Categoria: Cultura

  • Colando os pedaços do Paraná

    Colando os pedaços do Paraná

    O Paraná descrito no fim da década de 1940 mapeava com detalhes apenas as regiões aristocráticas do eixo capital-litoral, Campos Gerais, Guarapuava e Sul histórico. O mapa político exibido já apresentava o grande Estado que é hoje, mas o Oeste e o Sudoeste ficaram isolados no período em que vigorou o Território Federal do Iguaçu e seu Norte era na realidade uma extensão do Sul de São Paulo.

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    Tanto o Norte velho quanto o novo sofriam a influência paulista em toda a cadeia da cafeicultura e no projeto ferroviário, vinculado ao aparecimento de novas grandes fazendas, vilas e cidades ligadas a São Paulo. 

    Para o historiador maletense Valfrido Piloto (1903–2006), nascido no Sul paranaense, o Norte do Estado “é tudo, menos Paraná” (Onde o Paraná desaparece, Gazeta do Povo, 9/4/1947).

    “As riquezas geradas por suas terras férteis, ainda pouco exploradas, voltavam-se todas para o Estado vizinho, São Paulo, através da rede ferroviária que ligava o sertão paranista ao Porto de Santos” (Ayrton João Cornelsen, secretário do governador Moysés Lupion).

    Energia e ensino, duas bases

    Diante disso, o governo estadual apostou em uma ousada estratégia para dinamizar a economia e fazer o Paraná funcionar em um bloco só, começando por viabilizar energia elétrica a todas as regiões.

    Em outubro de 1948, o Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica) é criado para executar o Plano Hidrelétrico do Estado. O PHE determinava o aproveitamento dos sistemas elétricos do Sul (apoiado nas usinas de Capivari-Cachoeira e Salto Grande do Iguaçu), do Norte (abastecido pelas usinas de Salto Grande e Capivara, no rio Paranapanema, e Mourão), e do Oeste (contando com centros geradores isolados).

    O Daee passa a instalar motores e conjuntos a diesel com capacidade entre 70 e 154 kVA em muitas localidades, em caráter de emergência, para atender às exigências do crescimento industrial e urbano da capital e interior, declarada prioridade do governo Moysés Lupion, da qual se orgulhava, já em campanha aberta rumo ao Senado.

    Estratégia semelhante foi aplicada no setor de ensino. A popularidade do governador subiu às alturas em consequência da criação rápida e disseminada de escolas por todo o interior, começando pela “sua” Cascavel.

    Ainda em 1948 foi inaugurada a modelar Escola de Trabalhadores Rurais de Foz do Iguaçu, embrião do futuro Centro Estadual de Educação Profissional Manoel Moreira Pena.

    Até no mais escondido interior, na vila de São João do Oeste, cercada por ainda poucas propriedades de colonos eslavos, o governo plantou uma Escola Isolada Estadual, futuro Grupo Escolar Rocha Pombo.

    Polarização e propaganda

    Enquanto o governo do Paraná se preocupava em colar suas regiões ainda desconexas, o país vibrava com a Convenção Nacional de Defesa do Petróleo, que iniciou a campanha “O Petróleo é Nosso” em 18 de outubro de 1948.

    A campanha levou às massas a polarização entre nacionalistas (adeptos do monopólio estatal do petróleo) e entreguistas (defensores do livre mercado).

    A polarização habitualmente institui e fortalece mecanismos de propaganda pró e contra, o que vai explicar as decisões tomadas pelo governo Lupion a partir da lei 121, de 30 de outubro de 1948, ao criar a Câmara de Expansão Econômica e Propaganda do Estado. Com ela, a Secretaria de Educação e Cultura passava a ter um Departamento da Cultura e Divulgação.

    Havia também a propaganda comunista. O envolvimento do PCB na luta dos posseiros de Porecatu em 1948 se deu por meio do Comitê de Jaguapitã, dirigido pela família Gajardoni, que vendeu sua farmácia para comprar terras de mata virgem nas margens do ribeirão Tenente para apoiar os posseiros.

    “Aos poucos, conseguiram organizar os posseiros em grupos, conscientizando-os da importância de defenderem suas posses: primeiro legalmente, depois pelas armas” (Angelo Priori, A revolta camponesa de Porecatu).

    Entre dois fogos

    Apoiaram a luta armada dos posseiros o vereador londrinense Manoel Jacinto Corrêa, que na época também esteve em Cascavel, o advogado Flávio Ribeiro e o médico Newton Câmara, levando-lhes roupas, suprimentos alimentares, remédios e dinheiro.

    A luta armada foi decidida pelos posseiros em novembro de 1948, depois de frustradas as tentativas de defesa por meios legais.

    A suposta necessidade da luta armada e a maquiagem aplicada na repressão aos posseiros como se fossem ações pacificadoras passaram a se expressar por todos os meios de propaganda possíveis: rádio, jornais, telegramas, panfletos, faixas, placas e cartazes.

    Em dezembro de 1948, quando chegou a Cascavel, Mário Thomazi, catarinense de Valões, hoje Irineópolis (SC), primo do agropecuarista José Neves Formighieri, tinha 20 anos de idade.

    Ele foi de imediato submetido ao impacto das duas propagandas: a que pregava a defesa armada das terras atacadas por jagunços e grileiros e a que desqualificava a luta dos posseiros como “anarquia e subversão”.

    Múltiplas atividades

    Thomazi recebia as duas propagandas porque amava dirigir entre a vila de Cascavel e a propriedade da família, na chamada Melissa Velha, situada entre a futura cidade de Corbélia e Central Santa Cruz, onde já chegava a propaganda sugerindo a resistência dos posseiros.

    Quando vinha fazer compras na vila, Thomazi se hospedava no Hotel Pompeu Reis, onde conheceu os fundadores do Tuiuti Esporte Clube e também foi alcançado pela propaganda dos posseiros, pois Horácio Reis, dono do hotel, era chefe do PTB local.

    Com a criação do Município, Thomazi foi trabalhar como chefe do serviço rodoviário, o que significava dirigir e fazer a manutenção da patrola do Município, empregada para abrir ruas e seguir a orientação de Manoel Ludgero Pompeu na abertura de estradas.

    Nas eleições de 1960, Thomazi obteve uma suplência da bancada do PTB e assumiu o mandato em substituição a titulares, aprovando a abertura de ruas, estradas e a construção da usina hidrelétrica do Rio Melissa.

    Perseguidor depois foi perseguido

    Por seu amor aos carros e ao esporte, Mário Thomazi também foi piloto pioneiro das provas automobilísticas, fundador do Automóvel Clube e do Cascavel Country Clube.

