Categoria: Cultura

  • 35º Festival de Teatro de Cascavel promete emocionar público

    35º Festival de Teatro de Cascavel promete emocionar público

    Chegou a época mais esperada do ano para os amantes das artes cênicas em Cascavel. A 35ª edição do Festival de Teatro de Cascavel está prestes a começar trazendo espetáculos, performances, oficinas e workshops para toda a comunidade aproveitar. O evento, que começa neste domingo (5) até 12 de novembro, promete emocionar e encantar a cidade com uma programação recheada de emoções.

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    A abertura do festival está marcada para o próximo domingo, dia 05 de novembro, com o espetáculo de abertura intitulado “O Melhor Show Do Mundo, Na Minha Opinião… Ritalino.” A apresentação acontecerá às 19h30, no Centro Cultural Gilberto Mayer, e é resultado de uma incrível parceria com o Sesc Cascavel.

    “O Melhor Show Do Mundo, Na Minha Opinião… Ritalino” promete ser uma experiência única. O espetáculo conta a história de Ritalino, o pipoqueiro, que se vê obrigado a subir ao palco para não perder sua clientela. O público é convidado a interagir com o personagem de maneira descontraída, proporcionando risadas e emoções a todos os presentes. A entrada é gratuita, sem a necessidade de retirada do ingresso com antecedência. 

    Além do show de abertura, o Festival de Teatro de Cascavel reserva uma série de outras atrações imperdíveis. O evento é uma iniciativa da Cultura Cascavel em parceria com a Setorial de Artes Cênicas do Conselho Municipal de Políticas Culturais, que tem como objetivo evidenciar o talento dos artistas locais e enriquecer a vida cultural da cidade.

    Para participar das oficinas e workshops que serão oferecidos, os interessados podem realizar suas inscrições gratuitamente e de forma online por meio do endereço www.linktr.ee/culturacascavel, onde também encontrarão a programação completa do festival.

    A programação do Festival de Teatro de Cascavel contempla uma ampla variedade de espetáculos, desde mostras infanto juvenis até performances teatrais. Confira abaixo algumas das atrações que fazem parte do 35º Festival de Teatro de Cascavel. Todos têm entrada gratuita. 

    Dia 05/11 – O Melhor Show Do Mundo, Na Minha Opinião… RitalinoLocal: Centro Cultural Gilberto Mayer – Horário: 19h30

    06/11 – Pluft, O Fantasminha (Mostra Infanto Juvenil)Local: Rede Municipal de Ensino – Manhã e Tarde

    06/11 – Lendas De Um Passado (Performance Teatral)Local: Felicidade Do Idoso, No Parque Tarquínio – Horário: 10h30

    07/11 – Histórias De Monstros Nada Monstruosas (Infanto Juvenil)Local: Rede Municipal de Ensino – Manhã e Tarde

    07/11 – Arteísmo ( Mostra Cascavelense)Local: Centro Cultural Gilberto Mayer – Horário: 19h30

    08/11 – Reciclável Público (Mostra Infanto Juvenil)Local: Rede Municipal de Ensino – Manhã e Tarde

    08/11 – Sobre Dragões E Bolhas De Sabão (Mostra Infanto Juvenil)Local: Rede Municipal de Ensino – Manhã e Tarde

    08/11 – Lendas De Um Passado (Performance Teatral)Local: Felicidade Do Idoso, No Parque Tarquínio – Horário: 10h30

    08/11 – Limbo (Performance Teatral)Local: Colégio Estadual Eleodoro Ébano Pereira – Horário: 19h30

    08/11 – A Casa Da Sogra (Mostra Cascavelense)Local: Centro Cultural Gilberto Mayer – Horário: 19h30

    09/11 – A Fuga Das Araras (Mostra Infanto Juvenil)Local: Rede Municipal de Ensino – Manhã e Tarde

    09/11 – Um Deus Dormiu Na Minha Casa (Mostra Cascavelense)Local: Rede Estadual de Ensino – Manhã e Tarde

    09/11 – Philiantígona (Mostra Cascavelense)Local: Centro Cultural Gilberto Mayer – Horário: 19h30

    10/11 – A Princesa Isabela E O Pirata Abobaldo(Mostra Infanto Juvenil)Local: Rede Municipal de Ensino – Manhã e Tarde

    10/11 – Perfídia (Mostra Cascavelense)Local: Centro Cultural Gilberto Mayer – Horário: 19h30

    10/11 – Limbo (Performance Teatral)Local: Jaydin Do Édenn – Horário: 19h30

    12/11 – A Hora Da Estrela (Mostra De Rua)Local: Centro Esportivo Ciro Nardi – Horário: 16h00

    E para encerrar com chave de ouro, o espetáculo convidado “Hair”, no dia 12, no Teatro Municipal Sefrin Filho, às 19h30.

    Além dos espetáculos, o festival oferecerá diversas oficinas e workshops gratuitos para aqueles que desejam aprimorar suas habilidades teatrais. Oportunidades como a “Oficina: Tipos Cômicos com Mauro Zanatta,” “Oficina: Máscaras Teatrais com Mauro Zanatta,” e muitas outras serão ministradas por profissionais renomados da área.

    Esta é a chance de vivenciar e celebrar a riqueza cultural do teatro em Cascavel. Não perca a 35ª edição do Festival de Teatro de Cascavel, uma oportunidade de se emocionar e se encantar com as performances artísticas de nossa cidade e região. Junte-se a nós nessa festa cultural e desfrute de uma semana repleta de talento e criatividade teatral.

    Fonte: Assessoria

  • Monteiro e a “Brasília” oestina

    Monteiro e a “Brasília” oestina

    Em 1952, como se não bastasse a divisão nas Forças Armadas entre nacionalistas e “entreguistas”, a crise econômica que afetava os trabalhadores e extratos mais pobres da população motivou uma série de greves nos centros urbanos.

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    O presidente Getúlio Vargas reorganizou o ministério tentando administrar as pressões. Para acalmar os trabalhadores, nomeia o presidente nacional do PTB, João Goulart (1919–1976), um amigo próximo, para o Ministério do Trabalho. 

    Embora Goulart, o Jango, fosse um típico estancieiro gaúcho encarregado de amortecer as lutas dos trabalhadores, a oposição, vinculada aos interesses estadunidenses, interpretou a escolha como viragem à esquerda e um plano para implantar um hipotético “regime sindicalista”, similar ao do presidente argentino Juán Domingo Perón (1895–1974).

    Vargas merecia a suspeita, pela estrutura criptofascista montada no Estado Novo e sofreu severos ataques na imprensa e no Congresso, com o fogo centrado em seu ministro do Trabalho. 

    Entra Formighieri, sai Luíse

    O Brasil fervia na crise, mas Cascavel fervilhava de confiança no futuro, sem imaginar que sua posição estratégica estava para ser arruinada por uma ação do governo estadual. 

    O ano de 1952 foi ótimo para os cascavelenses, com a eleição em novembro do primeiro prefeito, José Neves Formighieri, empossado em dezembro. Compadre de Goulart e partidário do PTB, mas com ligações importantes no governo federal, Formighieri se empenhou em criar a estrutura do Município, começando pela educação, ruas e estradas. 

    Um acordo com o candidato derrotado, Tarquínio Joslin dos Santos, que tinha maioria na Câmara, garantiu harmonia no Município e a aprovação de todas as leis propostas. 

    Já sem a necessidade de liderar comunidade, que passava a ter o prefeito e nove vereadores, o padre Luiz Luíse continuou insistindo em dirigir os rumos da cidade, como havia feito no vácuo de liderança entre a criação do Município e a posse do primeiro prefeito.

    Enfrentando os interesses de madeireiros, comerciantes e burocratas do governo com ideias laicas, diferentes da vontade do padre de submeter as decisões ao crivo religioso, a insistência de Luiz Luíse em continuar comandando a cidade o levou a ser chamado de volta por seus superiores a Erechim, para onde retornou em março de 1953.

    Sai Luíse, entra Monteiro

    Dez anos depois, em março de 1963, quando já nem se pensava mais no padre e em sua teimosa vontade de comandar, Luiz Luíse voltava para Cascavel, agora não mais para chefiar a paróquia, entregue aos cuidados do padre Santo Pelizzer.

