo estadual de “agricultores do asfalto”. 

    População prisioneira

    Segundo Kuhn, a manobra usada para tomar as terras dos colonos foi denominar parte do imóvel Piquiri em duas partes, denominadas “Colônia Rio Azul” (na verdade, o rio deveria ser escrito como “Açu”) e Colônia Piquerobi”. Mesmo assim, os supostos donos da “titulação imoral”, como a qualificou o advogado Kuhn, nunca tomaram posse efetiva de qualquer parte da área.

    A tentativa de tomar posse esbarrou na resistência dos colonos, em 4 de julho de 1958. Dois esquadrões de policiais enviados pelo governador Moysés Lupion sitiaram Palotina: ninguém podia entrar nem sair da cidade durante o cerco. 

    “Do conflito resultaram pelo menos dois mortos, e vários outros posseiros estão feridos. […] A escolta policial do Paraná era comandada pelo major Aroldo Cruz, delegado regional de polícia em Cascavel e obedecia a instruções do Departamento de Terras do Estado” (jornal Última Hora, Rio de Janeiro, 9/7/1958). 

    Na noite do dia 5, os policiais promoveram arruaças pela cidade amedrontada. “Gritavam riam, davam tiros a esmo, pareciam bêbados”, contou Severino Gênero. Furando o cerco, o colonizador Hélio Bordin partiu por um picadão antigo rumo a Foz do Iguaçu, onde conseguiu com o Exército o envio de um pelotão para socorrer e tranquilizar a população. 

    A tutela militar

    Foi o inverno mais tenso da região. Os colonos revoltados ainda tinham frescas na memória as notícias sobre as barbaridades cometidas contra os colonos em Porecatu e as violências praticadas pelos jagunços no Sudoeste, que resultaram na rebelião de outubro de 1957.

    Era o próprio Estado que assumia o papel de jagunço a serviço dos interesses dos grileiros, enfrentando a Justiça Federal e usando sua polícia como milícia privada, a tal ponto que a União se obrigou a enviar o Exército para desmontar o cerco sobre Palotina.

    Em episódio raríssimo na República, o Exército manteve a proteção dos colonos palotinenses contra o Estado-Jagunço ao longo de três anos. Nesse ínterim, uma assembleia popular foi convocada para o Cine Real em 29 de setembro de 1958, para a aproveitar a presença do governador Moysés Lupion,.

    Posto contra a parede pelo prefeito Celino de Araujo, de Guaíra, Lupion ouviu do padre Rafael que o povo local não estava contra os poderes constituídos, aos quais pedia apoio para sua justa reivindicação. 

    Governo insistiu até o fim

    Lupion prometeu que o colono de boa-fé não seria prejudicado e os contratos feitos seriam respeitados. Longe da pressão, empurrou o ao Supremo Tribunal Federal caso sem favor aos colonos palotinenses. A decisão do STF saiu em 21 de novembro: contrariando o governo do Paraná, dava ganho de causa aos colonos por unanimidade.

    Imediatamente o Estado apelou e questão se arrastou pelos anos. “Tal estado de coisas paralisou o estímulo ao comércio e indústria toda produção”, escreveu padre Pedro Reginato. “A Sadia estivera com projetos de se estabelecer na cidade, mas desistiu ante a insegurança”. 

    “O que assustava um pouco a gente era a presença de jagunços, que estava principalmente perto do Rio Piquiri e na linha entre Palotina e Terra Roxa”, contou Severino Gênero, que chegou à região em março de 1955. “Quando eu tive que ir a Guaíra para obter uns documentos, topei com uma turma de jagunços armados de mosquetão e metralhadora”.   

    Regularização foi de 1972 a 1976

    Muitos se desfizeram do que tinham e migraram para o Acre, Mato Grosso, Rondônia e Goiás, regiões em que não ficariam dependendo de uma sentença judicial que sempre lhes dava ganho de causa, mas nunca era aplicada. 

    Com a criação do Município e a eleição do governador Ney Braga em 1960, a regularização final mais uma vez foi prometida. “Os colonos tiveram que pagar mais 20 mil cruzeiros cada lote e não viram escritura nenhuma”, reclamou Severino Gênero. 

    Após o golpe de 1º de abril de 1964 também se esperou solução, mas nada houve nem depois que o governo civil-militar sofreu um golpe interno e se tornou ditadura com a edição do AI-5, em 1968. 

    Nada mudava, a não ser o STF continuar dando ganho de causa aos colonos: ao derrotar agravo interposto pelo Estado, em 23 de agosto de 1972, permitiu o início dos processos de desapropriação e escrituração por parte do Incra, que se estenderam até o final do imbróglio, em 1976.

    100 anos da revolução: Cascavel não existia 

    O presidente Artur Bernardes assumiu em 1922 já em meio às agitações tenentistas. Os movimentos de 1922 (São Paulo) e 1923 (Rio Grande do Sul) desaguariam, nesses dois Estados, em uma nova revolução brasileira.

    Cascavel não existia nessa época. Desde setembro de 1922, só havia uma propriedade rural com apenas cinco choupanas às margens do Rio Cascavel, onde o pioneiro Antônio José Elias, o cunhado Ernesto Schiels e família prestavam serviços à companhia ervateira Barthe.

    No fim de fevereiro de 1924, Caetano Munhoz da Rocha iniciava novo mandato no governo do Paraná, reafirmando a supremacia política estadual da oligarquia Camargo-Munhoz.

    Era essa a situação no Oeste quando a revolução irrompe, em 5 de junho de 1924, em São Paulo. Ainda confusa, embrionária e desorganizada, não tinha um ideário claro. Só propostas pontuais que não questionavam de fato o sistema de poder.

    Retratava a classe média brasileira em seu estágio na época, que sofria, mas confiava nas instituições e nos líderes, enquanto o povo pobre e oprimido se socorria em crenças de verniz religioso, como a santidade de monges e curandeiros.

    Revolucionários em São Paulo preparam canhão para disparar

     

     

    Fonte: Alceu Sperança

  • Exposição “No Obscuro” Ilumina o Museu de Arte de Cascavel

    Exposição “No Obscuro” Ilumina o Museu de Arte de Cascavel

    A Secretaria Municipal de Cultura de Cascavel apresenta, por meio do Museu de Arte de Cascavel – MAC, a exposição “No Obscuro”, da artista visual Susana Goienetxe, com curadoria de Edilson Viriato. A abertura será neste domingo (9), às 10h, no MAC Sefrin Filho, no primeiro andar do Teatro Municipal e a mostra ficará disponível ao público até o dia 30 de junho de 2024.

    A exposição “No Obscuro” convida o visitante a uma imersão profunda nos estados mentais e emocionais humanos, traduzidos em desenhos sobre papel de variadas especificações e formatos. As obras, que utilizam fundos negros, pardos e brancos, são marcadas por manchas e recortes que servem como base para desenhos figurativos, abstratos, surreais e escritos.

    Goienetxe explora o sombrio, assustador, enigmático e vago, criando um universo onde a obscuridade é mais do que mera ausência de luz, mas sim um reflexo das complexidades internas da mente humana.

    A exposição “No Obscuro” faz parte do Programa de Exposições 2024 do Museu de Arte de Cascavel, que promete enriquecer os espaços públicos da cidade com mais de 30 mostras ao longo do ano, um feito inédito no interior do Paraná. O MAC Sefrin Filho está localizado na Rua Rio de Janeiro, 905 – Centro – Cascavel-PR, e funciona de segunda a sexta-feira, das 08h às 17h, e aos sábados e domingos, das 08h às 13h.

    Quem é Susana Goienetxe

    Nascida na Argentina e radicada em Curitiba desde 2000, Susana Goienetxe é arquiteta e urbanista de formação, com uma longa trajetória nas artes plásticas iniciada em 2003. Suas obras, reconhecidas tanto no Brasil quanto no exterior, são parte integrante de importantes salões de arte e exposições. Integrante do Centro de Arte Contemporânea Edilson Viriato (CACEV) desde 2016, Goienetxe se define como pintora e desenhista, expressando sua arte através de séries que exploram uma variedade de temáticas e estilos dentro da linguagem contemporânea.

