Categoria: Cultura

  • Bach.Noite de quinta será de Concerto em Cascavel

    Bach.Noite de quinta será de Concerto em Cascavel

    Sob o comando do maestro Israel Menezes, à regência de Coro de Jocimar Silva e a direção-geral de Gislayne Dal Berto, a noite de quinta-feira (25) em Cascavel será de muita música em um espetáculo no Concerto Outono (Bach).

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    A apresentação será a partir das 20h no auditório da Unipar e os ingressos seguem à venda a R$ 30 por pessoa. A apresentação é aberta a todas as idades.

    O espetáculo reúne a Membra Vocal e Orquestra de Câmara de Cascavel com mais de uma dezena de músicos e interpretes de renome e reconhecimento nacional.

    Nos vocais estão: Michele Coelho e Maria Fé Arzamendia nos Sopranos; Matheus Bressan como Tenor; Marcelo Campagnaro como Baixo, Marcos Aquino é o oboísta e Alveri Cruz o clarinetista.

    No programa estão peças como Mascagni Intermezzo – Sinfônico de Cavalleria Rusticana a Elgar- Pompa e Circunstancia.

    Mais informações podem ser obtidas nos telefones (45) 3038-8606 ou no (45) 9 9966-7865.

    Fonte: Assessoria

  • “Criança no Teatro” emociona alunos da rede municipal

    “Criança no Teatro” emociona alunos da rede municipal

    “Ela é muito bonita, ela é mais legal, ela  é bem gentil”. Foi assim que a pequena Giovana definiu a personagem da princesa, na peça que pela ela assistiu na tarde desta segunda-feira (22) no Teatro Municipal Sefrin Filho. Foi a primeria vez que ela entrou no teatro e estava radiante de alegria. A peça teatral  “A Princesa Cansada e o Animal Bocejante” faz parte do projeto PalcoParaná, uma iniciativa do governo do Estado em parceria com o Município de Cascavel, por meio da Secretaria de Cultura (Secult).

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    Durante o período de oito dias, mais de seis mil crianças das escolas municipais terão a oportunidade de assistir à peça no teatro. O projeto Criança no Teatro é um desdobramento do PalcoParaná, que visa proporcionar acesso à cultura para as crianças. O aluno Emanuel Ventura destacou o lobo e seus rugidos como aspectos favoritos da peça.

    O prefeito Leonaldo Paranhos acompanhou as crianças no período de tarde, fez uma pesquisa rápida entre os alunos e percebeu que boa parte deles não conhecem o Teatro Municipal de Cascavel. “Eu estou convidando para que as famílias, as crianças venham aqui, conheçam essa infraestrutura linda. O Criança do no Teatro dá a oportunidade de as crianças conhecerem a cultura”, enfatiza o prefeito.

    Jefferson Lobo, secretário de Cultura e de Comunicação, destacou a importância da democratização do acesso à cultura, uma das propostas do prefeito Paranhos. Ele enfatizou que, mesmo com uma infraestrutura maravilhosa, como o teatro e os museus em Cascavel, é essencial que essa riqueza cultural seja acessível a um número maior de pessoas, especialmente às crianças.

     “Não adianta nada uma megaestrutura, não adianta nada um prédio maravilhoso como esse que nós temos do teatro e os museus que estão se formando em Cascavel, se nós restringirmos isso a um número mínimo de pessoas. A acessibilidade é o que dará a vazão à formação e o caráter cultural dessas crianças”, avalia Lobo.

    Lobo ressaltou que o Município nem sempre consegue realizar sozinho projetos culturais como esse e destacou o projeto PalcoParaná do Estado, que oferece várias oportunidades artísticas, incluindo o Criança no Teatro. Ele ressaltou que o projeto está possibilitando não apenas o acesso aos espetáculos teatrais, mas também a visitação aos museus da cidade, criando um movimento itinerante.

    O assessor técnico do governo do Estado, Luiz Henrique Silva Pontes, que coordena o projeto, lembra que o PalcoParaná foi idealizado pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior para que a cultura chegue ao maior número de pessoas. “A gente vai trazer não só crianças de Cascavel, mas de toda a redondeza para ter acesso à cultura”, afirma.

    A ação Criança no Teatro é fruto de uma parceria do Município, por meio das secretarias de Cultura e Educação, com o governo do Estado, via projeto PalcoParaná. O objetivo é a descentralização e o acesso a bens culturais, por meio de apresentações e ações de mediação teatral à crianças paranaenses. O intuito é promover formas de acesso, inclusão social e formação de plateia.

    Fonte: Assessoria

  • Rebeldes paraguaios, a reserva de mão de obra

    Rebeldes paraguaios, a reserva de mão de obra

    A escassa mão de obra disponível na pequena Cascavel no fim da década de 1940 estava majoritariamente empregada na indústria rural – a extração e a serragem da madeira. Toledo e a companhia Maripá não podiam contar com ela, portanto.

    A força de trabalho na vila se reduzia às famílias de prestadores se serviços, que atraíam parentes de outras regiões para aproveitar as oportunidades, que consistiam em ocupar chácaras junto às principais estradas e requerer terras devolutas no interior. 

    Como já havia acontecido antes no Caixão (Cafelândia), as empresas colonizadoras aproveitavam a única mão de obra disponível: os descendentes dos mensus paraguaios coletores de erva-mate.

    Os colonos vinham para trabalhar com todos os membros de suas famílias diretamente nas inúmeras tarefas necessárias à formação de uma produção rural diversificada. 

    Foragidos do Sul ou de São Paulo que vinham se esconder no interior achavam ocupação como jagunços das colonizadoras ou mão de obra para serrarias e abertura de estradas, mas para prestar de serviços especializados às empresas era necessário atrair aventureiros de outras regiões que viessem por ambição e não para fugir da polícia.

    Aventureiros como o carioca Argemiro Marujo dos Santos, órfão que cursava a escola de marinheiros no Rio de Janeiro quando viu no quadro de avisos uma pergunta: “Quem quer ir para Foz do Iguaçu?”

    A enxuta Marinha da fronteira  

    Uma ilustração das Cataratas convenceu Argemiro a fazer a viagem ao desconhecido. Do Rio, foi de trem (“Maria-Fumaça”) a São Paulo, onde esperou duas semanas por outro trem que o levaria a Ourinhos e de lá a Porto Epitácio.

    Embarcado até Guaíra, porto do que jamais ouvira falar, surpreendeu-se com as Sete Quedas. De Guaíra, novo trecho de trem até Porto Mendes, onde embarcou no famoso navio argentino Cruz de Malta, que transportava erva-mate para a Argentina.

    Ao chegar a Foz do Iguaçu, novo susto ao ver que não havia ali a cidade que imaginou: “Não estou vendo nada!” O que viu foi a barranca do Rio Paraná, o batalhão do Exército e a instalação da Marinha em uma velha casa de madeira.

    “Na Marinha éramos eu, o comandante Pimentel, o capitão Mendes [que veio com Argemiro] e um artilheiro. No dia seguinte, o comandante me mandou buscar leite a cavalo na propriedade de um tal de Samek. Então vi o que era Foz do Iguaçu: uma casinha aqui, outra ali, mato por todo lado”.

    A Marinha em Foz do Iguaçu só teve o efetivo aumentado, por meio do Corpo de Fuzileiros Navais, depois de um tumultuado incidente internacional: com o Paraguai praticamente em guerra civil, um grupo de paraguaios sequestrou um marinheiro do Brasil alcunhado “Alemão” e seu barco.

    “O comandante Pimentel foi ao Paraguai negociar a devolução, mas nada conseguiu, então pediu reforço. No dia 7 de setembro de 1950 chegou o Corpo de Fuzileiros. Saltaram de paraquedas e tomaram conta do Rio Paraná” (Entrevista a Juvêncio Mazzarollo, 1994). 

