No dia 12 de setembro o Centro de Convivência dos Advogados de Cascavel será palco de um espetáculo único e imperdível, que promete encantar tanto os amantes da música clássica quanto aqueles que ainda estão descobrindo o seu encanto. O trio I Tre Amici, formado pelos talentosos tenores Jocimar Silva, Matheus Bressan e Thiago Stopa, todos do oeste do Paraná, apresentará um show que carrega a grandiosidade e a sofisticação das mais renomadas casas de espetáculo internacionais.
Com um repertório cuidadosamente selecionado, a apresentação será uma verdadeira celebração da música erudita, com clássicos que resgatam o melhor da tradição lírica. O espetáculo tem tudo para emocionar e envolver o público em uma experiência sensorial inesquecível.
Além da música de altíssimo nível, o evento contará com uma exclusiva degustação de queijos e vinhos, oferecendo ao público uma experiência completa para os sentidos. E para aqueles que desejarem levar um pouco dessa noite especial para casa, haverá vinhos com rótulos exclusivos do I Tre Amici disponíveis para compra.
Com ingressos a R$ 50, o evento será uma oportunidade única de assistir a uma performance digna dos grandes centros internacionais, sem sair de Cascavel. “Se você aprecia a beleza da música clássica ou quer se permitir conhecer esse universo mágico, este espetáculo é imperdível. Não deixe de garantir o seu lugar nesse evento que promete ser um dos destaques culturais do ano”, afirma Jocimar Silva.
Quem são os três tenores
O I Tre Amici, ou Os Três Amigos, Jocimar Silva, Matheus Bressan e Thiago Stopa dedicam a vida à música e prepararam espetáculos que serão levados para todo o Paraná nos próximos meses. “O objetivo é colocar as pessoas cada vez mais próximas destes espetáculos para que tenham a possibilidade, de quem ainda não conhece, conhecer e se apaixonar. Também é a oportunidade para quem gosta ver de perto uma exibição digna de grandes centros internacionais feita por paranaenses”, lembra o chanceler, Jocimar Silva.Depois de Cascavel, o objetivo dos tenores é percorrer os municípios linediros ao lago de Itaipu em parcerias municipais com espetáculos gratuitos. O mesmo deve ocorrer por todo o oeste e depois pelo Paraná em uma Iniciativa inédita.Jocimar foi professor de música de Matheus e Thiago e a sinergia do trio vem de longa data. “E desde então, há mais de uma década, estamos próximos, cantando juntos. Matheus e Thiago foram para a Europa, Estados Unidos, fizeram carreira internacional e hoje nos possibilitam, neste retorno, levarmos um espetáculo primoroso para os paranaenses”, completou.Com a proposta de ingressos a preços mais acessíveis, em torno de R$ 40 apenas para a cobertura dos custos operacionais do espetáculo, o trio tem como objetivo percorrer cidades da região oeste e depois estender apresentações pelo Paraná. “Na Europa, nos Estados Unidos espetáculos assim podem custar centenas, milhares de dólares o ingresso, aqui queremos trazer essa oportunidade para que as pessoas possam ter acesso, conhecer, participar”, afirmou Matheus Bressan.Thiago Stopa vai além. O barítono – que costumeiramente e carinhosamente é confundido como tenor – lembra que na maioria das vezes pessoas que dizem não gostar ou não ter afinidade com a música clássica não tiveram contato para o conhecimento mais aprofundado. “Se pegarmos as trilhas sonoras mais importantes do cinema, de desenhos animais, a maioria dos arranjos atuais, tudo vem da música clássica. Então as pessoas criam uma falsa ilusão que não gostam, mas as desafio a acompanhar um dos nossos espetáculos e ver que sim, elas gostam e vão gostar cada vez mais”, afirmou ao lembrar que o repertório é vasto, abrangente para encantar todos os estilos musicais e em todas as idades.Os ingressos para o espetáculo do dia 12 de setembro podem ser adquiridos na Kahal Escola de Música na Rua Canela, número 37 no bairro Tropical ou pelo telefone (45) 9 9980-2066.
Com inúmeras histórias de sucesso, os fracassos do Paraná acabam escondidos, figurando só discretamente na historiografia. É o caso do projeto de criar uma cidade planejada – uma Brasília no coração do Paraná antes da Brasília no coração do Brasil.
A Cidade Munhoz da Rocha, 70 anos depois de um início repleto de expectativas, ainda permanece como interrogação: por que acabou, se foi idealizada por grandes talentos, com um histórico de sucessos?
Iniciado em 12 de junho de 1954, o Projeto de Urbanização Munhoz da Rocha deveria se tornar um modelo completo não só de urbanização como de economia rural. Foi idealizado pela Fundação Paranaense de Colonização para ser a principal joia da instituição, desde 1947 encarregada de intensificar a ocupação das terras devolutas depois do fracasso do Território Federal do Iguaçu.
A Cidade Munhoz da Rocha seria levantada em uma área de 6.080,3 hectares localizada cerca de 35 km a Nordeste de Cascavel, de cujo Município fazia parte.
Seria a capital do Oeste
Presidida por Djalma Rocha Al-Chueyr (https://x.gd/viOnd), a Fundação apresentou o projeto ao governador Bento Munhoz da Rocha em pintura a guache, traçando “toda parte construída da cidade que trazia seu nome, e que haveria de se tornar a capital do Oeste da mesma forma que Londrina desfrutava do prestígio de capital do Norte do Estado” (Rubens Nascimento, Histórias Venenosas):
– Três belas casas-modelos, um hotel com 2.500 m² e outras instalações de serviço já são atendidas por uma usina termoelétrica instalada inicialmente com mil KVA, com 30 transformadores instalados nos postes de iluminação das ruas. Era realmente um projeto ambicioso, corajoso e inédito, e tudo corria bem, naturalmente que com grande investimento.
Cooperativas do Rio Grande do Sul manifestaram interesse em adquirir diversas áreas, uma vez que havia lotes urbanos e chácaras para imediata ocupação, em um arranjo que o governador Jaime Lerner futuramente chamaria de “rurbano”.
