Categoria: Cultura

  • Cascavel terá musical inspirado em espetáculo da Broadway no Teatro Municipal

    Cascavel terá musical inspirado em espetáculo da Broadway no Teatro Municipal

    Cascavel será tomada por hippies no próximo domingo (6). O Teatro Municipal Sefrin Filho será palco para a estreia do Hair – O Musical, espetáculo inspirado no musical da Broadway. A produção terá tudo:  música, teatro, dança, música, figurinos e cenografia cheios de personalidade. A apresentação está marcada para as 19h18.

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    Os ingressos já estão à venda pelo site www.parallela.art.br Nesta segunda-feira, há lote promocional e o ingresso está saindo por R$ 60. No dia, será R$ 70 a inteira e R$ 35 a meia.

    O musical

    O musical Hair retrata a formação do movimento hippie nos anos 60 e é envolto às discussões políticas que preocupavam os grupos ativistas da época, como o direito à paz e à liberdade sexual. Hair nasceu como produto da contracultura hippie nos EUA, estreando pela primeira vez em circuito off-Broadway, em outubro de 1967. O musical fez tanto sucesso que acabou por ser cooptado pela Broadway, com estreia em 29 de abril de 1968 e  teve mais de 1700 apresentações. O espetáculo ganhou os telões em 1979 com o filme homônimo e circulou os teatros do mundo inteiro com diversas adaptações. Versões brasileiras do musical já passaram pelo Rio de Janeiro (2010), por São Paulo (2012) e até mesmo por Cascavel (2016). O diretor da peça deste ano, Lair Junior, fez parte do elenco da primeira adaptação cascavelense.

    A equipe é formada por mais de 30 pessoas, entre atores e técnicos. A coordenação de elenco está a cargo de Cleci Pagnussati, a preparação vocal e do coro são coordenados por Andreia Karen e Geferson Fel, já a preparação corporal e as coreografias são de Fernanda Souza e Igor Kovalchuk, produção Teatro CoolHall, Parallela Art e apoio da Secretaria de Cultura de Cascavel.

    Para o diretor, Lair Junior, a proposta de montagem do musical Hair dá início a um projeto de fortalecimento do gênero por aqui, que inclui o aprendizado e a prática, em processo de montagem. “A possibilidade de trazer espetáculos desse porte para nossa região, ainda, é um grande desafio, principalmente de recursos financeiros, patrocínios, entre outros. Então pensamos em trilhar um caminho. Unimos profissionais do teatro, dança e música, atores profissionais e amadores em processo de seleção e criamos um grupo que está afinado, entusiasmado e engajado, que aprende, ensaia e se desafia”, fortaleceu. Segundo Lair, Hair já foi um processo que deu certo em 2016 e ofereceu um start para esse projeto. “Agora não vamos parar, já pensamos em outros musicais na sequência e vamos seguir em frente, com a formação, qualificação até criação de obras autorais. Investimos e promovemos a arte e quem ganha é o público, que terá a seu alcance um grande espetáculo”, finalizou.

    Já para o ator Álvaro Bizinela, que interpreta Berger, um dos protagonistas do musical, viver essa experiência tem sido transformador. O ator completa em 2023, 20 anos de carreira, mas este é o seu primeiro musical. “A construção do Berger chegou num momento muito importante da minha vida e profissão, porque a peça como um todo aborda questões de relacionamentos, de amizades, de desprendimento, de liberdade. Eu acho que esse tipo de coisa é o que mais impacta na vida de uma pessoa”, destacou.

    Acompanhe o Hair

    A tribo do Hair está a todo vapor nos ensaios. Para acompanhar o que está rolando de novo e saber tudo sobre a estreia, siga o perfil do @musicais.cascavel nas redes sociais.

    Fonte: Assessoria

  • Toledo tinha população maior que Cascavel

    Toledo tinha população maior que Cascavel

    O Recenseamento Geral do Brasil de 1950 apontou para o Município de Foz do Iguaçu, com sua sede e dois distritos – Cascavel e Guaíra –, uma população oficial de 16.444 moradores. No Brasil, eram 51,9 milhões de habitantes, dos quais 2,1 milhões viviam no Paraná.

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    O Anuário Estatístico do Brasil e algumas publicações terão números divergentes dos oficiais do Censo, indicando a cidade de Foz do Iguaçu com 2.949 moradores. 

    O Distrito de Cascavel teria 4.411 habitantes, dos quais cerca de 90% viviam na área rural, segundo Mariângela Alice Pieruccini, Shiguero Iwake e Olga da Conceição Tschá (Criação dos Municípios e Processos Emancipatórios), o que projeta para a vila de Cascavel uma população de cerca de 150 moradores.

    Já na área da colonizadora Maripá, estabelecida na vila de Toledo, em fins de 1950 a população teria alcançado1.236 habitantes (Dados Estatísticos da Cidade de Toledo, Companhia Maripá, 31/12/1950).

    Seria um salto importante, considerando que a população toledana era de 130 moradores em 1948, subindo para 240 em 1949 para entrar em 1950 com 615 habitantes (Oscar Silva, Rubens Bragagnolo e Clori Fernandes, Toledo e Sua História), ainda não incluso o resultado do Censo de julho de 1950. Saltaria para 2.095 moradores em 1951. 

    Tomaz começa Cafelândia

    A forma de atração de colonos pela Maripá era selecionar seu público-alvo entre famílias de imigrantes com interesse em investir as economias acumuladas. Cascavel, entretanto, não tinha um eixo único de recepção de novos moradores. 

    Eles vinham para ocupar terras devolutas, para comprar terras vendidas pelo Estado ou por diversas empresas de colonização, situação que vai determinar no futuro uma população maior para Cascavel, por sua situação especial de entroncamento de estradas que a condicionou como a cidade-polo do Médio-Oeste.

    “Para os agricultores que na maioria das vezes se deslocavam de Santa Catarina ou Rio Grande do Sul, restavam apenas duas alternativas: quem detinha dinheiro poderia comprar um pedaço de terra através das colonizadoras, porém, quem não tinha condições para tal, restava ocupar as terras devolutas, ou comprar ‘posses’ a um custo menor” (Luiz Carlos de Oliveira, Luta pela posse da terra em Cafelândia durante a década de 50).

    Passado o recenseamento, feito em julho de 1950, em setembro terá início a corrida para a ocupação do interior distrital de Cascavel, sobretudo ao Norte, com a vinda do primeiro colono à região de Cafelândia, Honoríbio Tomaz, que veio de carroça desde Palmas. 

    Atraídos pela fertilidade da terra, colonos de Santa Catarina foram convencidos pela forte propaganda da região, que fazia um retrato paradisíaco da região, destacando a topografia suave, bem diferente das áreas escarpadas em que viviam. 

    Pfeffer e a Cobrinco

    A propaganda, o estímulo do Estado à colonização e comparação permitiram à Companhia Brasileira de Imigração e Comércio (Cobrinco) vender a primeira de várias chácaras na região de Anahy, no interior de Cascavel, adquirida por Ricardo Pfeffer. 

    Nos treze alqueires das terras compradas, Pfeffer, catarinense de Itaiópolis, logo começou o plantio de café, com a esposa Matilda Hake Pfeffer e os filhos Júlio, Rosalina, Jovino e Joventin.

    Desde que Manoel Ribas ofereceu as terras devolutas do Paraná a quem quisesse ocupá-las, quem viajava pela região sempre encontrava carroças, carroções e comboios de colonos em êxodo ao Oeste do Paraná.

    Aproveitando a oportunidade aberta para ocupar terras gratuitamente, não imaginavam que ao se estabelecer e produzir seriam assediados pelos jagunços dos grileiros que se diziam donos das terras, apresentando documentos falsos envelhecidos artificialmente com datas fraudadas cartorialmente para parecer anteriores à chegada dos colonos.