    O curador, Edilson Viriato, também residente em Curitiba, é um nome destacado no cenário artístico local, nacional e internacional. Sua carreira multifacetada inclui pintura, escultura, desenho, fotografia, performance e gravura, além de seu papel como curador e orientador de artistas. Diretor do Centro de Arte Contemporânea que leva seu nome, Viriato é reconhecido por sua participação em bienais internacionais e por sua atuação como jurado em prestigiados salões de arte. Suas obras estão presentes em acervos particulares e institucionais de grande renome.

    Não perca a oportunidade de vivenciar esta experiência única que promete revelar as profundezas da mente e do coração humano utilizando a arte. A entrada é gratuita e a exposição é aberta ao público de todas as idades.

     

    Fonte: Assessoria

  • O alemão que mostrou o PR aos paranaenses

    O alemão que mostrou o PR aos paranaenses

    A multiplicação dos empreendimentos de colonização, marcados pela abertura de estradas com amplas derrubadas e queimadas, levou o engenheiro alemão Reinhard Maack, então já um conhecedor profundo da terra paranaense, fazer em 1953 um alerta sobre as consequências do intenso desmatamento no interior do Estado, como as modificações no ciclo hídrico e a erosão do solo.

    Não é inteiramente exato que o cientista alemão Reinhard Maack tenha advertido os paranaenses só em 1953 que os processos descontrolados de colonização do interior, com desmatamentos que se irradiavam das estradas abertas na mata rumo ao Oeste, iriam causar graves problemas ambientais no futuro.

    Nessa época, em que ainda não se falava em ecologia nem a preservação ambiental era considerada imprescindível para a sobrevivência da humanidade, ele denunciava os problemas ambientais como presentes, pois suas advertências vinham já desde os anos 1930, quando começava a formação de Cascavel e abrir matas e derrubar árvores era motivo de orgulho – o desbravamento.   

    Nascido em 2 de outubro de 1892 na cidade de Herford, fundada por Carlos Magno no Nordeste da Alemanha, mal saído da adolescência já estava na Namíbia (África), então uma colônia alemã, trabalhando em pesquisas para o estabelecimento de fazendas agrícolas. 

    No início da I Guerra Mundial foi preso pelos britânicos, mas conseguiu fugir. Ao escalar a montanha Brandberg, a mais alta da Namíbia, começou sua projeção nos meios científicos: em 1918 descobriu um grupo de pinturas rupestres que viria a ser conhecido como “The White Lady” (A Dama Branca). 

    A gruta em que estão foi denominada “Abrigo Maack”. Depois de estudar a geologia no Sul da África, o pesquisador veio ao Brasil a serviço de uma empresa mineradora, instalando-se em Curitiba. 

    Laurásia e Gondwana

    À medida que avaliava as rochas em suas pesquisas no interior do Paraná, Maack mais fortalecia sua confiança na veracidade da Teoria da Deriva Continental, formulada pelo meteorologista Alfred Wegener em 1912. 

    De acordo com a teoria, os continentes terrestres formavam Pangeia, há mais de 200 milhões de anos. Banhada pelo oceano Pantalassa, ao se fragmentar ela deu origem aos continentes Laurásia e Gondwana, cujo movimento, por sua vez, resultou nos atuais continentes.

    Maack ficou mais satisfeito que surpreso ao constatar uma interessante semelhança geológica entre o Brasil que se desvendava aos seus olhos pregados na terra e as anotações que trazia do Kaokoveld, na costa Norte da Namíbia.

    A observação reforçou a defesa que fez da teoria de Wegener, sustentada na Universidade de Bonn e premiada pela ONU. 

    Em 1926 foi contratado para mapear a zona diamantífera do Rio Tibagi, promovendo sua primeira expedição à área. A Revolução Paulista havia terminado em abril de 1925, mas só para o governo, pois forças rebeldes continuavam em ação no remoto interior.

    Foi assim que Maack teve seu equipamento saqueado, ao sofrer abordagem de salteadores liderados pelo caudilho gaúcho Leonel da Rocha, tio-avô do futuro presidente Costa e Silva e inspiração para o nome do líder gaúcho Leonel Brizola.

    Salvo por um amigo

    O azarado Maack, ao viajar de trem de Ponta Grossa a Porto União, voltou a cair nas mãos dos revolucionários.

    “Nessa ocasião a condição de Maack só foi aliviada devido à intervenção feita por um dos homens de Leonel da Rocha, um austríaco, um ex-combatente da Primeira Guerra Mundial que tinha feito amizade com Maack. Entre outros fatos, devido a esse auxílio, Maack foi libertado na localidade de Três Barras, no Estado de Santa Catarina” (Alfeo Seibert Filho, https://x.gd/J61NW).

    Maack regressou à Alemanha em 1928 para estudar Geologia e Geografia pela Universidade Humboldt de Berlim. Optou por interromper os estudos em 1930, após assinar um contrato para exploração mineral no Brasil. 

    De volta ao Brasil, a expedição iniciada em 1933 praticamente redefiniu o Paraná. Além de corrigir imprecisões cartográficas, aproveitou o espaço cedido pelo governo do Estado na montagem de uma estação meteorológica em Faxinal (hoje, Cruzmaltina), que lhe permitiu monitorar o tempo para as incursões necessárias ao interior em busca de informações.

    Maack chegou ao remoto extremo-Oeste paranaense mais de passagem que focando alguma pesquisa em especial. No início dos anos 1930 Cascavel era apenas uma vila com meia dúzia de casas e estradas ruins. O melhor caminho era o fluvial. 

    Admirado com os Xetás

    Maack desceu pelo Rio Ivaí até o Rio Paraná em um raro barco desmontável, acompanhado por mais duas canoas. Passando por Guaíra e Porto Mendes, chegou a Foz do Iguaçu e resolveu se embrenhar pela mata oestina seguindo para o interior da Fazenda Britânia, mais de uma década antes da formação de Toledo.   

    O cientista alemão é referido como um dos primeiros pesquisadores a travar contato com os índios Xetás, que habitavam o baixo curso da bacia do Rio Ivaí e não apreciavam contatos com os colonizadores, que rasgavam a floresta sem piedade. Foram, por isso mesmo, a última etnia indígena do Paraná a aceitar a civilização, desistindo de se manter como tribo.

    Maack os encontrou ainda resistentes e ficou admirado com a quantidade de animais que existia na região. Convivendo até então só com os índios, a admiração do cientista surgiu de observar que “os animais eram mansos e permitiam que ele e os homens da sua expedição chegassem a pouca distância para fotografá-los e filmá-los” (Lúcio Tadeu Mota, https://x.gd/o1Nl6).

    Segundo Maack, a região dos índios Xetás apresentava uma topografia de colinas suaves e planícies nas proximidades dos rios, destacando-se a Serra dos Dourados, marcando o divisor das águas dos Rios Ivaí, Piquiri e Paraná, o que levou Maack a recomendar que não a denominasse de “serra” e sim de “chapada”.

    Animais salvaram os homens

    Para os índios, antes do grande dilúvio a terra era plana, sem morros ou montanhas. Tudo foi destruído e só sobreviveu um casal abrigado no alto de uma palmeira. Se morressem, a humanidade acabaria. 

    “Lá do alto passaram a gritar por ajuda quando apareceram as saracuras (aramides saracura) e outros pássaros que foram trazendo terra, pisando, e aterrando onde eles estavam, formando assim a topografia de colinas suaves da região” (narrativa feita ao professor Aryon D. Rodrigues).

    Maack retornou aos estudos na Alemanha em 1936, concluídos no ano seguinte, quando foi instaurado no Brasil o Estado Novo, baseado no nacionalismo xenófobo, trazendo grandes dissabores aos imigrantes e seus filhos.

    Após a eclosão da II Guerra Mundial, em 1939, principalmente depois que o Brasil aderiu aos Aliados, todo alemão, italiano ou japonês era suspeito de espionagem a serviço dos nazistas e Maack passou a ser espionado pela polícia política da ditadura até ser preso, em janeiro de 1942. 

    A essa altura, Maack já havia acumulado um grande cabedal de serviços prestados ao conhecimento do Paraná. Se não fosse por tudo que realizou, o sábio alemão entraria na história no mínimo por ter sido o conquistador do Pico Paraná, ponto culminante do Brasil Meridional. 

    É uma formação rochosa de granito e gnaisse em Antonina, montanha que pertence ao conjunto Ibitiraquire, que em Tupi significa “Serra Verde”. 