A Brasília do Paraná teria tudo para se tornar um símbolo do jeito Bento Munhoz de governar e destacar nacionalmente o nome do governador. A tarefa de coordenar as ações iniciais do projeto coube ao arquiteto fluminense Gustavo Gama Monteiro (1925–1995), precedido por experiências de grande sucesso.
Cidade em plena mata virgem
Formado pela Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil (RJ) em 1949, Monteiro se especializou em urbanismo no Uruguai e atraiu as atenções do Paraná depois de criar o Plano Diretor de Teresina (PI).
Abordado por Djalma Al-Chueyr no Clube dos Marimbas, na praia de Copacabana (RJ), Monteiro ouviu a pergunta que deu início à aventura: “Gama, você não gostaria de fazer uma cidade em plena mata virgem?”
“Aquilo me empolgou”, contou o arquiteto em palestra feita no Instituto de Arquitetos do Brasil, em 1998:
– Djalma disse: “eu dirijo uma fundação da companhia de colonização do Paraná e temos 200 mil alqueires de áreas devolutas, temos que fazer um plano de colonização com fazendas de 80 alqueires, mas que precisa ter uma sede”.
Londrina foi sede de uma companhia de colonização e Maringá também teve esse papel. “A ideia de se fazer uma cidade em plena mata virgem era uma coisa nova e estupenda”, disse Monteiro. “Brasília ainda não havia sido feita”.
Vinte vezes maior que Cascavel
Monteiro sabia que não era possível levar o projeto adiante de seu escritório no Rio de Janeiro e tinha receio de se enfiar na mata paranaense. O prefeito de Curitiba, Erasto Gaertner, trouxe a solução:
– O prefeito disse: “Você é um arquiteto novo, com ideias novas, falando em aerofotogrametria, eu gostaria que você ficasse no meu governo e eu lhe convido para ser assistente do gabinete do prefeito. E vou te dar um trabalho de paisagismo: você vai fazer a Praça Rui Barbosa”.
Além das atividades na Prefeitura, Gama Monteiro abriu a década de 1950 envolvido com o trabalho de fotogrametria entre Guaraniaçu e Cascavel, com a intenção de encontrar o local adequado para iniciar a cidade prevista.
Em 1952, já tendo em mãos um levantamento da área na escala de 1:20.000 com o apoio aerofotogramétrico, ele se considerou em condições de aceitar o desafio de Djalma Rocha Al-Chueyr para fazer a futura cidade planejada e foi morar em Cascavel com a família.
Logo ele percebeu que já poderia orientar o serviço de campo diretamente do escritório em Curitiba, mas seria impossível não criar laços com a comunidade local e assim permaneceu, entres idas e vindas, até deixar sua marca na Avenida Brasil e na Catedral.
A Cidade Governador Munhoz da Rocha foi planejada para 100 mil habitantes – vinte vezes mais que a população de Cascavel na época.
Cascavel poderia desaparecer
As obras começaram rapidamente, com a previsão de gastos ao redor de 53 milhões de cruzeiros para a infraestrutura: abrir ruas e avenidas, construir galerias águas pluviais e locar 20 mil lotes, além de construir a rede elétrica e um campo de aviação.
Na prática, a Cidade Munhoz da Rocha iria esvaziar a pequena Cascavel desviando o eixo da BR-277 para lá. Sendo uma novidade, a cidade planejada paranaense ganhou as atenções de todo o país por exaltar o casamento do sistema urbano inovador que com a produção rural ao redor.
O empreendimento foi anunciado nos grandes centros com palestras e slides, com apoteóticas apresentações no Instituto de Arquitetos de São Paulo e Campinas, encantando os espectadores com inovações urbanísticas avançadas.
Com a publicidade positiva em torno do projeto, cooperativas gaúchas demonstraram interesse em comprar lotes urbanos e chácaras para imediata ocupação. Tudo parecia ir muito bem, mas a política atrapalhou. A começar pelo nome da cidade, homenagem à família Munhoz da Rocha.
Bento deixou de ser o governador em 3 de abril de 1955, embarcando em um projeto federal que poderia levá-lo à Presidência da República após a posse à frente do Ministério da Agricultura no governo Café Filho, que durou pouco.
Primeiro erro foi político
Uma cidade-modelo simbolizando o futuro, a tecnologia e o planejamento com seu nome convinham para o interesse político, mas as futricas da política nacional atropelaram Bento e fizeram saltar à vista dois graves erros cometidos por sua equipe.
Um erro, político, foi supor que depois de Bento sair do governo seu sucessor daria sequência a uma visível peça de sua propaganda política para se cacifar à Presidência da República ou ao cargo de primeiro-ministro caso o parlamentarismo fosse adotado de vez pela República brasileira.
Novamente eleito em 3 de outubro de 1954, o mais formidável adversário de Bento – Moysés Lupion – não tinha a menor vontade de dar sequência aos projetos de Munhoz. A Cidade Munhoz da Rocha não teria mais verbas, até porque Lupion tinha mais interesse em Cascavel.
Falha dos tecnocratas
O erro crucial da Cidade Munhoz da Rocha foi não vender antecipadamente lotes e chácaras aproveitando a propaganda positiva das inovações que a cidade-modelo trazia. Os tecnocratas pensaram só na obra, pretendendo iniciar a comercialização depois de completar a infraestrutura.
Com isso, o sonho se desfez com a mudança de governo, em abril de 1955.
Com tudo abandonado, o prefeito de Cascavel, José Neves Formighieri, reuniu sua equipe e trouxe de lá tudo que pôde, desde postes de energia até equipamentos largados a esmo no local. Formighieri foi acusado de roubar uma usina elétrica inteira, com postes, fiação e transformadores.
Se foi “roubo”, Cascavel inteira era conivente, como testemunhou Dercio Galafassi: “Na gestão do prefeito Formighieri foi instalado o primeiro gerador de energia elétrica de Cascavel, tocado a diesel. Localizava-se num barranco em frente à casa de Helberto Edwino Schwarz”.