    Os posseiros reagiram de armas na mão, o que favoreceu aos grileiros invocar o apoio da polícia estadual denunciando “banditismo” nas áreas em que os colonos se organizavam e reagiam.

    As mortes se multiplicavam e a situação de insegurança era propagada pela imprensa nacional lembrando as crueldades do Contestado.

    “Sois os que tendes direito”

    Diante dos conflitos agrários, já com muito sangue derramado, propaga-se com amplitude a voz confiante de alguém que sabia discursar e encantar plateias:

    “Vós, que ocupais as glebas e que as desbravastes, sois os que tendes direito a ficar nas terras”, dizia o ex-deputado constituinte Bento Munhoz da Rocha Neto, candidato derrotado por Moysés Lupion ao governo do Estado em 1947 e agora candidato à sua sucessão. 

    É uma declaração surpreendente, vindo de um parlamentar conservador, filho de um oligarca da indústria ervateira.

    “Ele iniciou sua carreira como deputado por uma coligação do Partido Republicano com a União Democrática Nacional, e, quando candidatou-se a governador, em 1950, foi apoiado por uma aliança envolvendo a maioria dos udenistas paranaenses, o Partido Republicano, o Partido Social Trabalhista e o Partido de Representação Popular” (José Henrique Rollo Gonçalves, Bento Munhoz da Rocha Neto, a reforma agrária e o norte do Paraná dos anos 50 e 60).

    Em 1950, as propriedades rurais no Estado já ocupavam 8 milhões de hectares. São quase 90 mil estabelecimentos: 76,5 mil de pequeno porte, 7,5 mil médios e 5,5 mil grandes. 

    As pequenas propriedades perfazem então 85% do número total, com apenas 29% de toda a área, enquanto as médias e grandes, que não representam mais de 15%, detendo 71% da área total. 

    Guaíra puxa emancipações

    O sucesso das colonizadoras, notadamente a Maripá, pela extensão da antiga Fazenda Britânia, somou-se à polarização eleitoral entre adeptos de Lupion e de Bento Munhoz para motivar as comunidades do interior a fazer reivindicações estruturais.

    O Distrito de Guaíra pediu a emancipação de Foz do Iguaçu. A Maripá, atenta, pôs sua influência política em ação para reivindicar o mesmo para Toledo, que nem distrito era.

    Diante desses fatos, dois líderes cascavelenses também agiram. O farmacêutico Antônio Alves Massaneiro e Horácio Ribeiro dos Reis, funcionário dos correios e telégrafos, propuseram a criação do Município de Cascavel, mesmo a vila-sede do Distrito ainda sendo minúscula, menos populosa que Toledo.

    “[O processo de emancipação] começou em 1950 porque Toledo e Guaíra estavam fazendo a mesma coisa na intenção de se desmembrarem de Foz, que era a sede. (…) Quando saiu a nova divisão administrativa esses dois municípios foram criados, mas Cascavel não. Ficamos pertencendo a Toledo” (José Neves Formighieri, O Paraná, 29/07/1984).

    Massaneiro tinha amizade com o deputado Antônio Anibeli, que havia conhecido em Foz do Iguaçu. Foi assim que começou a ser alinhavado o projeto de emancipação de Cascavel.

    Força do PSD se dilui e oposição cresce

    Mesmo contando com a administração estadual e a maior parte das Prefeituras, o PSD não teve força para sustentar as candidaturas de Cristiano Machado a presidente e Ângelo Lopes, a governador. Ambos seriam facilmente derrotados por Getúlio Vargas e Bento Munhoz da Rocha Neto.

    Cristiano Machado, aliás, viu seu partido correr de volta aos braços de Vargas enquanto seus correligionários crucificavam sua candidatura no episódio chamado cristianização. 

    Ângelo Lopes, prefeito de Curitiba em 1947 e depois secretário da Fazenda, perdeu para Bento Munhoz, que enquanto deputado federal constituinte faz fama como o líder da recuperação das regiões Oeste e Sudoeste ao território paranaense.

    Bento também se beneficia do vazio de liderança nas regiões de conflito agrário, nas quais o Estado era ausente e o PCB, que liderava os posseiros, foi posto na ilegalidade pelo governo Dutra.

    Com uma ótima base eleitoral, escorando-se na tradição do pai, o médico e industrial Caetano, ex-governador no arranjo oligárquico urbano-rural de Affonso Camargo, Bento Munhoz da Rocha Neto é o catalisador dos grupos que abandonam o governador Lupion, forjando uma forte oposição.

    Sob a direção de Bento Munhoz

    Em 3 de outubro de 1950, Bento recebe uma votação consagradora no Paraná e Getúlio Vargas vence eleições arranjadas para permitir sua tranquila vitória. 

    Soma 49% dos votos, segundo a imprensa conservadora provenientes de “miseráveis, analfabetos, mendigos famintos e andrajosos, espíritos recalcados e justamente ressentidos, indivíduos tornados pelo abandono homens boçais, maus e vingativos, que desceram os morros embalados pela cantiga da demagogia (…) para votar na última esperança que lhes restava: naquele que se proclamava o pai dos pobres, o messias charlatão” (Paulo Duarte, em editorial na revista Anhembi).

    Por todo o Brasil, a canalização das angústias e das esperanças dos despossuídos nos trabalhistas “salvadores da Pátria” garantiu a vitória dos candidatos populistas, tendência já verificada na Argentina, com o peronismo. 

    Já sem seu protetor Lupion, com o projeto de redivisão do Estado incluindo Toledo como sede do Município a ser criado na área do Distrito de Cascavel, a comunidade cascavelense ficou em polvorosa. 

    Era preciso unir a população, como se fez ao criar o Tuiuti Esporte Clube. E será na sede do Tuiuti que as reuniões para organizar a criação do Município de Cascavel vão começar.

     

    Fonte: Fonte não encontrada

  • A encarnação do demônio e as primeiras crianças

    A encarnação do demônio e as primeiras crianças

    As condições que agravaram os problemas agrários no Paraná se acumularam desde a famigerada Lei de Terras de 1850, mas a gravidade verificada no interior araucariano um século depois em relação a outras regiões conflitadas do país vinha desde a Questão do Contestado, provocada por interesses ligados ao magnata estadunidense Percival Farquhar e à Companhia Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande. 

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    Nos anos 1950, especificamente, a insegurança aumentou por conta dos conflitos de domínio entre União e Estado, situação piorada pelo fracasso do Território Federal do Iguaçu (1943–1946). 

    Com uma transição truncada entre a região federalizada e a volta ao controle do Paraná, a União, ainda sob o espírito autoritário da longa ditadura, reservou-se por leis antigas ou novas, decretos e outros papéis a iniciativa de ações na área. 

    A pressa do Estado em fazer avançar os projetos de colonização, autorizando rápida e até descuidadamente a cessão de terras a particulares, era o contraponto aos negócios malfeitos pela União na ânsia de apressar a construção da Estrada de Ferro SP-RS.

    O governo do Paraná, desde Manoel Ribas, estimulou posseiros de todo o país a ocupar terras no interior, mas para evitar que as terras fossem consideradas devolutas, interesses políticos bancaram as grilagens.

    Documentos falsos feitos com a conivência de cartórios, amarelados artificialmente em gavetas fechadas com grilos mortos, davam aos papéis a aparência de antigos, para tornar críveis as datas pregressas assinaladas nos documentos fraudados.

    Grilos e jagunços 

    O Estado tratou de se assegurar domínio com suas próprias leis e normas, resultando de imediato na judicialização dos conflitos, enquanto a polícia submissa a interesses políticos e cartoriais deixava de reconhecer posses legítimas em favor dos documentos fraudados.  