    Em janeiro de 1964, presidia o Tuiuti Esporte Clube quando foi chamado pelo presidente João Goulart para chefiar o serviço de repressão ao contrabando no Oeste.

    Não chegou a assumir. Em 1º de abril um golpe de Estado depôs o presidente e Mário entrou na lista dos perseguidos, por sua militância no PTB. 

    Ironicamente, Thomazi havia se qualificado para o cargo com atividades desenvolvidas como suplente de delegado de polícia. Nessas funções, testemunhou a gravidade das lutas travadas na região do Piquiri, onde os posseiros acossados pelos jagunços reagiam à altura.

    Mesmo sendo simpatizante da causa dos posseiros, como policial foi mandado para reprimir o levante armado.

    “Em uma ocasião nós fomos até o Piquiri e trouxemos de lá 14 presos e depois vieram de lá dois cadáveres para serem enterrados aqui no cemitério antigo na rua Rio Grande do Sul” (Mário Thomazi, depoimento a Regina Sperança).   

    Posseiros chegam e dinamizam o comércio

    Na região Norte conflitada pela questão agrária, atrocidades desumanas eram cometidas. Cruzar desconhecidos nas empoeiradas estradas poderia levar a um tiroteio sangrento, condenando corpos a boiar nas águas dos rios mais próximos.

    Exatamente nesse período, em dezembro de 1948 a ONU proclamou a Declaração Universal dos Direitos do Homem.

    Como se atendendo a um pedido dos já estropiados posseiros, que morriam sob as balas dos jagunços e da polícia, a Declaração aceitava o direito à rebelião como “supremo recurso” contra a tirania e determinava que “ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua propriedade”.

    Driblando as tragédias, a indústria cascavelense começava forte e exportando, pois o boom madeireiro não parava. Começava pelo corte das árvores, logo transformadas em toras que serradas viravam tábuas, vigas, caibros e ripas.

    Os produtos da madeira eram transportados a Foz do Iguaçu “nos valentes caminhões International KB-7 e KB-11” para abastecer os grandes centros (Elcio Zanato, Corbélia da Minha Juventude).

    A madeira fez Cascavel se transformar de vila em cidade já em 1948, desenhando as bases da futura metrópole pelo dinamismo do comércio e da prestação de serviços no trecho da rodovia federal denominado Avenida Brasil.

    Atraídas pela madeira e a perspectiva de praticar a agropecuária sobre as terras desmatadas, famílias de colonos chegavam diariamente ao interior, passando em Cascavel e se abastecendo de alimentos e combustíveis.

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Fim da década de 1940 abre um Paraná novo

    Fim da década de 1940 abre um Paraná novo

    Com o fim da ditadura, a década de 1940 fechou com muita confiança em um Brasil melhor, abalada na década seguinte pela Guerra Fria e, no Paraná, com a reversão de expectativas do governo Moysés Lupion.

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    Afamado por seu sucesso pessoal, Lupion chegou ao poder com a promessa de fazer de cada paranaense pobre como ele foi também um vencedor.

    E começou bem. Em 1948, apesar da forte oposição de ex-aliados, seu governo foi positivamente democrático e estruturante, atendendo às pressões recebidas da sociedade.   

    Não era propaganda falsa ou exagerada dizer que “a planificação e controle da execução das obras foram os elementos impulsionadores para a criação dos meios fundamentais para o desenvolvimento” (Relatório do governo Moysés Lupion).

    “Órgãos como o Departamento Estadual de Rodagens (DER), DAEE (Departamento de Energia Elétrica), a Secretaria de Viação e Obras receberam investimentos para o aparelhamento humano e maquinário para as suas principais obras”, prosseguia o relatório.

    “O Estado serviu-se como agente catalítico de investimentos, estatais e privados, para promover reformas e à criação da infraestrutura necessária ao desenvolvimento de modo generalizado e permanente”.

    Generosa vaca

    O Estado assumido por Lupion era uma imensa mas subnutrida vaca sugada pelas forças políticas dominantes no Estado, comprometendo 80% de seu orçamento com o custeio de pessoal. 

    Herança da ditadura, os reajustes salariais concedidos aos servidores sem equivalente aumento de receita abalavam as finanças do Estado.

    Na capital havia nichos ricos de conforto, mas as cidades do interior eram ainda apenas pequenas vilas de prestadores de serviços carentes de tudo. Sequer era possível ter um automóvel.  

    Depois de organizar a Industrial Madeireira do Paraná em Cascavel, Florêncio Galafassi voltou ao Sul para rever os parentes e trouxe na volta o primeiro veículo com tração nas quatro rodas: um jeep Willys importado pela Imapar de Caxias do Sul, que antes de vir a Cascavel fez demonstrações espetaculares naquela cidade.

    “Inclusive subiu e desceu as escadarias da Catedral de Caxias, para o espanto dos assistentes” (Dercio Galafassi, depoimento a Carlos Sperança). “Logo após trouxe ainda um automóvel de uso particular, um Ford 1940, muito bem conservado e de alto luxo”.

    Ninguém mais além de Galafassi podia dispor desses luxos na época. Não havia serviços mecânicos aos automóveis e para rodar os veículos precisavam se abastecer na Serraria Central, onde havia uma bomba de gasolina manual que também socorreu os pioneiros de Toledo.

    Vilas com escassos recursos 

    Um retrato do Paraná em 1948 apresentava as vilas como simples pontos de passagem e prestação de serviços básicos entre as fontes de abastecimento e as serrarias. 

    Quem negociava com Guarapuava e Ponta Grossa trazia de lá na volta combustíveis, tecidos e outros produtos industrializados. Para trazer quantidades maiores, porém, teria que ir a Curitiba.

     A extensão desse retrato ao interior mostra centenas de posseiros com suas carroças e cavalos ocupando terras devolutas ou oferecidas pelas colonizadoras no Noroeste e no Oeste do Paraná, em consequência do estímulo trazido pelo Departamento do Oeste.

    O governo estadual cedia às pressões, com interesse na eleição de Moysés Lupion ao Senado, já que a lei não permitia dois mandatos seguidos. Dezenas de leis, decretos e portarias atendiam às demandas das vilas e das colonizadoras. A providência fundamental foi intensificar a construção rodoviária.

    Os esforços para a conclusão da rodovia de primeira classe entre Ponta Grossa e Foz do Iguaçu prosseguiam, em 1948, com a instalação, em Cascavel, da 5ª Seção da Comissão de Estradas de Rodagem (CER-1), substituindo o modesto escritório aberto na vila em 1945.

    A CER-1, na qual pontificou o coronel Adalberto Mendes da Silva, era como se fosse uma prefeitura, socorrendo a população em suas carências.