    Reabilitação consagradora 

    Reabilitado pela força de seu rol acadêmico, em 1943 Maack foi contratado como geólogo do Museu Paranaense e do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Paraná. Atua junto ao Departamento de Geologia e Paleontologia da Universidade Federal do Paraná e assume a direção do Serviço de Geologia e Petrografia do Instituto Biológico do Estado.

    Em 1946 Maack obteve o doutorado pela Universidade de Bonn e com o fim dos melindres da II Guerra foi agraciado em 1949 com o título de cidadão brasileiro, pois além de ser proprietário de terras no país tinha uma filha brasileira.

    De sua convivência com os índios, a observação da fauna, da flora e das qualidades da terra em geral, Maack é considerado um precursor dos ecologistas – não os panfletários políticos, mas os cientistas que estudam o meio ambiente.  

    Maack morreu em Curitiba, em 26 de agosto de 1969. Seus conselhos ambientais não foram atendidos, mas sua memória é amplamente reverenciada. Na Alemanha, possui uma exposição permanente sobre sua vida e obra, no museu municipal de Herford, a cidade natal. 

    Em Curitiba, o Bosque Reinhard Maack e a Rua Reinhard Maack são uma homenagem ao geólogo. Em 2011, os alpinistas Andrey Romaniuk e Alessandro Haiduke batizaram um pico adjacente ao Pico Agudo, localizado em Sapopema, de Agulha Reinhard Maack.

    100 anos da revolução: praga do café foi esquecida 

    No fim de maio de 1924, notícias conflitantes sobre uma praga do café – a broca – assolaram a agricultura. Como nas atuais bolhas ideológicas, alguns acusavam e outros negavam. Os produtores negavam e ameaçavam reagir com violência a qualquer medida restritiva à exportação. 

    “Negavam a ocorrência de epidemias em seus domínios, ou encobriam os casos a fim de escapar às medidas de polícia sanitária. O comércio era especialmente sensível quando determinado local era apontado como sítio epidêmico, pelo receio de prejuízos em seus negócios” (Rodolpho Telarolli Jr., Imprensa e Saúde Pública no Estado de São Paulo no século XIX).

    Para os contrários, a praga era real e poderia levar a cafeicultura à ruína por culpa do governo. Sendo o Paraná já um grande produtor da rubiácea, era uma discussão preocupante. 

    Em junho, os boatos sobre rebeliões militares se confirmaram: a cidade de São Paulo foi tomada no dia 5 e como que por encanto as bolhas do café sossegaram. Começava a intensa guerra armada e a broca-do-café só voltará à cena depois do conflito.   

    Tanque acionado na revolução e a broca-do-café, esquecida durante dez meses

     

    Fonte: Alceu Sperança

  • “A Volta ao Mundo do Rock” chega em Mercedes

    “A Volta ao Mundo do Rock” chega em Mercedes

    O Governo do Estado do Paraná, a CLARO e a Orquestra Sinfônica de Cascavel apresentam “A Volta ao Mundo do Rock”, que chega em Mercedes neste domingo (02) com música, dança e teatro, nesta segunda edição da turnê.

    Com Beatles, Queen, Elvis, Sepultura, dentre outros ícones da música nacional e internacional, o concerto proporciona o acesso ao entretenimento e à cultura. “Estamos muito felizes em poder levar este projeto para novas cidades. Para isso convidamos a todos para prestigiar a apresentação, de forma gratuita” comenta Giordana Lube, maestrina. O evento conta também com a participação de artistas locais, de cadamunicípio visitado, sendo mais uma forma de valorizar o desenvolvimento da cultura regional.

    A abertura da turnê “A volta do mundo do Rock” foi realizada em Corbélia, com casa cheia, dia 26 de maio, e segue com agenda em Missal (09) e Maripá (16). 

    O projeto vai levar ao público a formação e o funcionamento de uma Orquestra, interagindo com grupos e artistas convidados de cada cidade. Para isso, antes de cada apresentação principal, ocorrerá o chamado “concerto didático”, em que os músicos explicam aos interessados a formação de uma orquestra e as particularidades de cada instrumento, estimulando o acesso à música. “Será um espaço aberto e ainda maispróximo do público para trocas sobre este universo”, finaliza Lube.

    Este é um Projeto aprovado pelo Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura (PROFICE) da Secretaria de Estado da Comunicação Social e da Cultura do Governo do Estado do Paraná, com patrocínio da CLARO e a realização de Instituto Cultural de Cascavel. Atualmente a Orquestra Sinfônica de Cascavel conta com 50 músicos e 04 técnicos, todos voluntários, e os ensaios são realizados em espaço cedidopela Unioeste, em Cascavel.

    Histórico

    A primeira edição “A volta do Mundo do Rock” foi realizada em 2017, em Cascavel, com 250 artistas locais a atingiu cerca de 25 mil pessoas. A Orquestra Sinfônica de Cascavel tem a missão ampliar o acesso da população à música de qualidade, e já realizou edições ligadas ao cinema (2016), ao mundo animado (2018), ao pop (2019), além de estar presente em datas comemorativas, como Natal e aniversário dos municípios.

    Fonte: Assessoria

  • Banco, estradas particulares e uma ideia frustrada

    Banco, estradas particulares e uma ideia frustrada

    A terra roxa do Norte do Município de Cascavel, que em 1953 abrangia os atuais municípios de Cafelândia, Nova Aurora e Corbélia, já apresentava uma excelente produção de café, resultante da atração de imigrantes desde o período da II Guerra Mundial (1939–1945), motivando um elevado movimento financeiro que depois as geadas viriam abalar. 

    Foi devido ao café e não somente à madeira que Djalma Al-Chueyr (1904–1975) criou o Banco Agrícola Vale do Rio Piquiri (Banquiri), dirigido em Cascavel por Alceu Barroso e Alceu Barroso Filho, tendo por acionistas os principais madeireiros, agropecuaristas e comerciantes da região.Nascido em São Paulo em 31 de julho de 1904, Djalma Rocha Al-Chueyr foi aos três anos de idade trazido ao Paraná pelos pais Jorge e Ernestina e sua presença neste Estado o levaria a desempenhar um papel importante na Revolução de 1930. 

    Sem passar pelo Paraná, onde poderiam ser presos, seria impossível a Getúlio Vargas e seus companheiros gaúchos chegar ao Rio de Janeiro para depor o presidente Washington Luís.

    Na época ele ganhou prestígio por ter sido o oficial de ligação entre os chefes nacionais da Revolução de 1930, de março a outubro desse ano, mas depois da reviravolta de 1964 o nome dele foi varrido pelos novos donos do poder, restando poucos rastros de sua presença na vida paranaense. 

    Conspiração e espionagem

    Em 1º de outubro de 1930, Al-Chueyr foi designado para garantir ao movimento o apoio do Sul do Paraná e Santa Catarina. Como subcomandante do Batalhão Siqueira Campos, formado por revolucionários da região do antigo Contestado, tinha à disposição 900 homens.

    Depois da revolução, foi chamado ao governo paulista, atuando no presídio político e nas delegacias de Ordem Política e Social (Dops), que espionavam a população para evitar futuras conspirações contra o governo. Sua atuação revolucionária foi premiada com a promoção a major, mas com as transformações políticas no país ele se deslocou para a oposição depois da redemocratização, em 1946.

    De volta ao Paraná, na vida civil, formou-se em Contabilidade e dedicou-se principalmente à agricultura. Presidiu a Fundação Paranaense de Colonização e na política, militou no Partido Democrático-Social (PSD), foi prefeito de Palmeira e Ribeiro Claro, além de dirigente no Paraná do PSP (Partido Social Progressista), fundado em São Paulo por Adhemar de Barros no período pós-Vargas.

    Em Cascavel, o PSP teve entre seus líderes Paulo Dodô Rodrigues Pompeu, Adelar Bertolucci, Algacyr Biazetto e Zacarias Silvério de Oliveira, sobrinho do fundador de Cascavel, Tio Jeca Silvério.

    Estradas particulares

    Após o golpe civil-militar de 1964, o PSP foi dissolvido por imposição da ditadura e os empreendimentos de Djalma Al-Chueyr se arruinaram. O Banquiri não conseguiu se manter por muito tempo. Foi extinto em 1967 por uma comissão liquidante chefiada por Itacyr Luchesa e Fábio Bertocco. 