    Paraguaios sempre disponíveis

    Eram raros, porém, chegarem aventureiros com a qualidade de Argemiro Marujo, estimado na fronteira e também em Cascavel pelos bailes que animava com seu pistom, integrando a banda Os Senhores do Samba, e pelo refinado futebol que jogou no Tuiuti Esporte Clube.

    A melhor, mais barata, mais confiável e menos complicada força de trabalho estava em um exército de reserva de mão-de-obra sempre disponível: os trabalhadores paraguaios que fugiam da perseguição política em seu país depois da guerra civil de 1947.

    A posse do presidente Federico Chaves naquele país deu início ao longo ciclo de poder do Partido Colorado, poucas vezes interrompido daí por diante. 

    Com o Paraguai em crise econômica, inflação e estagnação produtiva, os trabalhadores especializados optavam por migrar para outros países. E com a perseguição aos opositores e a repressão os descontentes, muitos trabalhadores paraguaios se deslocaram ao Brasil, em fuga isolada ou com a família. 

    Adolfo Ângelo Seganfredo, o chefe do escritório do braço madeireiro da colonizadora Maripá, não hesitava em recorrer a essa mão-de-obra fácil e disponível no lado de cá da fronteira, especialmente nas tarefas portuárias, passando madeira pelas barrancas do rio Paraná.

    “(…) quando o serviço apurava, ele pedia mais gente, e dentro de 24 horas apresentavam-se mais 50 ou 100 paraguaios dispostos para o trabalho” (Ondy Niederauer, Toledo no Paraná).

    Polcas e guarânias

    Gaúcho de Veranópolís, nascido em 17 de setembro de 1919, Adolfo Seganfredo veio para fazer uma breve visita à região e foi recrutado por Willy Barth para onze anos de atuação na mais difícil tarefa do braço madeireiro da Maripá.

    Designado para atuar no Porto Britânia, ele era o responsável por toda a estrutura que começava com a produção de toras, recepção e separação dos lotes de madeira para exportar, e a administração do pessoal: carregadores e motoristas. 

    “A Maripá tentou executar os trabalhos do porto somente com trabalhadores brasileiros. Havia alguns em Toledo que eram empregados na roçada de beira de estrada, no empilhamento de tábuas nos depósitos e serrarias, infelizmente, porém, eles não resistiam e acabavam solicitando o retorno a Toledo” (Ondy Helio Niederauer).

    Seganfredo chegou comandar mais de 300 homens envolvidos no carregamento de madeira, número inalcançável sem recorrer aos paraguaios, que, segundo Niederauer, “nunca provocavam algum elemento brasileiro, e somente brigavam com brasileiro quando eram desacatados”.

    “Nas horas de lazer reuniam-se em torno de um violão, e, às vezes, até uma harpa aparecia. Em véspera de dia de folga, podia-se escutar suas polcas e outras músicas ao melodioso som das cantigas guaranis”.

    A família de Marcelino Alegre, “bugre brasileiro”, segundo o historiador, fornecia o rancho aos paraguaios a serviço da Maripá. 

    Sem imunidade

    “Os paraguaios enfrentavam e resistiam com valentia e destemor o trabalho pesado que empreitavam, mas uma simples doença de criança podia ser-lhes fatal. (…) quando um deles contraiu sarampo, a doença rapidamente contaminou os demais” (Niederauer).

    Nessa ocasião, um grupo de 26 paraguaios a serviço da Maripá adoeceu. Mesmo socorridos pelo médico Ernesto Dall’Oglio e pelo administrador Arthur Mazzaferro, sete deles morreram.  

    A confiança dos colonizadores em contratar um número tão elevado de trabalhadores e investir em facilidades para os colonos estava lastreada na promessa do governador Moysés Lupion, que em campanha rumo ao Senado anunciou na Assembleia Estadual o programa Paraná Maior – conjunto de ações planificadas:

    “Na consciência de nosso progresso encontramos a emulação para mais progresso, o entusiasmo para mais trabalho e a amálgama para essa união dos espíritos que faz hoje com que o Paraná se apresente como um conjunto coesíssimo, para o esforço de construção de sua grandeza”. 

    Foi nesse tempo dinâmico, de trabalho intenso e confiança inabalável, que em 1949 um experiente conhecedor do interior paranaense foi designado para assumir as funções de subprefeito de Cascavel: Manoel Ludgero Pompeu.

    Ao fixar residência em Cascavel, em 1949, Manoel Ludgero Pompeu (ver https://bit.ly/3I7kPFN) também assumiu o cargo de subprefeito do distrito, em lugar de Jeca Silvério. A família Pompeu se tornou um dos eixos da vitalidade cascavelense, ao lado dos Galafassi, Formighieri e outras famílias numerosas.

    Vida de estradas

    Comerciante e conselheiro municipal de Foz do Iguaçu (função na época equivalente à do atual vereador), Pompeu foi nomeado como intendente distrital em outubro de 1949.

    Nessa função, abriu caminhos interligando regiões que estavam desconectadas diretamente, dependendo de trechos isolados de velhas estradas indígenas e ervateiras que uniam locais próximos, como áreas de concentração de erva-mate e postos de coleta dos fardos. 

    Logo ao chegar, Pompeu fez a exploração, a locação e o desmatamento de toda a estrada que seguia de Cascavel ao Porto 1, no Rio Piquiri, passando por Melissa, Central Santa Cruz, Cafelândia, Iguaçuzinho e Nova Aurora, permitindo a primeira ligação por via rodoviária desta região com o Norte do Paraná, então inacessível.

    “Juntamente com o falecido Pompeu, fiz a estrada que vai do Tamoio 1 até a Foz do Piquiri, no muque. Esta estrada que passa no Brasmadeira, na Melissa, Meia Lata, Central Santa Cruz, Bananeira, Cafelândia – cujo nome era Caixão –, depois Anta Gorda, Roda de Carro, fomos nós que abrimos” (Aladin de Souza Leal, Prisma Cascavel).

    Aladin, o tarefeiro

    Nascido em 1916 na localidade que no futuro seria a sede do Município de Ibema, Aladin desde 1927 conhecia a Encruzilhada dos Gomes, onde em 1930 Jeca Silvério começou a formar a cidade de Cascavel.

    Ele trabalhou com Pompeu depois de ter sido guarda-linhas a serviço de Horácio Reis junto ao Arroio Marreco, onde havia um posto telefônico. 

    Guarda territorial do Iguaçu, desempregado com o fim do Território Federal, foi incorporado por Manoel Pompeu aos trabalhos rodoviários de Cascavel.

    Mesmo sem contar com qualquer tipo de máquina, Pompeu fez também a abertura da atual Rua Paraná, entre as Ruas Sete de Setembro e Rio Grande do Sul.

    Com a instalação do Município de Cascavel, em 1952, Pompeu participou da gestão do prefeito José Neves Formighieri na abertura de ruas, estradas e com recursos próprios, em 1954, partiu do prolongamento da Avenida Carlos Gomes em direção ao Sul.

    Abrindo picadas no sertão, encontrou a antiga linha telegráfica e chegou ao Rio Iguaçu, onde hoje se localiza o Município de Capitão Leônidas Marques, na primeira tentativa conhecida de ligar diretamente esta região ao Sul.

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Curador Massimo Scaringella estará em Cascavel na abertura da “Exposição Nova Visão da África Hoje”

    Curador Massimo Scaringella estará em Cascavel na abertura da “Exposição Nova Visão da África Hoje”

    O renomado curador italiano Massimo Scaringella estará em Cascavel no próximo domingo (21) para inaugurar a exposição “Nova Visão da África Hoje”. A mostra acontecerá no MON  Cascavel, no Complexo Cultural Sefrin Filho, localizado na Rua Rio de Janeiro, 950, 3º andar, e terá a presença de curadores locais. A abertura está marcada para as 10h30, com entrada gratuita.