    Ia chefiar a paróquia do Distrito de Cafelândia do Oeste, onde voltou a ser um padre-prefeito e criou a Cooperativa Consolata. 

    Mais dez anos depois estava de volta a Cascavel, assumindo a igreja e paróquia do Parque São Paulo em perfeita harmonia com as lideranças locais. Morreu em 2 de novembro de 1988, em acidente automobilístico.

    Padre Luiz dizia que veio cumprir missões religiosas, mas as circunstâncias o levaram a fazer muito mais. O mesmo aconteceu com o arquiteto Gustavo Gama Monteiro (1925–2005).

    Ele veio encarregado de uma missão que os cascavelenses ignoravam: criar artificialmente um novo polo para a região, que anularia as vantagens geográficas da antiga Encruzilhada, destruindo assim as chances de Cascavel se tornar uma futura metrópole.

    O ideal urbano-rural

    Enviado pelo presidente da Fundação Paranaense de Colonização e Imigração, Djalma Rocha Al-Chueyr, Monteiro iniciou um ambicioso plano de colonização na “Colônia A”, no interior do então vasto Município de Cascavel, com terras fertilíssimas banhadas pelos rios Tourinho, Melissa e Piquiri. 

    A primeira parte do projeto consistia em promover a locação das glebas, “levantando-se os espigões e os rios, para se parcelar a terra em lotes de 200 ha ou 80 alqueires, visando desenvolver nesses locais fazendas de café” (Rubens Nascimento, Histórias Venenosas). 

    A segunda parte seria construir uma grande cidade-polo que tiraria de Cascavel as características que fariam dela a grande cidade do Oeste nas décadas seguintes.

    Monteiro planejava construir uma “Brasília” no interior do Paraná, oito anos antes da inauguração da futura capital federal. A Cidade Governador Munhoz da Rocha era um projeto espetacular, elogiado por arquitetos e planejadores em geral.

    Política liquidou as boas intenções

    O gerente bancário Rubens Nascimento era amigo do arquiteto e conheceu os detalhes do projeto de criar uma cidade perfeita no Oeste paranaense, prevista para inicialmente acolher cem mil habitantes:

    – Era realmente um projeto ambicioso, corajoso e inédito, e tudo corria bem, naturalmente que com grande investimento uma vez que o Estado gastou cerca de “cinquenta e três milhões de cruzeiros”, que era a moeda da época para abrir ruas e avenidas, construir galerias águas pluviais e locar 20.000 lotes, construir a rede elétrica e um campo de aviação.

    O arquiteto pretendia criar um modelo de harmonia entre homem e terra: os moradores da cidade seriam as famílias dos colonos que ocupariam os lotes de uma também perfeita reforma agrária.

    Tais boas intenções se perderam, porém, pelo interesse político em bajular o governador e a seu falecido pai, Caetano Munhoz da Rocha, que também governou o Paraná.

    Picado pela mosca-azul da ambição de vir a ser candidato à Presidência da República se fosse também um bom ministro da Agricultura, Bento Munhoz renunciou ao governo do Paraná. 

    Não imaginava que ao virar as costas para ser ministro de um governo capenga, o ex-governador Moysés Lupion voltaria ao poder no Paraná e logo varreria do mapa a ideal Cidade Munhoz da Rocha.

    A vingança cascavelense 

    Cascavel, a cidade que iria minguar com a “Brasília” paranaense, foi a principal beneficiada pelo desmonte: o prefeito José Neves Formighieri reuniu sua equipe, foi lá e trouxe postes, fiação, máquinas e equipamentos.

    A farta coleta, deixando para trás uma cidade fantasma, área atualmente no interior de Braganey, foi de grande utilidade para estruturar a grande cidade que Cascavel veio a se tornar a partir dali. 

    O sonho urbano-ecológico de Monteiro ruiu, mas o arquiteto foi adotado pelos cascavelenses, segundo Rubens Nascimento:

    – No entrementes, nem por isso o amigo e arquiteto Gama deve ser considerado persona non grata pelos habitantes de Cascavel, uma vez que posteriormente passou a residir na cidade, onde muito cooperou com o seu progresso, com base ao seu vasto conhecimento sobre projetos arquitetônicos.

    – Inclusive tendo sido procurado pelo prefeito Octacílio Mion para fazer o projeto urbano da cidade, e imprimindo novo conceito à Avenida Brasil ao projetá-la com 60 metros de largura com bolsões de estacionamento, jardins e rótulas de circulação de carros no meio das quadras, devidos bloqueamentos de ruas e interceptações, praticamente colocando em seus sonhos de outrora o que estamos vendo hoje.

    Deduragem era aceita como verdade

    Monteiro de fato apostou em Cascavel, mas dentre as propriedades que adquiriu na cidade, uma lhe deu fortes dores de cabeça: “Área de 939,23m2, destacada da Reserva II, da Comarca de Cascavel, vendida em 21 de maio de 1958, pela importância de NCr$* 50,00 a Gustavo Gama Monteiro”.

    Em 15 de setembro de 1969, a ditadura militar, controlada pelos ministros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, confiscou com base em delações aceitas em inquérito sumário contra o professor Antônio Cid, a propriedade de Gama Monteiro e muitas outras em Cascavel. 

    Dentre elas bens do jogador Vevé (Vespasiano Saraiva), Julio Tozzo (vereador em Cascavel e prefeito em Corbélia) e o topógrafo Sergio Djalma Holanda. 

    Apesar dos dissabores, Gama Monteiro imprimou sua marca a Cascavel, imortalizado pelo projeto final da Catedral e da Avenida Brasil. Apagou-se da memória a cidade planejada, mas perdurou até a demolição a obra que mais o divertiu durante o tempo em que morou em Cascavel: o Cine Delfim.

    *NCr$: Cruzeiro Novo, padrão monetário criado para mascarar a inflação.

    Placa falsa, projeto real

    Monteiro cismou de trazer para o interior algo que só grandes capitais possuíam. Uma sala de espetáculos em que a modernidade estava presente desde o desenho arquitetônico até a forma cooperativa do financiamento da obra.

    A diversão começou em uma rodada de cervejas no Bar Amarelinho, segundo Rubens Nascimento, “o ponto de encontro onde se discutia de tudo, e no mais das vezes a respeito de novos investimentos de interesse para a cidade de Cascavel”.

    – Foi lá que começou a surgir o Cine Delfim com 10 acionistas, como vemos, inicialmente movidos pela cerveja do Amarelinho, e mais tarde até o autódromo da cidade (…), sempre com o dedinho mágico do professor Gustavo Gama Monteiro. 

    Dercio Galafassi contou que na frente do cinema da cidade, onde hoje é a Caixa Econômica Federal do Calçadão, para irritar o proprietário, João Deckmann, os gozadores da cidade colocaram uma placa junto às obras de demolição do Hotel Mariluz: “Em breve aqui, cinema de luxo”.

    Era só uma brincadeira para ironizar o desleixo do velho cinema, mas a cerveja e o fervilhar das ideias originaram uma sociedade que de fato construiu um cinema de luxo, segundo ainda Rubens Nascimento:

    – Cascavel conseguiu construir um cinema inédito, pois foi o segundo cinerama do Brasil, sendo que o primeiro era o Comodoro de São Paulo, executado com tela parabólica, acústica perfeita, com 16 alto-falantes localizados nas laterais e um projetor de 70 mm (Vitória 8), de origem italiana e reputado como o melhor construído do mundo.

    Fonte: Fonte não encontrada

  • O general rebelde que tomou Guaíra

    O general rebelde que tomou Guaíra

    Em 1952, o remoto interior do Paraná sofria com o enfrentamento entre jagunços e posseiros. Na cena nacional, a frágil democracia brasileira estava em disputa entre dois grupos civis e militares – um exigia a ação nacionalista do governo e outro pretendia atrelar o Brasil aos EUA, então em disputa com a URSS pelo controle mundial. 