    Vai começar uma nova história  

    A 5ª. Seção relatou na época que as obras da futura BR-277, sob sua responsabilidade, já estavam adiantadas no rumo de Foz do Iguaçu, cidade à qual os viajantes tinham difícil acesso por trechos de caminhos alternativos, paralelos às obras da via federal: a estrada velha de Guarapuava.

    Com uma população em torno de 1,2 milhão de pessoas – equivalente à de Curitiba em 1990 –, o Paraná é então um Estado repartido em pedaços desconexos: o eixo capital-litoral em permanente intercâmbio desde o início da formação do Paraná; o Norte como extensão de São Paulo; o Sudoeste ainda marcado pelos ressentimentos do Contestado; e por fim o Oeste, em medida similar à do Sudoeste, progressivamente submetido à influência sulina.

    O Oeste/Sudoeste, por conta da imposição ditatorial do Território Federal do Iguaçu, que tirou quase um quarto do território paranaense, teve como compensação ao impedimento do Estado do Paraná de agir na área a organização e fortalecimento político dos colonos de origem gaúcha.

    Para o Oeste do Paraná, a coleção das leis e decisões governamentais do biênio final dos anos 1940 viria a completar o losango histórico Foz do Iguaçu – Cascavel – Toledo – Guaíra. 

    No novo Paraná, o Oeste será um cartão de visitas de maravilhas (Sete Quedas, Cataratas) e colonização dinâmica. 

    A lei dos novos tempos 

    A nova história do Oeste vai se caracterizar pelo fortalecimento dos polos urbanos de Foz do Iguaçu, Cascavel e Toledo, o sucesso dos projetos privados de colonização no interior dos três municípios, a força política dos netos de imigrantes e a conquista de avanços governamentais que darão origem a dezenas de municípios desmembrados dos três.

    Essa nova história vai começar de fato com a lei estadual 105, de 30 de setembro de 1948, que determinou a planificação do Paraná em dois grupos: de um lado, obras e serviços fundamentais; de outro, obras e serviços correntes.

    As obras e serviços fundamentais foram divididas em seis partes. A primeira seria a construção de uma rodovia ligando o ponto terminal da estrada de Ferro Central do Paraná ao Porto de Paranaguá, passando por Curitiba, “de elevado nível técnico e revestidas de concreto, asfalto ou paralelepípedo”.

    Como a Jaguariaíva de Lupion não poderia ficar de fora, o segundo item era a construção de uma “rodovia de primeira classe, revestida, ligando Jaguariaiva a Antonina, passando por Cerro Azul”. Contemplava no item 3 a ampliação e reaparelhamento do Porto de Paranaguá e também a construção do Porto de Antonina. 

    Todas as regiões contempladas

    O ponto 4 era o aproveitamento hidrelétrico das bacias dos rios Capivari e Cachoeira, até a instalação da Usina Central de Cotia; do Salto do Capivara, no rio Paranapanema, completando pelo “Salto Grande, no Rio Iguaçu” e “os serviços de distribuição de energia elétrica do plano geral do Estado”.

    No bloco 5, a instalação dos serviços de água e esgoto em Foz do Iguaçu e outras 22 cidades-polo, contemplando todas as regiões.

    O item 6 tinha a finalidade de superar os fatores que minavam a qualidade da produção rural, determinando o fomento da produção baseado no combate às pragas da lavoura e às epizootias e enzootias (doenças animais contagiosas).

    Já as obras e serviços correntes estiveram elencadas em quinze itens, começando pela ampliação da rede rodoviária do Estado, com a construção de diversas estradas, dentre as quais a ligação Ponta Grossa-Reserva-Campo Mourão, de Barracão “até um ponto da estrada federal de Foz do Iguaçu” e Araruva-Campo Mourão-Cascavel. 

    Inegavelmente, um bom governo 

    Previam ainda a instalação de 11 postos de Monta e 3 campos experimentais e de multiplicação de sementes, o aperfeiçoamento do sistema de colonização do Estado, por meio da Fundação Paranaense de Imigração e Colonização, e a instalação, “em todos os municípios do Estado, de unidades sanitárias e de postos de puericultura e associações de proteção à maternidade e infância”.

    Também na área da saúde, a instalação de 2.000 leitos hospitalares, com a construção e ampliação de hospitais oficiais. Na educação, mais de 700 salas de aulas, com a construção de casas escolares, além de reforço ao ensino profissional rural, com a reforma, ampliação e reaparelhamento das escolas de trabalhadores rurais e a instalação de mais 13 em todo o Estado.

    A previsão de recursos foi meticulosamente estabelecida, inclusive prevendo a hipótese de acelerar as obras com empréstimos no país e no exterior. 

    Nos casos de intercorrência com municípios e a União, a lei previa acordos com esses entes e também entidades paraestatais. 

    Era, portanto, um bom governo. O mau governo viria depois de Lupion chegar ao Senado e obter o segundo mandato estadual, em 1955, pondo o Paraná em situação de guerra entre jagunços e posseiros. 

     

     

     

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Cultura, saúde, caminhos, desafios

    Cultura, saúde, caminhos, desafios

    As interações sociais das famílias Galafassi, Lopes, Pompeu e Paim, ao se entrelaçar com muitas outras ao longo de sua trajetória na região, são encontradas em raras outras famílias vindas para a vila de Cascavel  até o final da década de 1940 porque a maioria dos novos moradores seguia para posses no interior, das quais seriam expulsos por jagunços, negociariam transferência aos moradores da vila já com acúmulo de capital ou desistiriam devido às dificuldades de infraestrutura.

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    A numerosa família Villaca, como outras que também conseguiram se instalar em chácaras próximas à vila, concentrou-se em uma área rural caracterizada por belos pomares nos arredores de Cascavel.

    Pela proximidade, a poucos minutos de carroça até a vila, em breve os domínios da família Villaca seriam incorporados ao perímetro urbano.

    Em 1947, já haviam chegado Francisco e Luíza Villaca, trazendo vários de seus doze filhos, provenientes de Candói (https://bityli.com/05vVvP), região de onde também vieram os pioneiros José Silvério de Oliveira, Manoel Ludgero Pompeu e João Turrok.

    Os filhos de Francisco

    Em junho de 1948 chegava mais um filho de Francisco, o agricultor Euvídio Ferreira Villaca, trazendo a esposa Alexandrina Maria, cujos filhos por sua vez tiveram sempre destacada participação na sociedade cascavelense.

    Safrista, Euvídio veio para trabalhar com a criação de suínos e se instalou, como outros familiares já chegados, na região que no futuro viria a ser o bairro Cancelli.

    Euvídio foi um dos agricultores que se reuniram para formar a Associação Rural de Cascavel, iniciada por Tarquínio Joslin dos Santos em 1953. 