    As instalações do Banquiri foram vendidas ao Banco Comercial e mais tarde adquiridas pelo Bamerindus, depois HSBC. A mesa do gerente Alceu Barroso, com o cofre do banco, foi dada de presente ao madeireiro Florencio Galafassi, importante acionista do banco.

    Se o Banquiri foi por algum tempo um promissor parceiro da comunidade cascavelense, com papel de destaque também em Corbélia, a madeireira e colonizadora Maripá sempre foi parceira de Toledo até os anos 1960. 

    Como era dona e mantenedora do território da antiga Fazenda Britânia, ao ser criado o Município de Toledo foi necessário transferir o controle das suas estradas ao poder público.

    A lei municipal 32, sancionada pelo prefeito Ernesto Dall’Oglio, determinava que por doação da empresa, passavam a ser de domínio público municipal a estrada de Toledo a Porto Britânia, passando por Xaxim, Nova Concórdia, Vila Margarida e Quilômetro Dez e a estrada de Quilômetro Dez a Toledo passando por Vila Nova, Novo Sarandi, Quatro Pontes e General Rondon.

    Três outras estradas também foram incorporadas ao Município, com percursos incluindo Dez de Maio, Dois Irmãos, Quatro Pontes, Xaxim, Nova Videira, Três Bocas, Vila Nova e Vila Maripá.

    Hidrelétrica nas Sete Quedas não vingou  

    A população de Guaíra começava nessa época a ouvir notícias sobre estudos de engenheiros de vários países, destacando-se Alemanha, União Soviética, Estados Unidos, Inglaterra e Japão, interessados em gerar energia elétrica com as Sete Quedas.

    Quem veio a ser chamado pelo governo brasileiro para criar um projeto concreto de aproveitamento hidrelétrico de Sete Quedas, porém, foi o engenheiro Marcondes Ferraz. 

    Por conta do interesse na hidreletricidade a região também atraiu a família Byington, com larga tradição no desenvolvimento do setor no país. A exploração hidrelétrica das Sete Quedas, na época, foi inviabilizada pela rejeição do governo paraguaio ao projeto. A proposta futuramente seria substituída por Itaipu, empreendimento binacional com o Paraguai. 

    O projeto de colonização da família Byington, entretanto, fez história: ocupando no Noroeste paranaense uma área com 136 mil hectares, deu origem a cinco municípios: Altônia, Nova Esperança, Pérola (nome da esposa de Alberto Byington), São Jorge do Patrocínio e Xambrê.

    Terras, telefonia e cinema  

    A Companhia Byington iniciou a colonização das terras adquiridas abrindo uma estrada ligando Xambrê a Guaíra, onde estabeleceu o Porto Byington e construiu uma balsa para a travessia do Rio Piquiri. 

    “A Companhia Byington é de origem norte-americana. Seus fundadores migraram para o Brasil e iniciaram as atividades no Estado de São Paulo, atuando no ramo de eletricidade. Antes de se estabelecerem no Estado de São Paulo, os Byington realizaram atividades na capital da Argentina, Buenos Aires e, em seguida, no Rio de Janeiro. Após o período no Rio de Janeiro, foram para Campinas, quando os empreendedores começam a realizar as primeiras atividades no fornecimento de energia, criando pequenas hidrelétricas” (Flávio Fabrini, Formação Socioespacial do Noroeste do Paraná e a Ação da Companhia Colonizadora Byington).

    Com essa iniciativa, ali tem início a formação da cidade de Altônia (nome formado pelas silabas “Al” de Alberto, “ton” de Byington e “ia” de Companhia). 

    Alberto Byington, já em 1912, participou da criação da Companhia Telefônica do Paraná, para explorar a concessão da telefonia no Estado. Seu filho, Alberto Byington Jr., foi o produtor do primeiro filme nacional sonoro inteiramente sincronizado: Coisas nossas (Wallace Downey, 1931). 

    Progresso trouxe “desnível econômico”  

    O governo do Paraná continuava estimulando as iniciativas particulares de colonização e levava adiante os seus próprios projetos, mas os anúncios que falavam em “progresso” e “desbravamento” ocultavam a dura realidade dos problemas agrários: a dificuldade para determinar legalmente a propriedade da terra e os embates entre os jagunços das colonizadoras e os posseiros e colonos esbulhados dispostos a resistir. 

    Mergulhado nas obras do Centro Cívico, destinadas a marcar o centenário do Paraná e a imortalizá-lo, projetando-o como potencial candidato a presidente do Brasil, o governador Bento Munhoz da Rocha Neto tratava superficialmente os problemas do interior, mas admitia ter dificuldades.

    Em pronunciamento na Assembleia Legislativa, Bento reconhecia o “surgimento do desnível econômico, inédito até então no Paraná, terra clássica da pequena lavoura de subsistência”, lamentando que “a avalanche da onda cafeeira que traz riqueza” fosse acompanhada também por “multidões de desajustados e doentes”. Em consequência, afirmou, em seu discurso mais lembrado, “percebe-se a miséria que acompanha o progresso.  

    As medidas para desnivelar jamais vieram, sufocadas pelas grandes obras em Curitiba e as motivações econômicas predominantes: a expansão das lavouras de café e a extração da madeira. 

    Com elas, a corrida entre as empresas colonizadoras e os posseiros pelo registro legal da cobiçada terra roxa, atestada entre as melhores do mundo, alastrou-se do Norte para o Noroeste e o Médio-Oeste do Paraná.

    100 anos da revolução: Jecas e estrangeiros 

    Em maio de 1924, o jovem escritor paulista Oswaldo Barroso lançava o livro Memórias de um Recruta. Lançado pela editora de Monteiro Lobato, causou grande impacto nos meios militares e despertou atenção devido à intensa boataria sobre movimentações revolucionárias.

    As impressões de um jovem que acabara de completar o serviço militar poderiam revelar aos leitores a efervescente base da pirâmide, perturbada pelo custo de vida e as atitudes autoritárias do presidente Artur Bernardes. 

    Barroso observou que a maioria dos jovens militares eram descendentes de colonos estrangeiros ou “Jecas” do interior. Projetava, obviamente, que sairiam desses segmentos os futuros comandantes das forças. 

    Em 24 de maio, um certo Capitão X respondia ao livro criticamente, na Revista da Semana, da Companhia Editora Americana (RJ). Não com a raiva e a grosseria atual das redes sociais, mas com elegância e respeito, respondendo que o quartel “nacionalizou, educou e instruiu” os filhos de colonos estrangeiros e os jecas, que constituíam o povo brasileiro. 

    Primeira editora do país, a Monteiro Lobato & Companhia faliu em consequência do bombardeio de São Paulo pelas forças governistas no início da revolução, mas em 1925 renasceu como Cia. Editora Nacional.  

    Resenha elegante do Capitão X ao livro Memórias de um Recruta, publicado em 1924 pela editora de Monteiro Lobato, a primeira do Brasil 

     

    Fonte: Alceu Sperança

  • Cascavel recebendo seus pioneiros

    Cascavel recebendo seus pioneiros

    As dificuldades dos moradores de Cascavel e Toledo no primeiro ano dos dois municípios, criados em 14 de novembro de 1951, aumentaram pelo vácuo de poder reinante até sua efetiva instalação, em 14 de dezembro de 1952.

    Com a lei 790/51, que criou dezenas de municípios paranaenses, a Prefeitura de Foz do Iguaçu se desobrigou de priorizar distante interior, às voltas com necessidades urgentes da colonização no eixo Foz-Gaúcha, futura São Miguel do Iguaçu.

    Cascavel e Toledo, na verdade, só começaram a existir em 1953, pois a instalação dos municípios no fim de 1952 só serviu para algumas leis urgentes e decretos para organizar as burocracias locais, até então inexistentes.

    Novos moradores chegavam do Sul diariamente, entusiasmados pela propaganda das riquezas oferecidas pela terra roxa e logo percebiam que os divulgadores jamais mencionavam o jaguncismo ou a disparidade de documentação entre as escrituras das colonizadoras e as posses dos antigos moradores.

    Raro propagandista sincero, Armando Zanato fez circular em 1953 um folheto cujas vantagens atraentes influenciaram a decisão de muitos sulistas de migrar ao Paraná. Como trabalhou com a regularização fundiária, ele podia oferecer áreas “limpas” de jagunços recentes e posseiros antigos.