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    Em momento crucial para o destino do País, o Congresso Nacional aprovou em março polêmico Acordo Militar com os EUA, que em troca do fornecimento exclusivo de minerais estratégicos oferecia armas que sobraram da II Guerra. 

    A corrente nacionalista do Exército manifestou profundo desagrado com o acordo e o ministro da Guerra, general Newton Estillac Leal, pediu demissão. 

    Um dos líderes da corrente nacionalista, Leal viveu no Oeste do Paraná as experiências que o levaram a esta e várias outras decisões de impacto para a história brasileira. 

    Constatar a ausência de progresso para a população das áreas dominadas por interesses estrangeiros no Paraná marcou sua trajetória militar e política.

    “Se há mais de um século proclamamos nossa independência política, é chegado o momento de construirmos com energia e firmeza a independência econômica de nosso país, quebrando os grilhões do colonialismo garroteador do nosso desenvolvimento”, disse Estillac Leal. 

    O estopim da Revolução de 1924

    Nascido no Rio de Janeiro em 1893, filho de um oficial do Exército que chegou a marechal, Newton ingressou no Colégio Militar do RJ em 1905. Primeiro-tenente em junho de 1919, especializou-se nas armas de infantaria, cavalaria e artilharia. 

    Ao eclodir a revolta do forte de Copacabana em 5 de julho de 1922, cujo objetivo principal era impedir a posse do presidente eleito, Artur Bernardes, Estillac apoiou discretamente os rebeldes. Fora de suspeitas, dois meses depois, em setembro, foi promovido a capitão.

    Em São Paulo, exatamente dois anos depois da derrota do tenentismo em 1922, Estillac Leal comandava ao lado de Joaquim Távora o ataque ao bloco de quartéis da Estação da Luz que deu início à Revolução Paulista de 1924. 

    Com a capital paulista ocupada pelos rebeldes, o presidente Bernardes, sem poupar a população civil, mandou bombardear a cidade impiedosamente. 

    Chefes divididos

    O comandante da revolução, Isidoro Dias Lopes, decidiu abandonar a capital paulista “no desejo de poupar São Paulo de uma destruição desoladora, grosseira e infame”. 

    Os revolucionários, entretanto, não tinham um plano para a situação e estavam divididos. Alguns defendiam tomar o Mato Grosso, enquanto outros, como Estillac Leal, preferiam o Paraná, onde poderiam fazer junção com os revoltosos do Rio Grande do Sul, possibilitando a continuidade da revolução.

    Em 25 de agosto começou a descida do Rio Paraná em direção a Guaíra, com Estillac comandando as tropas de ataque no posto de tenente-coronel.

    Tomando Guaíra, o objetivo de Estillac, reforçado com destacamentos de infantaria sob o comando de Nélson de Melo, era fazer de Catanduvas o centro de resistência às tropas do governo até a chegada de Luiz Carlos Prestes e sua coluna gaúcha.

    Antes de atingir Catanduvas, porém, Estillac alcançou Formiga (PR), onde, após um mês de combate, derrotou as forças federais que tentaram romper aquele setor.

    Agostini, herói revolucionário

    Eduardo Agostini, filho adotivo de Alípio de Souza Leal, que em 1930, ao lado de Jeca Silvério, iria iniciar a cidade de Cascavel, acabara de chegar ao Médio-Oeste em plena revolução e de imediato aderiu aos rebeldes.

    Um dos fundadores de Santa Tereza do Oeste, Agostini participou das ações comandadas por Estillac Leal na condição de soldado revolucionário e fez um relato de sua participação ao jornal Hoje-Cascavel: 

    – O primeiro combate que nós tivemos foi na Rocinha, perto de Catanduvas. As forças legalistas de São Paulo atacaram a Rocinha mas não deixamos eles entrar. Ali foi baleado um soldado da Polícia de São Paulo e aí alguém disse: “Olha, vem um batalhão para cortar a retaguarda de vocês, comandado pelo Capitão Sarmento*”. 

    – Newton Estillac Leal ordenou o recuo a Catanduvas, para não sermos sitiados na Rocinha. Quando estávamos passando num lugar chamado Vinte-e-Quatro, para lá de Catanduvas, saíram o capitão Sarmento e sua tropa atrás de nós.

    A derrota de Formiga preocupou seriamente o governo, que tratou de fortificar seus efetivos, agora sob as ordens do general Cândido Mariano da Silva Rondon.

    *Joaquim Antônio de Moraes Sarmento, comandante do 1º Batalhão de Infantaria, criado pelo governo do Paraná 

    Lutas intensas e a fuga

    A estratégia governista era barrar o acesso de Prestes a Catanduvas, onde a artilharia de Estillac e a infantaria de Nélson de Mello repeliam as investidas inimigas. 

    Prestes de fato não pôde chegar a tempo e os revolucionários se renderam em 29 de março de 1925, mas antes trataram de proteger a fuga de seus chefes. 

    Eduardo Agostini contou como conseguiu driblar as tropas do general Rondon para evitar a morte ou a prisão de Estillac Leal, Filinto Müller, Nélson de Mello e Juarez Távora:

    – As forças do Governo estavam na Fazenda dos Gomes* e no Rio Tormenta brigando com a tropa de João Cabanas e numa noite eu e o tenente Domingos viemos de Catanduvas a pé, até o Rio Tormentinha, para ver se havia inimigos ali. Não tinha ninguém. 

    – Paralelamente ao Rio Tormentinha havia uma picada que saía na Linha Velha. Quando constatamos que não havia ninguém, voltamos ligeiro e avisamos o pessoal: “Vamos embora, que dá pra gente sair”. E foi isso que aconteceu: quando clareou o dia, nós saímos na Linha Velha. De lá varamos até Foz do Iguaçu. 

    *Família que no ciclo ervateiro formou a Encruzilhada dos Gomes, onde surgiu a vila de Cascavel.

    Fora da Coluna Prestes

    Estillac adoeceu na fuga e se refugiou na Argentina, deixando por isso de participar da Coluna Miguel Costa-Prestes, que se formaria logo depois, em Foz do Iguaçu, em abril de 1925.

    De lá, Estillac organizou forças militares para invadir o Rio Grande do Sul, na tentativa de obrigar o governo federal a deslocar tropas, desafogando assim a pressão militar sobre a Coluna Prestes.

    A resistência encontrada, porém, foi superior à capacidade ofensiva dos revolucionários. Estillac foi preso em Seival, mas conseguiu escapar, retornando à Argentina. De 1926 até 1930, Leal se dedicou a estudar o socialismo.

    Na primeira hora da Revolução de 1930, em 3 de outubro, Estillac e João Alberto tomaram de assalto o morro do Menino Deus, em Porto Alegre, conquista prioritária no plano de ataque às forças governamentais.

    Atravessando Santa Catarina e o Paraná ao lado de Getúlio Vargas, Estillac recebeu na divisa com São Paulo a notícia de que o presidente Washington Luís foi deposto no Rio de Janeiro. 

    Depois de tantas lutas e derrotas, o persistente revolucionário, já com 47 anos, obtinha a vitória que sempre desejou desde que discretamente conspirou pela primeira vez contra o governo Bernardes, em julho de 1922.

    Sempre em combate

    A vitória na Revolução de 1930 coroava a lenda de Newton Estillac Leal, mas havia muito mais. Promovido a major em abril de 1932 e em 1938 promovido por merecimento a coronel, Leal pronunciou então um violento discurso contra o líder nazista Adolf Hitler. 

    Em agosto de 1942, o Brasil iria declarar guerra aos países do Eixo. Promovido a general-de-brigada em 1943, em setembro de 1945 denunciou as conspirações militares para depor Vargas no golpe de 29 de outubro. 

    General-de-divisão em outubro de 1946, no primeiro ano do governo do general Dutra, em 1949 foi nomeado comandante da 5ª RM e 5ª DI, com sede em Curitiba, mas logo saiu para comandar a Zona Militar Sul, antecessora do III Exército, em Porto Alegre. 

    A questão do petróleo era o principal assunto da campanha presidencial com vistas às eleições marcadas para 3 de outubro de 1950. Estillac defendia abertamente o monopólio estatal, afirmando que a missão principal das Forças Armadas consistia “em defender a soberania e a independência nacional, garantindo, internamente, a legalidade constitucional em todos os seus aspectos”. 