    Pioneiros em vários setores, como no setor de saúde, os Villaca também estiveram presentes nas primeiras manifestações culturais, na música e na comunicação radiofônica.

    A partir dos anos 1960, Darci Israel dominou os ares com sua arte, mas a música ao vivo irradiada em Cascavel começou com a dupla “Villaca & Brizola” (o primeiro ao violão e o segundo na sanfona), que abriram caminho a outras duplas e trios musicais, um deles o Trio Coração de Ouro, de Israel.

    Aliado ao famoso sanfoneiro Brizola, o violeiro era Enezon Subtil Villaca, um multi-instrumentista, filho do rezador* Francisco e da parteira Epiphânia. A própria família Villaca tinha sua própria banda, formada por violão, sanfona e outros instrumentos.

    *Rezador era o farmacêutico prático que atendia doentes com ervas e compostos. Usava rezas e passes para reforçar a cura com a fé dos enfermos

    Os trabalhadores da Imapar

    Além dessas famílias, as campeãs em interação com a comunidade regional, as que mais viriam a tecer relações de parentesco e associações com as demais famílias já radicadas em Cascavel e Foz do Iguaçu foram os núcleos familiares formados pelos trabalhadores trazidos pela Industrial Madeireira do Paraná, contratados na fronteira por Renato Festugato e em Cascavel por Florêncio Galafassi.

    Januário Machado Portinho chegou a Foz do Iguaçu em setembro de 1949 já tendo como destino as tarefas que iria desenvolver a serviço da empresa.

    Gaúcho de São Luiz Gonzaga, aos 24 anos, sua função, como gerente de transporte, de oficina e máquinas pesadas, era fazer a madeira chegar das serrarias de Cascavel e ser depositada às margens do Rio Paraná, onde as cargas eram colocadas em barcos e chatas para seguir à Argentina.

    “O forte mesmo era o pinho. Tinha algumas madeireiras que exportavam em toras canela, magaratuva, peroba, todas essas madeiras de lei que existiam na região e que hoje não tem” (Januário Portinho, Foz do Iguaçu – Retratos).

    “Nós tínhamos mais ou menos 180 empregados. Essa madeireira tinha uma vila perto do Batalhão, dava casa para os empregados” e no futuro viria a ser o Jardim Festugato.

    Cada jornada de transporte era uma aventura diferente, pelas dificuldades do trajeto, na estrada velha de Guarapuava.

    O caminho, na verdade, era uma coleção de diferentes estradas carroçáveis do passado, cujos piores trechos eram atacados pelo poder público para garantir melhor trafegabilidade.

    “Esta estrada, longa e sinuosa, sem cortes ou aterros e sem sol, era um dos principais obstáculos para o escoamento da produção que crescia em progressão geométrica”, segundo Roberto Côco Grinet, que também trabalhou na Imapar.

    “De 1948 em diante, foram largamente empregados os caminhões Ford F-6, F-7 e F-8 valentes nos atoleiros e nas picadas por onde andavam até chegar ao ponto de carregar os porcos” (Elcio Zanato, História de Corbélia).

    Comida argentina, gasolina curitibana

    Nas ruas e perto das vilas, o Jeep era o novo “cavalo” dos pioneiros. Depois do antigo “Fordeco” de Nhô Jeca Silvério, o primeiro automóvel a circular pelas clareiras do distrito iguaçuense de Cascavel, ainda em 1948, foi um Jeep* de Florêncio Galafassi.

    Portinho contou que saía pela manhã com seu Jeep e chegava a Cascavel pouco depois do meio-dia, mas a volta acompanhando o caminhão carregado nunca seria tão rápida, demorando entre 16 e 17 horas.

    Não havia fornecedores locais na região. Pelo rio, chegavam alimentos em latas e conservas vindos de Buenos Aires. O que não vinha da Argentina era preciso trazer de Curitiba.

    “A gasolina que nós usávamos para nosso consumo, nossos caminhões, era tudo transportado em tambores. Nós tínhamos quatro caminhões permanentemente viajando daqui para Curitiba buscando gasolina e material”.

    Quando a Imapar se transferiu toda para Cascavel, nos anos 1960, Portinho, a esposa Lilita da Fontoura e os filhos Paulo e Leila preferiram continuar em Foz do Iguaçu e desenvolver negócios próprios, com pneus, combustíveis, turismo e pequenos negócios com madeira.

    *Jeep era marca da indústria Willys, mas carros similares eram também chamados genericamente de “jipes”.

    Madeireiros e ação social

    O pessoal que trabalhou na fronteira a serviço da Industrial Madeireira do Paraná veio de diversas origens. Roberto Côco Grinet era argentino, nascido em San Tomé (Corrientes), e desde os 17 anos já vivia em Foz do Iguaçu, onde aos 19 começou a trabalhar na Imapar e pouco depois se casaria com Vicentina Requião, o casal tendo três filhos.

    Grinet destacou a participação de Flávio Azambuja Marder na administração da madeireira, que a seu ver “representou o que de mais moderno existiu naquele momento no Sul pais, sucedendo a empresa paranaense M. Lupion – que iniciara a indústria extrativa vegetal (pinho) vários anos antes” (Foz do Iguaçu – Retratos, 1997).

    Além de modernizar e ampliar as instalações portuárias de Foz do Iguaçu, a Industrial Madeireira do Paraná “representou muito para o desenvolvimento de Foz, tanto que houve um momento em que muitas decisões comunitárias só foram tomadas depois de ouvida a direção”, segundo Grinet.

    “A madeireira também fez atendimento social. Não só aos seus funcionários, mas também à comunidade, tendo inclusive, distribuído cortes de casas populares de madeira de pinho aos necessitados”.

    Nesse sentido, a Imapar avançou na concretização dos planos da família Lupion, que agora concentrava esforços para chegar ao Congresso Nacional por meio de seu agente político, o governador Moysés Lupion.

    No interior do distrito de Cascavel, novas frentes de colonização se abriam pela iniciativa de colonos que não só adquiriam terras, mas também se dedicavam a ações de infraestrutura.

    Neste caso, um dos exemplos mais destacados foi o de Eugênio Kluska, que se meteu no mato com a família ainda em 1948 na região da Corbélia de hoje, então pertencente a Cascavel, construindo estradas e pontes, escolas e igrejas, só adquirindo terras na região quatro anos depois de sua chegada, para constituir lavouras.

    O eterno problema da infraestrutura

    Famílias chegando em várias frentes só pensavam em trabalhar, mas as crianças cresciam, precisavam de escola e se a juventude geral dos aventureiros não trazia problemas de saúde influenciados pelo transcorrer da idade, acidentes com cobras eram frequentes nas lidas na mata.