    As colonizadoras, procurando proteger seus interesses reais ou supostos, além de se infiltrar na polícia do Estado contratavam um tipo especial de trabalhador rural: o jagunço. Daí à formação de milícias foi um passo. 

    Com isso, posses legítimas também caíam na malha da judicialização e entravam na mira dos grileiros e seus jagunços. 

    Com braços na polícia e nos cartórios, aproveitando-se da judicialização paralisante das questões de domínio entre União e Estado, as colonizadoras trataram de se fortalecer em um Estado democrático ainda frágil, sofrendo a sabotagem de velhos interesses ansiosos para voltar ao status autoritário anterior à Constituição de 1946.

    Nessa conjuntura, em 26 de julho de 1950 a Clevelândia Industrial, Territorial Ltda (Citla), comandada por Mário Fontana, empresário ligado ao grupo do governador Moysés Lupion, alegou ter comprado supostos direitos do coronel catarinense José Rupp no Sudoeste.

    Esse jogo de interesses se deu de forma ilegal, segundo o promotor Josaphat Porto Lona Cleto, e vai aumentar até produzir mais uma ruptura violenta na região do antigo Contestado, distribuindo-se em conflitos entre jagunços e posseiros no Norte, Oeste e Noroeste do Estado. 

    Sob pressão, os posseiros organizaram sua própria reação armada, incentivados pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB).

    O paraíso virou um inferno

    A iniciativa da União começou positiva, com a finalidade de ocupar rapidamente locais de baixa densidade demográfica em regiões de divisas internacionais. 

    Para isso, foram criadas áreas especiais de estímulo à produção, entre elas a Colônia Agrícola Nacional General Osório (Cango), nas glebas Missões e Chopim, área da antiga Colônia Militar.

    Os colonos se interessavam em seguir à região, também na trilha da propaganda lupionista do Paraná Maior, sobretudo porque além dos terrenos cedidos recebiam madeiras, ferramentas, sementes, assistência médica e odontológica gratuitas. 

    Era um bom modelo de colonização oficial. No entanto, as terras estavam sub judice e os colonos não podiam receber seus títulos de posse. 

    Quando foi negociada com a Citla em 1950 por um valor ínfimo pelo suposto dono, o coronel José Rupp, essa área, correspondente a cerca de meio milhão de hectares, abrangendo grande parte do Sudoeste do Paraná, já estava judicializada.

    Na Justiça, Rupp alegava ter prestado serviços não ressarcidos e com a situação ainda indefinida nos tribunais transferiu a posse por valor irrisório à empresa que logo será considerada pelos colonos esbulhados como “a encarnação do demônio” – a Citla.

    Terra demais e quase de graça

    O coronel Rupp, ao se radicar em Joaçaba (SC) no início dos anos 1920, fornecia material (dormentes) e mão de obra para a Companhia Estrada de Ferro São Paulo–Rio Grande, mas sua equipe não recebeu pagamento pelos serviços prestados e acionou a Justiça para receber.

    A ampla extensão de terra em poder de Rupp teria sido o pagamento por aqueles serviços não remunerados. 

    Respaldada na legislação, a crescente oposição ao governador Moysés Lupion considerou a área ampla demais para ser negociada e sua posse por particulares extremamente suspeita pelas condições tão favoráveis ao comprador. 

    A transação é tão esdrúxula que nenhum cartório da região Sudoeste aceita registrar a imensa propriedade em nome da Citla, empresa colonizadora que a adquire em meio a uma forte polêmica e é tida como ligada ao poderoso grupo econômico do governador Moysés Lupion. 

    A oficialização da área só será possível com a criação de um cartório em Santo Antônio do Sudoeste (Edvino Knäsel Vorpagel, A Revolta dos Posseiros no Sudoeste do Paraná). 

    A origem do cartório cheirou a queimado, no entendimento de uma oposição que aumentava dia a dia, enfrentando o governador Lupion com energia. O conflito iria durar anos, em cenários que se agravavam com violência, luta armada, destruição e mortes.

    A sinfonia dos insetos

    Em Matelândia, Benjamin Luiz Biazus já comemorava o sucesso da atração de colonos de Flores da Cunha (RS), destacando-se inicialmente os colonos Francisco Donadel, Fortunato Antônio Menoncim, Avelino Molon e Gentile Francisco Picolli, que com o jovem Faustino Biazus partiram de Caxias do Sul em maio de 1950 e deram a base para a futura cidade, cuja fundação foi assinalada como 11 de junho de 1950.

    Em meio à mata, a comitiva foi recepcionada ao som de “violinos” pela orquestra dos Borrachudos e Mirins (Mirtis Maria Valério, revista Mosaicos, julho de 1978).

    Caminhões chegando à Rota Oeste e a pressão por uma estrada melhor ligando Cascavel a Porto Mendes, em 7 de agosto a Prefeitura de Foz do Iguaçu recriava o Serviço Rodoviário de Foz do Iguaçu com a lei 54.

    A recriação se dava porque a lei 29, de 14 de junho de 1949, já havia criado o SR também sub judice, por conta do artigo 11 determinando nas Disposições Transitórias que as “dúvidas e omissões” relativas ao setor rodoviário seriam “resolvidas pela Câmara Municipal”.

    Conselho amplo e democrático

    Estava clara a usurpação pelo Legislativo de prerrogativas do Poder Executivo pela Câmara, mas para apressar a criação do Serviço Rodoviário o prefeito Júlio Pasa sancionou o texto aprovado pelos vereadores. Mas não vingou.  

    Em agosto, em nova correlação e forças, a nova lei passava a tarefa ao Conselho Rodoviário Municipal, constituído para ser o “órgão deliberativo rodoviário do Município”, reduzindo a interferência total do Legislativo a um vereador designado pela Câmara como seu representante.

    Nesse caso, o Conselho Rodoviário Municipal de Foz do Iguaçu passava a ter como integrantes o prefeito ou representante, o chefe do SR, mais representantes individuais da Câmara, da indústria e comércio, da lavoura, engenheiro representante do DER estadual, da Associação dos Motoristas de Foz do Iguaçu e da Associação Profissional das Indústrias de Serraria, Carpintaria e Tanoaria do Oeste do Estado do Paraná (os dois últimos a partir de 1963), um dos quais será eleito para presidir o Conselho e nomeará um secretário executivo.

    Parteira guarani para filhos de imigrantes 

    As providências tomadas nas esferas municipal e estadual já davam aos colonos que chegavam a certeza de que participariam de uma obra coletiva. Foi nesse clima que o chefe da Maripá, Willy Barth, trouxe a família de Porto Alegre para Toledo em 15 de agosto de 1950, não sem queixas da esposa Diva Paim Barth, que ao chegar ficou horrorizada ao ver que “a casa ainda não tinha portas nem janelas” (jornal O Paraná, 10/4/2005).

    Entre os colonos que já estavam trabalhando no Médio Oeste o sentimento era de que o futuro prometia riquezas. As dificuldades eram só desafios a vencer com força e coragem. 

    Um marco dessa época, em 17 de agosto de 1950 nasciam as primeiras crianças da nova colonização: os gêmeos Cláucio e Cláucia, em Marechal Cândido Rondon. 

    Fato simbólico das condições da época, a parteira que atendeu à mãe, Alice Weirich, foi uma anônima índia paraguaia. Os paraguaios eram sempre chamados para enfrentar as dificuldades que apareciam, desde abrir estradas, providenciar o tratamento imediato das picadas de cobra e sair ao mato para coletar na grande farmácia da natureza as ervas necessárias a poções e mezinhas.