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    A exposição é uma mostra internacional de videoarte que reúne obras de artistas de oito países do continente africano. No total, serão apresentadas dez videoartes selecionadas por Scaringella, crítico e curador independente de arte.

    Com mais de 30 anos de experiência, Scaringella reside e trabalha em Roma, na Itália, e já colaborou com artistas e delegações de diversos países da África, Ásia e América Latina. Ele também atuou como diretor da delegação da Costa do Marfim na 57ª e 58ª Bienal de Veneza, além de ter sido diretor da Bienal Del Fin del Mundo, na Argentina, entre 2014 e 2015. Ao longo de sua carreira, o curador realizou mais de 250 exposições de arte contemporânea em mais de 40 países.

    A visita de Massimo Scaringella a Cascavel tem como objetivo promover o intercâmbio com artistas locais e explorar o potencial da cidade como parceira futura no setor de Artes Visuais e museus. A exposição em Cascavel conta também com a curadoria do Coletivo Semear, formado pelos artistas locais Brugnera e Ela Soares.

    O evento é organizado pela Secretaria de Cultura (Secult), por meio do Museu de Arte de Cascavel, em parceria com a Secretaria de Comunicação (Secom). A escolha dos artistas e suas obras de videoarte foi cuidadosamente realizada pelo curador Massimo Scaringella, presenteando a cidade de Cascavel e proporcionando aos seus habitantes a oportunidade de conhecer tanto o passado quanto o presente da arte africana, enfatizando a compreensão e valorização dos laços ancestrais com a história da diáspora Brasil-África.

    “Essa exposição Nova Visão da África Hoje faz um contraponto a exposição África Expressões Artísticas de um Continente, que é a coleção do MON,  que está no Museu Oscar Niemeyer de cascavel. Ela traz obras contemporâneas de arte digital, são vídeo instalações  de diversos artistas africanos”, diz Antonio Carlos Machado, coordenador do Museu de Arte de Cascavel.

    Com a abertura dessa exposição e a presença do curador italiano Massimo Scaringella, Cascavel tem a oportunidade de demonstrar por que foi eleita Polo Cultural do Paraná e a segunda melhor cidade do Brasil. O trabalho em prol do crescimento e valorização da cultura e dos artistas locais, assim como a promoção de trocas de experiências e intercâmbio com novos parceiros internacionais.

    Fonte: Assessoria

  • Barth: cooperação e competição com Cascavel

    Barth: cooperação e competição com Cascavel

    Tudo foi muito rápido na vida de Willy Barth. Gaúcho de Rio Pardinho, no interior de Santa Cruz do Sul, o filho de Adolfo e Maria Blodina Schilling Barth começou a trabalhar ainda adolescente como balconista, mas logo saiu para se movimentar intensamente entre o comércio e a colonização de terras com potencial de progresso. 

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    Casado em 1941 com Diva Rodrigues Paim, de família de fazendeiros de Vacaria, teria com ela as filhas Vera Regina, Ana Beatriz, Maria Bernardette e Maria Cristina.

    Ele viajava cada vez mais longe, a ponto de ser advertido pela esposa por um telegrama: “Favor comunicar o dia mês e ano que pretende voltar para casa”.

    A ironia produziu efeito, remetendo Willy rapidamente para uma visita urgente à família. A cada viagem, partindo ou voltando, ele se associava a mais gente, formava empresas e criava projetos de expansão.

    Associou-se ao colonizador Alberto Dalcanale e aos irmãos Ernesto e Josué Anoni, com os quais, ao lado de Gastão Bonetti, fundou a empresa Barth & Anoni, com sede em Carazinho e atuação na colonização de glebas em Vila Oeste (SC), local que mais tarde se tornaria o município de São Miguel do Oeste.

    O salto maior começou quando convidou o amigo Alfredo Ruaro, comerciante em Farroupilha, para ser seu corretor de terras, apresentando-o aos também colonizadores Alberto e Luiz Dalcanale Filho.

    Desse encontro histórico resultou que Ruaro e os Dalcanale compraram a Fazenda Britânia, propriedade inglesa intermediada pelo coronel Jorge Schimmelpfeng. 

    Reconhecimento a Ruaro

    Constituía-se desta forma a companhia Maripá, à qual Barth se integrou e depois viria a comandar. Entre os principais acionistas figuravam os nomes de Willy Barth, Alberto Dalcanale, Alfredo Paschoal Ruaro, os irmãos Egon e Kurt Bercht e Leonardo Júlio Perma. 

    O chamado “grupo alemão” controlava 66% das ações, mas era o italiano Ruaro quem dava as cartas na colonização do Oeste. Em 7 de abril de 1946, com muitas terras a colonizar e um mar de madeiras a explorar, o projeto cresceu: os sócios da empresa decidiram formar a Serraria Maripá.

    O encontro de Barth com o Médio-Oeste do Paraná aconteceu em 1948, quando veio apenas com o propósito de conhecer as novas terras que precisavam ser colonizadas.

    Quando Alfredo Ruaro se retirou para desenvolver outros projetos colonizadores, dentre os quais Céu Azul, para o substituir Willy Barth foi eleito gerente da colonizadora Maripá em 25 de março de 1949.

    Anos depois, em 1961, em discurso aos formandos de segundo grau do Colégio La Salle, um emocionado Barth lembrou “o estoicismo do primeiro administrador, Alfredo Ruaro, sempre laborioso e otimista, a enfrentar diariamente as longas jornadas de trabalho e a encontrar sempre tempo, à noite, para incentivar seus companheiros de colonização com reuniões alegres, onde as velhas canções da longínqua Itália eram entoadas, em coro”.

    Sbaraini, um velho conhecido

    Barth assumiu a direção da Maripá com sua equipe trazida do Sul, distribuindo tarefas entre os dois focos centrais: a colonização e a indústria e comércio da madeira. 

    Já havia trabalhado com Carlos Sbaraini na venda de madeira, embalsada e exportada pelo Rio Uruguai. Com ervais no Sul e no Mato Grosso, Sbaraini apostava sem hesitar em projetos de futuro, o que lhe valeu ser sócio de nove empresas.

    Foi natural, assim, deixar Sarandi (RS) para se associar à Maripá e Willy Barth em projeto no qual a colonizadora entrava com o pinhal e Carlos Sbaraini com sua experiência madeireira.

    Sem pretender se ausentar do Paraná, com uma ampla região para atuar, Barth decidiu trazer a família de Porto Alegre em agosto de 1950. 

    A esposa Diva conta o luxo que encontrou em Toledo: a casa em que foi morar estava sem portas e janelas. Só havia a madeira bruta, mais nada.

    A marca da agilidade 

    A chegada de Willy Barth a Toledo deu agilidade a todas as frentes de ação. Organizou a exportação de madeira, estimulou a instalação de novas indústrias, casas comerciais e de prestação de serviços.

    Surgiram, além das serrarias, fundições, cerâmicas, mercearias, oficinas mecânicas, moinhos, fábricas de bebidas, alfaiatarias, sapatarias, ferrarias, gabinetes dentários, hotéis e outros estabelecimentos (Oscar Silva, Rubens Bragagnollo e Clori Fernandes Maciel, Toledo e Sua História). 

    Deu início às vilas de Marechal Cândido Rondon, Quatro Pontes, Vila Margarida, Nova Concórdia, Vila Nova, Novo Três Passos, Vila Mercedes, Nova Santa Rosa, Novo Sobradinho, Vila Maripá, Sede Curvado, Pérola Independente, Entre Rios, São Roque, Pato Bragado, Iguiporã e outros povoados. 