O gerador a vapor (locomóvel) era também cobiçado pela Prefeitura de Campo Mourão, mas a pedido do prefeito Formighieri foi direcionado a Cascavel pelo senador Souza Naves, contou Galafassi.
Com o fracasso do projeto, as ruínas da Cidade Munhoz continuaram a fazer parte do Município de Cascavel até a emancipação de Corbélia, em 1961, e desde 1982 integra o Município de Braganey. Ironicamente, Braganey significa Ney Braga, cunhado e desafeto de Bento Munhoz.
100 anos da revolução: Rumo ao Médio-Oeste
Duas das primeiras consequências do movimento revolucionário de 1924 no Paraná foram o colapso no transporte ferroviário e uma alta excessiva nos preços dos alimentos. A agricultura sofreu prejuízos porque os trabalhadores da terra fugiam das áreas diretamente envolvidas em ações militares.
O desafio de enfrentar os rebeldes passou em 25 de agosto às mãos de um experimentado militar, que conhecia bem o sertão brasileiro: o general Cândido Rondon assumia o comando das forças legais, à frente de um formidável contingente de 12 mil homens.
Naquele mesmo dia começou a descida dos rebeldes em direção a Guaíra (PR). Em 5 de setembro, transcorridos dois meses desde o início da revolução, a vanguarda revolucionária já controlava a região.
Dividida em duas partes, a primeira seguia pelo Rio Paraná. A segunda, formada pela cavalaria, seguiu a Estrada Boiadeira, no sentido de Campo Mourão, até alcançar o Rio Ivaí, dobrando à direita para o Porto Camargo, que não era utilizado e onde vivia uma comunidade de índios Caiuás.
Logo um batalhão seguiria até a região da futura cidade de Cascavel, via Lopeí. Cascavel, na época, era o rio e o antigo pouso ervateiro desde 1922 ocupado pelas famílias Elias/Schiels. A cidade só começou a se formar em 1930.
O general Cândido Rondon chefiou um espetacular exército de 12 mil militares e policiais
No próximo domingo, 08 de setembro de 2024, às 10h, o Museu de Arte de Cascavel – MAC abre suas portas para a exposição “Nada a Ver com Nada”, uma coletiva que integra o Programa de Exposições MAC 2024, organizado pela Secretaria de Cultura de Cascavel. A exposição, com curadoria de Edilson Viriato, traz uma nova abordagem para a arte contemporânea ao reunir obras de cinco artistas – quatro visuais e um ceramista – que, embora desconectadas em suas temáticas, apresentam um diálogo intrínseco por meio da diversidade e liberdade artística.
A mostra, que segue até o dia 27 de outubro de 2024, será realizada no MAC Sefrin Filho, localizado no primeiro andar do Teatro Municipal de Cascavel, na Rua Rio de Janeiro, 905, no Centro da cidade. A inauguração contará com a presença dos artistas, que irão compartilhar com o público suas perspectivas sobre o fazer artístico e como a ausência de uma narrativa comum entre as obras pode gerar uma experiência estética provocadora e coesa.
O Coletivo Quinteto: Harmonia na Disparidade
A exposição “Nada a Ver com Nada” nasce das mãos do Grupo Quinteto, formado por Cida Sanchez, Cassia Luzzi Vàz, Magali Robaina, Susana Goienetxe e Márcio Medeiros. Este grupo mantém uma forte ligação pautada na amizade e na troca de ideias que enriquece suas produções individuais. A coletividade do grupo, no entanto, não significa uniformidade. Ao contrário, o que une esses artistas é justamente o fato de suas criações não terem conexão explícita entre si, e é a desconexão que ganha protagonismo.
A curadoria de Edilson Viriato valoriza essa falta de convergência temática, propondo que a ausência de uma linha condutora é o ponto de partida para uma reflexão mais profunda sobre o que constitui a arte contemporânea. Cada obra, independente e autossuficiente, compõe um mosaico de ideias que desafia o espectador a encontrar suas próprias conexões ou a simplesmente apreciar o caos organizado que a diversidade estética proporciona.
Viriato enfatiza que a exposição é um manifesto visual sobre a liberdade criativa e a aceitação do diferente. Segundo ele, “Nada a Ver com Nada” desafia a noção tradicional de uma narrativa ou tema central, celebrando a multiplicidade de vozes artísticas. “Em um mundo cada vez mais homogêneo, onde a convergência de ideias é frequentemente incentivada, essa exposição é um sopro de diversidade, tanto na forma quanto no conteúdo”, ressalta o curador.
A ausência de uma temática comum entre as obras faz da exposição “Nada a Ver com Nada” uma experiência única para o espectador. Cada artista, com sua singularidade, contribui para a construção de uma narrativa fragmentada, onde a desconexão se transforma em conexão. O público é convidado a explorar as múltiplas possibilidades de interpretação e a apreciar a força da diversidade artística.
A proposta curatorial de Edilson Viriato é clara: a arte não precisa seguir uma linearidade ou uma lógica que faça sentido à primeira vista. O valor da exposição está justamente na capacidade de desafiar o olhar do espectador, de estimular a criação de conexões que não são evidentes e de promover uma reflexão sobre o papel da arte na sociedade contemporânea.
“Nada a Ver com Nada” propõe um olhar atento às diferentes vozes e aos múltiplos caminhos que a arte pode seguir. Em tempos de crescente uniformidade, a exposição se coloca como um espaço de liberdade e experimentação, onde o espectador é convidado a navegar pelas singularidades e a celebrar a diferença.
Uma Exposição de Singularidades
Cada um dos cinco artistas participantes traz uma trajetória única para a exposição, enriquecendo o conjunto com suas expressões pessoais.
Cida Sanchez, natural de Jaboticabal, SP, e atualmente residente em Curitiba, é uma artista visual que, desde a década de 1980, tem se destacado em salões e mostras de arte contemporânea. Seu trabalho abrange diversas técnicas, como fotografia, gravura em metal, litografia e cerâmica, sendo reconhecida pela sua versatilidade e pela profundidade das suas criações.