    Jovens e com capital

    Carazinho, no Norte gaúcho, onde nasceu o político Leonel Brizola, foi uma região destinada ao assentamento de imigrantes alemães, italianos e russos desde a segunda metade do século XIX. No entanto, eram pequenas propriedades para famílias numerosas.

    Após a primeira geração ocorreu a minifundiarização. Os jovens herdeiros tinham dinheiro e muita vontade de achar amplas terras para aplicar os conhecimentos acumulados e proporcionar uma vida melhor aos filhos, antes do retalhamento ainda maior das propriedades herdadas.

    Eles tinham dinheiro e sonhos. Só precisavam descobrir para onde ir com a certeza de um bom futuro. Em agosto de 1953 o folheto de Zanato começa a circular pelas comunidades de Carazinho, sugerindo o Paraná como “o melhor emprego de capital”.

    Cascavel era apresentada por Armando Zanato como uma versão do paraíso, “com bom campo de aviação com linhas regulares de diversas companhias para todos os pontos do país e internacionais”. E mais:

    – Hospital completo e ótimos médicos

    – Correio, telégrafo e rádio telegrafia

    – Muitas linhas de ônibus

    – Ótimas estradas federais e estaduais

    – A maior valorização e mais rápida até hoje conhecida

    “Sê previdente. Adquire para ti e teus filhos terras no Município de Cascavel, Estado do Paraná. A terra da promissão”.

    A prazo e sem juros

    “Planas terras roxas, apuradas e encaroçadas para todas as culturas, como trigo, milho, café, algodão, fumo etc” prosseguia o folheto publicitário. “Terras fertilíssimas, cobertas por matas e pinheirais, irrigadas por grandes e generosos rios e muitas cascatas, para completar a riqueza dos futuros proprietários e da região, que em breve será a maior região agrícola e industrial”. 

    “As madeiras que existem em grande quantidade (cedro, peroba, louro cabriúva etc) pertencem aos compradores das respectivas terras, que são vendidas pela Fundação Paranaense de Colonização e Imigração, órgão criado pelo governo do Estado do Paraná pelo decreto-lei n° 646 de 19 de junho de 1947 para proceder o loteamento e a venda de terras devolutas do Estado”.

    Zanato havia iniciado o projeto de Corbélia, destacada no folheto como opção para compra na região de Cascavel, com igreja, hospital, grupo escolar, mediante “vendas à vista e a prazo sem juros” com os menores preços por alqueire disponíveis. 

    “Agricultor! Não percas tempo. Compra o teu lote para ti e para teus filhos, assegurando assim o teu futuro e dos teus. Onde as formigas, geadas e secas não roubam as colheitas. Não encontrarás pedras nem morros para subir. Compra antes que seja tarde”.

    Pai assassinado por bandidos

    Todo o Norte gaúcho foi invadido por folhetos tão detalhados quanto os de Zanato, anunciando que a terra roxa fazia milagres produtivos e a infraestrutura já estava disponível.   

    Antônio Zandoná, que viria a ter uma relação dinâmica e profunda com a futura cidade de Cascavel, tinha a data de 14 de novembro como referência de vida, já que nasceu nesse dia, em 1917, na localidade de Paim Filho, parte do Município de Lagoa Vermelha e próxima a Erechim.

    Aos sete anos ele perdeu o pai, José Zandoná, assassinado por bandidos, e abreviou a infância trabalhando nos negócios da família. Foi balseiro na travessia do Rio Forquilha, operou o barbaquá na produção de erva-mate, cuidou de roça e criação de porcos.

    A mãe, Tereza Balbinoti, enviuvando com seis filhos, casou-se posteriormente com João Formighieri, por sua vez viúvo com cinco filhos. Famílias numerosas, portanto, têm a migração como perspectiva imediata e assim Antônio partiu rumo ao Paraná na década de 1940.

    Inicialmente em Pato Branco no Sudoeste, começou a formar a própria família ao se casar com a jovem Elmira Camozzato, com quem teria sete filhos: Maria Eraide, Alceu, Carlos Arnaldo, José (que não sobreviveu), Altair José, Sonia Maria e Sérgio Luiz, que já nasceu em Cascavel.

    Zandoná também fez propaganda

    A chegada de Zandoná a Cascavel, onde tinha familiares, deu-se em 18 de agosto de 1953. Na Rua Nereu Ramos, no antigo Patrimônio Velho, construiu uma casa de madeira com telhado de tabuinhas, como tantas outras residências da época.

    Com a construção da estrutura termelétrica, em 1957, providência para abastecer a cidade de energia, Zandoná foi obrigado a sair do local devido ao risco de incêndio por fagulha. Deslocou-se, assim, para a parte mais nova da cidade, na Rua Paraná.

    Nesse interim, foi motorista de táxi e corretor de imóveis, contribuindo para divulgar Cascavel no Rio Grande Sul, para onde levava couro de caça aos curtumes, trazendo gaúchos para conhecer a região e lhes vender terrenos urbanos e terras rurais férteis e baratas.

    Foi bem-sucedido em tudo que empreendeu. O filho Altair Zandoná, ao traçar a crônica da família no livro Alceu Dispor (https://x.gd/4YDYl), conta que Antônio, na década de 1960, teve sucesso com o Bar e Sorveteria São José, na Avenida Brasil, “mais famoso pelo seu café, produzido em seu sítio em Nova Aurora, torrado em casa e moído na hora da preparação”.

    Brasil x EUA

    Mais uma vez, porém, Antônio Zandoná se viu na obrigação de abandonar o local por determinação da Prefeitura. A Avenida Brasil foi alargada em 15 metros para esfalfamento, em 1968. Zandoná teve que fechar o estabelecimento para a demolição do prédio.

    A vinda de Antônio Zandoná a Cascavel em 1953 foi um sucesso familiar, mas se deu em um período tenso para o país, com o esfriamento das relações entre o governo nacionalista de Getúlio Vargas e os EUA, que repartia o mundo com a antiga União Soviética.

    Contrariando os militares e civis alinhados na Guerra Fria ao lado dos EUA, em outubro de 1953 Vargas assina lei criando a Petrobrás para administrar o setor petrolífero do País sob monopólio estatal. Começam aí os atritos que em breve levarão o presidente ao suicídio.

    Desembargador não aceitou presentes

    O primeiro aniversário dos municípios de Cascavel e Toledo, em 24 de dezembro de 1953, foi comemorado com a criação de suas respectivas Comarcas, por determinação do desembargador José Munhoz de Mello.

    A Comarca de Cascavel não estava nos planos do Judiciário, mas o prefeito José Neves Formighieri, com a ajuda do advogado Antônio Gabardo, amigo de Munhoz, conseguiu o feito.

    Em sinal de gratidão, o Município de Cascavel decidiu presentear Munhoz com dois terrenos diante do atual Colégio Marista. O desembargador não aceitou. Sabia que no futuro alguém faria maliciosas suposições.

    Nesse local foi construída a nova Prefeitura de Cascavel, que veio a ser alvo de incêndio criminoso em 1960. À distância, Zandoná chegou a ver um dos incendiários.  

    Sinal da grande cordialidade reinante entre a população de Cascavel com os militares que construíam a BR-35, futura BR-277, por ordem do chefe da 5ª Secção da CER-1 (Comissão de Estradas de Rodagem), major Dalmo Leme Pragana, a parte central da Avenida Brasil recebeu revestimento em pedras que mais tarde o major Oscar Ramos Pereira estendeu até o bairro São Cristóvão.

    A cidade progredia. Antônio Zandoná e sua família, apesar de tantos obstáculos, não tinham dúvidas: estavam de fato na “terra prometida”.  

    100 anos da revolução: Esquerda sem comunismo

    Em 24 de maio de 1924 já existia o Partido Comunista (PCB), criado em 1922, mas a força dominante na esquerda era o anarquismo. Nessa data, o jornalista carioca Domingos Braz escrevia:

    “É preciso educar, preparar, regenerar as massas. E essa educação, essa preparação, essa regeneração deve começar por nós mesmos, no nosso lar, a fim de que, pelo nosso exemplo, se irradie pelas obras, pelas oficinas, pelas fábricas e pelos campos, criando as raízes, os alicerces inabaláveis da sociedade futura, da sociedade anarquista”.

    Os anarquistas admitiam não ser a revolução com a qual sonhavam, mas viam potencial revolucionário na rebeldia militar. Seu objetivo seria “uma revolução o mais nossa que seja possível”, segundo o jornal A Plebe. 