    Sem médicos nem postos de saúde e raras farmácias em Cascavel e Foz do Iguaçu, os pioneiros levavam seus doentes em penosas viagens de carroção em busca de um dos rezadores afamados, como Francisco Chico Villaca, que foi aprendiz do monge João Maria do Contestado.

    Em 1948, no bojo de interesses eleitorais do clã Lupion, foi lançado um plano de obras para a saúde pública, visando aparelhar as unidades sanitárias existentes nos municípios.

    “Nessa época, ainda, lançaram-se campanhas de vacinação e de combate à malária, à doença de Chagas, à lepra e à tuberculose. É interessante notar que, no discurso dos governadores, nesses anos, há uma tendência a atribuir parte dos novos problemas a características da população que chega, fazendo do Estado um herdeiro dos problemas do Brasil” (Demian Castro, Mudança, Permanência e Crise no Setor Público Paranaense).

    Os problemas, via de regra, eram atribuídos a quem chegava, mas as soluções vinham sempre anunciadas como presentes e virtudes do governo. De qualquer forma, boa base da futura organização do Estado começou de fato com Lupion.

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Museu Oscar Niemeyer terá exposição dedicada ao continente asiático

    Museu Oscar Niemeyer terá exposição dedicada ao continente asiático

    A riqueza cultural do continente asiático poderá ser admirada pelos cascavelenses sem nem precisar sair do Município. A célula do MON (Museu Oscar Niemeyer) de Cascavel vai receber no dia 1º de junho a exposição “Ásia: a Terra, os Homens, os Deuses”. Ao todo, são 200 peças que farão parte da mostra. 

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    Com curadoria do professor e embaixador Fausto Godoy, doador da coleção asiática ao MON de Curitiba, a mostra traz obras de diversos países da Ásia, promovendo uma verdadeira imersão cultural sobre o tema. O objetivo é de democratizar cada vez mais o acesso ao acervo.

    O diplomata esteve em Cascavel, junto com o coordenador do acervo, Humberto Imbrunisio, para definir os últimos detalhes da exposição. O secretário de Cultura, Luiz Ernesto Meyer, e o diretor de Cultura, Robson Macanhão, acompanharam os visitantes. As peças foram adquiridas nos 30 anos que o Embaixador Fausto Martha Godoy serviu em países asiáticos, como China, Japão, Vietnã, Taiwan, Mumbai, Jordânia, Bangladesh, Cazaquistão e Mianmar.

    O MON de Cascavel funciona dentro do Teatro Municipal de Cascavel e é aberto a toda comunidade gratuitamente.

    Fonte: Assessoria

  • Escolas do Paraná podem se inscrever no projeto Futuro em Pauta

    Escolas do Paraná podem se inscrever no projeto Futuro em Pauta

    Estão abertas as inscrições para o Futuro em Pauta, projeto que vai reunir sugestões, ideias e possíveis soluções para alguns dos desafios mais urgentes da economia e da educação no Brasil, elaboradas por estudantes do ensino fundamental e médio de todo o país. Um documento final com este material será entregue, em agosto de 2023, para os ministros da Fazenda e Educação (ou seus representantes).

    Qualquer escola das redes pública e privada do Estado do Paraná, com estudantes do ensino fundamental e/ou ensino médio, pode participar. A inscrição pode ser feita pelo link e é gratuita.

    A iniciativa nacional foi lançada pelos jornais Joca e Tino Econômico, publicados pela Magia de Ler, editora especializada na produção de conteúdo jornalístico ao público infantojuvenil.

    O projeto Futuro em Pauta tem como objetivo levar informação a crianças e adolescentes sobre as defasagens e as necessidades existentes no Brasil na economia e na educação, estimular o debate sobre dados atuais relativos a ambos os temas, possibilitar que os estudantes reflitam sobre a situação do país a partir de alguns desafios apresentados, além de propor sugestões que possam ser aplicadas para a melhoria dessas áreas. A ideia é que esse exercício seja feito dentro das escolas públicas e privadas, levando os jovens a refletir, com o apoio de seus educadores.

    “Dessa forma, as crianças e adolescentes têm a oportunidade de participar de maneira efetiva do desenvolvimento do Brasil, compartilhando suas ideias com os ministros das áreas e mostrando a perspectiva da juventude sobre assuntos que a afetam diretamente, assim como sua expectativa para o país nos próximos anos”, explica Stéphanie Habrich, diretora-executiva dos jornais Joca e Tino Econômico.

    Funcionamento do projeto

    Para dar suporte às atividades e fomentar o debate entre os estudantes, a Editora Magia de Ler oferece às escolas insumos com dados e informações sobre educação e economia e planos de aula para estimular a reflexão e o debate, com ideias sobre organização de atividades relacionadas às escolas.

    No entanto, não há obrigatoriedade de usar o material oferecido pela editora. Cada escola terá total independência para promover o engajamento dos estudantes com a ação.

    Data de inscrição

    As escolas interessadas precisam se inscrever até 10 de abril, no site da iniciativa. O envio das sugestões discutidas com os estudantes sobre economia e educação acontecerá até 14 de junho, no mesmo site. Tudo de forma gratuita.

    Fonte: Assessoria

  • Gio Lisboa se apresenta domingo em Cascavel

    Gio Lisboa se apresenta domingo em Cascavel

    Quem gosta de dar muita risadas não pode perder o show de Stand Up com o artista Gio Lisboa. Com a apresentação “Fora da Casinha”, ele promete atrair os cascavelenses em uma apresentação no próximo domingo (02).

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    O show acontece às 17 horas no Teatro Municipal Sefrin Filho e é promovido pela RA Eventos e ASE7E Eventos.Gio Lisboa tem mais de 4 milhões de seguidores no Tik Tok e já faz parte do grupo seleto da comédia Nacional. Ingressos na ingressodigital http://bit.ly/3JAikvv  ou no Capitão Express. Patrícinio: Dafele Nail Lounge, Chocolate com Pimenta.

    Fonte: Assessoria

  • Galafassi: uma saga vitoriosa e um crime insolúvel

    Galafassi: uma saga vitoriosa e um crime insolúvel

     

    Não foi por acaso que Florêncio Galafassi recebeu o chamado de Renato Festugato em 1948 para se juntar ao ambicioso projeto de absorver as serrarias e os amplos pinhais da família Lupion em Cascavel.

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    Galafassi começou a se tornar uma lenda na indústria madeireira gaúcha no final dos anos 1920, quando, com a esposa Emília e já as três primeiras filhas nascidas em Bento Gonçalves – Inês, Olga e Adyles –, transferiu-se para Salto, no interior de São Francisco de Paula, região formada pelo tropeiro português Pedro da Silva Chaves.