Cassia Luzzi Vàz, também baseada em Curitiba, é conhecida por sua abordagem inovadora tanto no campo das artes tradicionais quanto no digital. Formada em Artes Visuais pela Faculdade de Artes do Paraná, Cassia explora a pintura como uma linguagem que ultrapassa fronteiras, participando de bienais e exposições internacionais.
Magali Robaina, curitibana formada em arquitetura, utiliza sua expertise em desenho e pintura para criar obras que dialogam com o espaço e com o tempo. Sua participação em coletivos de arte e em mostras internacionais destaca sua capacidade de fundir o orgânico e o urbano, compondo obras que ressoam uma atmosfera de nostalgia e contemporaneidade.
Susana Goienetxe, nascida na Argentina e residente em Curitiba desde 2000, traz para a exposição sua experiência em pintura e arquitetura. Suas obras exploram a interseção entre luz e sombra, criando composições que remetem à dualidade e à profundidade da experiência humana. Participante de diversos salões e bienais, Goienetxe é uma das vozes mais reconhecidas no cenário da arte contemporânea de Curitiba.
Márcio Medeiros, por sua vez, representa a cerâmica no grupo. Com formação em filosofia e psicologia, Medeiros encontrou na cerâmica, especialmente na técnica Raku, uma forma de expressão que combina os elementos naturais com o rigor da técnica. Suas peças, que já foram expostas em salões nacionais e internacionais, destacam-se pela organicidade e pela proximidade com as tradições artísticas japonesas.
Esta exposição promete instigar, surpreender e desafiar os sentidos. Um convite para se perder nas singularidades e encontrar sentido no que, à primeira vista, parece não ter “nada a ver com nada”.
No próximo dia 12 de setembro, o Centro de Convivência dos Advogados de Cascavel será palco do esperado espetáculo comandado pelo I Tre Amici, os três tenores do Oeste do Paraná que prometem encantar o público com uma performance de tirar o fôlego.
O evento começa às 20h e promete ser um dos grandes destaques da música clássica e erudita. Os ingressos para esta experiência custam R$ 50 e incluem degustação de queijos e vinhos, tornando a noite ainda mais especial. “Esta é uma oportunidade imperdível para desfrutar de uma combinação perfeita de música clássica e gastronomia”, afirma o chanceler Jocimar Silva que se apresenta ao lado de Matheus Bressan e Thiago Stopa.
Sobre o Repertório e a Trajetória dos Três Tenores
I Tre Amici tem um repertório diversificado para este espetáculo, que abrange desde as árias mais icônicas da ópera até canções populares brasileira, clássicos italianos e destaques do cinema, oferecendo uma experiência que cativa tanto os conhecedores de música clássica quanto os apreciadores de melodias encantadoras. Cada apresentação é uma viagem através das emoções e da beleza da música vocal, com arranjos que destacam a grandiosidade das vozes dos tenores.
O grupo tem uma trajetória marcada por apresentações em renomados teatros e eventos internacionais. Com uma carreira consolidada, os três tenores ganharam fama por sua habilidade técnica e interpretação apaixonada. Seu sucesso não se limita apenas aos palcos; eles também têm uma base fiel de admiradores que acompanham suas atuações por onde passam. “Será mais uma oportunidade única aos cascavelenses e quem vive no Oeste do Paraná de acompanhar um espetáculo que vai emocionar”, reforça Matheus Bressan.
Thiago Stopa lembra que os ingressos podem ser adquiridos pelas redes sociais oficiais do I Ter Amici ou pelo telefone (45) 9 9980-2066.“Não perca a chance de vivenciar uma noite de música sublime e sabores refinados. Garanta seu ingresso e prepare-se para uma performance inesquecível em um espetáculo digno dos grandes centros mundiais”, reforçou.
A ruína do presidente Getúlio Vargas já estava encomendada pelos EUA desde que o governo rechaçou as pressões do cartel do petróleo exigindo que os recursos naturais do Brasil ficassem acessíveis exclusivamente a empresas norte-americanas.
Ao mesmo tempo, a porção nacionalista, então dominante no Exército, desafiava o Pentágono, não permitindo o envio de soldados brasileiros para a Guerra da Coreia.
O revide não demora: a grande imprensa faz acusações sistemáticas contra Vargas e seus assessores, escolhidos por parentesco ou compadrio e não por requisitos técnicos. Vêm deles o começo da ruína: em 5 de agosto, Gregório Fortunato, chefe da guarda pessoal do presidente, comandou um atentado contra a vida do jornalista Carlos Lacerda.
O alvejado ficou levemente ferido, mas um dos disparos matou o major Rubens Vaz, da FAB. Em 13 de agosto foi preso o pistoleiro contratado para matar Lacerda: Alcino João do Nascimento, que confessou ter agido por ordem de Benjamin Vargas, irmão do presidente.
Dezenove generais do Exército exigiram então a renúncia de Vargas, que em 23 de agosto se reúne com seus ministros para analisar a crise política. Sugerem que o presidente se licencie enquanto durarem as investigações, mas os militares não aceitam o acordo.
Vargas responde que só sai morto do governo. No dia 24, após exaustiva reunião ministerial, o presidente se retira aos aposentos, no Palácio do Catete. Ao amanhecer, seu cadáver é encontrado ao lado de um velho revólver Colt 32 e uma carta endereçada à Nação, denunciando pressões internas e externas.
Lágrimas e revolta
O clima de comoção nacional que se seguiu ao suicídio do presidente Getúlio Vargas foi imenso em todo o país e sobretudo em Cascavel, Município governado pelo PTB getulista.
Desde agosto de 1953 a então única praça de Cascavel já levava o nome do presidente Vargas. Ninguém se atreveu a pedir a mudança de nome, antes ou depois de sua morte.
Ao contrário, a Prefeitura e os líderes da comunidade remodelaram a praça e projetaram seu monumento. Não podendo ser designado como homenagem a Vargas, foi intitulado como o Marco Zero da cidade.
Por todo o país foram meses de caos, lágrimas e revolta contra a oposição política a Vargas. No Rio de Janeiro, a embaixada dos EUA e as sedes dos jornais oposicionistas são depredadas por populares.