    Fonte: Fonte não encontrada

  • “Capitais valorizáveis”, a lição dos gaúchos

    “Capitais valorizáveis”, a lição dos gaúchos

    É impossível dissociar a aceleração dos projetos dos colonizadores gaúchos dos grandes eventos políticos da década de 1940: a emenda constitucional que pôs fim ao Território Federal do Iguaçu, proposta pelo professor Bento Munhoz da Rocha Neto, e o projeto Paraná Maior, do governador Moysés Lupion.

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    A projeção conquista por Bento ao resgatar a integridade do Paraná e o sucesso administrativo de Lupion terão como consequências a eleição do primeiro ao governo do Estado – e as sucessivas eleições de Lupion ao Senado e novamente eleição ao governo estadual.

    A conjuntura favorável no Estado proporcionada pelo ânimo de ter o Paraná inteiro novamente e a propaganda de obras inauguradas diariamente por todo o Estado permitiu às colonizadoras deslanchar de uma só vez projetos que poderiam se desenrolar por anos a fio. 

    Nascida na mesma fonte de capitais gaúchos associados da qual jorrou a Maripá, a colonizadora Pinho & Terra de imediato virou a década iniciando mais dois novos focos de colonização em 1950, trazendo agricultores de Farroupilha para formar Céu Azul, com Reinaldo Biazus e Emílio Gomes, e de Flores da Cunha e Caxias do Sul para criar Matelândia, com Benjamin Biazus.

    Se é certo que Cafelândia e Ramilândia têm seus nomes derivados das culturas agrícolas, o nome Matelândia não se deve ao esgotado ciclo da erva que deu riqueza ao Paraná antigo. 

    Homenageia o colonizador Miguel Emílio Matte, o empresário que tentou povoar a região, mas perdeu as terras por não conseguir saldar o empréstimo de cem mil pesos que tomara junto ao argentino Alfredo Giombelli (https://x.gd/sSlCI).

    O curioso caso de Braganey

    A chegada de colonos prosseguiu em abril de 1950 com pequenas caravanas ou famílias que se deslocavam ao Paraná. Em terras devolutas ou adquiridas nas empresas colonizadoras, eles se instalam no interior do Distrito de Cascavel para projetos agrícolas. 

    Foi o caso das famílias de Joaquim Correa e outros pioneiros que se fixaram inicialmente às margens do Rio Tigre, atual Rio Novais, interessados na produção de café, em região que na qual brotaria o Município de Braganey.

    Joaquim Correa mais tarde iria se associar a Isidoro Primo Frare e Pedro Pereira de Godoy em novo projeto de colonização, que além da venda de lotes rurais e previa um centro de prestação e serviços: lotes urbanos dotados de arruamento. O lugar inicialmente recebeu o nome do acidente geográfico mais característico, de acordo com o costume da época: Rio Tigre.

    Todo felino selvagem era chamado de “tigre” pelos colonos, mas o nome foi considerado seria impróprio, já que o animal que não pertence ao bioma paranaense. Logo a influência religiosa fez a comunidade mudar o nome da vila de Rio Tigre para São Roque, enquanto o curso de água passava a ser conhecido como Rio Novais. 

    Mais tarde, São Roque virou Braganey, truque cínico para driblar a lei que impedia dar o nome de pessoas vivas a locais e logradouros públicos. Na tradicional bajulação aos governantes, a negociação para criar o Município de São Roque envolveu a aceitação do nome disfarçado do governador Ney Braga, em campanha ao Senado. 

    Militar, mas político civil

    O general Ney Braga foi iniciado na política pelo cunhado Bento Munhoz da Rocha Neto. Era casado com Maria José Munhoz da Rocha, filha do ex-governador Caetano Munhoz da Rocha, que morreu em 1944, ano em que Ney foi promovido a capitão.

    Ao se eleger para o governo do Paraná em 1951, Bento nomeou Ney para uma discreta participação no Conselho Regional de Desportos do Estado. No ano seguinte, porém, tomou partido no racha militar interno que dividia as Forças Armadas entre os oficiais nacionalistas ligados ao getulismo e a Cruzada Democrática, que iria desembocar na frustrada “revolução” de abril de 1964.

    A destacada atuação na CD valeu ao major Ney Braga em agosto de 1952 o grau de cavaleiro da ordem do mérito militar concedido espertamente pelo presidente Getúlio Vargas. 

    No xadrez político do Paraná nessa época, em dezembro ele foi convidado pelo cunhado Bento a substituir o tenente-coronel Albino Silva, futuro chefe do Gabinete Militar do presidente João Goulart e presidente da Petrobrás, para comandar a polícia do Paraná. Ainda não existia a Secretaria da Segurança Pública nos moldes atuais.

    Cidade Ney Braga

    Como chefe de polícia, Braga se tornou um herói dos colonos do interior ao combater os jagunços. Cm prestígio, elege-se prefeito de Curitiba em 1954, no clima de consternação pelo suicídio do presidente Vargas. 

    Eleito deputado federal em 1958, quando se afasta da liderança de Bento e cria a sua própria, partiu para a candidatura ao governo do Estado. Seu primeiro mandato, via voto popular, transcorreu entre 1961 e 1965, no curso do qual foi promovido a general do Exército. 

    Enquanto no interior do Paraná a colonização particular avançava e os projetos do Estado sofriam embaraços pela grilagem e a reação violenta dos posseiros às arbitrariedades da polícia e dos jagunços das colonizadoras, Braga iniciou uma campanha de desarmamento no interior que também implicaria o desmonte da cumplicidade da polícia estadual com o jaguncismo.

    E assim, por pacificar o interior, prendendo posseiros, jagunços e policiais envolvidos, em lugar da inviabilizada Cidade Munhoz da Rocha, que iria imortalizar Bento, foi seu ex-cunhado e já desafeto Ney Braga quem recebeu a homenagem de dar nome a uma cidade. 

    A Copa do Oeste

    Em 1950, o Brasil em geral vive um clima de euforia e confiança no futuro, com democracia e envolvido no clima da Copa do Mundo, que se realizaria em seis cidades brasileiras – uma das quais Curitiba.

    Enquanto caravanas estrangeiras chegavam a Curitiba para se instalar nos hotéis à espera dos dois jogos da Copa a se realizar no Paraná – Espanha 3 x 1 Estados Unidos, em 25 de junho, e Suécia 2 x 2 Paraguai, no dia 29 –, no dia 11 de junho de 1950 partia do Sul, comandada por Benjamin Luiz Biazus, uma caravana interessada em um jogo mais atraente: iniciar Matelândia, um dos principais elementos de formação da Rota Oeste (Cascavel–Foz do Iguaçu)  

    Em julho, a imprensa gaúcha publicava anúncio que indicava prejuízos para o capital não utilizado ou investido em bancos:

    “Não se prejudique retendo o dinheiro em casa ou depositando a juros. Tudo está aumentando continuamente e quanto mais aumenta mais desvaloriza o cruzeiro*. Adquira capitais valorizáveis comprando terras na cidade de Matelândia. Terras especiais para o cultivo do café bem como de quaisquer culturas. A cidade de Matelândia já possui todos os recursos necessários para o bem-estar dos moradores como sejam: telefones, casas comerciais, hotéis, diversas indústrias, etc, etc, que bem atestam o sólido o desenvolvimento da Matelândia” (Jornal Correio Riograndense, 20 de julho de 1950)

    *Cruzeiro: criado em 1942 e extinto em 1993, devorado pela inflação

    Zanato, olho clínico para terras 

    O mais ativo propagandista da fertilíssima terra vermelha do Oeste paranaense na imprensa do Sul foi o corretor de imóveis Armando Zanato (1907–1973), que também chegou a Cascavel em 1950, contratado pela Fundação Paranaense de Colonização e Imigração.