     

     

    Em Barragem do Salto, abriu uma pequena serraria para explorar os recursos florestais da propriedade e a expandiu adquirindo propriedades vizinhas, seguindo-se a abertura de outras cinco serrarias e o início de um projeto de reflorestamento com pinheiros.

     

    Adquirindo notoriedade como formador de madeireiras, Galafassi recebeu a proposta de se associar a Renato Festugato na Industrial Madeireira do Paraná, que fechava a compra das serrarias e propriedades da família Lupion em Cascavel.

     

    “Sacrato”

    “Quando contaram que esse novo braço da empresa seria sediado em Cascavel, Florêncio disse que nunca tinha sequer ouvido falar do povoado. Mostraram no mapa e ele viu que se localizava no meio de uma imensa floresta”, narra o filho Dercio Galafassi, reproduzindo o diálogo:

    – É aqui, Florêncio.

    – E como faço pra chegar aí?

    – Não te preocupes. Nós vamos te colocar num avião em Porto Alegre. Alguém lá em Cascavel está avisado e vai te esperar, pra tu veres o nosso negócio lá.

    – Mas, sacrato! Nunca entrei num avião!

    “Sacrato” era uma expressão usual de Florêncio para demonstrar surpresa ou incômodo. Tanto falou que acabou tornando-se sua alcunha.

    A empolgante história de Galafassi é narrada em pormenores no livro de Dercio, Saga de Imigrante (https://bityli.com/v5wmgE).

    Ao chegar à pequena vila, a família Galafassi começou a transformar a cidade, estrutural e socialmente, na medida em que os três filhos e as quatro filhas de Florêncio e Emília Galafassi se entrelaçaram em relações de amizade, negócios e também casamentos com a comunidade cascavelense.

    Os sete não puderam acompanhar os pais logo de início pela falta de recursos do lugar, como na educação e os serviços e confortos que já havia no Sul.

    Sete filhos, sete histórias

    Inês casou-se no Rio Grande do Sul com Helberto Edwino Schwarz, nascido em 2 de julho de 1918 em Campo Vicente, no Município de Taquara (RS). Vieram de Canela (RS) para Cascavel a chamado de Florêncio e Emília.

    Helberto passou a ajudar Galafassi na administração da Imapar e foi eleito vereador na primeira legislatura do Município de Cascavel, em 1952, e seu segundo prefeito, em 1956.

    No final da gestão, a Prefeitura sofreu um incêndio criminoso e a família foi assombrada por acusações sem provas de que Helberto teria culpa no sinistro.

    Para preservar a família, transferiu residência para Curitiba e em seguida Brasília, até, reabilitado, retornar a Cascavel, onde morreu em 2009. Ele e Inês tiveram quatro filhos: Sérgio Clóvis, Sauro Cláudio, Carlos Alberto e Maria Emília.

    Olga Carmela, por sua vez, também antes de vir para Cascavel, casou-se com Higino Varisco, nascido em São Sebastião do Caí (RS) em 17 de fevereiro de 1920. Tiveram os filhos Juarez e Joni, que foi deputado federal e secretário de Estado do Emprego e Trabalho do Paraná.  

    Adyles Elzina Galafassi se casou também no Sul, com Adelar Bertolucci, nascido em Canela (RS), em 16 de dezembro de 1928, convidado pelo sogro a assumir a gerência da Imapar. O casal teve três filhos: Victor Hugo, João Carlos e Tânia Mara.

    Adelar Bertolucci se destacou como vereador em dois mandatos, nos primeiros anos do Município. Adyles e Adelar morreram em 2012.

    Sucessos no esporte e na política

    Alcides, um dos filhos de Florêncio e Emília já nascidos em São Francisco de Paula, em 9 de abril de 1932, casou-se com Leonilda Campagnollo, tendo com ela os filhos Florêncio, Maristela, Fernando e Flávio.

    Também atuou no setor madeireiro e na política, mas se destacou no apoio à comunidade católica, como fundador do Seminário Diocesano.

    Dercio nasceu em Salto, São Francisco de Paula, em 23 de julho de 1935. Destacou-se no esporte, na política e na presidência da Acic. Vindo para Cascavel em 1950, casou-se com Darlene Gomes, tendo com ela os filhos Daniel Roberto, Rita Silvana, Edmilson Antônio e Marta Cristiane.

    Darlene veio de uma tradicional família de pioneiros provenientes de São Paulo: o cafeicultor Júlio Gomes Sobrinho e a professora Amélia Melo.

    Amália Galafassi, por sua vez, casou-se com o agente aéreo Lyrio Bertoli. Jornalista ligado a Celso Formighieri Sperança no jornal Correio d’Oeste, Lyrio foi o primeiro deputado federal de Cascavel e região, eleito em 1962.  Tiveram os filhos Lyrio César, Cícero e Wilson Marcelo. 

    Nascido em 1° de Julho de 1933 também em São Francisco, o filho de Florêncio e Emília que ainda permanecia em Caxias do Sul, Danilo, logo também veio para Cascavel, já casado com Marília Oliva Travi, com quem teve cinco filhos: Junior, Milton Luiz, João Augusto, Simone e Lisiane.

    A exemplo de Dercio, Danilo também se destacou no esporte e na política, além do setor imobiliário. Os dois são figuras históricas do Tuiuti Esporte Clube.

    No auge do sucesso 

    Muito bem-sucedido em seus empreendimentos e um líder de influência crescente na região, Danilo tinha grandes planos para Cascavel quando alguém decidiu eliminá-lo.

    Em misteriosa trama que ainda não teve todas as dúvidas esclarecidas, Danilo foi assassinado quando exercia as funções de secretário geral da Prefeitura de Cascavel.

    Em 29 de junho de 1978, dois invasores entraram sem autorização na chácara Recanto Azul Ordaga, de Galafassi, no quilômetro 401 da BR-277, e ao se deparar com Danilo o executaram com seis tiros.

    Enquanto a polícia procurava os pistoleiros, diferentes narrativas disputavam as atenções dos investigadores.

    Ninguém tinha dúvidas sobre ser crime de encomenda, mas nomes diferentes eram sussurrados pelos mais curiosos e conhecedores dos meandros da política cascavelense como supostos mandantes. Para alguns, sobretudo personalidades ligadas à Prefeitura, havia sido um crime passional.

    Para outros, atentos aos tensos ambientes políticos da época, em que murros na mesa e ameaças de morte eram comuns, o mandante foi alguém inconformado com o prefeito Jacy Scanagatta ter escolhido Danilo para candidato a deputado estadual do grupo nas eleições daquele ano.

    Delegado especial

    O governo do Estado se empenhou diretamente na elucidação do caso, devido às pressões sobre a polícia de Cascavel para escolher uma das versões, designando o delegado especial Dorval Simões para comandar as investigações.