As pessoas choram nas ruas. O luto se estende por todo o território nacional. Com o suicídio de Vargas, assume a Presidência o potiguar João Café Filho (1899–1970), que não conseguiu pacificar o país.
Naquele mesmo dia 24 de agosto, longe dos centros em polvorosa, o topógrafo catarinense Vilder Bordin conduzia à terra prometida um exército de 200 homens que dariam origem à cidade de Ubiratã.
A serviço da colonizadora Sinop (Sociedade Imobiliária Noroeste do Paraná), eles começaram a abrir a mata na Gleba Rio Verde a partir da atual Avenida Nilza de Oliveira Pipino.
Sinop confessou: usava jagunços
“A Gleba Rio Verde era uma exuberante mata em que se distribuíam generosamente as madeiras duras que dariam origem ao topônimo Ubiratã, entremeados a grandes palmitais, urtigões, figueiras brancas, jangadas, jaborandis pintados e outras que seriam derrubadas para dar lugar à agricultura de café, soja, trigo e outras vertentes do agronegócio” (Ubiratã, História e Memória, https://x.gd/Ueihf).
Adquirida em 1954 pela Sinop junto ao governo do Paraná, a Gleba Rio Verde foi registrada em escritura pública de compra e venda, mas mesmo sendo aquisição legal e legítima a empresa enfrentou dissabores devido a ocupações anteriores em algumas áreas, promovidas por posseiros.
Vilder Bordin não escondeu que para se impor a Sinop recorreu aos “homens-segurança”, os chamados jagunços. Eles interceptavam os veículos e transeuntes que tentavam entrar no local. Teriam que se identificar e dizer de onde vinham, para onde iam, fazer o quê, o local exato de suas visitas e declarar o dia exato do regresso. “Se não voltassem no dia previsto, os jagunços iam atrás”.
Supõe-se que vários posseiros eram descendentes de soldados governistas ou revolucionários que em 1925 se desgarraram de suas tropas e ficaram escondidos no mato aguardando o fim das hostilidades.
Posseiros resistiram
Sem preocupação em legalizar as propriedades, os posseiros com longa ocupação repentinamente foram abordados pelos jagunços da Sinop. Rejeitaram os acordos propostos e reagiram energicamente, protagonizando um dos tensos episódios da colonização oestina.
A estrada Olinda era um divisor das terras devolutas do Estado com as adquiridas pela Sinop, contou Vilder Bordin. Saía dos “Três Olhos” até o Porto 1, onde existia o “Cemitério Velho do Paraguai”, onde os mensus, trabalhadores da erva-mate, eram enterrados.
Nessa estrada houve um incidente dramático. Cerca de 50 posseiros tentaram impedir o avanço da equipe de Engenharia da Sinop, depois de ameaçá-los com inscrições deixadas no caminho. Bordin anotou “O primeiro que chegar morre”, com letras feitas de cartuchos de armas de fogo.
“Também fizeram uso de cruzes de madeira ao longo da picada, fazendo-se necessária a intervenção do pessoal da Sinop [jagunços] que protegia a equipe topográfica no seu trabalho de divisão da área da empresa”.
Os posseiros que já estavam na gleba e fizeram acerto com a Sinop, concordando em reduzir sua área, ficando só com a parte legalizada, permaneciam sem mais dissabores. Os outros eram “convidados” pelos jagunços a se retirar.
Havendo três mil alqueires de terras devolutas, pertencentes ao Estado, os posseiros requererem a área junto ao INTC (Instituto Nacional de Terras e Cartografia). Hoje, essa região é conhecida como Luz Marina.
Madeira dura
Os diretores da Sinop, Ênio Pipino e João Pedro Moreira de Carvalho, sobrevoaram a região do Vale do Piquiri durante 30 dias para montar com os técnicos um levantamento aerofotogramétrico da área no interesse de definir em que ponto seria construída a cidade.
Um exame das águas mostrou que havia nesse espigão maior córregos partindo nas direções Norte, Sul, Leste, Oeste, Noroeste e Sudoeste. Aquele ponto mais alto do divisor de águas acabava de ser escolhido para sediar a futura cidade.
Ela iria se localizar na Latitude Sul 24°C, Longitude Oeste 52°C. região Sul do Brasil, no bloco C-5 do terceiro planalto paranaense. Pela classificação geofísica regional, o chamado Planalto de Campo Mourão.
Por isso, o primeiro nome dado ao lugar foi Sauju, que significaria Alto do Espigão no idioma tupi-guarani, devido ao fato de a localidade estar no ponto mais alto do contraforte da Serra do Piquiri.
Um nome cogitado para o lugar foi “Formosa do Oeste”, para diferençar da histórica cidade de Formosa, em Goiás. Naquele momento esse belo nome foi descartado em favor de outro termo de origem indígena para designar a comunidade: Ubiratã.
De origem tupi (übü’ra á’tã), ubiratã significaria “madeira dura”, destacando a presença na região de perobas, figueiras e outras de grande porte e consistência.
Feras e mosquitos
Mas o projeto de Pipino e Carvalho ia além. Além de Ubiratã eles fundaram várias outras cidades, como Terra Rica, Iporã, Jesuítas e até recuperaram o nome Formosa do Oeste para uma promissora comunidade que até 1961 fez parte do Município de Cascavel.
As primeiras famílias convencidas a seguir para as áreas de colonização da Sinop enfrentaram um acúmulo de problemas nos anos iniciais de trabalho na área. Primeiramente ocorreu uma grande seca em 1954, e tudo o que plantaram não chegou a produzir.
Foram socorridos pela generosidade das matas ao redor, que lhes forneciam caça abundante. Completavam o abastecimento em Juranda, comunidade criada pela Colonizadora Szaferman, e Campina da Lagoa, no interior de Goioerê.
Depois da seca, no inverno seguinte sobreveio uma geada arrasadora, que matou toda a plantação e devolveu a caça às mesas dos colonos. O estudo prático do clima levou os colonos, sobretudo os de origem nipônica, a fazer de Ubiratã um laboratório de experiências agrícolas.