    Trazia a missão de pacificar os posseiros, negociar com eles a legalização das terras, “possibilitando à Fundação a venda do saldo de terras de cada lote, depois de acertar com cada posseiro o que lhe cabia” (Elcio Zanato, filho de Armando). 

    “Ao andar pelo sertão, descobriu um cruzo de caminhos, ligando Cascavel à barranca do Rio Piquiri e outro caminho que vinha da região de Sertãozinho à estrada que ligava Cascavel ao Piquiri, por outro traçado, passando pela Placa, atual Central Santa Cruz, à época pertencente à Cascavel e hoje pertencente a Cafelândia. No cruzo destes dois caminhos, fundou Corbélia, primeiro Distrito de Cascavel”.

    Armando Zanato também focava a terra paranaense como a aplicação ideal para o capital acumulado pelas famílias sulinas. Para ele, em folheto distribuído no Norte do RS, as terras da região de Cascavel eram “o melhor emprego de capital”. 

    Eleições trazem o passado, mas não o repetem 

    Os símbolos paranaenses – bandeira e hino abolidos em 1922 pelo governador Caetano Munhoz da Rocha – foram restabelecidos oficialmente pelo governador Moysés Lupion.

    O gesto configurava um tapa de luva em seu principal adversário e filho do ex-governador, Bento Munhoz, que surgia como o candidato favorito da velha oligarquia à sucessão de Lupion.

    Em fins de julho de 1950, porém, um novo fator, desta vez político e de cunho nacional, iria robustecer a oposição ao governador do Paraná: o PTB preparava o retorno do “velho” ao poder, oficializando a candidatura presidencial de Getúlio Vargas, então com 68 anos.

    O retorno ao poder de antigos dirigentes com a imagem reciclada depois de uma onda de denúncias e forçado afastamento, como ocorreu com Vargas, não é novidade no país ou no exterior. No entanto, as mudanças ocorridas nas instituições, na economia e na conjuntura externa nos anos de ausência do líder político desmontam a ilusão de que sucessos anteriores possam se reproduzir. 

    Nem Vargas, nem Lupion conseguiram repetir o melhor de seus governos anteriores. O governo Vargas acabou em suicídio e o de Lupion deixou um rastro de práticas corruptas que determinou sua cassação e a perda de direitos políticos. Esta, aliás, forçada por Ney Braga e seus camaradas militares e democratas-cristãos.

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Fronteiras abandonadas ou entusiasmo e fé?

    Fronteiras abandonadas ou entusiasmo e fé?

    Puxada pelo jornal fluminense O Globo, em 20 de outubro de 1949, a campanha para tentar impedir o retorno do getulismo ao poder expôs o Oeste e o Sudoeste do Paraná como um caos social e administrativo ao ser devolvidos pelo extinto Território Federal do Iguaçu, em 1946. 

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    O jornal mencionava “fronteiras abandonadas e uma população esquecida”. “O próprio batalhão, sediado em Foz do Iguaçu, para alimentar a sua soldadesca, era forçado a contrabandear gado do Paraguai”, prosseguia o jornal.

    Pelo impacto, amplitude e sensacionalismo da matéria, essa foi a narrativa que prevaleceu na historiografia, até porque seria fácil comprovar as informações factíveis. 

    A alternativa que se apresentou ao governador Moysés Lupion foi o esforço da equipe de governo para demonstrar na prática o cumprimento do programa “Paraná Maior”.

    Para enfrentar as informações negativas que circulavam na imprensa, o governo Lupion mobilizou forças para um contra-ataque publicitário que no plano administrativo implicava a preparação de um elenco de medidas para dinamizar a economia. E, enquanto elas não produzissem efeitos, um roteiro de festivas inaugurações.

    O governador havia prometido em mensagem encaminhada à Assembleia que iria agir com uma “ação planificada”, a ser conduzida por “homens que, como eu, estão empenhados nesta grande batalha da construção de um Paraná Maior e num ensaio único de realizar a grande obra do futuro”. 

    Audácia e fatores morais e fé

    Esse linguajar autoelogioso e ufanista faria escola entre seus sucessores. Lupion desenhava o próprio mandato como uma “obra”, que seria fruto da ação de um empreendedor que puxa a ação para si.

    Para esse gestor, “a falta de audácia na ação, a falta de visão política e a pequenez nas determinações representam traição ao futuro”. A máquina do Estado se reduzia à vontade e às qualidades de uma pessoa, que se apresentava como dotado de visão e muito determinado. 

    As palavras otimistas procuram animar o Estado para a concretização dos objetivos desse governo personalista, que para Lupion iriam compor a sua construção pessoal do Estado – “uma obra de entusiasmo e de fé”, apoiada em “fatores morais”. 

    Com esse discurso individualista e um planejamento progressista Lupion tentava sufocar os conflitos e esconder as debilidades da ausência do Estado no interior, onde havia desvios de conduta dos homens de confiança do governador, corrupção, conivência com a grilagem de terras e perseguição aos posseiros.

    Para o bem, nesse final de década, de fato, o Estado revelava um imenso potencial de crescimento econômico, que adviria da eletrificação e dos projetos no setor de transportes.

    Maripá usou bem a conjuntura 

    Com a propaganda das terras oestinas no Sul em plena operação, o planejamento orientado para a exploração a madeira pela colonizadora Maripá reforçou o discurso progressista de Lupion.

    O embate de versões sobre se o Oeste do Paraná estava abandonado ou assistido vinha a calhar à Maripá, que em 27 de abril de 1949 protocolou no Instituto Nacional do Pinho pedido para instalar sete novas serrarias na região “além da que já mantinha, e derrubada de árvores para aproveitamento de madeira de Toledo e comunidades vizinhas” (Luiz Alberto Martins da Costa, Calendário Histórico de Toledo). 

    “O potencial estimado é de 576 mil pinheiros, com 12 árvores por hectare, em 48 mil hectares. Mais 900 mil outras árvores, como cedro, ipê, cabriúva e grápia, com 4 árvores por hectare, em área de 225 mil hectares. A meta é derrubar 30 mil pinheiros por ano, em área de 25 mil hectares, produzindo 75 mil toras, com 84 mil m3. Mais 20 mil outras árvores, produzindo 40 mil toras, com 50 mil m3. Informa ainda que haviam sido demarcadas 400 colônias que seriam acrescidas de mais 300, da quais 200 em área de madeira de lei e 100 pinhais. A produção prevista para as 7 serrarias é de 4.464m3”.

    O caminho mapeado

    Para Cascavel, sair do marasmo em que caiu com o Território do Iguaçu dependia de providenciar caminhos para quem precisasse acessar os portos do Rio Paraná. Entroncamento de trilhas, os ramos principais à fronteira seriam rumo a Foz do Iguaçu ou a Porto Mendes, a opção preferida pelos italianos que chegavam.

    Já definido pela geografia, via divisor de águas, como polo de bifurcações de caminhos, a rota de Cascavel para Foz do Iguaçu era formada por diversos trechos de antigas trilhas indígenas, ervateiras e também militares, sem mapas à disposição dos colonos em marcha.

    Ao contrário, o sentido Porto Mendes contava com um trajeto já bem mapeado pelas tentativas de colonização da Santa Helena Velha e pela vistoria minuciosa feita em nome do governo paranaense pelo engenheiro Arthur Martins Franco e sua equipe no início do século.

    No entanto, os caminhos a Foz do Iguaçu eventualmente recebiam reparos, pois a Rota Oeste estava começando, mas o trecho Cascavel-Porto Mendes ficava inviável a cada chuva, apesar da notícia de que uma linha de ônibus logo viria se integrar aos esforços da Maripá.