    Com a prisão dos pistoleiros Joaquim Batista de Mello, vulgo Gaúcho, e Lóris Luiz dos Santos, o Índio, eles negaram conhecer o mandante, mas confessaram que receberam dez mil cruzeiros cada um de um ex-sapateiro chamado Pedro Oquendo de Oliveira Montanha, alcunhado Pedro Mineiro.

    Montanha, por sua vez, alegou que o mandante havia sido Juarez Junqueira, ex-marido da secretária municipal da Educação, Maria do Rocio Garzuze Santos, e o pagamento teria sido um automóvel Opala marrom.

    Convertendo o carro em 32 mil cruzeiros, Pedro disse que foi a Foz do Iguaçu e lá contratou os dois pistoleiros, aos quais forneceu dois revólveres marca Taurus, calibre 38, e diversas balas, algumas delas explosivas.

    Orientados quando ao endereço e informações sobre como identificar Danilo e matá-lo quando estivesse desprevenido, em sua chácara, a trama incluiu até a morte da cadela de guarda do sítio com carne envenenada.

    Ao se aproximar, viram que Danilo estava na companhia da secretária municipal da Educação, Maria do Rocio, e uma criança, mas não recuaram.

    Danilo, surpreso com a visita inesperada, supôs que fossem pessoas em busca de trabalho. Sem se dar conta de que eles caminhavam com as armas em punho com as mãos às costas, adiantou-se para atendê-los.

    A três metros de distância, Índio desferiu cinco tiros, três no peito da vítima, que rodopiou com o impacto e ao cair foi silenciado de vez com um tiro mortal nas costas, desferido por Gaúcho.

    Era o primeiro episódio de impacto de uma série que se estendeu pelos meses e anos seguintes, até porque nenhuma prova confirmou a participação de Junqueira na trama e a versão de crime político ganhou força.

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Toledo recebe Certificado de Responsabilidade Cultural em Brasília

    Toledo recebe Certificado de Responsabilidade Cultural em Brasília

    Na noite da última segunda-feira (13), em Brasília, Toledo esteve entre os três municípios do país homenageados pela Agência Nacional de Cultura, Empreendedorismo e Comunicação (Ancec) com o Certificado de Responsabilidade Cultural Nelson Rodrigues.

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    A honraria, concedida ao município pelo segundo ano consecutivo, foi entregue em evento com coquetel e jantar de encerramento no Clube Naval.

    Representada pela secretária da Cultura, Rosselane Giordani, Toledo se juntou a outras instituições, personalidades e autoridades que trabalham em prol da cultura. “Isso é resultado de uma política pública forte, consistente e plural construída pelas mãos de uma grande equipe, gigante na sua atuação e comprometimento. Gratidão a todos e todas e à gestão municipal por apoiar e incentivar a cultura”, agradece.

    Sobre a Ancec 

    Sem vínculo governamental, a Ancec tem entre seus principais objetivos o reconhecimento e valorização daqueles que se destacam por fomentar e valorizar os segmentos de cultura, empreendedorismo e comunicação. Atua em parceria com a Federação das Academias de Letras e Arte do Estado de São Paulo (Falasp) e é uma das maiores instituições de reconhecimento do Brasil.

    Desde 2014 entrega anualmente homenagens como a Medalha Renato Russo (na área da música), o Troféu Nelson Rodrigues (para a classe artística) e a Cruz da Referência Nacional (autoridades, empresários e personalidades de diversas áreas).

    Fonte: Assessoria

  • U2 escolhe São Paulo como uma das 40 cidades para promoção de novo álbum “Songs of Surrender”

    U2 escolhe São Paulo como uma das 40 cidades para promoção de novo álbum “Songs of Surrender”

    Os fãs do U2 em São Paulo já podem se preparar para uma experiência única. A banda irlandesa anunciou uma série de tributos em 40 cidades ao redor do mundo para promover o lançamento de seu novo álbum, “Songs of Surrender”. E a cidade de São Paulo está entre as escolhidas para essa ação.

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    Os fãs paulistanos poderão se deparar com ações líricas do álbum em locais estratégicos da cidade, além de poderem compartilhar suas experiências nas redes sociais com a hashtag #U2SOS40.

    Para marcar o lançamento físico do novo álbum, a banda recriou e reimaginou 40 músicas de seu catálogo em quatro discos em vinil e CD, cada um com uma capa única mostrando um dos membros da banda. As reimaginações das canções foram concluídas em 2020 e início de 2021, após o término da turnê de 2019 pela Ásia, Austrália e Nova Zelândia.

    Os fãs do U2 em São Paulo não podem perder essa oportunidade de vivenciar a música de uma das maiores bandas de todos os tempos em uma experiência única e especial na cidade. Mais informações sobre os tributos podem ser encontradas no hotsite fortycities.u2.com.

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Paim, um ativo e influente engenheiro militar

    Paim, um ativo e influente engenheiro militar

    Um dos mais precisos memorialistas da colonização da Rota Oeste, Arlindo Mosé Cavalca, recordou que os primeiros sócios da Colonizadora Gaúcha, além dele, foram Alberto e Luiz Dalcanale, Benvenuto Verona e Alfredo Paschoal Ruaro, que deu início ao projeto e seguiu adiante em novas frentes.

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    Para o grupo, era mais um negócio, sem a intenção real de deixar o conforto do Sul, conquistado por décadas de trabalho dos avós e pais italianos desde a chegada ao Brasil, em fins do século XIX.

    Dos primeiros associados à Gaúcha, só Cavalca foi logo morar na região, desviar de cobras e aguentar picadas de mosquitos.

    Em 1949 os diretores da Gaúcha foram Benvenuto Verona, que depois também veio se instalar na região, e Luiz Dalcanale Filho, que a exemplo de Ruaro também repartia as atenções com outros projetos de colonização e atividades correlatas.

    Em lugar de Luiz Dalcanale entrou Frederico Zilio, cuja família é também uma das mais importantes da história da colonização no Sul do Brasil.

    Foi com Bernardo Zílio que Alberto Dalcanale pisou pela primeira vez no solo da Fazenda Britânia, em novembro de 1945. Eles vieram para conhecer e vistoriar a gleba, oferecida pelos proprietários anglo-argentinos, valendo-se do único meio de transporte existente na época: o lombo de burro.

    Gleba da Gaúcha tinha muitos donos

    Apesar de haver vários sócios e diretores da Colonizadora Gaúcha, o primeiro colono a realmente efetivar moradia na região da futura São Miguel do Iguaçu e deixar raízes na economia e na formação do lugar foi a de Vitório de Toni, que acreditou no lugar ainda sem nada.