    Determinado a construir um aeroporto, uniu a comunidade de Toledo e em apenas 52 horas concluiu a pista na qual pouco depois pousaria o primeiro avião. 

    Piadas, mas cobranças

    Como dirigente da Maripá, Barth apoiou com recursos financeiros a instalação de casas de saúde, correio, telégrafo, clubes sociais, usina hidrelétrica, igrejas católicas e evangélicas, bem como escolas particulares e públicas. 

    Alternava bom humor com nervosas cobranças de desempenho, “mas, mesmo nos momentos de nervosismo, ajudava e animava a todos indistintamente, falando sempre no progresso de Toledo” (Oscar Silva et alia).

    Barth encarnou, rapidamente, todo o poder em Toledo e arredores. Sua influência se estendia a todos os setores da comunidade, a ponto de se dizer que tudo o que saía da boca de Barth era lei.

    Certa vez, o Tuiuti Esporte Clube, que raramente perdia na região, foi jogar contra uma seleção toledana e perdia já por 3 a 0 quando um jogador de Cascavel caiu na área toledana e reclamou pênalti. 

    “O juiz, na dúvida se marcava ou não a infração, foi consultar a opinião de Willy Barth. Como nós já estávamos perdendo por um escore bem avantajado, o Willy Barth falou: ¬– É pênalti, mesmo!” (Amadeu Pompeu, em Tuiuti, A Presença Azul, de Regina e Alceu A. Sperança).

    Dois teimosos

    Episódio que revela a personalidade de Barth foi a queda de braço entre ele e o padre Antônio Patuí, um italiano que sobreviveu a duas guerras e sempre conseguia o que propunha. Se Barth não fosse evangélico, hoje Toledo teria o nome de Cristo Rei, exigido pelo padre.

    “Afinal, senhor Willy”, dissera padre Antônio Patuí ao grande colonizador do Oeste, “o senhor é evangélico luterano, e eu sou católico, e assim somos ambos cristãos. Portanto, nada mais justo que mudar o nome de Toledo para o nome de Cristo Rei”.

    “Willy respondeu-lhe que o nome da vila era o do arroio Toledo, e este era um nome já muito antigo na região, e que não havia hipótese alguma de mudá-lo. O bom padre Antônio recorreu, então, a uma ideia alternativa: ‘Então o nome de Cristo Rei será dado à praça que fica em frente da nova igreja que se projeta construir!’ Willy informou que não seria possível. A praça seria uma homenagem ao diplomata que, ao convencionar as divisas da nossa região, fixou em definitivo que este solo fosse brasileiro. Levaria a praça, portanto, o nome do Barão do Rio Branco” (Ondy Hélio Niederauer, Toledo no Paraná).

    Mas o padre não desistiu: “Bem no centro da Praça Barão do Rio Branco vamos colocar uma estátua bem grande de Cristo Rei!”

    A insistência do padre já estava deixando Willy impaciente:

    – Não, padre. No centro irá a estátua do Barão do Rio Branco. E se o senhor quiser pode, ao redor da praça, a espaços iguais, colocar tantas estátuas de Cristo Rei quantas quiser, desde que cada uma não seja maior que trinta centímetros. 

    No fim, orgulho cultural 

    Willy Barth se elegeu prefeito de Toledo em 1960 e estava destinado a ter uma carreira política brilhante pela frente pela capacidade de gestão. 

    Como prefeito, não recebeu recursos públicos. Ao contrário, cedeu máquinas da Maripá para serviços da Prefeitura e emprestou dinheiro do próprio bolso para pagar os compromissos da administração municipal. 

    Flutuando entre a competição e a cooperação com as autoridades cascavelenses, sobretudo as lideranças do PTB, mergulhou na campanha eleitoral de 1962 mirando a conquista de influência nacional.

    Já fazendo um balanço de seus dois anos como prefeito e do passado como colonizador do Médio-Oeste, Barth considerava a Maripá um sucesso no campo da cultura:

    “Podemos afirmar, com altivez e orgulho, que a região da Fazenda Britânia, hoje compreendendo as comunidades de Toledo e Rondon, é a de menor índice de analfabetismo em todo o Oeste e Sudoeste paranaense. Esta liderança cultural já é uma consagrada conquista nossa”.

    Concorrendo pelo PTB a uma suplência no Senado da República, em 2 de abril de 1962, com o entusiasmo que sempre aplicava aos seus projetos, discursava com vibração em um comício em Guaraniaçu quando se sentiu mal. 

    Levado às pressas ao hospital, não resistiu ao ataque cardíaco fulminante. Estava com 55 anos de idade e muitos planos, continuados por sucessores também ousados e dinâmicos, dentre os quais Egon Pudell.

    Segundo prefeito de Toledo, Pudell foi indicado ao cargo por Barth e depois fez a campanha de Barth à Prefeitura enquanto fazia a própria campanha a deputado estadual. 

    Em estado de luto, Pudell venceu a eleição de 1962 em dobradinha com o cascavelense Lyrio Bertoli. Barth estava morto, mas contribuíra para a eleição dos primeiros deputados estadual e federal oestinos. 

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Turnê estadual com Coral Sanepar e João Bosco começa em Cascavel dia 16 de junho

    Turnê estadual com Coral Sanepar e João Bosco começa em Cascavel dia 16 de junho

    O Coral Sanepar e o cantor João Bosco iniciam turnê estadual para comemorar os 60 anos da Companhia de Saneamento do Paraná. Serão seis apresentações com a primeira agenda em Cascavel, no dia 16 de junho, no Teatro Municipal Sefrin Filho. 

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    Depois de Cascavel, a turnê segue para Pato Branco, Maringá, Londrina, Ponta Grossa e Guarapuava.

    A parceria entre o Coral Sanepar e o cantor, violonista e compositor brasileiro João Bosco, teve início no show especial em Curitiba, no Teatro Guaíra, para comemorar os 60 anos da Companhia de Saneamento do Paraná no dia 23 de janeiro último.

    O show, que agora estará presente em mais seis cidades do Paraná, está dividido em três momentos que levam ao palco músicas consagradas na voz de um dos maiores nomes da MPB. João Bosco e o Coral Sanepar interpretam juntos sete músicas. Entre elas “O Bêbado e a Equilibrista” e “Linha de Base”. Depois João Bosco faz solo das músicas Corsário, Papel Marchê, Jade e Sinhá e o Coral Sanepar interpreta quatro músicas desfilando clássicos de Milton Nascimento, Gilberto Gil, Cláudio Nucci e do próprio João Bosco.

    As músicas serão todas acompanhadas de uma banda base com 10 músicos e que foi montada para preservar a característica e o formato de improviso, meio jazzístico, de João Bosco. Por isso, a base terá piano, sax, flauta, trombone e trompete, além de bateria, percussão, baixo elétrico e acústico, guitarra, violão e cavaquinho.

    Confira a agenda das apresentações

    Sanepar 60 anos apresenta Coral Sanepar e João Bosco:

    16/06 – Cascavel

    17/06 – Pato Branco

    30/06 – Maringá

    01/07 – Londrina

    07/07 – Ponta Grossa

    08/07 – Guarapuava

    Fonte: Assessoria

  • O homem que completou a Rota Oeste

    O homem que completou a Rota Oeste

    No Rio Grande do Sul, a família Biazus é uma lenda ligada ao setor automotivo. Na história do Oeste, a presença dessa família de descendentes de imigrantes italianos teve início em 1949, quando a colonizadora Pinho e Terras comprou o imóvel Terreno Iguaçu, de Miguel Emílio Matte, com 193,6 milhões de m². 

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    Benjamim Luiz Biazus destacado pela empresa para comandar a Colonizadora Matelândia, nome que não se devia à história da erva-mate na região, mas ao antigo proprietário do imóvel, que, não podendo ele mesmo colonizar a região, facilitou a aquisição das terras aos desbravadores gaúchos.