    Sede ou interior?

    Deu-se então um embate na Câmara de Foz do Iguaçu entre vereadores da sede e do interior: os parcos recursos disponíveis deveriam ser usados no remoto interior, onde logo se esgotariam, por ser insuficientes, ou deveriam apoiar os colonos no entorno da cidade-sede?

    O interior foi descartado, contra a vontade do prefeito Júlio Pasa, mas em benefício do eixo Cascavel-Porto Mendes foi brilhante sua iniciativa de designar Manoel Ludgero Pompeu para assumir as funções de subprefeito distrital de Cascavel.

    A determinação serviu também para compensar o vácuo de gestão decorrente do afastamento do líder local, Jeca Silvério, determinado pelas autoridades do Território Federal.

    A designação teve ainda uma consequência inusitada: aumentou o grau de entrelaçamento entre as vidas de Jeca Silvério e Manoel Pompeu, que já tinham uma grande identidade (https://x.gd/Chaof). 

    Além disso, a combinação dessas personalidades deu a Cascavel, em paralelo às suas sólidas bases familiares, uma inteligência política e administrativa invejável para um distrito cuja sede ainda era uma pequena vila.  

    Pompeu e suas ligações    

    Quando foi enviado a Cascavel em 1949, Manoel Ludgero Pompeu não só conhecia bem a região como já era um nome histórico em Foz do Iguaçu, como um dos fundadores da primeira cooperativa agrícola da região, em 29 de maio de 1932.

    Com 32 agricultores participando da assembleia de fundação, a Sociedade Cooperativista Agrícola Ltda tinha no Conselho de Administração nomes que no futuro seriam decisivos para o fortalecimento de Foz do Iguaçu e do Oeste paranaense.

    Entre ele, Antônio Dotto (presidente), Balduíno Welter (diretor gerente), Sílvio Rorato, Antônio Alves Amaral, Martin Nieuwenhoff, Cristiano Waudscher e Manoel Ludgero Pompeu, que era o diretor tesoureiro. No Conselho Fiscal figurava ainda o prefeito Júlio Pasa. 

    Foi Pasa quem moveu a peça certa para o lugar certo, designando Pompeu como subprefeito do Distrito de Cascavel, para onde ele se transfere nesse mesmo ano decisivo de 1949 para desenvolver uma atuação que ultrapassou os limites distritais e se estendeu para além da criação do Município de Cascavel, instalado em 1952.

    Chamado pelo prefeito José Neves Formighieri, Pompeu se manteve no serviço público municipal entre 1953 e 1959, destacando-se no exercício de suas funções apesar dos mínimos recursos disponíveis.

    Energia atrai colonos

    Um dos feitos notáveis de Pompeu como subprefeito, entre 1949 e 1950, foi buscar uma ligação direta entre o Oeste e o Norte. Nesse caso, fez a exploração, a locação e o desmatamento de toda a estrada que seguia de Cascavel ao Porto 1, no Rio Piquiri.

    O traçado ligava Cascavel a Melissa, Central Santa Cruz, Cafelândia, Iguaçuzinho e Nova Aurora, “desta forma inaugurando a primeira ligação rodoviária com o Norte, até então inacessível, a não ser via Guarapuava” (Alceu A. Sperança, Cascavel, a História). 

    Foi ainda consequência direta da presença de Pompeu em Cascavel e das necessidades expostas pela colonizadora Maripá a criação, pelo prefeito Júlio Pasa, do Serviço Municipal de Luz Elétrica da Vila de Cascavel, em 14 de dezembro de 1949.

    A lei 35/49 fechava o ano determinando a dotação de 12 mil cruzeiros para a “manutenção e regularização” do setor em 1950. 

    Assim, foi já com a disseminação da propaganda de que a região da Maripá contava com energia elétrica que em 7 de março de 1950 chegavam a Toledo os primeiros colonos trazidos pela colonizadora, com famílias que se instalariam também em áreas do futuro Município de Marechal Cândido Rondon.

    Eles vinham para se estabelecer nos núcleos de colonização que darão origem não só a Toledo, Marechal Cândido Rondon e seus distritos, mas também aos embriões de vários outros futuros municípios. 

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Exposição captura a essência da maternidade em fotos emocionantes

    Exposição captura a essência da maternidade em fotos emocionantes

    O Museu de Arte de Cascavel tem um convite especial para os apoixonados por arte e fotografia. Nesta terça (4), a partir das 17h30, a Sala Verde da Biblioteca Pública Municipal Sandálio dos Santos, será o palco para a abertura da exposição fotográfica “Mães, o Nascimento”, da fotógrafa Franciesca Antoniazzi, em parceria com o Museu de Arte de Cascavel. A entrada é gratuita. 

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    A exposição é uma oportunidade imperdível para mergulhar na beleza, amor e emoção do processo de nascimento, destacando o protagonismo das mães. Através de uma cuidadosa seleção de fotografias, Franciesca Antoniazzi busca transmitir a essência e a importância desse momento único na vida da mulher.

    “Acredito que a temática da exposição ‘Mães, o Nascimento’ é relevante e impactante, uma excelente contribuição para a programação cultural do MAC e para os cascavelenses”, comenta Franciesca.

    A mostra seguirá aberta até o dia 31 de julho, sempre de segunda a sexta-feira, das 08h às 18h, oferecendo diversas oportunidades para apreciar e se emocionar com as fotografias expostas. 

    Não perca essa chance única de explorar os momentos preciosos da maternidade por meio do olhar sensível e artístico de Franciesca Antoniazzi. A Sala Verde, localizada na Rua Paraná, 2786, no Centro de Cascavel, será o ponto de encontro para essa experiência enriquecedora.

    Fonte: Assessoria

  • Abertura do 33º Festival de Música terá apresentação da renomada Orquestra Sinfônica do Paraná

    Abertura do 33º Festival de Música terá apresentação da renomada Orquestra Sinfônica do Paraná

    Preparem-se, amantes da música: A renomada Orquestra Sinfônica do Paraná irá brilhar em palco cascavelense. Os músicos farão o concerto de abertura da 33ª edição do Festival de Música de Cascavel, um dos eventos mais tradicionais da região. 

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    O espetáculo será neste sábado (8), às 19h30, no Teatro Municipal Sefrin Filhos. Os ingressos são gratuitos, basta apenas garanti-lo de forma online por meio do link www.linktr.ee/culturacascavel. Os ingressos são limitados, então não deixe para a última hora. Organize-se e garanta seu lugar nesse espetáculo emocionante. Prepare-se para ser envolvido pela harmonia e emoção que só a música ao vivo pode proporcionar.

    Não perca a oportunidade de vivenciar uma experiência única, cercada pela magia dos sons e melodias que encantam corações. A Orquestra Sinfônica do Paraná, reconhecida nacional e internacionalmente por sua excelência musical, promete uma apresentação inesquecível.

    O Festival é promovido pela Secretaria de Cultura de Cascavel.

    Festival de Música

    Em sua 33º edição, o tradicional Festival de Música de Cascavel, acontecerá de 08 a 16 de julho e é um dos eventos mais esperados pela comunidade musical de Cascavel, tanto pelos profissionais como pelos músicos amadores. Como em todas as edições o Festival vem auxiliar na consolidação, da já forte, prática música, tanto em nossa cidade como da região Oeste. 

    Além da apresentação de abertura, o Festival terá espetáculos gratuitos todas as noites. Os demais não precisam de retirada antecipada de ingresso. Confira a programação: 

    08 de julho – Sábado

    ● 19h30 – Orquestra Sinfônica Do Paraná – Teatro Municipal Sefrin Filho. 