    Vargas foi eleito presidente e em fevereiro de 1951 Estillac deixava o comando da Zona Militar Sul para assumir o Ministério da Guerra. Era o auge da carreira.

    A morte surpreendente

    Fazendo um acerto de contas com sua própria história, Estillac Leal fez uma contundente defesa da legalidade constitucional:“Quaisquer que sejam os resultados das urnas, é dever dos soldados dignos desse nome aceitá-los como expressão dessa opinião e dessa vontade”.

    “Advirto, mais uma vez: qualquer golpe, astucioso ou de força, sejam quais forem as razões invocadas, poderá provocar no país perturbações imprevisíveis e possivelmente de gravíssimas consequências e, talvez mesmo, nos lançar em profundas e cruentas convulsões sociais. Estejamos atentos contra semelhante eventualidade, como paladinos – agora mais do que nunca – da legalidade democrática”.

    As facções de esquerda descontentes com a candidatura de Juscelino Kubitschek às eleições presidenciais de 1955 tentaram lançar Estillac Leal como candidato à presidência da República, mas Leal morreu de súbito em 1º de maio daquele ano. 

    Sobreviveu a todos os confrontos militares, mudou profundamente a história do Oeste paranaense e do Brasil, mas foi abatido na luta política.

    Fonte: Fonte não encontrada

  • O alfaiate que perdeu Cafelândia

    O alfaiate que perdeu Cafelândia

    O rigoroso inverno de 1952 foi compensado pela afirmação das comunidades que compunham a Rota Oeste, qualificação que se deu ao trecho da atual BR-277 entre Cascavel e Foz do Iguaçu.

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    Embora mais próxima a Cascavel, que se tornara Município em novembro do ano anterior, o jovem povoado de Matelândia e o território de sua colonização não foram integrados ao território cascavelense.

    Se isso acontecesse, o território do Município de Cascavel ficaria excessivamente grande para os parcos recursos da Prefeitura que só seria instalada em dezembro, após a eleição do primeiro prefeito, marcada para novembro. 

    Por isso Matelândia, em 21 de julho, passou à categoria de Distrito Administrativo de Foz do Iguaçu. O mesmo aconteceu dez dias depois com Medianeira. Uma espécie de irmã de Matelândia, a colonização de Medianeira foi empreendida pela Companhia Industrial Agrícola Bento Gonçalves, de Alberto e Luiz Dalcanale.

    Os dois estavam associados a Alfredo Paschoal Ruaro, todos também participantes da formação de Toledo e da colonização da Fazenda Britânia, promovida pela Companhia Maripá. 

    Os três também fundaram a colonizadora a Pinho e Terras para administrar uma ampla área outrora pertencente à família Matte que se estendia no entorno de Foz do Iguaçu.

    O núcleo urbano de Medianeira, nome definido como homenagem à santa padroeira, consolidou-se rapidamente. Matelândia, por sua vez, teceu ligações essenciais com a comunidade de Cascavel, por conta da proximidade.     

    Milholândia ou Sojalândia? 

    Por essa época, às vésperas de se tornar Município de fato e de direito, que aconteceria com a eleição e posse de primeiro prefeito, Cascavel recebe um grupo de famílias atraídas pela oferta de riqueza, que viria ao adquirir terras para plantar café na região de Cafelândia.

    O nome de Cafelândia é uma herança do atraso na estrutura de extensão rural e da ânsia dos colonizadores para atrair compradores, oferecendo a garantia de ótimas safras de café, cultura que fazia o Norte do Estado progredir. 

    Os compradores ignoravam duas coisas, pelo menos, ao se entusiasmar com a perspectiva de enriquecer em poucos anos. 

    Primeiro, a região sofria o crescimento da luta pela terra, sobretudo entre posseiros já com anos de presença na região e colonizadores privados, tendo como pano de fundo a disputa judicial sobre questões dominais de terras entre a União e o Estado do Paraná na faixa de fronteira.

    Segundo, os compradores de terras não estavam informados de que grande parte das áreas oferecidas pelos corretores alternavam safras razoáveis de café com quebras enormes por conta das geadas.

    Por conta disso, sem assessoria imobiliária e legal, os colonos do Sul ansiosos para trabalhar com o café chegavam sem saber que a lábia dos corretores, legais ou ilegais, omitia as frequentes geadas.

    As famílias que vieram e não foram expulsas pelos jagunços nem pelas geadas precisaram migrar logo do café para hortelã e em seguida para outras culturas favorecidas pelo mercado internacional – em breve, com seu território agrícola amplamente coberto de soja, milho e trigo, do café só restou o nome Cafelândia.

    O sonho negado pela insegurança agrária

    O gaúcho Ítelo Webber, nascido em 1919 em uma localidade chamada Estação Erechim, decidiu vir ao Paraná confiando na qualidade da terra vermelha. Estação Erechim, situada no Noroeste do RS, mudou de nome para Getúlio Vargas em 1934, ao se tornar Município.    

    Já casado com Rosa Webber, com quem teve os filhos Dimer José, Valdir Antônio e Mirtes Maria, Ítelo se transferiu para Videira (SC), onde trabalhou até vir para a região de Cafelândia.

    Ítelo Webber partiu da região central catarinense sem informações sobre o agravamento da guerra no campo, que confrontava posseiros e jagunços.

    A propriedade em que os Webber iriam se instalar não estava regularizada e a família perdeu tudo o que investiu na transferência ao Paraná. De resto, o tumulto criado pelos conflitos forçou o governo do Paraná a suspender o registro de novas posses de terras devolutas.

    Webber, assim, viu-se desamparado naquele frio julho de 1952, com a família à espera de uma definição e a mudança que trouxe ainda em cima de um caminhão que transportava cereais.

    O condutor do caminhão avisou:

    “Seu Ítelo, eu preciso carregar o milho e voltar logo pra Videira. O senhor dê um jeito de encontrar um local para descarregar a sua mudança ou me obrigarei a derrubá-la em qualquer lugar por aí”.    

    A tática de segurar viajantes

    A cidade de Cascavel então se limitava às quadras mais próximas da Avenida Brasil entre a Igreja de Santo Antônio, então sede da recém-criada Paróquia de Nossa Senhora Aparecida, e a Rua Moysés Lupion (atual Sete de Setembro). 

    Autorizado a montar acampamento precariamente no campo de aviação, junto ao um poço, Ítelo foi procurado por Sabino, administrador de um dos hotéis:

    “Seu Webber, eu não posso deixá-lo expor a sua família, assim, em uma barraca. Quero que fiquem no meu hotel”.

    Webber recusou, porque não teria como pagar pela hospedagem nem onde colocar a mudança. Seguiu-se um diálogo (transcrito por Valdir Pacini no livro O Sonho de um Pioneiro) somente possível naqueles dias de pioneirismo, em que os cascavelenses seguravam na cidade quem pudesse contribuir para a afirmação do local como centro-polo da região:

    – Não se preocupe. Tenho uma pequena casa nos fundos do hotel onde o senhor poderá amontoar a sua mudança e ficar com a sua família.

    – Mas e o aluguel? Quanto o senhor vai me cobrar?

    – Não se preocupe com isso também. O senhor não deve ter dinheiro, mas certamente sabe fazer alguma coisa…

    – Eu vinha trabalhando de vendedor, mas já trabalhei de alfaiate.

    Como a cidade não tinha alfaiate, Ítelo aproveitou a oportunidade aberta e começou a trabalhar de imediato

    A tática de segurar viajantes para povoar Cascavel vinha desde que Jeca Silvério conseguiu a posse das terras ao redor da Encruzilhada, em 1930, formando a cidade e oferecendo oportunidades aos viajantes.

    Atividades rurais e urbanas  

    Com a família trabalhando, o filho mais velho, Dimer José, 14 anos, já em atividade e o do meio, Valdir Antônio, 13, vindo no fim do ano após terminar estudos em Videira, Ítelo tratou de distribuir os negócios da família entre a cidade e o campo.