    Começava ali a contribuição de Biazus, que excederia a colonização de Matelândia para se integrar ao conjunto da formação da Rota Oeste, que ele completou ao vincular Matelândia aos interesses de Cascavel.

    A colonizadora Pinho e Terras teve uma participação importante para a consolidação da cidade de Cascavel. Proprietária da Oeste, a primeira empresa de transportes rodoviários de passageiros da região de Cascavel, instalou a segunda estação rodoviária da cidade em seu prédio.

    Seu maior legado foi a doação do imóvel onde se encontra o parque do Tuiuti Esporte Clube, no bairro São Cristóvão, mas teve o ativo da cooperação ao desenvolvimento da cidade manchado pela fama de patrocinar o jaguncismo, expulsando posseiros a ferro e fogo.

    Por outro lado, “(a colonizadora Pinho e Terra) foi um exemplo de colonização. Abria uma gleba, loteava e dotava de infraestrutura mínima, com igreja, escola, praça, um núcleo populacional que passava a ser embrião de uma cidade. Assim surgiram Santa Terezinha de Itaipu, São Miguel do Iguaçu, Matelândia…” (João Samek, depoimento a Juvêncio Mazzarollo, Gazeta do Iguaçu, 19 de julho de 1993). 

    Forçando a construção da BR-277

    Arlindo Mosé Cavalca, outro construtor de cidades e também ligado a Biazus, conta um episódio que dá uma ótima visão de como o desenvolvimento da região e a formação da Rota Oeste aconteciam nesse final da década de 1940:  

    “A Colonizadora Criciúma (hoje Santa Terezinha de Itaipu), tinha como diretor Silvino Dal Bó; a Colonizadora Gaúcha, dirigida por Benvenuto Verona, com a minha ajuda; a Colonizadora Industrial Agrícola Bento Gonçalves (hoje Medianeira), dirigida por Pedro Soccol e José Calegari e a Colonizadora Matelândia, cujo diretor era Luiz Biazus, unidas com a Industrial Madeireira de Cascavel, dirigida por Florêncio Galafassi, decidiram abrir a estrada de Matelândia a Foz do Iguaçu”.

    A estrada sofreu descontinuidade com a aventura frustrada da ditadura Vargas de construir uma megaestrada no Paraguai. Com o fim da ditadura e do Território Federal do Iguaçu, as obras rodoviárias reclamadas insistentemente pelos colonizadores finalmente tiveram sequência. 

    De graça até conseguir pagar

    Todos os pioneiros que fizeram a Rota Oeste ganharam o reconhecimento de suas comunidades pelo esforço realizado quando esse trecho da atual BR-277 eram várias estradas ervateiras e indígenas antigas e precárias cortando timidamente uma densa floresta na qual zuniam os mais famintos borrachudos do país.

    O reconhecimento a Silvino Dal Bó é atestado por uma estátua em praça pública em Santa Terezinha de Itaipu. Vereador em Foz do Iguaçu, ele também foi prefeito interino desse Município, que na época abrangia toda a região.

    Benjamin Biazus, o menos lembrado de todos, cunhou uma fórmula para fazer de Matelândia um local atraente até para aventureiros sem posses, similar ao de Jeca Silvério, em Cascavel: oferecer lotes urbanos de graça a quem estivesse disposto a trabalhar nas matas ao redor.

    Os primeiros 40 colonos vieram para ganhar um terreno na vila, com a condição de comprar um lote rural que custava 12 contos de réis por apenas cinco contos, mais a facilidade de pagar prestando serviços, como contou Biazus ao historiador José Augusto Colodel (Matelândia, História e Contexto).   

    Karine Albano (Trabalhadores Rurais e Sindicato em Matelândia) também narra o caso de uma família que ao chegar se instalou em uma casa da colonizadora sem precisar pagar aluguel. O chefe da família trabalhou fazendo transporte com carroça e assim acumulou recursos para pagar pela propriedade. 

    Padre, personagem essencial

    O interesse de Biazus era apresentar no Sul a propaganda de uma cidade já formada e uma colonização em pleno progresso, para interessar os colonos gaúchos, pressionados pelo minifúndio familiar, a migrar ao Paraná.

    Oferecia “terras férteis, legalizadas e baratas e boa infraestrutura básica para recomeçar a vida no sertão oeste paranaense’, segundo Roberto Marin: 

    “Pode-se enumerar cinco fatores que contribuíram para o sucesso da empreitada da Pinho e Terra: excelente divulgação na imprensa (vias jornais Correio Riograndense e Correio do Povo); escrituras legais; e a presença da igreja, escola e atendimento médico já nos primórdios da colonização” (Roberto Marin, Medianeira e Matelândia, da colonização à emancipação).

    Oferecer a presença da Igreja Católica era essencial ao projeto e nesse objetivo a família Biazus foi vítima do “segundo roubo” de padre acontecido na região. 

    O primeiro se deu quando o padre Antonio Patuí foi “sequestrado” em Cascavel por emissários da colonizadora Maripá e levado a Toledo, onde foi convencido a ficar com ofertas de apoio a obras religiosas (https://bit.ly/425jGpJ).   

    O segundo foi narrado no livro Cascavel: Uma Santa na Encruzilhada (https://bit.ly/3QaKbnt), de Regina e Alceu A. Sperança, contando que Biazus pediu ao padre Domingos Fiorina, superior geral dos padres missionários de Nossa Senhora Consoladora, no Seminário de Três Vendas, em Erechim, que enviasse um padre para assistir espiritualmente aos colonos. 

    No início de 1952, Fiorina efetivamente enviou o padre Luiz Luíse para que fosse conhecer Matelândia e em seguida se apresentar ao prelado de Laranjeiras do Sul, d. Manoel Könner. 

    O trator desaparecido 

    Chegando a Foz do Iguaçu via aérea, o padre Luíse seguiu a Matelândia, dirigindo-se após a Laranjeiras do Sul, onde se entrevistou com o prelado. Dom Manoel aceitou a presença do missionário de Nossa Senhora Consoladora na sua prelazia, mas determinou que padre Luiz fosse trabalhar em Cascavel, atendendo a insistentes pedidos da comunidade local. 

    No dia 4 de maio padre Luiz Luíse chegava pela segunda vez a Foz do Iguaçu, onde o aguardava Florêncio Galafassi. O diretor da Industrial Madeireira conduziu o religioso a Cascavel, hospedando-o em sua residência. 

    Não era cárcere privado, mas o padre jamais retornou a Matelândia: estava, definitivamente, “roubado”. Matelândia teve que contar por algum tempo com as visitas mensais do padre Martinho Seitz, que rezou a primeira missa de Matelândia e mensalmente partia de Foz do Iguaçu para apoiar a nova colonização.

    Biazus também sofreu um sequestro de trator. A melhor tecnologia da época consistia em máquinas poderosas que estendiam a força do braço humano ao máximo permitido pelo metal e pelo motor: os tratores.

    No caso do trator de esteira TD 18, importado dos EUA, o equipamento inovador foi recebido com festa, churrascada e foguetório ao chegar a Matelândia. Mas o festejado trator logo desapareceu.

    Abrindo a Estrada do Colono

    A história oficial conta que a abertura da Estrada do Colono foi feita por um trator cedido pela empresa colonizadora de Medianeira, a Industrial e Agrícola Bento Gonçalves Ltda, máquina operada por Elizeo Magno Verdum, enquanto um segundo trator teria sido oferecido por Benjamin Luiz Biazus.

    Não foi bem assim, de acordo com o historiador Riberto Marin:

    O trator estava em Medianeira, tendo como tratoristas Francisco Bonadel e Agenor Fontana, que sob o comando de Olívio Biazus abriram o chamado Caminho (ou Estrada) do Colono, ligando Serranópolis do Iguaçu a Capanema até ser fechado pela Justiça.