    Os militares rebeldes aceitaram o apoio dos anarquistas ao movimento, mas apenas nas ações de propaganda e mobilização civil de respaldo às suas ações. Não pretendiam mudar a sociedade. Bastava-lhes tirar o governo das mãos do presidente Bernardes. O modo de governo seguiria a Constituição vigente.

    A Plebe, jornal anarquista, fazia oposição aos ricos e à religião

     

     

    Fonte: Alceu Sperança

  • Festa na capital, sangue no interior

    Festa na capital, sangue no interior

    No centenário do Paraná, em 1953, o foco da administração foram as grandes obras dos palácios do Centro Cívico, Teatro Guaíra e a criação de dezenas municípios pelo governador Bento Munhoz da Rocha Neto. As grandiosidades curitibanas, entretanto, contrastavam com a dura realidade dos posseiros esbulhados pelos grileiros e jagunços no interior do Estado. 

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    O ex-governador Manoel Ribas havia prometido que os posseiros que as propriedades obtidas por eles seriam respeitadas. Na campanha eleitoral vencedora ao governo do Estado, em 1950, o ainda deputado Bento Munhoz não destoou desse compromisso. Falando aos colonos ameaçados pelos jagunços, disse: “Vós, que ocupais as glebas e que as desbravastes, sois os que tendes direito a ficar nas terras”.

    Já estava em curso o movimento de posseiros em Porecatu (https://x.gd/8ALXn). Assumindo governo, o tom mudou: a solução que Bento apresentou aos colonos era inaceitável, colidindo com as promessas de Ribas e dele mesmo.

    Deu-se então o Cerco de Porecatu, mobilizando a polícia do Paraná, forças de São Paulo para respaldar os latifundiários paulistas que grilavam terras na região e até soldados do Batalhão de Fronteira, em Foz do Iguaçu, deslocados para uma ação imprópria.  

    Cadeia para quem acreditou

    No alvorecer de 17 de julho de 1951, as forças de repressão enviadas a Porecatu cercaram de surpresa a concentração de posseiros e prenderam seus líderes. A maioria não estava no perímetro do cerco e conseguiu escapar, mas os 17 líderes presos foram condenados a penas de até 14 anos.

    Os posseiros, em consequência, sentiram-se totalmente traídos pelo governo. Beneficiados, os grileiros se organizaram em empresas colonizadoras que concorriam ou se associavam às já estabelecidas.

    Curitiba ganhava com os festejos do centenário equipamentos que projetariam a cidade a partir daí como uma das melhores do país. Surge, além do Teatro Guaíra, a Biblioteca Pública do Paraná.

    O Centro Cívico, área que passou a reunir órgãos públicos na capital, concentraria o poder do Estado a partir do Palácio Iguaçu, obsessão do governador e seu legado. Mas as vultosas e caras obras comemorativas do centenário do Paraná criaram ao mesmo tempo no interior uma forte sensação de abandono. 

    Os novos municípios criados não receberam a ajuda de custo prometida na Lei 790/51 e a oposição criticava o governador por pretender construir o Palácio Iguaçu, o “elefante branco” central das obras previstas para festejar o centenário.

    A história de um sucesso  

    Nesse novo quadro, projeta-se a companhia Pinho & Terras Ltda, desmembrada da colonizadora Maripá, criada em 1946 para dar início a Toledo na antiga Fazenda Britânia.

    Justamente em 1953, Rui de Castro, ligado à Pinho & Terras, adquiriu da Companhia Brasileira de Viação e Comércio (Braviaco), colonizadora que sofrera intervenção estadual no início do processo revolucionário de 1930, o direito de comercializar os 25.310 alqueires paulistas da Gleba Piquiri.

    Eram cinco escrituras públicas documentadas no ofício de registros de Imóveis da Comarca de Toledo, garantia oferecida aos compradores de terras. 

    Não tinha como dar errado: com terras legalizadas, a P&T acumulava experiência e sucessos em projetos de colonização desenvolvidos em Ponte Serrada e São Miguel do Oeste, em Santa Catarina, e São Miguel do Iguaçu (antiga Gaúcha), Matelândia e Céu Azul, no Paraná.

    Preparando o melhor dos mundos

    O sucesso da P&T continuaria formando Palotina, “dividida em lotes urbanos, vastos logradouros públicos e praças, ruas completamente arborizadas, igreja, hospital, energia elétrica e até água encanada”, segundo o advogado Wilson Carlos Kuhn: “As terras rurais foram divididas em lotes de 10 alqueires paulistas e assim, transformou-se um latifúndio improdutivo em pequenas e florescentes propriedades rurais”.

    O lote rural com cerca de 10 alqueires (242.000m²) era chamado de “colônia”. “Nesse projeto tais colônias eram demarcadas, de tal sorte, que todas elas, por um de seus extremos, deveriam estar supridas por uma corrente de água. As empresas procuravam com isso evitar problemas de abastecimento e assegurar seus lucros com a produtividade do solo” (Liliane da Costa Freitag, Extremo-Oeste Paranaense, https://x.gd/n9ZqC).“(A colonizadora P&T) Foi um exemplo de colonização. Abria uma gleba, loteava e dotava de infraestrutura mínima, com igreja, escola, praça, um núcleo populacional que passava a ser embrião de uma cidade. Assim surgiram Santa Terezinha de Itaipu, São Miguel do Iguaçu, Matelândia…” (João Samek, depoimento a Juvêncio Mazzarollo, Gazeta do Iguaçu, 19/7/1993).

    A incapacidade dos governos prevaleceu

    A essa altura, com exceção da área da antiga Fazenda Britânia, surgiram conflitos entre os novos compradores de terras e antigos posseiros. A Gleba Rio Verde, adquirida pela Sociedade Imobiliária Noroeste do Paraná (Sinop) junto ao governo do Paraná, em 1954, também foi uma aquisição legal e legítima.

    Isso não impediu a empresa de enfrentar dissabores devido a ocupações anteriores em algumas áreas, promovidas por posseiros – os posseantes, como diziam os colonizadores paulistas. A Sinop considerou necessário, assim, recorrer aos “homens-segurança”, os jagunços.

    “Para fazer a proteção do local, montou um acampamento principal nos Três Olhos (Estrada Olinda), onde os jagunços interceptavam todos os veículos e transeuntes que tentavam entrar no local, tendo que se identificar e dizer de onde vinham, para onde iam, fazer o quê, o local exato de suas visitas e dizer o dia exato do regresso. Se não voltassem no dia previsto, os jagunços iam atrás” (Selene de Carvalho, Alceu e Regina Sperança, Ubiratã, História e Memória).

    Depoimento esclarecedor

    Agentes das companhias colonizadoras, acompanhados por jagunços, visitavam os posseiros para tentar lhes vender a própria terra já ocupada. Quem não pagasse era expulso, com a destruição das moradias e lavouras pelo fogo. Se reagisse era assassinado com crueldade.

    Trechos do inquérito policial com o depoimento de João Gonçalves de Oliveira, o João do Norte, ilustram o cenário dessa época no interior paranaense:

    − Em 1953, quando foi a uma pescaria na barra do Jacarezinho, nas proximidades do Melissa com o Piquiri, [João do Norte se] deparou com o jagunço Barrada sentado sobre o cadáver de um posseiro. 

    − Tomou conhecimento de muitas mortes de posseiros, mas não sabe os nomes, que eram avisados pelos jagunços para deixar as terras e como resistiam tinham suas casas queimadas, eram mortos e jogados no Rio Piquiri ou queimados. 

    − Os jagunços matavam um ao outro, pois a colonizadora para não pagar os 40 alqueires que prometia mandava matá-los. Segundo seu depoimento, o único que recebeu terras foi o chefe Narcisão. 

    Chefe dos jagunços da colonizadora, Narcisão era genro de Manoel Ramos, proprietário da então Fazenda Tapejara, depois Fazenda São Silvestre. Ali, depois de oito anos, João do Norte acompanhou a polícia para mostrar o local onde teriam sido enterrados 18 corpos.

    Varridos da história 

    Diferente de seu discurso prometendo soluções, Bento culpava o progresso pelo fracasso do governo: “A avalanche da onda cafeeira traz riquezas, mas é acompanhada também por multidões de desajustados e de doentes. Percebe-se a miséria que acompanha o progresso”.