    Só em 1953 a direção da Colonizadora Gaúcha passou a ser exercida por colonizadores com planos mais estruturados, como Henrique Ghellere, unido ao traquejado Afonso Marin, que em 1946, com sucesso, também começou a formar São Miguel do Oeste (SC).

    A Gaúcha resultava da compra de 9.073 alqueires registrados anteriormente em nome de João Emílio Matte.

    A maior parte dessas terras pertencia originalmente ao Município de Foz do Iguaçu, mas no decorrer dos anos também teve partes transferidas a outros proprietários, como o Banco da Província do Rio Grande do Sul, a Companhia Brasileira de Viação e Comércio (Braviaco), a Caixa Econômica Federal e a União Popular de Venâncio Ayres.

    Criada pelo padre suíço Theodor Amstad, a UPVA tinha a finalidade de incentivar os descendentes de imigrantes a promover atividades de desenvolvimento econômico, dentre os quais a abertura de novas fronteiras agrícolas, como no Oeste do Paraná.

    Cobra sugeriu a necessidade de estrutura

    Os mapas projetados no período de 1948 a 1954 pela Colonizadora Gaúcha apresentaram um total de 907 colônias, loteadas e medidas em alqueires por engenheiros como Adolpho Strabel e Hercílio Felippi.

    Em pleno trabalho de campo, Felippi foi atacado por uma cobra, morrendo em seguida pela ausência de soro antiofídico e dificuldade para se mover na mata cerrada até buscar socorro médico.

    Com eles estiveram os topógrafos João Félix Rolim de Moura, José de Moura Torres, Marciano Batista, Leodato Fernandes e Euclides Felippi, irmão de Hercílio.

    João Félix resistiu a todos os obstáculos e perigos encontrados, teve uma vida longa e cheia de realizações junto aos pioneiros, morrendo só em 2021, em Foz do Iguaçu, aos 88 anos.

    A sentida perda do engenheiro Felippi em 1948 fez com que nesse mesmo ano o governo do Estado elaborasse um plano para estender postos de saúde pelas regiões de desbravamento para prestar socorro em caso de acidentes como esse.

    Em lugar de Felippi, o trabalho de divisão e loteamento das colônias de terras foi concluído pelo engenheiro militar Anísio Paim da Rocha.

    Paim, agente da estruturação regional

    Não se pode contar a história da região Oeste desde a década de 1940 sem reservar um capítulo à polêmica Estrada do Colono e menos ainda sem lembrar o engenheiro militar Anísio Paim da Rocha, cuja equipe fez a abertura do caminho entre o Rio Iguaçu e Capanema.

    Desde essa época o trecho é motivo de intensa polêmica e frequentes batalhas judiciais entre desenvolvimentistas e ambientalistas. Os primeiros ganharam forte apoio popular e político, mas os ecologistas tiveram a seu favor importantes sentenças na Justiça.

    Caso em aberto, apesar de receber parecer negativo do Ministério Público do Paraná o projeto deputado federal Vermelho (PSD-PR) pela reabertura está prestes a ser votado no plenário da Câmara.   

    Anísio Paim da Rocha nasceu em Vila Jary, então Município de São Martinho, hoje Julio de Castilhos (RS) em 8 de setembro de 1901, filho de Luiz Rocha dos Santos e Marfiza Paim dos Santos.

    Ele e a esposa Ida Gomide, natural de Passo Fundo (RS), tiveram Cloé Zita (casada com Mário Hofmann), Nizo (casado com Guiomar Belotto), Suely (com Oscar Salazar), Aura Terezinha (com Joé Cechet), Cecy (com Eduardo Ferreira), Idilio (com Nilza Borghezan), Celi (com Clóvis Trevisan), Brasil (com Sueli Peres) e Elisabeth (com Lino Rodrigues).

    Trabalhando com Festugato

    Nas funções de agrimensor, Anísio Paim fixou-se na região desde 1951, medindo terras na Rota Oeste e na década de 1960 passou a trabalhar em apoio à estruturação do principal ramo da economia regional na época, a serviço da Industrial Madeireira de Cascavel, da família Festugato.

    O engenheiro militar também participou da organização do próximo grande salto do desenvolvimento regional: com uma fazenda modelar em Cascavel, Anísio Paim da Rocha foi um dos pioneiros da mecanização agrícola na região e um dos fundadores da Coopavel, em 1970.

    Também participou da formação da cidade de Brasnorte (MT) e morreu em 22 de maio de 1988. Foi uma jornada de quatro décadas de atuação em frentes pioneiras.

    Por sua vez, instalada na região desde 1948, a Imapar de Renato Festugato veio encerrar de vez o ciclo dos latifúndios anglo-argentinos no Médio-Oeste.

    A transferência à família Festugato das propriedades da família Lupion, restos do latifúndio do franco-argentino Domingo Barthe, completou-se em 1˚ de agosto de 1948, com a instalação em Foz do Iguaçu da Industrial Madeireira do Paraná, que viria a ser um dos motores da economia da fronteira e o principal elemento de apoio ao desenvolvimento de Cascavel na década de 1950.

    A Imapar, com sede em Caxias do Sul, incorporava assim o patrimônio da antiga Companhia Domingo Barthe, reserva florestal que abastecia as duas serrarias de Moysés Lupion em Cascavel, embora o negócio só viesse a se completar em 1967.

    Começa um novo ciclo

    “O filho do sapateiro* ergue uma taça e anuncia o motivo de reunir a família naquela data: acabara de quitar a última parcela de uma longa transação imobiliária, que consumira as energias de seu grupo empresarial por 18 anos: a aquisição da maior floresta de araucária que já existiu sobre a Terra: 87 mil hectares entre Catanduvas e Santa Tereza do Oeste, incluindo franjas de Guaraniaçu, Corbélia e a joia da coroa, Cascavel” (Pitoco, edição 2.193, 19/4/2019).

    As terras adquiridas pela Imapar contavam com cerca de 600 mil pinheiros, além de peroba, cabriúva, canjerana, cedro, marfim e outras espécies.

    A Industrial Madeireira começou operando com um capital de Cr$ 26.000,00. Quando decidiu fazer o negócio, Festugato estava em Lages (SC), onde nasceu o filho Sérgio Mauro, em 1939.

    Festugato instalou a Imapar em 1º de agosto de 1948 em Foz do Iguaçu e no dia 4 seu associado Florêncio Galafassi já começava a trabalhar em Cascavel, onde estavam as duas serrarias.

    Florêncio Galafassi encontrou a vila de Cascavel tão pequena que sequer parecia ser a sede de um distrito, mas com a instalação da Imapar em seu centro tudo mudou.

    Começava ali, ao redor da antiga Encruzilhada dos Gomes, a formação de uma nova metrópole.

    *Renato Festugato.

    Fonte: Fonte não encontrada