Os pioneiros do Médio-Oeste enfrentavam as feras mais agressivas e temiam as ardidas picadas das nuvens de mosquitos. As feras viravam caça e comida, mas os mosquitos traziam doenças.
100 anos da revolução: Rebeldes surpreendem
A força revolucionária dividiu-se em 30 de agosto para enfrentar os governistas na região de Guaíra. Um destacamento continuaria via fluvial, outros seguiriam por terra, para surpreender os elementos legalistas entrincheirados nas duas margens do Rio Paraná.
Vencendo a resistência dos governistas do Regimento Provisório, ocuparam os portos paulistas onde as forças do capitão Dilermando haviam estabelecido posições defensivas: São João (em 30 de agosto) e São José (31).
Com isto, apreensivo no seu rancho de sapê no Cascavel Velho, o patriarca Antônio José Elias não contava: os revolucionários bateram as forças legalistas e dominaram a Companhia Mate Laranjeira.
As primeiras notícias do revés das forças de segurança paranaenses estancaram todos os movimentos de colonização no Oeste de um só golpe.
As ações de sucesso dos rebeldes tiveram como contraponto as derrotas dos movimentos de apoio em outros pontos do país. O mais sólido movimento rebelde correlato, na Amazônia, caiu sob a pressão do governo em fins de agosto.
Já no Paraná, o chefe rebelde João Francisco estava às voltas com três problemas a resolver: o abatimento da tropa, depois dos fortes enfrentamentos com o Regimento Provisório, a necessidade de tomar Foz do Iguaçu e a urgência de lançar posições no Médio-Oeste.
João Francisco, líder rebelde com larga experiência em revoluções
A Secretaria Municipal de Cultura, por meio da comissão organizadora do II Femac – Festival de Música Autoral de Cascavel, anunciou a prorrogação do prazo de inscrições até às 19h do dia 6 de setembro, anteriormente o prazo terminaria neste domingo (1º). A medida visa atender à crescente demanda dos músicos que ainda não haviam concluído suas inscrições e desejam participar deste que é o maior evento de música autoral da região.
Com premiações que totalizam R$ 20 mil, o festival tem atraído a atenção de compositores de toda a cidade, oferecendo uma plataforma valiosa para a divulgação de novos talentos. Os interessados em participar têm agora uma oportunidade extra para garantir sua vaga e mostrar suas criações no palco do Teatro Municipal Sefrin Filho, onde serão realizadas as apresentações e a cerimônia de premiação no dia 26 de setembro.
As inscrições devem ser realizadas exclusivamente online, pelo formulário disponível no site oficial da Secretaria de Cultura ou diretamente no link https://forms.gle/Dh8j9rnqoiAv8j7J6. Os candidatos devem enviar suas composições em um formato que permita a visualização e compartilhamento, como vídeos privados no YouTube ou arquivos armazenados no Google Drive, utilizando o e-mail oficial do festival: [email protected].
O Museu de Arte de Cascavel – MAC acaba de receber uma significativa contribuição para o seu acervo. Em agosto, cinco obras da artista Juliane Fuganti foram doadas ao museu, incluindo quatro gravuras e uma pintura sobre papel. A doação foi viabilizada por meio de uma articulação entre o coordenador do MAC, Antonio Carlos Machado, e o diretor da Bienal Internacional de Curitiba, Luiz Ernesto Meyer Pereira, que intermediou o envio das obras.
Juliane Fuganti, natural de Joaçaba – SC, é uma artista que tem explorado diversas técnicas ao longo de sua carreira, como pintura, gravura, fotografia e cerâmica. Sua obra dialoga profundamente com a natureza, buscando, por meio da arte, capturar a força vital e as memórias afetivas presentes em paisagens naturais. A artista, que reside e trabalha em Curitiba, possui um extenso currículo, com exposições em museus e galerias no Brasil e no exterior, além de suas obras integrarem importantes coleções.
O secretário de Cultura, Ricardo Bulgarelli, expressou sua gratidão pela doação, destacando a importância da artista para a cultura brasileira e para o acervo do MAC. “Receber obras de uma artista do calibre de Juliane Fuganti é um marco para o Museu de Arte de Cascavel e para toda a Secretaria de Cultura. As peças não apenas enriquecem o acervo do MAC, mas também reforçam a relevância de Cascavel como um polo de preservação e valorização das artes visuais. Somos profundamente gratos à Juliane por sua generosidade e por seu olhar sensível à cultura de nossa cidade”, afirmou Bulgarelli.
As obras de Fuganti são uma adição valiosa ao MAC, que ao longo de seus mais de 30 anos de existência, tem se consolidado como uma referência cultural na região. A doação vem ao encontro do interesse do museu em receber obras de artistas com reconhecimento notório, ampliando seu acervo e oferecendo ao público uma experiência artística rica e diversificada.
A doação reafirma a importância das parcerias entre instituições culturais e artistas, além de destacar o papel fundamental do MAC na preservação e promoção da arte contemporânea no Paraná. Com obras presentes em coleções como as da Fundação Cultural do Distrito Federal e da Biblioteca Nacional, Fuganti fortalece ainda mais a posição do MAC no cenário artístico nacional.
Para os amantes da arte e admiradores do trabalho de Juliane Fuganti, a nova aquisição do MAC é uma oportunidade imperdível de apreciar de perto as criações de uma das mais expressivas artistas brasileiras da atualidade.
O ano de 1954 foi excelente para o Oeste do Paraná, mas se revelou um dos mais infelizes para a nação. Os presidentes do Brasil, Getúlio Vargas, e da Argentina, Juan Perón, depois de entendimentos secretos em torno do projeto ABC (integração entre Argentina, Brasil e Chile), ficaram sob forte ataque dos interesses dos EUA entranhados no Brasil.
Em abril já estava em movimento a articulação para derrubar o presidente brasileiro. Ironicamente, o plano ABC, velha ideia do Visconde do Rio Branco (1819–1880), depois daria origem ao Mercosul.