    Entre os miseráveis estavam as famílias dos posseiros que conseguiram sobreviver ao cerco policial e às investidas dos jagunços. Na ânsia de sobreviver, continuaram a promover ocupações a Oeste e Sudoeste.

    Os vultosos negócios do café permitiram a Bento Munhoz comemorar o centenário de emancipação do Paraná com obras monumentais, transformando Curitiba em metrópole, mas enquanto ele festejava, no Oeste do Paraná o drama dos colonos de Palotina apenas começava.

    Seriam muitos anos sofrendo a truculência do governador que antecedeu Bento e também o sucederia: Moysés Lupion. No interior conflitado, porém, as contradições desses governadores não foram perdoadas. 

    Em Cascavel, um dos Municípios que Bento criou e mais sofreu com os problemas agrários, não há sequer um beco ou rua de bairro lembrando seu nome. E a rua que homenageava Lupion é hoje a Rua Sete de Setembro.

    100 anos da revolução: em maio, planos feitos 

    “Lotado no Regimento de Cavalaria da Força Pública, Miguel Costa participou ativamente das reuniões preparatórias do levante, realizadas em residências particulares, inclusive na sua, e em quartéis de Jundiaí, Itu e Quitaúna, no estado de São Paulo, com a presença de Newton Estillac Leal, João Francisco Pereira de Sousa, Eduardo Gomes e os irmãos Juarez e Joaquim Távora, entre outros oficiais do Exército e da Força Pública” (Jorge Miguel Mayer, biografia de Miguel Costa). 

    Ele forneceu as plantas dos quartéis e edifícios públicos para que Isidoro Dias Lopes e Joaquim Távora preparassem o plano de ocupação de São Paulo, apresentado aos demais conspiradores no dia 13 de maio de 1924. 

    Caberia a Costa iniciar as operações à frente do seu regimento, que, apoiado pelo 4º Batalhão de Caçadores, cercaria as demais unidades da Força Pública para intimá-las a aderir. 

    Nesse momento, os destacamentos rebelados já contariam com o apoio do 2º Grupo Independente de Artilharia Pesada, vindo de Quitaúna, e de elementos do 4º Regimento de Infantaria. Os revolucionários ocupariam o palácio do governo, o telégrafo e as estações ferroviárias. 

    Miguel Costa preparou minuciosamente os planos para a revolução. Só não contava com a perversidade do presidente Bernardes de bombardear São Paulo

     

     

    Fonte: Alceu Sperança

  • Festin começa nesta terça em Cascavel

    Festin começa nesta terça em Cascavel

    O teatro infantil tem um papel fundamental na formação de plateia e na educação artística e criativa de crianças e adolescentes. Com o objetivo de proporcionar uma programação democrática e gratuita de artes cênicas às famílias paranaenses, o FESTIN – Festival Internacional de Teatro Infantil do Paraná – chega em sua 5ª edição apresentando espetáculos premiados e com diferentes linguagens na cidade de Cascavel, região Oeste do Paraná, que está entre os cinco municípios mais populosos do estado. O festival ocorre de 14 até 19 de maio com atrações 100% gratuitas.

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    O evento, que ocupará gratuitamente teatros, parques, praças e espaços públicos da cidade paranaense, contará com 25 apresentações de mais de 10 companhias teatrais, vindas de diferentes regiões do Brasil e de países como México, Peru e Portugal. “Estamos muito felizes em promover mais uma vez arte gratuita e de qualidade para as famílias da região Oeste do Paraná. O teatro infantojuvenil contribui para o desenvolvimento, estímulo cognitivo e de observação, orienta na oralidade, no lúdico e, principalmente, na criatividade das crianças e dos jovens, ainda mais em tempos do mundo digital. Ajuda nos primeiros passos de um futuro promissor. O Festin tem uma programação totalmente pensada nas diferentes famílias e suas realidades”, explica a produtora cultural e diretora do Festival Internacional de Teatro Infantil do Paraná, Bruna Bayley.

    A abertura, que ocorrerá no dia 14 de maio, às 19h30, no Teatro Municipal Sefrin Filho, contará com, além da cerimônia, uma apresentação do espetáculo “Monstro e Cia”, em linguagem de teatro de formas animadas pela Companhia Talagadá (São Paulo), que aborda um debate sobre o bullying, assunto de grande importância para a conscientização das crianças e adolescentes do mundo atual. 

    Atrações premiadas e de sucesso de críticas passarão pelo evento, como “O Poderoso de Marte”, da Teca Teatro (Bahia), “O Lançador de Foguetes”, da Cia. De pernas pro Ar (Rio Grande do Sul), “El Secreto Del Árbol”, da Pepito Ron Teatro de Mimo y Títeres (Peru), “Desamor” e “Encantos”, da La Máquina Núcleo de Criação Artística (Portugal), “Jardim – Um Solo Poético para Crianças”, da Tecer Teatro (Paraná), “#Mergulho”, da Eranos Círculo de Arte (Rio Grande do Sul), “Afuera”, do Teatro Al Vacío (Argentina/México), entre outras.

    Encerrando a programação, o aguardado espetáculo “O Rei Leão”, também no Teatro Municipal no dia 19 de maio, às 19h30, em uma livre adaptação pela L’art Produções (Santa Catarina), sucesso de público e que aposta em valores importantes como perdão, união em família e generosidade. 

    “Buscamos uma seleção que fosse democrática e de produções com alta qualidade, premiadas e de sucesso de público em várias regiões da América Latina. Essa será uma oportunidade para que as famílias, pais e mães, educadores da região Oeste do Paraná possam apresentar para suas crianças e adolescentes espetáculos primorosos e de companhias que são referência nas artes cênicas infanto-juvenil, com linguagem e temas variados. Tudo isso de forma gratuita”, completa Bruna Bayley, que também assina a curadoria do FESTIN Paraná, ao lado de Cynthia Borges, licenciada e especialista em Teatro pela Faculdade de Artes do Paraná, e Cleiton Echeveste, ator, dramaturgo, bacharel e mestre em Artes Cênicas.

    O FESTIN – Festival Internacional de Teatro Infantil do Paraná – conta com recursos pelo PROFICE – Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura do Paraná, e com realização do Ministério da Cultura – Governo Federal, com patrocínio da Copel – Pura Energia, Sicoob, M.A. Máquinas Agrícolas e da John Deere Brasil. Acompanhe as novidades por meio das redes sociais oficiaos @festinparana e pelo site www.festinparana.com.br

    Confira a programação completa:

    *Sujeito a alterações

     

    14 de maio (terça-feira)

    19h – Monstro e Cia

    (Cia Talagadá)

    Abertura Oficial

    Teatro Municipal Sefrin Filho

    Rua Rio de Janeiro, 905 – Centro

    15 de maio (quarta-feira)

    10h – O Poderoso de Marte

    (Teca Teatro)

    Centro Cultural Gilberto Mayer

    Rua Duque de Caxias, 379 – Centro

    10h – O Lançador de Foguetes

    (De pernas pro Ar)

    Praça Wilson Jofre

    Rua São Paulo, 1177 – Centro

    14h – O Poderoso de Marte

    (Teca Teatro)

    Centro Cultural Gilberto Mayer

    Rua Duque de Caxias, 379 – Centro

    16h – Oficina Afuera

    (Teatro Al Vacío)

    Teatro Municipal Sefrin Filho

    Rua Rio de Janeiro, 905 – Centro

    19h30 – Monstro e Cia

    (Cia Talagadá)

    Teatro Municipal Sefrin Filho

    Rua Rio de Janeiro, 905 – Centro

    16 de maio (quinta-feira)

    10h – El Secreto Del Árbol

    (Pepito Ron) – Internacional

    Centro Cultural Gilberto Mayer

    Rua Duque de Caxias, 379 – Centro

    10h – Afuera

    (Teatro al Vacío) – Internacional

    CAIC I

    Evento exclusivo para alunos e educadores

    14h – El Secreto Del Árbol

    (Pepito Ron) – Internacional

    Centro Cultural Gilberto Mayer

    Rua Duque de Caxias, 379 – Centro

    15h – O Lançador de Foguetes

    (De Pernas pro Ar)