    11 de julho – Terça-feira

    ● 19h30 – Encontro Dos Coros – Teatro Municipal Sefrin Filho. 

    12 de julho – Quarta-feira

    ● 19h30 – Noite Cascavelense – Artistas e Escolas de Música da cidade – Teatro Municipal Sefrin Filho. 

    13 de julho – Quinta-feira

    ● 18h – Recital Duo Palheta Ao Piano – Liceu Musical Palestrina;

    ● 19h30 – Noite Das Bandas Sinfônicas E Orquestras De Cascavel – Teatro Municipal Sefrin Filho. 

    14 de julho – Sexta-feira

    ● 18h – Recital De Alunos Das Oficinas De Piano Erudito Ii E Clarinete E Madeiras – Liceu Musical Palestrina;

    ● 19h30 – Noite Dos Intrutores – Teatro Municipal Sefrin Filho. 

    15 de julho – Sábado

    ● 19h30 – Noite Dos Alunos – Teatro Municipal Sefrin Filho. 

    16 de julho – Domingo

    ● 19h30 – Encerramento – Coro e Orquestra do Festival – Teatro Municipal Sefrin Filho;

    ● 20h30 – Lançamento 2024 – Coro e Orquestra Itaipu – Teatro Municipal Sefrin Filho. 

    Oficinas gratuitas

    A Secretaria Municipal de Cultura prorrogou o prazo de inscrições para as oficinas gratuitas do 33º Festival de Música de Cascavel. Se você quer aprimorar suas habilidades musicais e ter experiências inesquecíveis, não perca a chance e garanta já a sua vaga. 

    Os interessados podem fazer a inscrição até sexta-feira, dia 7 de julho, preenchendo o formulário disponível no site www.linktr.ee/culturacascavel. Ao todo, são 27 oficinas, que serão ministradas por profissionais de renome na área. No entanto, só restam vagas em 20 oficinas. As aulas de Piano Erudito I, Piano Erudito II, Piano Piano Popular, Técnica Vocal Popular, Técnica Vocal Lírico, Violino e Teoria Musical e Harmonia já fecharam turma e estão com as vagas esgotadas.

    Fonte: Assessoria

  • Renato Silva prestigia homenagem a paratleta de parataekwondo

    Renato Silva prestigia homenagem a paratleta de parataekwondo

    No mês passado, Eduardo Emanuel Sartori Fillus, um dos paratletas que representam a cidade de Cascavel no parataekwondo, realizou um feito extraordinário ao obter sucesso em um exame e conquistar a tão sonhada faixa preta. Eduardo, um jovem com síndrome de Down, demonstrou que nada é impossível quando se tem perseverança, dedicação e apoio.

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    Em reconhecimento a toda a determinação e superação de Eduardo para finalizar sua graduação no curso de Educação Física e por suas conquistas em diferentes categorias paradesportivas, ele foi homenageado nesta segunda-feira (3) com Voto de Louvor e Congratulações pela Câmara de Vereadores de Cascavel. O vice-prefeito de Cascavel, Renato Silva, e a coordenadora do Setor de Paradesporto da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer, Pollyana Bastos, estiveram presentes para prestigiar a cerimônia.

    “O Eduardo é um dos atletas que tão bem representa Cascavel e esse reconhecimento é mais do que justo. A história de superação do nosso atleta é um exemplo para todos nós”, avalia Renato Silva.

    Os atletas do parataekondo tem apoio do Município de Cascavel por meio do chamamento público. “Eduardo é um menino de ouro para nossa maravilhosa cidade”, diz a coordenadora do setor.

    Desde cedo, Eduardo demonstrou interesse por esportes, começando aulas de capoeira na APAE aos seis anos de idade e participando de aulas de natação por muitos anos no Clube Comercial. Sempre contou com o apoio de sua família, que o incentivou a perseguir seus sonhos.

    Seu empenho e talento o levaram a se tornar um atleta medalhista do paradesporto desde 2013, competindo em diversas modalidades, como Atletismo, Natação e Parataekwondo. Atualmente, Eduardo é bicampeão brasileiro e bicampeão paranaense de ParaPoomsae na categoria P22 – Síndrome de Down.

    Além de suas conquistas esportivas, Eduardo não se limitou a isso. Há seis anos, ele trabalha como Assistente Administrativo de Recursos Humanos na empresa Mascarello. Determinado a seguir sua paixão pelos esportes, Eduardo prestou vestibulares e foi aprovado na Unopar Anhanguera, onde se formou Bacharel em Educação Física.

    Fonte: Assessoria

  • Os últimos vestígios do Território do Iguaçu

    Os últimos vestígios do Território do Iguaçu

    O Território Federal do Iguaçu fracassou administrativamente e só burocratas aninhados em suas repartições se queixaram quando a Assembleia Nacional Constituinte o desmontou, em 8 de setembro de 1946, por força do art. 8º do ato das disposições transitórias da nova Carta Magna.

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    Desde 1889, Foz do Iguaçu era para os militares e servidores públicos uma versão paradisíaca da Sibéria, para onde os opositores do governo russo eram enviados. Edgard Buxbaum, por exemplo, participara do levante tenentista da Vila Militar que repudiou a eleição de Artur Bernardes para a presidência da República, em 1922. Tido como comunista, foi mandado em 1932 para criar a Companhia Isolada do Exército em Foz do Iguaçu.

    Foi para evitar servir em Foz do Iguaçu que os burocratas do Iguaçu rejeitaram a cidade da fronteira como sua capital. Pra rejeitar também Cascavel alegaram que as instalações do Correio eram um rancho caindo aos pedaços. Não pensaram em construir uma casa melhor, só em evitar o isolamento no distante Oeste paranaense.

    Tão logo o TFI foi extinto, os poucos servidores federais do TFI que atuavam na região correram para embarcar no primeiro avião que os devolvesse às delícias do Rio de Janeiro, então a capital do país, deixando abandonados um caminhão e um automóvel de luxo que a Prefeitura de Foz do Iguaçu passou a usar.

    Apertada pelas reivindicações rodoviárias do Distrito de Cascavel, que desde 1946 também incluía Toledo, a Prefeitura decidiu vender os últimos resquícios do Iguaçu ao pedir à Câmara Municipal autorização para fazer dinheiro com os veículos. 

    Dinheiro era matéria escassa nos cofres iguaçuense. Pasa ficou mais de um ano sem retirar o próprio salário na Prefeitura, decidindo não receber nada até que os salários dos servidores municipais fossem pagos.

    A autorização para a venda veio em 22 de dezembro de 1950, quando a lei 65/50 autorizou o prefeito Júlio Pasa a abrir concorrência pública para fazer a venda. A Câmara, porém, marcou os recursos, determinando que a apuração da venda fosse usada para a aquisição de um caminhão novo para o Município.

    Último a receber e a ter luz

    Júlio Pasa foi um divisor de águas à frente da Prefeitura de Foz do Iguaçu. Mais de uma vez nomeado para a Prefeitura na ditadura Vargas, ele era também seria o primeiro de um ciclo de prefeitos civis, mas não teve facilidades na última gestão. menos por conta de suas ligações com o regime vencido do que por se aliar aos adversários.

    Descendente de italianos, Pasa nasceu em 8 de fevereiro de 1896 em Júlio de Castilhos (RS) e veio tentar a sorte na fronteira paranaense como pedreiro, em 1918. Participando ativamente na vida na fronteira, foi nomeado por Getúlio Vargas para a Prefeitura logo após a vitória da Revolução de 1930. 

    Com as transformações que o país sofria ao retomar a democracia, Pasa também mudou: em 16 de novembro de 1947 ele se elegeu para a Prefeitura nas primeiras eleições diretas do Município, mas pelo partido que era o principal rival de Vargas: a UDN, sigla pela qual também foi eleito vereador e presidente da Câmara Municipal.