    Na esquina da Avenida Brasil com a Rua Osvaldo Cruz, em sociedade com o futuro vereador e prefeito Helberto Schwarz, iniciou-se no comércio de calçados. A esposa Rosa completava os serviços da alfaiataria como costureira de calças

    No campo, Webber foi o pioneiro da avicultura cascavelense com uma granja de poedeiras.  Logo em janeiro de 1953 ele se associou a Tarquínio Joslin dos Santos na fundação da Associação Rural de Cascavel. 

    Ítelo foi muito ativo na ARC, entidade que ditava os rumos da economia cascavelense antes de ser forçada pelo governo ditatorial de 1964 a se transformar em sindicato.

    Em 1965, o presidente da ARC, Antônio Simões de Araújo, tendo Webber como seu vice, retardava a formação do sindicato, procurando centrar esforços na preparação técnica dos agricultores. 

    Focado no aprimoramento da agropecuária, Webber encomendou naquele mesmo ano uma análise do solo cascavelense ao Instituto de Biologia e Pesquisas Tecnológicas do Estado com amostras de terra para saber a viabilidade da produção de leguminosas e de cereais.

    Os técnicos concluíram que as amostras indicavam elevada acidez e deficiência em fósforo na terra, recomendando atenuar a acidez com calcário e adubar com fosfatos no plantio.

    Renúncia honrou a família 

    Acima de tudo, a intenção de Simões e Webber era transformar a ARC em cooperativa independente e não um instrumento do governo, mas havia uma intensa propaganda dos atravessadores contra o cooperativismo.

    Simões não suportava as pressões que por todos os meios bloqueavam o cooperativismo, sistema acusado de ser “comunista”. Adoeceu e se licenciou da presidência para tratamento de saúde, passando o comando da ARC ao vice-presidente Ítelo Webber.

    Eram tempos de ditadura. A máscara do regime caiu em 1968, com a imposição do famigerado AI-5, completando o controle sobre as entidades da sociedade civil. 

    Simões, recuperado, voltou às atividades e Webber à vice-presidência, mas depois de longa resistência decidiu não aceitar mais as pressões que limitavam a atuação da ARC. Em fevereiro de 1972 ele apresentou a renúncia à vice-presidência em caráter irrevogável.

    Embora se confessando surpreso com a atitude, Simões agradeceu a Webber, substituído na função por Antônio Cassol, jovem pecuarista nascido em Ijuí (RS) e estabelecido no Espigão Azul, ligado à família Tombini.

    Nessa época, a ARC já havia se transformado em sindicato e o cooperativismo havia vencido, com a criação da Coopavel em 1970. Webber abria mão de participar do centro de decisões da vida cascavelense, mas os filhos Dimer e Valdir já começavam a influir nos rumos da cidade.

    Dimer se tornou um importante líder empresarial paranaense. O advogado Valdir foi secretário municipal de Cascavel. E Mirtes (casada com José Heitor Dotto, com quem se transferiu para Foz do Iguaçu), contabilista e administradora, é, a exemplo da mãe Rosa, referência importante da força da mulher na sociedade oestina.

    Avô do reitor da Unioeste, Alexandre Webber, por sua vez filho de Valdir Webber, Ítelo morreu em 24 de dezembro de 1991. Para homenagear a memória de Webber o Município emprestou seu nome à avenida que leva ao Aeroporto Coronel Adalberto Mendes da Silva.

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Secretaria de Cultura abre edital para 35º Festival de Teatro de Cascavel

    Secretaria de Cultura abre edital para 35º Festival de Teatro de Cascavel

    A Secretaria Municipal de Cultura anuncia a abertura oficial do edital para seleção de espetáculos que vão compor a programação do 35º Festival de Teatro de Cascavel.

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    A iniciativa, que tem como base o edital 014/2023, busca dar destaque à riqueza da cena teatral local, oferecendo uma plataforma para artistas e grupos de artes cênicas da região brilharem nos palcos. Com uma tradição de 35 anos, o Festival de Teatro de Cascavel é um dos eventos mais emblemáticos da cidade, e a expectativa para a edição de 2023 é alta.

    A programação abrange uma variedade de categorias, incluindo espetáculos de rua e performance, produções infantis e espetáculos adultos. Um total de 28 espetáculos serão selecionados para se apresentar durante o festival, que acontecerá de 04 a 12 de novembro de 2023, em diversos locais da cidade, incluindo o Teatro Municipal de Cascavel, o Centro Cultural Gilberto Mayer, instituições de ensino públicas e espaços ao ar livre.

    A abertura do edital representa uma oportunidade única para os artistas da região, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas, apresentarem seus talentos e compartilharem suas obras com o público cascavelense. A democratização do acesso à cultura é um dos principais objetivos do festival, que oferecerá todas as apresentações gratuitamente à comunidade.

    Além de promover a difusão das Artes Cênicas, o evento visa incentivar o desenvolvimento e a difusão do trabalho dos profissionais das Artes Cênicas que residem na cidade, bem como fomentar o hábito de ir ao teatro, especialmente entre crianças e jovens. A descentralização das apresentações é outro aspecto importante, buscando atingir públicos de diferentes faixas etárias e segmentos sociais.

    Sobre as inscrições

    O período de inscrições, que inicia hoje (11), vai até o dia 19 de outubro . Tanto artistas individuais como grupos e empresas da área de artes cênicas estão convidados a participar. Os interessados podem encontrar o edital completo pelo www.linktr.ee/culturacascavel e/ou no site oficial do Município de Cascavel, na aba órgãos acessando a Secretaria Municipal de Cultura.

    O 35º Festival de Teatro de Cascavel promete ser uma celebração da arte e da cultura, unindo a comunidade em torno da paixão pelas Artes Cênicas. Os selecionados terão a oportunidade de brilhar nos palcos da cidade e contribuir para o enriquecimento do repertório cultural da região.

    Artistas e grupos de teatro de Cascavel e região, esta é a sua chance de fazer parte de um dos eventos culturais mais importantes da cidade. Preparem-se para emocionar, divertir e inspirar o público no 35º Festival de Teatro de Cascavel. A cortina está subindo, e o palco está pronto para receber seus talentos.

    Fonte: Assessoria

  • Sesc comemora 75 anos com show de Renato Teixeira

    Sesc comemora 75 anos com show de Renato Teixeira

    O Sesc Paraná tem promovido ao longo de 2023 inúmeras atividades gratuitas a fim de celebrar os 75 anos de fundação, de transformações de vidas e de histórias de paranaenses. E essa grande turnê passará por Cascavel, por meio do apoio da Secretaria de Cultura. 

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    O músico e compositor Renato Teixeira é o artista convidado pelo Sesc para comandar o show Romaria no próximo dia 14 de outubro, às 20h, no Teatro Municipal Sefrin Filho. Teixeira é um dos principais nomes da MPB e apresentará ao público músicas aclamadas, como os clássicos Romaria, canção lançada e que ficou eternizada pela voz de Elis Regina, em 1977; Tocando em Frente, uma parceria com Almir Satter; Amanheceu, peguei a viola, Frete, Amora, entre outros sucessos.

    Os ingressos serão limitados e solidários. Será possível trocar um brinquedo novo, no Sesc, que fica na Rua Carlos de Carvalho, 3367, por um ingresso. Todos os itens arrecadados serão destinados para a 15ª Campanha do Brinquedo que, em 2022, arrecadou 225.192 itens e beneficiou 110.319 crianças paranaenses de 470 instituições sociais no Estado. 

    Para a diretora de Educação, Cultura e Ação Social do Sesc PR, Lidiane Galvan, o Sesc comemora seus 75 anos de existência no estado presenteando a população paranaense com shows musicais. “Nessas sete décadas e meia, o Sesc cresceu e se expandiu no estado do Paraná com a abertura de novas unidades, ofertando diversos serviços de qualidade ao nosso público preferencial. E como forma de celebrar o seu aniversário e essa forte e grandiosa atuação junto à população, o Sesc preparou grandes shows musicais, mas quem ganha esse lindo presente é você”, destaca.