    O trator sequestrado serviu para abrir a Estrada do Colono até ser recuperado pela comunidade de Matelândia, após dois meses de trabalho longe de casa.

    Foi também na época do início da formação de Matelândia que Willy Barth assumiu em Toledo a direção da colonizadora Maripá e passou a desenvolver o maior projeto de todo o ciclo do qual também participou Alfredo Ruaro desde o Rio Grande do Sul. 

    Barth, líder empresarial e político 

    Willy Barth foi considerado um dos maiores exemplos da capacidade empresarial do pioneiro oestino pelos historiadores paranaenses. 

    Se Tio Jeca Silvério foi o grande artífice de Cascavel e Jorge Schimmelpfeng o ousado desbravador de Foz do Iguaçu, Barth foi a competência empresarial encarnada para fazer de Toledo uma referência importante no contexto da colonização estadual.

    Willy nasceu em 20 de junho de 1906, no lar do comerciante Adolfo Barth, que vivia em Santa Cruz do Sul (RS). Estudou até o 2˚ grau e se tornou viajante comercial, integrando a administração da firma Bier & Ullmann, de Porto Alegre. 

    Seu trabalho era vender tecidos, armarinhos e confecções da B&U na região de colonização italiana. 

    A certa altura de sua vida, Willy Barth decidiu abandonar o comércio de tecidos, de escala reduzida, optando por uma nova e promissora vertente do comércio na época, para a qual não parecia haver limites de expansão: colonizar terras. Nela, viria a ser um dos mais bem-sucedidos agentes do ramo.

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Stand-up e música: Igor Martinelli aposta em evento desafiador que une dois públicos diferentes em Foz do Iguaçu

    Stand-up e música: Igor Martinelli aposta em evento desafiador que une dois públicos diferentes em Foz do Iguaçu

    Igor Martinelli, responsável pelo evento

    No próximo dia 3 de junho, Foz do Iguaçu terá um evento que promete inovar ao unir música e comédia stand-up em um mesmo lugar. O renomado comediante Léo Lins apresentará seu novo show “Peste Branca” no auditório do Hotel Interludium, enquanto a Martinelli Eventos criará um ambiente sertanejo com bar e música ao vivo, comandado pelo artista local Juan Poca, do The Voice.

    Igor Martinelli, responsável pelo evento, afirma que essa é uma ideia desafiadora, mas que pode ser muito interessante ao unir dois públicos diferentes em um único evento. A proposta é criar um ambiente intimista, com opções desde água até drinks de balada, e ele aposta no sucesso do evento.

    Para garantir o ingresso e obter mais informações sobre o evento, basta acessar o perfil @eventosmartinelli no Instagram. 

    Léo Lins é um humorista conhecido por suas piadas de humor negro

     

    As atrações

    As atrações da noite prometem entreter o público. Léo Lins é um humorista conhecido por suas piadas de humor negro, tendo iniciado sua carreira no stand-up comedy em 2005. Ele fará uma apresentação do seu novo espetáculo “Peste Branca”, que já está em turnê por todo o Brasil. O show é considerado o mais crítico do comediante, com piadas inéditas e muito humor ácido, garantindo muitas risadas aos espectadores. 

    Já Juan Poca, um jovem talentoso de Foz do Iguaçu, conquistou o coração do público no programa “The Voice Kids” em 2017, e desde então tem se dedicado à música. Ele será o responsável por comandar o ambiente sertanejo do evento, trazendo muita música de qualidade e animação para a noite. 

    Com um humorista renomado e um artista local talentoso, a noite promete ser inesquecível.

    Juan Poca, talento iguaçuensse promete animar a noite com show de música sertaneja

     

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Algo estranho (e secreto) na colonização do Oeste

    Algo estranho (e secreto) na colonização do Oeste

    O fluxo de colonos à região crescia além das expectativas no fim de 1948, mas algo jamais revelado aconteceu do Departamento Administrativo do Oeste e suas causas ficaram restritas apenas ao campo das especulações. 

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    Justificativas protocolares sobre a necessidade de centralizar a massa fora do comum de requerimentos de posse de terras e agilizar o fluxo entre os setores encarregados da liberação não foram suficientes para explicar porque o governo do Estado decidiu em 30 de dezembro de 1948 modificar a estrutura do setor, transferindo sua sede, então fixada em Laranjeiras do Sul, para Curitiba.

    O mínimo que se pode afirmar sem contrariar a história é que o DAO já não cumpria adequadamente as tarefas e as mudanças eram necessárias, mas as suspeitas indicavam que alas internas pró-posseiros e pró-colonizadoras haviam cindido a gestão do Departamento, introjetando a polarização. 

    As alas inconciliáveis prejudicavam os planos do governo e o projeto governamental Paraná Maior precisava de concentração de esforços. O caminho de Lupion para se tornar um político de projeção nacional dependia disso.

    Os dados para a compilação dos técnicos chegavam a conta-gotas a Curitiba e nem sempre eram exatos. Embora oficialmente a colonizadora Maripá tenha vendido apenas duas propriedades para colonos em 1948, a população toledana, na maioria a serviço da própria empresa, já era de 130 moradores (Oscar Silva et alia, Toledo e Sua História).

    Rebeliões ou progresso?

    As mudanças no setor da colonização pretendiam dar uma resposta ágil ao incômodo fluxo de notícias que por todo o Brasil alternavam informações reais e também dramaticamente exageradas sobre rebeliões e matanças no Oeste do Paraná. 

    Na própria região, ao menos oficialmente, as colonizadoras prevaleciam e os posseiros não agiam de forma organizada. As escassas reações de velhos posseiros eram silenciadas pelas colonizadoras, que se estruturavam sem grandes obstáculos. 

    Em janeiro, ao estruturar a organização interna, a Câmara Municipal de Foz do Iguaçu revelava em sua composição o predomínio dos madeireiros e colonizadores. 

    O presidente Érico Francisco Pruner era ligado aos colonizadores. Em 1949 foi instituída a vice-presidência, que antes não havia, entregue ao vereador Balduíno Weirich, que representava o setor rural. Os demais eram ligados sobretudo ao setor madeireiro.  

    Jankoski, o ferreiro

    Em Cascavel, jovens das famílias de madeireiros e comerciantes em confraternização com os também jovens militares do posto da Aeronáutica propuseram unir a comunidade em torno de objetivos sociais, esportivos e de lazer.

    Filhos de imigrantes ocupados com a prestação de serviços logo aderiram à proposta, como o admirado ferreiro Leão Jankoski. Era o embrião de uma entidade que teria um papel muito importante na criação do Município de Cascavel: o Tuiuti Esporte Clube.

    Nos tempos pioneiros, o ferreiro tanto dava fluxo aos transportes, feitos sobretudo com carroças, como atendia aos cavaleiros de passagem e socorria as máquinas que podiam ser reparadas no local.    

    Leão Jankoski nasceu em Palmeira (PR), em 19 de agosto de 1907, filho de José e Jadwiga Jankoski. A família se deslocou para Cascavel logo nos primórdios na colonização regional, procedente de Laranjeiras do Sul. 

    Ele já vinha para trabalhar com ferraria, montando estabelecimento próprio na atual Avenida Brasil (no trecho do atual Calçadão). Foi um dos prestadores dos serviços pioneiros do setor urbano, mas como no início os serviços eram pouco requisitados, Jankoski também trabalhou na agricultura.

    Personalidade marcante da vida cascavelense, Leão Jankoski participou da criação do Município e entrou em sua história do Município depois de uma tragédia: a morte do vereador Adelino Cattani, de quem era suplente, assumindo sua cadeira na Câmara de Cascavel em 1953. 