    Eureca 1

    Rua Felicidade, 631 – Interlagos

    15h – Desamor

    (La Máquina Núcleo de Criação Artística) – Internacional

    Praça Wilson Jofre

    Rua São Paulo, 1177 – Centro

    19h30 – Jardim – Um Solo Poético para Crianças

    (Tecer Teatro)

    Teatro Municipal Sefrin Filho

    Rua Rio de Janeiro, 905 – Centro

    17 de maio (sexta-feira)

    10h – #Mergulho

    (Eranos Círculo de Arte)

    Centro Cultural Gilberto Mayer

    Rua Duque de Caxias, 379 – Centro

    14h – Encantos

    (La Máquina Núcleo de Criação Artística)

    APAE Cascavel

    Evento exclusivo para alunos e educadores

    15h – Afuera

    (Teatro Al Vacío)

    Evento exclusivo para alunos e educadores

    15h – O Lançador de Foguetes

    (De Pernas pro Ar)

    Calçadão da Avenida Brasil

    Av. Brasil, S/N – Centro

    19h30 – Jardim

    (Tecer Teatro)

    Teatro Municipal Sefrin Filho

    Rua Rio de Janeiro, 905 – Centro

    18 de maio (Sábado)

    11h – Afuera

    (Teatro Al Vacío) – Internacional

    Calçadão da Avenida Brasil

    Av. Brasil, S/N – Centro

    16h – Desamor

    (La Máquina Núcleo de Criação Artística) – Internacional

    Lago Municipal (Parque Ecológico Paulo Gorski)

    Avenida Rocha Pombo, S/N – Centro

    19h30 – Rei Leão

    (L’art Produções)

    Teatro Municipal Sefrin Filho

    Rua Rio de Janeiro, 905 – Centro

    19 de maio (Domingo)

    11h – Encantos

    (La Máquina Núcleo de Criação Artística) – Internacional

    Feira do Teatro

    Rua Duque de Caxias, 421-275 – Centro

    16h – Afuera

    (Teatro Al Vacío) – Internacional

    Lago Municipal Sefrin Filho

    Rua Rio de Janeiro, 905 – Centro

    19h30 – O Rei Leão

    (L’art Produções)

    Encerramento Oficial

    Teatro Municipal Sefrin Filho

    Rua Rio de Janeiro, 905 – Centro

     

    Fonte: Assessoria

  • 7ª Noite de Gala reúne mais de 1,1 mil pessoas e arrecada quase meia tonelada de alimentos

    7ª Noite de Gala reúne mais de 1,1 mil pessoas e arrecada quase meia tonelada de alimentos

    Os expectadores se uniram em um espetáculo de solidariedade e arte durante a 7ª Noite de Gala, realizada em duas apresentações em 1º e 2 de maio no Teatro Municipal Sefrin Filho, em Cascavel para um concerto de música clássica e momentos de doações.

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    Em duas noites repletas de emoção e engajamento, cerca de 1,1 mil pessoas demonstraram seu apoio incondicional, resultando em um encontro marcado pela qualidade técnica dos artistas.

    “Expressamos nossa mais profunda gratidão a todos que participaram desses momentos tão especiais e significativos. O Teatro Sefrin Filho se encheu de luz, emoção e solidariedade, refletindo o verdadeiro espírito comunitário”, reforçou o chanceler, coordenador do evento, Jocimar Silva.

    Graças à generosidade, foi possível arrecadar cerca de meia tonelada de alimentos, que serão destinados a entidades assistenciais de Cascavel a partir do Provopar. As duas noites de casa cheia foram para acompanhar a obra mais importante de Mozart, o Réquiem, apresentada pelo Membra Vocal, Orquestra de Cãmara de Cascavel, os solistas Matheus Bressan, Tiago Stopa, Michele Coelho e Camila Santiago, acompanhados pelo coro paraguaio Espiritu Santo sob a regência do maestro Israel Menezes, uma das referências nacionais com carreira internacional consolidada.

    “Mas essa jornada está longe de terminar. É hora de olharmos para frente e nos prepararmos para a 8ª edição, prevista ainda para este ano. Uma nova oportunidade de nos reunirmos, celebrarmos a arte e, mais importante, continuarmos fazendo o bem”, seguiu.

    Ingressos gratuitos e destinação de imposto devido dos empresários

    As duas noites de espetáculo foram com ingressos gratuitos e isso só foi possível porque empresários destinaram parte do seu imposto devido, a partir de projeto aprovado pela Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura. “O nosso principal objetivo é democratizar a cultura, oportunizar as pessoas a assistirem um espetáculo de música clássica, se apaixonarem e voltarem sempre ao teatro. Em grandes centros internacionais um espetáculo como este custa cerca de US$ 1 mil [R$ 5 mil] os ingressos mais baratos e aqui pudemos oferecer gratuitamente porque o evento foi custeado a partir da Lei de Incentivo à Cultura”, considerou Silva.

    Os empresários não pagam mais impostos por isso e não precisam tirar recursos do caixa da empresa. “A destinação é feita com parte do seu imposto devido, até 4% podem ser destinados para projetos culturais como o que desenvolvemos. É uma forma generosa de o empresário devolver à sociedade aquilo que ela o proporciona. É algo sério, com prestação de contas e em benefício da sociedade”, considerou a diretora da Associação Membra Vocal e Orquestra de Câmara, Gislayne Zamberlan Dal Berto ao lembrar que pessoas físicas também podem fazer a destinação de até 6% do seu imposto devido.

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Espetáculo teatral “A Sociedade dos anticorpos” em apresentação única em Cascavel

    Espetáculo teatral “A Sociedade dos anticorpos” em apresentação única em Cascavel

    Após sua estreia em outubro de 2023 em Foz do Iguaçu, o espetáculo teatral realizado pelo Coletivo de Artistas Poéticas do ENTRE está em circulação pela tríplice fronteira e oeste do Paraná. Neste sábado (04), o espetáculo chega em Cascavel em apresentação única no Centro Cultural Gilberto Mayer às 20hrs com entrada gratuita.

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    O espetáculo “A Sociedade dos Anticorpos” trata da experiência coletiva da pandemia de Covid-19, combinando recursos do teatro, da dança, do audiovisual e da performance. “A Sociedade dos Anticorpos” fala sobre a relação histórica e cíclica entre humanos e vírus, sobre a necessidade de prestar homenagem e fazer um luto coletivo pelas pessoas mortas pela Covid-19 no Brasil, sobre a explosão da cultura digital em tempos de isolamento social. Trata ainda das tragédias pessoais decorrentes da doença em diferentes realidades sociais, da relação entre a exploração da natureza e o risco à sobrevivência humana, e dos corpos coloridos que podem emergir de todas estas cinzas. 

    “A Sociedade dos Anticorpos” é fruto do trabalho do Poéticas do ENTRE, coletivo de artistas multidisciplinares do Brasil, Argentina, Paraguai, Bolívia, México e Venezuela com sede na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA).

    Essa circulação é possível graças ao Edital 04/2023 – Premiação para Agentes Culturais da Lei Paulo Gustavo da Fundação Cultural de Foz do Iguaçu. Siga nossa rede social e fique por dentro da nossa agenda: Instagram @poeticasdoentre.

    FICHA TÉCNICADramaturgia Angi Lazzareti, Fabio Salvatti, Lara Sorbille e João Lírio Direção Angi Lazzareti e Fabio Salvatti  Assistência de Direção Lara SorbillePerformers Agatha Batista, Cabocla João, Cybele Verazain, Fabio Salvatti, Guadalupe Anaya, Giovanne Faccio, João Lírio, Kari Giménez, Mareluíza, Vitória Moura, Zary Wong  Voz em off Mirna SpritzerFigurino Ana Carolina Acom e Any Karoline Birnfeldt Assistência de Camarim Matheus Neumann e William dos SantosOperação Audiovisual Miguel Molina Corpo-Câmera Cybele Verazain  Design de som Humberto León e Cybele VerazainCriação Audiovisual Cybele Verazain, Miguel Molina, Fabio Salvatti e Lara SorbilleTécnico de Iluminação Gelson do Cine Teatro ColiseuCoordenação de Comunicação Giovanne FaccioProdução Angi Lazzareti, Fábio Salvatti, Giovanne Faccio, Guadalupe Anaya, Cybele Verazzain, Victoria Moura, Zary WongDireção de Palco Zary WongArte gráfica Maicon Rugeri Fotógrafo John Alex Velasquez

    Fonte: Assessoria