    Fonte: Assessoria

  • O herdeiro do padre e o pato bragado

    O herdeiro do padre e o pato bragado

    Já sem a necessidade de se impor à frente da comunidade de Cascavel, que passava a ter um corpo oficial de lideranças – o prefeito José Neves Formighieri e nove vereadores –, padre Luiz Luíse insistiu em dirigir os rumos da cidade, mas enfrentou os interesses de madeireiros, comerciantes e políticos, cujas ideias de progresso eram laicas, diferentes da vontade do religioso de submeter as decisões ao crivo católico. 

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    Os desentendimentos e a insistência de Luiz Luíse em continuar comandando a cidade o fizeram ser chamado de volta por seus superiores a Erechim, para onde retornou em março de 1953.

    Dez anos depois, em de março de 1963, quando já nem se pensava mais no padre e em sua proverbial teimosia e voz de comando, Luiz Luíse voltava para Cascavel. 

    Desta vez, não mais para chefiar a paróquia, entregue aos cuidados do padre Santo Pelizzer. Cercado pelo carinho dos cascavelenses, recebeu cumprimentos pelo 50º aniversário em 2 de maio de 1963, quando já sabia que seu novo destino seria chefiar a paróquia do Distrito de Cafelândia do Oeste, que ele assumiu em seguida.

    Lá, voltou a ser um padre-prefeito e criou a cooperativa à qual deu o nome de sua ordem religiosa: Consolata. 

    Mais dez anos depois e estava de volta a Cascavel, assumindo a igreja e paróquia do Parque São Paulo. Nessa função, morreu em 2 de novembro de 1987, em acidente automobilístico.

    Mais paranaense que catarinense 

    Cafelândia só viria a ter um prefeito de fato e de direito duas décadas depois de receber o padre Luiz. Em 1983, Agenor Pasquali assumia a Prefeitura de Cafelândia, seguindo o fio histórico da cooperativa. 

    Pasquali se projetou para a vida pública pela habilidade administrativa adquirida a serviço justamente da Copacol. Nascido em Criciúma (SC) em agosto de 1945, é mais paranaense que catarinense, pois aos dois anos, em 1947, a família se mudou para Pato Branco.

    Em busca de terras amplas e férteis, os Pasquali migraram para Cafelândia em 1958, quando Agenor estava com apenas 13 anos. Havia muita confiança em que o café traria a sonhada riqueza, antecipada pela beleza branca da floração da rubiácea, mas acabou arruinada pela indesejável brancura da geada de 1963. 

    Depois, veio a seca e, com ela, o maior incêndio já visto no Estado, que inundou as cidades de fumaça. Em todo o caso, o ano de 1963 trouxe a nova confiança de que o cooperativismo, a partir da eletrificação, traria o progresso para Cafelândia.

    A confiança era depositada tanto no padre Luiz Luíse e em sua liderança quando na força de trabalho da população que chegava do Sul. Mas o esforço cooperativista era pressionado de várias formas, primeiro pelos atravessadores, depois pela forma de organização cooperativista engendrada pelo governo ditatorial, que planejava liquidar a cooperativa de Cafelândia.

    Problemas e frustrações

    Em 1969 a cooperativa de Cafelândia estava nas cordas. O presidente Severino Squizatto adoeceu e o vice Jacob Berkembrock não queria assumir o comando, mas foi empurrado à liderança pelo padre Luiz Luíse.

    Nesse interim, a família Pasquali sofria sua segunda tragédia, depois da frustração do café. Muitos colonos da região aviam optado pela cultura da hortelã, também logo inviabilizada.

    Em mais uma tentativa, os Pasquali também não tiveram o sucesso esperado embarcando na cultura da cidreira (capim limão), apanhados por embaraços burocráticos.

    Foi lidando com eles que a capacidade administrativa de Agenor começou a se destacar, mas logo a cultura da cidreira também se mostrou inviável economicamente e Agenor pôs fim à experiência promovendo uma espetacular fogueira com os restos da cultura.

    “Queimou tudo, levantou uma parede de fumaça branca que todos da cidade ficaram assustados”, disse ele a Gabriella Tiscoski (GiroOeste). 

    A virada na Copacol   

    Pasquali, porém, avançava na compreensão da realidade local e acompanhou toda a tensa situação em que as autoridades do setor tentavam impor a incorporação da cooperativa pioneira de Cafelândia à Coopavel, criada em 1970. 

    Com padre Luíse à frente da resistência, a Copacol se impôs e retomou sua trajetória. Passou o setor de energia à Copel e se voltou estritamente ao setor produtivo rural.

    Um fato extraordinário que deu projeção a Pasquali se deu quando era presidente da Associação de Pais e Professores da única escola de Cafelândia. Em ruínas, escorada por cepos de madeira para não cair, “quando chovia, muitos pais nem mandavam os filhos para a escola, tinham medo de que tudo caísse”. 

    Pressionando a Prefeitura de Cascavel para providenciar a reforma, chamou a imprensa a mostrar por inteiro a situação do estabelecimento de ensino. Já eram os traços do gestor de força e iniciativa que viria a ser no futuro. 

    35º entre os 399 municípios 

    Nas difíceis lutas para a Copacol virar o jogo a seu favor, embora Agenor Pasquali tenha dito não saber como isso aconteceu, foi chamado para assumir a função de diretor-secretário da Copacol.

    Ele supôs que a convocação se deveu à sua escolaridade. Mãos à obra, logo fez toda a diferença, determinando a exclusão de quem não cooperava e impondo o foco nos resultados.

    Os resultados vieram, foram administrativamente corretos e produtivamente esplêndidos. Um dos bons resultados, aliás, foi político: nas eleições de 1982 Pasquali se elegeu para comandar a Prefeitura do novo Município de Cafelândia. 

    Depois dos fracassos com o café, a hortelã e a cidreira, sua gestão na Copacol foi de muito sucesso, mas ao assumir a Prefeitura Pasquali encontrou Cafelândia na última colocação entre os municípios do Estado, reduzido de tamanho e às voltas com as severas inundações de 1983. 

    A força da água arrastou pontes e criou um caos no interior. “O que a água não havia levado, estava podre”, disse.

    Diante da necessidade de construir 240 obras de bueiros e pontes, instalou uma fábrica de tubos e lajotas para agilizar os consertos (Gabriella Tiscoski).   

    O Município que em 1983 teve o território mutilado, estava debaixo de água e em último lugar no Estado hoje é o 35º entre os 399 municípios do Paraná em IDH.

    O curioso caso de Pato Bragado

    Um animal é bragado quando o pelo das pernas é de cor diferente do corpo. Já o pato bragado (variedade da espécie Cairina moschata) se caracteriza por ter mancha branca na asa. É um grande pato selvagem, que deixou herdeiros menores ao se misturar com outras espécies.

    A população desse pato, que os Guaranis conheciam como ype guasu, reduziu-se drasticamente com a caça descontrolada e pelo cruzamento com patos domésticos. Na época ainda bem distribuído pela região das águas, o pato bragado deu nome a uma igualmente grande embarcação argentina que navegava no Rio Paraná fazendo o transporte de passageiros, erva-mate e madeira. 

    A admiração causada pela passagem do imponente navio Pato Bragado, considerada a maior embarcação que fazia o trajeto entre os portos do Alto Paraná e Buenos Aires, foi a origem da atual cidade e Município de Pato Bragado.

    Um dos marcos da colonização empreendida na região da antiga Fazenda Britânia pela empresa Maripá, até a admiração pelo navio se sobrepor o local era conhecido apenas como “Km 10”, marca feita em um mapa para indicar a localização da primeira olaria criada pela Maripá, situada a dez quilômetros a partir do Porto Britânia e gerenciada por Arthur João Thober.

    Como o gerente não sabia falar Português, a empresa contratou o professor Hugo Frank para ser seu intérprete. Frank, gaúcho de Ijuí, chegou ao lugar em 24 de junho de 1952, trazendo a esposa Nair. Iracema Luiza, sua filha, foi a primeira criança a nascer na localidade.

    Churrascada e sino badalando

    Outros pioneiros memoráveis da área foram Reinold Bais, Luiz Underberg e Conrad Klínger, segundo o historiador Ondy Hélio Niederauer (1923–2012) em sua obra Toledo no Paraná (1992).