    Odilon Galeano, o comerciante-símbolo 

    A propaganda do Paraná Maior atraía novos moradores para Foz do Iguaçu, como Odilon Galeano, paraguaio de Hernandarias, que chegou em fevereiro de 1949 para auxiliar Hermnio Mezomo no transporte e comércio de bebidas.

    Enquanto esperava em casa os caminhões chegarem para ajudar a descarregar as bebidas, Odilon organizava seu pequeno comércio – “formiguinha”, segundo ele –, que consistia em comprar mercadorias na Argentina e revendê-las aos colonos que chegavam para começar a Rota Oeste.

    As mercadorias mais requisitadas pelos colonos eram farinha e óleo. “Trazia mercadoria no ombro. O barco ficava no Porto Meira. Saía daqui do centro até lá, cruzava o rio, comprava a mercadoria e trazia no ombro até a minha mercearia. Não tinha carro naquela época, não tinha nada de transporte. Era um trabalho árduo, mas tinha que ser feito” (Entrevista a Zé Beto Maciel, Foz do Iguaçu Retratos, 1997).

    Começava assim um comerciante emblemático da fronteira nos anos 1950. Galeano logo ampliou as atividades locais em Foz do Iguaçu, abrindo um parque de diversões, e também granjeou clientes por uma vasta região: “Vendia de tudo. Era para obrages, para o pessoal que trabalhava no interior”.

    Cavaleiro solitário só encontrava clientes 

    Na primeira viagem que fez ao interior, aconselhado por um amigo, “peguei meu cavalo, carreguei 50 pares de sapato e vendi tudo (…) Tudo que eu carregava conseguia vender”.

    As próximas viagens já foram com carroça, fazendo a rota dos portos do Rio Paraná. “Tinha muito dinheiro rio acima”. Nada de rebeliões, apenas clientes.

    Enquanto Galeano viajava, a esposa Leonarda cuidava da mercearia da família. “Eu vendia a crédito, tinha muito crédito na praça, mas o pessoal pagava direitinho. Às vezes, alguns clientes queriam assinar um papel e eu me sentia ofendido. Não aceitava que assinassem papéis, a palavra valia muito mais”.

    Para o negócio fixo e as viagens, além da Argentina e também produtos coloniais coletados no interior de Foz do Iguaçu, as mercadorias provinham de Curitiba, Ponta Grossa e São Paulo. 

    Comprava as frutas das famílias Bubiak e Samek. “Eles me vendiam a fiado melancia, banana, etc”. Odilon Galeano sintetizava em suas atividades o dinamismo do comércio na região no início dos anos 1950.

    Vendia bem na fronteira porque os clientes tinham dinheiro, mas nos grandes centros a propaganda apresentava o Oeste do Paraná como terra de miséria e abandono. Na tentativa de impedir o retorno de Getúlio Vargas ao poder, a região era apresentada como sinal do fracasso de sua gestão presidencial. 

    Colonização avança

    O sucesso das vendas de Galeano vinha não só da entrega de produtos nos portos do Rio Paraná como também do atendimento aos colonos que chegavam do Sul. 

    Em fevereiro de 1949 seria fundada a Colonizadora Gaúcha, empresa que deu início a São Miguel do Iguaçu, desde o início apoiada pelo desbravador Érico Pruner, que nessa época assumiu a presidência da Câmara Municipal de Foz do Iguaçu.

    Em paralelo, Alfredo Ruaro e associados iniciavam as atividades da Colonizadora Pinho & Terras na região de Céu Azul, nome dado por Ivete, filha de Alberto Dalcanale, que depois se casou com o catarinense Paulo Bornhausen.

    Alfredo Ruaro e José Callegari eram integrantes da caravana que partiu do Rio Grande do Sul para fazer o reconhecimento das terras em 1949. 

    “Entramos pela Picada Benjamim, rumo a Foz do Iguaçu. Fomos ver as Cataratas e depois viemos a São Miguel. Fizemos uma parada e entramos no mato a pé, na Serra do Mico, onde acampamos e pernoitamos. Ali já havia uma terra roçada. Acampamos e dormimos lá” (Alfredo Ruaro, depoimento ao Projeto Memória de São Miguel do Iguaçu). 

    –  No dia seguinte viemos à área da Bento Gonçalves e fomos parar no Rio Ocoy. Almoçamos e fomos até Matelândia conhecer a nova colonização. Enquanto isso os carros deram a volta de Foz do Iguaçu até Matelândia, saindo pela Picada Benjamim e vieram nos apanhar. Esta picada era o traçado da atual BR-277. Nós conhecíamos o traçado e a Th. Marinho* havia feito a terraplanagem de Céu Azul até a avenida de Matelândia. 

    *Empreiteira das obras

    Engenheiros desnorteados

    “Quando chegou ao pico, a Th. Marinho parou, porque os engenheiros não sabiam o traçado”, prossegue o relato de Alfredo Ruaro. 

    –  O Sr. Benjamim Luiz Biazus influenciou bastante e ele desceu por onde hoje é a estrada, fazendo um desvio, mudando assim o rumo da estrada. Sentimo-nos realizados e satisfeitos, apesar de não ser um período fácil, mas as terras eram férteis. Era uma coisa extraordinária! 

    Ruaro relatou que por motivos vários que impossibilitaram sua exploração, em 1949, Miguel Matte revendeu a concessão ao paulista Lourenço da Silva, que também não se interessando pela colonização dividiu-a em glebas menores, revendendo-as para terceiros.

    –  Conheci pessoalmente Miguel Matte, que teve primeiro a concessão das terras. Éramos amigos, mas infelizmente ele fracassou porque começou a colonizar e não teve mais recursos. A nossa participação como intermediários nessa colonizadora era de 33%. A concessão tinha validade, mas o título saiu direto do Estado do Paraná, apenas foi dada uma gratificação à concessionária.

    Concluindo em 1949 os entendimentos para a compra do “Terreno Iguaçu” de Miguel Emílio Matte, com 193.600,000 metros quadrados, a colonizadora Pinho e Terras escolheu Benjamim Luiz Biazus para dirigir os trabalhos da Colonizadora Matelândia, afiliada ao grupo, origem do Município que teria o mesmo nome.

    Estava desenhado o trajeto da Rota Oeste, entre Cascavel e Foz do Iguaçu.

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Fronteira abandonada e Paraná Maior: a guerra das narrativas

    Fronteira abandonada e Paraná Maior: a guerra das narrativas

    Com o esmagamento da luta armada dos posseiros, isolados no foco Norte/Noroeste do Estado, o governo Lupion passou a enfrentar uma polarização em que as armas eram imagens e aparências.

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    A propaganda lupionista do “Paraná Maior” enfrentou denúncias ferozes: o governo que se orgulhava de construir o interior era acusado de deixar o Oeste supostamente entregue a estrangeiros e criminosos. 

    O pacote completo do “Paraná Maior” foi despejado sobre a Assembleia Legislativa em pronunciamento do governador Moysés Lupion em 1949, mas já estava se desenhando durante todo o ano de 1948.

    O projeto era a idealização do que seria o Paraná. Se fosse posto em prática, a promessa é que deixaria de ser sugado por parasitas para ser um dos mais importantes estados da Federação.

    Na essência, os técnicos do governo já nessa época defendiam a ideia, jamais posta de lado desde o fim dos anos 1940, de que o futuro do Paraná dependia de uma ação planificada para transformar o potencial do Estado em progresso palpável.

    O inexistente “conjunto coesíssimo”

    A ação planificada deveria ser conduzida, segundo o governador, por “homens que, como eu, estão empenhados nesta grande batalha da construção de um Paraná Maior e num ensaio único de realizar a grande obra do futuro”. 

    Seria “um governo empreendedor”, entendendo que “a falta de audácia na ação, a falta de visão política e a pequenez nas determinações representam traição ao futuro”. 