Mas, na época, em plena Guerra Fria, os acordos entre os três países foram considerados pelos adversários de Vargas como sua rendição ao nacionalismo peronista, depois de ter seu próprio nacionalismo caudilhesco vencido em 1946.
A tensão política no Brasil começava época a escalada que já antevia uma tragédia, mas no Oeste do Paraná os ventos eram progressistas, como, a partir de abril, uma bem-sucedida experiência de colonização em Nova Santa Rosa.
Dentre os pioneiros do lugar estavam Reimbold Schuwig, que viria a ser subprefeito no futuro distrito; o madeireiro Roberto Waldow, o ferreiro Erwin Eitel, o carpinteiro Arnold Ropke e Theofil Libert, o dono do moinho, além dos primeiros professores, Armindo Schwingel e Asilda Ropke. Eram colonos provenientes sobretudo da cidade gaúcha de Santa Rosa, origem da denominação do novo povoado.
“Além de nacionalizar as fronteiras, existia o interesse político. Na época – para Getúlio Vargas – ampliar a sua base eleitoral através da migração de indivíduos vindos do Rio Grande do Sul e Santa Catarina para o Paraná simbolizava um passo estratégico” (História de Nova Santa Rosa).
Reforço às fronteiras
A atração prioritária de colonos sulinos para a região não era exatamente o que interessava ao governador paranaense, Bento Munhoz da Rocha Neto, que privilegiava os paulistas.
Seu antecessor e principal adversário, Moysés Lupion, havia criado em outubro de 1947 o Departamento do Oeste para compensar os prejuízos causados ao Paraná pela implantação do frustrado Território Federal do Iguaçu. O DO favoreceu a atração de colonos do Sul
Diante do cenário nacional de forte antagonismo ao presidente Getúlio Vargas, insuflado pelos EUA, que tinha a união dos países do Cone Sul como desafio à doutrina panamericana, Bento Munhoz optou por desfazer o excelente arranjo lupionista do Departamento do Oeste, criando em 6 de maio de 1954 em seu lugar o Departamento de Fronteiras, diretamente subordinado ao governador.
A habitual prática de desfazer as soluções dos governadores anteriores será vingada pelo próprio Lupion quando retornar ao poder estadual, em 1956. Maior ainda será o castigo futuro de Munhoz: um projeto modelo com seu nome – Cidade Munhoz da Rocha – acabou alterado para o nome de seu ex-cunhado e desafeto Ney Braga (Braganey).
A cidade, planejada para ser o principal polo regional oestino, acabou desmantelada e seus equipamentos urbanos mais importantes retirados pelo prefeito José Neves Formighieri, de Cascavel (https://x.gd/BBfou).
O milagre da terra vermelha
O café foi introduzido no Paraná como um substituto mais viável economicamente que a erva mate, a partir de 1880, quando agricultores paulistas começaram seu plantio no Norte do Estado com sucesso.
O bom desempenho se devia a um elemento fundamental: o avermelhado solo do terceiro planalto paranaense é muito fértil e dotado de vários minerais importantes. O apelido de “terra roxa” vem da palavra italiana rossa (vermelha).
Em 1920 o Estado possuía, contadas, 1.215 posses cafeeiras e já na época da Revolução Paulista, em 1924, despontavam as primeiras plantações no Oeste do Paraná:
“Entre [Central] Santa Cruz e Porto 1, morou por muitos anos naquelas imensidões um paulista de nome Joaquim Guilherindo de Carvalho. Foi o primeiro a plantar alguns pés de café para seu uso pessoal” (Sandálio dos Santos, Memórias).
Marido morto e lavoura azarada
A fama do Paraná como grande produtor de café começou no ano seguinte, quando a rubiácea passou a ser plantada em grande escala, motivando a abertura da Estrada de Ferro São Paulo-Paraná.
Depois de forte estímulo pelo primeiro governo Lupion (1947/51), no governo Munhoz os colonos que chegavam em grande número à região eram aconselhados a fazer a diversificação.
No entanto, na onda do Ouro Verde, muitos decidiram se dedicar só ao café, atendendo ao eixo da propaganda colonial – terras esplêndidas para cafezais. Mas já chegaram ouvindo dos colonos mais antigos que a produção não passava da primeira geada.
O imigrante ucraniano Alexandra Kachuba fazia transportes com sua carroça quando foi abordado por uma senhora cujo marido foi assassinado.
Sem saber o que fazer com a terra, ela propôs a Kachuba cuidar da sua lavoura de café na região de Nova Aurora, então interior do Município de Cascavel
Kachuba trabalhou ali durante seis anos, até acontecer a grande decepção: 2,5 mil pés de café torrados pela geada.
Agricultores insistiram
O governo Munhoz procurou afirmar a diversificação de culturas, mas Lupion ao retornar ao governo retomou o foco central nos cafezais. Em sua edição de 6 de junho de 1954, o jornal Correio d’Oeste, de Cascavel, favorável a Lupion, noticiava que já havia 15 milhões de cafeeiros na região do Piquiri.
Enfrentando a eventualidade das geadas, muitos cafeicultores tentaram o milagre de fazer o Oeste do Paraná se destacar na produção cafeeira.
Os esforços apresentaram resultados efetivos, a ponto de fazer da rubiácea um ciclo intermediário entre a fase inicial e a explosão do ciclo madeireiro.
Depois disso as geadas asfixiaram a cultura, de fato, mas o café trouxe avanços estruturais importantes: desbravamento de novas fronteiras agrícolas, melhores estradas, construção de pontes e avanços na extensão rural. Antes do café, as atuais e populosas cidades da região eram pequenas vilas
Foi devido ao café que surgiu o Banco Agrícola Vale do Rio Piquiri (Banquiri), dirigido por Alceu Barroso e Alceu Barroso Filho, sob a presidência de Djalma Rocha Al Chueyr.
O café não deu apenas o primeiro Banco de Cascavel, mas também provocou a implantação de uma unidade da Companhia Paranaense de Silos e Armazéns (Copasa), mais tarde colocada à disposição das crescentes safras de cereais.