    A origem da localidade foi um dos destaques do minucioso relato feito por Niederauer, comentando que os primeiros moradores do Km 10 foram teuto-gaúchos que a partir da agricultura de subsistência também se dedicaram à criação de bovinos e suínos. 

    “Era previsto que estrada de Foz do Iguaçu a Guaira deveria cruzar a estrada de Toledo a Porto Britânia, naquele ponto”, narra o historiador. “Daí a necessidade de a Maripá construir ali uma nova vila”. 

    “A planta já estava pronta e as primeiras casas, inclusive o hotel, já estavam prontos. Faltava dar-lhe um nome. Eis que atracou em Porto Britânia um enorme barco. Quando os maiores que conseguiam chegar tinham capacidade de carga até 300.000 p2, neste foram embarcados 400.000 p2” (Ondy Hélio Niederauer, Toledo no Paraná).

     A admiração quanto ao tamanho da embarcação aumentou ao verificar o insólito nome do navio: Pato Bragado. 

    “Willy Barth teve então a ideia de batizar a nova vila com este nome. Mandou preparar uma churrascada para a tripulação do barco, convidando também o pessoal da administração do Porto Britânia, da ervateira, e dos moradores da vila. O batismo foi feito com muitos discursos e cervejas. No dia seguinte, passada a ressaca, o Pato Bragado, com apito e badalar do seu sino, partiu galhardo rumo a Buenos Aires” (Niederauer).

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Exposição celebra os 10 anos do Ateliê Toque de Arte

    Exposição celebra os 10 anos do Ateliê Toque de Arte

    Os amantes das artes visuais terão uma nova opção para apreciar pinturas que tocam a alma a partir do dia 18 de outubro. Nesta data, será aberta a Exposição “10 Anos Ateliê Toque de Arte”. Com 75 belas obras, a exposição será aberta às 18h30 no Museu de Arte de Cascavel (MAC), localizado na Rua Mato Grosso 2909, Centro de Cascavel.

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    A exposição leva a assinatura da orientadora e artista plástica Marines Dal Pozzo Pilonetto. Ela conta que há dez anos o ateliê tem como objetivo promover e movimentar as artes visuais, ajudando a formar artistas, dando apoio terapêutico e emocional a muitas pessoas que têm como hobby a arte de pintar.

    “Criamos e nos expressamos em meio a tantas pinceladas com infinitas cores e um contexto gigantesco de nossas almas aos olhos de quem aprecia a beleza das obras”, diz.

    O Zoológico de Cascavel ganhou um toque especial nas mãos de Marines, com pinturas de quadros que homenageiam dois ilustres moradores da reserva ambiental: Kiara, o filhote onça parda encontrado sozinho às margens do rio Chopim, município de São Jorge do Oeste, em 2021, e que foi encaminhado ao zoo, e o famoso Leão Gaúcho, um símbolo da luta contra os maus-tratos a animais que encontrou uma nova vida no recinto dos felinos, onde viveu durante 13 anos.

    Marines, que também é professora artística, destacou-se ao longo da carreira com premiações internacionais.

    Veja algumas das premiações da artista:

    Medalha de Ouro, Museu du Louvre – Paris. Medalha de Bronze – World Trade Center – Dubai. Menção Honrosa – Museu do Vinho, Argentina. Divulgação do trabalho no Calendário Acrilex (2010, 2011, 2015) Organizadora de cinco Vernissages dos alunos do Ateliê Toque de Arte acontecidos no Teatro Municipal de Cascavel (2015 – 2019). Participou de diversas exposições realizadas (MAC).

    Em 18 de outubro de 2013, deu-se início às atividades do Ateliê Toque de Arte, localizado na Rua Manuel Ribas 2486, Centro de Cascavel.

    Fonte: Assessoria

  • Dia das Crianças terá espetáculo infantil “A Fuga das Araras” para uma aventura em família no Teatro Municipal

    Dia das Crianças terá espetáculo infantil “A Fuga das Araras” para uma aventura em família no Teatro Municipal

    Que tal comemorar o Dia das Crianças no Teatro? Preparem-se para uma experiência teatral emocionante, criada para encantar toda a família. “A Fuga das Araras” volta ao Teatro Municipal Sefrin Filho, para uma apresentação especial para o dia dos pequenos. O evento tem apoio da Secretaria Municipal de Cultura. 

    O espetáculo destinado para toda família será na quinta-feira (12), às 17h, e promete transportar o público para uma emocionante jornada de sobrevivência e preservação ambiental. Ainda há ingressos disponíveis, sendo que antecipado até o dia 11 de outubro será pelo valor único de R$ 25, tanto para adulto como criança. Eles podem ser adquiridos pelo site www.parallela.art.br

    Com texto e direção do multiartista cascavelense Cleiton Costa, a peça conta a história de duas araras corajosas que se veem diante de uma floresta em chamas, desesperadas por um lugar seguro para viver. Em busca de esperança, elas embarcam em uma jornada épica e cheia de desafios até encontrarem o Parque Nacional do Iguaçu, onde se deparam com a gralha-azul e um ambiente preservado, repleto de vida e beleza.

    “A Fuga das Araras” é uma produção da Executiva Cia de Teatro, que reúne um elenco talentoso encabeçado por Kadu Cardoso, Jéssica Labastia e Marina Rosa, que dão vida às cativantes aves protagonistas. A cenografia assinada pela artista visual Nani Nogara e promete transportar o público para o coração da selva e deslumbrar com os cenários exuberantes.

    Trabalhando conscientização com arte

    A peça vai além do entretenimento. Em conformidade com a Base Nacional comum Curricular – BNCC da educação ambiental, “A Fuga das Araras” aborda temas fundamentais como desenvolvimento sustentável, preservação do meio ambiente, reciclagem e o tráfico ilegal de animais silvestres. Um espetáculo que emociona e educa, levando uma importante mensagem sobre a responsabilidade de cada um na proteção do nosso planeta.

    A Secretaria de Cultura de Cascavel, apoia essa iniciativa que busca conscientizar a todos sobre a importância da preservação da natureza. Além disso, o espetáculo conta com o apoio da ONG Amigos dos Rios e da Escola Bilíngue da ACAS, reforçando a relevância dessa mensagem para a comunidade.

    Fonte: Assessoria

  • Um voto muda toda a história

    Um voto muda toda a história

    9 de novembro de 1952. Nesse dia, os eleitores de Cascavel, Toledo e Guaíra iriam às urnas pela primeira vez. Cascavel e Guaíra eram ex-distritos de Foz do Iguaçu. Toledo pulou diretamente de um empreendimento particular, gerido pela Companhia Maripá, para uma unidade administrativa do Estado do Paraná. 

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    Toledo, mesmo virando município e tendo um prefeito, continuaria sob o comando da empresa colonizadora que fez prosperar a antiga Fazenda Britânia com um excelente projeto de colonização e reforma agrária. 

    Guaíra também havia sido o domínio de uma empresa: a Matte Larangeira*, desde 1902. Em 1938 a área foi anexada ao Município de Foz do Iguaçu e em 1943 a empresa perdeu direitos sobre a região. 

    Permaneceu distrito de Foz do Iguaçu até a eleição do dia 9 de novembro de 1952, dia em que elegeu seu primeiro prefeito, Gabriel Fialho Gurgel, que era quase um estranho em Guaíra. Até recentemente ele morava em Cascavel.*Grafia original: refere-se ao proprietário, Tomás Larangeira https://x.gd/dj6gN 

    Fundador do Tuiuti

    Gurgel, entretanto, era um líder. Reunia carisma e uma oratória animada que o levaram a fundar o Tuiuti Esporte Clube. Além de orador oficial do clube, Gurgel liderou a comissão que construiu a primeira sede do clube, na qual foram feitas as reuniões que iniciaram a formação do Município de Cascavel.

    Cearense, formado em Odontologia, Gurgel veio para Cascavel depois de trabalhar na Prefeitura de Curitiba. Foi eleito em 1952 para a Prefeitura de Guaíra pelo PTB, mesmo partido pelo qual também se elegeram os primeiros prefeitos de Cascavel e Toledo, sinal da força do getulismo no país.