    “Na consciência de nosso progresso encontramos a emulação para mais progresso, o entusiasmo para mais trabalho e a amálgama para essa união dos espíritos que faz hoje com que o Paraná se apresente como um conjunto coesíssimo, para o esforço de construção de sua grandeza”. 

    Tudo imponente e majestoso, mas sem a superlativa coesão anunciada nem ainda a arrecadação suficiente para pôr em prática os sonhos e ideias anunciadas com tanto entusiasmo.

    Para ter os cofres públicos abastecidos e dar conta das obras planejadas os técnicos do governo defendiam a necessidade de não se limitar a monoculturas (madeira, erva-mate ou café) e desenvolver atividades que projetariam o desenvolvimento imaginado: industrialização urgente e estrutura de apoio à dinamização do comércio e serviços.

    A solução teria que ser o interior 

    O Brasil pós-guerra e pós-ditadura, favoravelmente ao projeto lupionista, era uma sociedade que precisava ousar por si mesma, depois de muitos anos asfixiada por pressões e imposições vindas do Rio de Janeiro.

    A vontade de agir apoiava o entusiasmo dos políticos e dos técnicos do governo paranaense. Lupion não era um conservador: ele queria mudar e a transformação proposta foi “uma preocupação que levei para o governo e que vejo hoje necessária ainda – através da participação das novas gerações dos homens que têm responsabilidades neste país”.

    As terras que o ex-governador Manuel Ribas havia prometido aos posseiros continuavam à espera de famílias para trabalhar e a propaganda do Paraná Maior contagiava o Sul, no qual as prolíficas famílias de imigrantes retalhavam por herança as colônias com as quais iniciaram sua trajetória no Brasil, em Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

    Lupion disse que a procura por terras foi tão grande que os serviços de demarcação estadual não venciam a demanda por lotes. E nas áreas urbanas as sedes de distritos cresciam, transformando-se em cidades. Até o fim do governo o Paraná iria dobrar o número de municípios. 

    Visão (ainda) progressista

    O plano de colonização para o Norte do Estado se dividia em dois setores distintos. O primeiro, abrangendo as terras do Norte e do Noroeste, nas bacias dos rios Paranapanema e Ivaí. O segundo, localizado à margem esquerda do rio Ivaí, abrangendo as terras férteis de Campo Mourão, até o Rio Piquiri.

    Para além, Lupion se orgulhava de ter criado o Departamento Administrativo do Oeste em outubro de 1947, “para resolver os problemas fundamentais da região da colonização de suas grandes áreas inaproveitadas e riquíssimas”.  

    O governador do Paraná tinha uma diferença com a maioria dos outros, eleitos por máquinas coronelistas e corruptas: ele veio de uma base progressista interessada em mudar, tentando ser a extensão do governo Manuel Ribas.

    De resto, Lupion não era só um político a mais: formado em Economia pela Fundação Álvares Penteado, em São Paulo, ele e seus técnicos definiram corretamente a via da colonização como o meio de crescimento do Paraná. 

    Esse processo ficou conhecido como “parcelamento” de terras. No conjunto, a aplicação do plano econômico fez a arrecadação crescer rapidamente, aproveitando-se da venda de terras da melhor qualidade. 

    De vilas quase paradas no tempo emergiram cidades dinâmicas, tais como Paranavaí, Campo Mourão, Cascavel e Maringá, impulsionadas pelo início da cafeicultura e coincidindo com a expansão da indústria madeireira, o que atraiu para o Paraná sucessivas correntes migratórias.  

    A visão aérea de João Bertoli 

    A visibilidade de Lupion, com discursos que mesmo pretensiosos encontravam razoável correspondência nos fatos, cresceu na mesma medida em que ao contrariar ex-aliados criou uma oposição conservadora implacável, que se aproveitou do ímpeto dos posseiros em defender seus interesses para bombardear o governo.

    Quando os primeiros colonos sulistas chegaram ao Norte do distrito de Cascavel foram recebidos por esse clima de polarização, primeiramente no embate entre os posseiros, que se defendiam da aliança entre jagunços das colonizadoras e a Polícia Militar de Lupion. Depois, pelo choque de notícias sobre falta de assistência aos colonos e abandono à região.

    No Norte do distrito de Cascavel, em processo de colonização iniciada na perspectiva do plano então progressista de Lupion, logo se destacou a comunidade de Cafelândia.

    A vinda de colonos sulistas para essa região começaria quando João Bertoli, um catarinense do Alto Vale do Itajaí, ao sobrevoar em 1949 as matas à margem direita do Rio Piquiri, decidiu requerer terras para estender a cafeicultura à região, nas quais em breve daria início à colonização de Ubiratã.

    Já em terras à margem esquerda, sua família favoreceu a vinda de colonos para formar a futura Cafelândia, para onde logo viriam colonos catarinenses com recursos e vontade de produzir. 

    “Em 1951, com autorização do governo estadual, sob o compromisso de fixar famílias para povoar e desenvolver a gleba de terras, João Bertoli se instalou com mais vinte e duas pessoas e teve início a comunidade São João” (Selene Cotrim de Carvalho, Ubiratã, História e Memória).

    Herança histórica inapagável

    A história anterior à presença de colonos sulinos não pode ser apagada. Cafelândia começou antes que as primeiras famílias de colonos sulistas chegassem para se estabelecer na área.

    A região foi explorada durante muitos anos por ervateiros proibidos de fixar moradia, principalmente paraguaios e argentinos a serviço das obrages.  

    Deve-se aos trabalhadores paraguaios do extrativismo ervateiro a primeira denominação de Cafelândia, lugar inicialmente conhecido como Caixão.

    Havia antes também safristas igualmente sem posses registradas, mas essas atividades já estavam em declínio e fora dos planos do “Paraná Maior”. 

    As primeiras famílias do Sul chegaram já em 1948, dentre as quais as de Daniel Perboni, Noríbio Tomaz, Francisco Krachuski, Benito Fernandes e João Cruz.

    O que animou os pioneiros cafeicultores foi a qualidade do solo, próprio para o cultivo da rubiácea. Mas a região, embora tenha as mais preciosas terras produtivas do planeta, estava fora da faixa mais propícia à cultura, por conta de um clima então ainda não avaliado pela assistência técnica.

    “(…) verificou-se que a cultura cafeeira tinha um aliado, a uberdade da terra, e um inimigo mortal, as frequentes geadas” (Paraná Gente, Secretaria de Estado da Cultura).

    Muitos colonos, escassa estrutura

    Também por conta do chamado ribista de que os direitos dos posseiros seriam respeitados, centenas de recém-chegados passavam a ocupar áreas em terras devolutas – ou não – no Noroeste e no Oeste do Paraná.

    Ainda em 1948, chegaram à região da Encruzilhada Tapejara as famílias Essar, Bazanella e Cristóvão Moraes Filho. A vila e cidade que iniciaram nessa região, entre Cafelândia e Quarto Centenário, foi primeiramente identificada com a Fazenda Roda de Carro.

    Ela chegou a ser mapeada como “Alto Iguaçuzinho” até receber o nome de Nova Aurora, atribuído pelo padre Luiz Bernardes, da Paroquia de Corbélia.

    Quando o encanto da publicidade de Lupion mais funcionava sobreveio uma fortíssima onda de antipropaganda. Parte da campanha para impedir o retorno de Vargas ao poder, a narrativa, de cunho nacional, arruinou a imagem positiva do Paraná.   

    A propaganda de Lupion relatava maravilhas, mas a realidade era difícil pela falta de infraestrutura. Aí uma narrativa em parte real e em parte distorcida chegou em seu auge a propagar a tranquila e acolhedora Cascavel, por conta da associação ao veneno da cobra, como um antro de pistoleiros e assassinos.

    Fonte: Fonte não encontrada