    Seu principal desafio foi a energia elétrica. Pressionado pelas lideranças de Cascavel e pela colonizadora Maripá, que iniciava Toledo, Pasa se viu forçado a começar resolvendo o próprio problema de energia elétrica de Foz do Iguaçu antes de conseguir aprovação da Câmara para agir em Cascavel.

    “Fez questão de deixar seu próprio domicílio como um dos últimos do bairro [a receber energia], para que não lhe coubesse críticas” (Jornal Gazeta do Iguaçu, 28/9/1994).

    Pasa, forte ligação com Cascavel 

    Com grande senso de humor e diplomacia, Júlio Pasa era um rábula nas horas vagas, defendendo quem precisasse de justiça. Adorava crianças: casado com Isabel Bonini Pasa, teve com ela 11 filhos e adotou outros 6. 

    Fornecedor de alimentos para o quartel do Exército, teve atuação destacada na Associação Rural e ajudou o Tuiuti Esporte Clube, de Cascavel, a obter o terreno de sua primeira sede.

    Foi para ajudar o Tuiuti que Pasa fez aprovar em março de 1950 a lei 51/50, isentando de impostos e taxas “todas as sociedades ou associações, organizadas ou a organizarem-se, com domicílio e ação dentro do Município, desde que sejam suas finalidades culturais, sociais, recreativas, esportivas ou beneficentes e com personalidade jurídica própria”.

    Além das exigências gerais por energia elétrica em todo o Município que no futuro teria Itaipu, o problema que mais dava dores de cabeça em Pasa eram as estradas sempre em mau estado. 

    Nesse caso, seu principal desafio foi a urgência da transformação em rodovia da velha estrada ervateira que ligava Cascavel a Porto Mendes, exigência de Cascavel e da colonizadora Maripá apresentada na Câmara Municipal de Foz do Iguaçu pelo vereador João Batista de Oliveira, do mesmo partido do prefeito, a UDN, em 15 de junho de 1950.

    Orientado pelo prefeito Pasa, Oliveira fez a indicação apontando até onde estavam os recursos para a estrada, intransitável durante a II Guerra (https://x.gd/IwjH0), só viável nos trechos que interessavam aos colonos com mais recursos, nos quais eles mesmos faziam a manutenção. 

    Sem trânsito aos portos, muitos colonos a caminho do Rio Paraná ficaram parados em Cascavel e várias famílias foram convencidas por Jeca Silvério a se instalar em chácaras ao redor da sede distrital.  

    Lopes, médico de força política 

    “A estrada Cascavel ao Porto Mendes, construída, e até hoje conservada por iniciativa particular, muito tem beneficiado os interesses do Município”, justificava o vereador, eleito pelo Distrito de Guaíra. 

    “E agora que está para ser normalizado o serviço regular de transportes coletivos entre esta cidade e Porto Mendes, com escalas por Cascavel, Lopeí, Toledo, Porto Britânia, Rio Branco, Porto São Francisco e Artaza, que muito virá beneficiar o intercâmbio e a aproximação das localidades intermediárias, justo é que o poder municipal, que dessas atividades tira vantagem, coopere e empregue partes de suas verbas na referida estrada, que é de vital importância econômica e social do Município”.         

    Os argumentos eram poderosos, mas a maioria da Câmara rejeitou a proposta por interferência do presidente do Legislativo, Dirceu Lopes, avesso aos lobbies de interesses particulares que tentavam desviar recursos para seus negócios.

    Uma lenda na fronteira, Lopes foi o primeiro médico a se instalar em Foz do Iguaçu, para onde veio em 1934 com a missão de montar um posto de saúde na cidade em pagamento de um ano de estudos que, sendo aluno pobre, devia à Universidade do Paraná. 

    Lopes se instalou numa saleta da Prefeitura e alinhou numa prateleira todo o material que trazia: algumas latas de comprimidos de quinino, para combater a malária, algumas ampolas de óleo canforado e azul de metileno injetável. 

    Eram suas armas para enfrentar o mal mais ameaçador e temido da época: o chuncho, como a população fronteiriça chamava a malária, que grassava de forma epidêmica no verão. 

    A estrada ficou sem cura

    O médico só tinha acesso aos remotos lugarejos onde se “escondiam” os pacientes a cavalo, pois era impossível alcançá-los de automóvel. 

    “Era uma verdadeira calamidade chegar a uma residência e encontrar quase toda a família acamada. O que é que podia fazer um triste médico com comprimidos de quinino?” (Dirceu Lopes, depoimento a Ruy Christóvam Wachowicz, Obrageros, Mensus & Colonos).

    No entanto, Oliveira contava com o apoio do prefeito e a Câmara até aprovou a indicação, mesmo porque Jeca Silvério, o líder de Cascavel, era suplente de Lopes na Câmara Municipal, ligado ao mesmo PSD do presidente da Câmara, e tinha interesse na obra, assim como Manoel Ludgero Pompeu, definido por Pasa para ser o subprefeito do Distrito de Cascavel.

    Pompeu viria a se notabilizar justamente abrindo e melhorando estradas, mas por ora os recursos da Prefeitura acabaram se dissipando em outras obras de interesse mais direto da população de Foz do Iguaçu e a estrada distrital ficaria só a ver navios no Porto Mendes, continuando a contar ainda por algum tempo só com recursos particulares para permitir a passagem de carroças e caminhões. 

    O prefeito Júlio Pasa, entretanto, reagiu à derrota na Câmara conseguindo em agosto de 1950 a aprovação da lei 54/50, instituindo o Serviço Rodoviário Municipal, “diretamente subordinado ao prefeito, e com autonomia administrativa e financeira”.

    Depois desse embate, o vereador João Batista de Oliveira conseguiu a emancipação de Guaíra, onde também foi vereador, eleito em 1952. Dirceu Lopes não conseguiu conquistar a Prefeitura de Foz do Iguaçu em 1951, quando o eleito foi Francisco Guaraná de Menezes, mas tentou novamente e se elegeu no pleito de 1955.

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Festival de música instrumental terá apresentação gratuita no Teatro Municipal

    Festival de música instrumental terá apresentação gratuita no Teatro Municipal

    Cascavel será palco do show de encerramento do “Circuito Terra Instrumental”, festival inédito para celebrar a produção da música instrumental no Brasil. A apresentação musical será neste sábado (1º), a partir das 19h, no Teatro Municipal Sefrin Filho. A entrada é gratuita e aberta a toda a família. O evento tem apoio da Secretaria de Cultura de Cascavel. 

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    O show vai reunir os artistas Bananeira Brass Band (Curitiba), Hoovaranas (Ponta Grossa), Lilian Nakahodo (Curitiba) e Orquestra Paranaense de Viola Caipira (Cascavel). Antes da apresentação, às 18h, os artistas farão uma Roda de conversa sobre Produção Musical Coletiva e exibição de um videoclipe inédito. Haverá também sorteio de brindes durante o encontro antes do show.

    Retirada de ingressos na internet

    O público pode garantir a entrada fazendo uma reserva pela internet. Acesse parallela.art.br, preencha seus dados e receba o ingresso no seu e-mail, com um QR-CODE que você vai apresentar no sábado. É tudo gratuito. Mais informações pelo www.circuitoterra.com.br e nas redes sociais oficiais do projeto, pelo facebook e instagram @circuitoterra. 

    O Circuito Terra Instrumental é viabilizado via Lei de Incentivo à Cultura, com patrocínio da Syngenta Proteção de Cultivos e realização do Ministério da Cultura, Governo Federal e da Brahmi Cultural.

    Fonte: Assessoria