    Fialho elegeu uma superbancada para apoiá-lo na Câmara Municipal: oito dos nove vereadores eram também do PTB – Alexandre José da Silva; Arnaldo Bacchi; Osíres Soley; Gody Werner; João Campos Lopes; Fernando Maciel Foster; Joaquim Dornelles Vargas e Vicente Augusto Brilhante, o presidente. 

    Só o vereador Otacílio Amaral dos Santos pertencia ao Partido Republicano. Com tanto apoio, fez aprovar uma lei polêmica para facilitar o custeio da administração: criou uma taxa por árvore derrubada – 20 cruzeiros (a moeda vigente) por árvore de madeira de lei abatida, a metade para pinheiros e outras árvores. 

    Gurgel também viveu em 1953 o início das cogitações para a construção de Itaipu, que inicialmente resultaria da exploração das Sete Quedas. Vieram estudar a área engenheiros da Alemanha, EUA, Inglaterra, Japão e União Soviética. 

    Dall’Oglio, carreira brilhante

    O primeiro prefeito de Toledo, eleito na mesma data, também era um profissional da área de saúde. O médico Ernesto Dall’Oglio (https://x.gd/lqaqo), referendado pela Maripá, mas ligado ao PTB, não teve oponentes, recebendo 737 dos 824 votos válidos. 

    Para a Câmara, prevaleceu o Partido Libertador, por conta das ligações de chefes da empresa com esse partido no Sul. O Partido Libertador (não confundir com o PL de Valdemar Costa Neto e Jair Bolsonaro) foi criado por Assis Brasil, apoiador da Revolução de 1924, e Raul Pilla. Defendia o parlamentarismo e teve como grande destaque depois de sua dissolução o senador e ministro da Justiça Paulo Brossard, que também foi membro do STF.   

    O PL elegeu oito dos nove vereadores toledanos: Guerino Viccari, Alcebíades Formighieri, Rubens Stresser, Clecio Zeni, o historiador Ondy Niederauer, Wilibaldo Finkler, Leopoldo Schmidt e Waldi Winter, ligado à futura Marechal Cândido Rondon. O PR, do governador Bento Munhoz, elegeu apenas José Ayres da Silva.

    Acusado de descumprir a Lei Orgânica Municipal, Dall’Oglio foi cassado em abril de 1953, mas recorreu, sendo reconduzido à Prefeitura em dezembro. Eleito para a Câmara em 1956, voltou mais uma vez à Prefeitura em 1962, em condições extraordinárias.    

    Os três candidatos de Cascavel 

    Em Cascavel, até o início de novembro de 1952 era dada como certa a vitória do farmacêutico Tarquínio Joslin dos Santos (https://x.gd/etOTg) para a Prefeitura, com a Câmara formada por vereadores ligados à indústria madeireira e ao comércio. 

    Comunista, com o PCB posto na ilegalidade pelo governo do marechal Eurico Gaspar Dutra, Tarquínio concorreu pelo PR (Partido Republicano), controlado pelo governador Bento Munhoz da Rocha Neto.

    Tarquínio era amado pela população da cidade, que seguia do atual Terminal Rodoviário até a Rua Sete de Setembro, e tinha o apoio da primeira família que se instalou em Cascavel.

    A matriarca Laurentina Lopes Schiels, desde os anos 1940 já estabelecida na área urbana de Cascavel, procedente do Cascavel Velho, morava na mesma rua que Tarquínio: a Rua Moysés Lupion, atual Sete de Setembro.

    Concorriam também à Prefeitura o agropecuarista José Neves Formighieri (https://x.gd/xM7tq), pelo PTB, com maior apoio no interior do distrito, menos no Cascavel Velho, e pela UDN o respeitado Ramiro de Siqueira, pioneiro que acompanhou José Silvério na formação da vila de Cascavel, em 1930.

    Na correria, a falta de ar

    Choveu, o que prejudicou o acesso à urna localizada na cidade, mas os caminhões que puxaram eleitores do interior conseguiram chegar a tempo. Na época os candidatos eram autorizados a transportar os eleitores às seções eleitorais e lhes davam as cédulas para depositar na urna.

    Tarquínio Santos estava no interior para reforçar a campanha onde estava mais fraco, mas seu veículo enguiçou, ficando retido pela chuva. Quando conseguiu chegar à cidade, a votação estava encerrada e ele não conseguiu votar.

    Fechada a votação à tarde, os votos partiram em comboio para Foz do Iguaçu, sede da Comarca, onde seria feita a apuração. 

    Santos saiu de imediato no encalço da comitiva que se dirigia a Foz do Iguaçu para a contagem dos votos entre os quais não estava o seu, pois não conseguiu votar.

    Chegando quase sem ar a Foz do Iguaçu, a contagem dos votos já em andamento o mostrava com dezenas de votos na dianteira.

    Sentindo-se mal, saiu para tomar um ar e quando retornou ouviu o alarido: José Neves Formighieri havia vencido por um voto. 

    Refletiu que se chegasse a tempo de depositar o voto estaria eleito, pois provocaria o empate com o candidato José Neves Formighieri e seria proclamado eleito por ser o mais idoso entre os postulantes. 

    Perdeu, mas não complicou 

    Tarquínio recorreu à Justiça Estadual por conta de dezenas de votos dados a Formighieri apresentando pingos de barro. No entanto, naquela época os eleitores traziam as cédulas distribuídas pelos candidatos. Os pingos de lama se deviam ao transporte em estradas de terra em tempo chuvoso e não a qualquer irregularidade.  

    Assim, o candidato José Neves Formighieri, do Partido Trabalhista Brasileiro, estava eleito com 383 votos, apenas um a mais que Tarquínio Santos, que não conseguiu votar em si mesmo. 

    Formighieri assume em 14 de dezembro o cargo de prefeito no prédio de madeira destinado por Jeca Silvério à subprefeitura. Com ele assumem os componentes da primeira legislatura da Câmara Municipal. 

    O PTB, além do chefe do Executivo, elegera quatro vereadores: Francisco Stocker, Helberto Schwarz, Antônio Massaneiro e Jacob Munhak. O Partido Republicano, todavia, alcançou a maioria, assegurando cinco vagas: Dimas Pires Bastos, Adelar Bertolucci, Adelino André Cattani, Donato Matheus Antônio e José Bartnik. 

    Tarquínio tentou obter o mandato com recurso na Justiça Estadual. Seu partido tinha maioria na Câmara e poderia embaraçar a administração, mas ao concordar com as primeiras medidas tomadas por Formighieri decidiu apoiar as iniciativas do novo prefeito. 

    O acordo da governabilidade

    O secretário municipal Celso Formighieri Sperança foi o encarregado de fazer os contatos com Tarquinio, que por motivos de saúde se transferiu para Foz do Iguaçu. Os vereadores do PR concordaram em fazer a administração fluir sem embaraços. 

    A decisão de Tarquinio de apoiar a gestão Formighieri se deveu ao empenho da administração municipal em criar escolas no interior e preparar bem os professores. Por sua vez, Formighieri se filiou à Associação Rural de Cascavel, criada por Tarquinio.

    Os três prefeitos oestinos eleitos em 1952 também se elegeram em 1956 para suas câmaras municipais, mas só Ernesto Dall’Oglio fez carreira política nacionalmente, chegando à Câmara Federal.

    Antes, porém, Dall’Oglio foi reeleito para a Prefeitura de Toledo em 1962, em corrida apertada contra Lamartine Braga Cortes no pleito suplementar determinado para substituir o prefeito Willy Barth, morto no exercício do cargo.

    Presidente da Associação Rural de Toledo, o médico se elegeu deputado estadual pelo MDB antiditatorial em 1974 e deputado federal em 1978. Morreu em 2006.

    Seu herdeiro político foi o genro Nelton Friedrich, igualmente com uma brilhante carreira na área federal, notabilizando-se como secretário estadual do Interior e gestor do programa Cultivando Água Boa, da Itaipu Binacional. 

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