As lições da geada
Embora fosse uma excelente fonte de renda, sua transformação em monocultura era temida pelo líder toledano Willy Barth. No entender do colonizador da Maripá, isto seria uma tragédia para o modelo policultural e diversificado que sua empresa projetava como a alternativa mais sábia para a região.
Apesar de todos os alertas feitos por Barth em sua cruzada contra a monocultura, também a região de Marechal Cândido Rondon se deixou contaminar pela febre cafeeira.
“Contudo, a plantação de café não trouxe resultados positivos devido a fatores climáticos, pois o fenômeno de geadas, embora esparsas e de baixa incidência, prejudicava os produtores, que abandonaram esta cultura, depois de duas colheitas” (Projeto Memória de Marechal Cândido Rondon).
É emblemático dessa época o exemplo do pioneiro Abel Nono Paludo, que, no embalo geral da propaganda, chegou a Toledo com a intenção de plantar café empolgado com a qualidade do solo paranaense.
“Cheguei a plantar pouco mais que um alqueire. Na primeira safra o café estava bonito, colhi 550 sacas, só que neste ano o produto não valia nada, o preço era muito baixo. Logo depois veio a geada e praticamente acabou com a plantação. Aí resolvi tirar tudo fora e plantar milho e mandioca”.
Foi a virada. O nome de Paludo veio a ser sugerido pelo deputado José Carlos Schiavinato para o viaduto da BR-163 que dá acesso ao distrito de Vila Ipiranga (Toledo).
100 anos da revolução: No “trecho Cascavel”
Integrado ao esforço geral para cercar os revolucionários, o governador Caetano Munhoz em 1º de agosto de 1924 determinou que um contingente formado por oito oficiais e 150 praças seguisse para o Norte do Paraná.
Comandado pelo capitão José de Souza Miranda, o contingente pretendia “cobrir o Município de Jacarezinho, evitando que os sediciosos, na sua retirada ao longo da fronteira paulista, fizessem incursões na região paranaense limítrofe” (Governador Caetano Munhoz da Rocha, mensagem à Assembleia Legislativa).
Em Guarapuava, o comandante Dilermando de Assis decidiu partir para Catanduvas contra a vontade dos comandados: “Entraríamos, então, no trecho mais inóspito e aspérrimo do sertão. Tínhamos de transpor quinze serras!… O próprio guia (Antônio Natel de Camargo), experimentadíssimo e arrojado, conhecedor dos tormentos que tal travessia, mesmo de dia, implicava, desaconselhava a investida”.
Depois de passar pela vila de Catanduvas, o Regimento partiu na manhã de 2 de agosto rumo ao “trecho denominado Cascavel” (a vila ainda não existia) já com a informação de que os rebeldes se aproximavam dos portos do Rio Paraná.
Nesse trecho encontraram as maiores dificuldades. “Foram percorridos 30 quilômetros em uma estrada de carroça que estava em lastimável estado. De todas as etapas percorridas foi esta a que maiores dispêndios de energias e boa vontade exigiu. A estrada mais se assemelhava a uma picada; em muitos trechos a passagem pelo leito da estrada era impossível” (Primeiro-tenente Dagoberto Dulcídio Pereira).
Não havia vilas nem cidades entre o depósito ervateiro Central Barthe (atual Santa Tereza), Foz do Iguaçu e Guaíra.
O comandante Dilermando de Assis e Dagoberto Dulcídio Pereira, filho de um herói da Lapa
Uma reportagem publicada na edição impressa do Preto no Branco em 31 de maio é uma das finalistas do 9º Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo. A matéria foi elaborada pela jornalista Edna Nunes, com o título “Indústria Acolhedora: Paraná é a esperança para trabalhadores que enfrentam desastres econômicos em seus estados e países“.
Os finalistas do prêmio foram divulgados nesta sexta-feira (23). Esta etapa de avaliação selecionou, entre 206 trabalhos inscritos nesta edição, os destaques regionais e os que avançam para a próxima fase em cada uma das cinco categorias em disputa (Fotojornalismo, Impresso, Internet, reportagem de Rádio e de TV).
Na listagem final, serão divulgados os nomes dos finalistas e dos Destaques Regionais de forma geral, sem definir em qual modalidade foram classificados. O objetivo é manter o elemento surpresa até o dia da entrega da premiação, em outubro.
Na cerimônia, marcada para outubro, no Campus da Indústria, serão reconhecidos primeiro, segundo e terceiro colocados em cada uma das cinco categorias. Outras seis premiações irão para jornalistas que se destacaram com a maior nota em cada uma das regiões do estado (Norte, Noroeste, Leste, Campos Gerais-e Centro, Oeste e Sul-Sudoeste). O material que obtiver a maior nota entre todos os premiados recebe ainda o Prêmio Especial Heitor Stockler de França.
A reportagem de Edna Nunes conta como migrantes que sobreviveram a desastres no Rio Grande do Sul e em outros países foram atendidos com o acolhimento e as oportunidades de trabalho oferecidas no Estado do Paraná para retomar suas vidas e superar traumas. Clique aqui para ler.
A 3ª Festa Literária de Toledo (Flit) foi encerrada na tarde deste domingo (18) em grande estilo. Com o auditório da Biblioteca Pública Municipal lotado, foram conhecidos e premiados os vencedores do 33º concurso de Contos Paulo Leminski, do 10º Concurso de Crônicas e Poesias Edy Braun e do 2º Concurso Literário de Memórias e Narrativas do Pioneirismo do Município de Toledo – confira a lista dos vencedores no fim da matéria.
Após a cerimônia de premiação, o espaço recebeu um sarau literário, que marcou o término de uma edição de sucesso da Festa Literária de Toledo. Iniciado na última segunda-feira (12), o evento ofereceu diversas atividades em sua programação, as quais reuniram cerca de 2.600 pessoas.
Destas, 322 são, em sua maioria, alunos de colégios estaduais que puderam participar, dentro de sala de aula, de oficinas literárias ministradas por autores regionais. As palestras e bate-papos com escritores renomados (Blandina Franco, José Carlos Lollo, Paula Scott, Raphael Montes e Luci Collin, que também ministrou uma oficina de criação poética), atraíram 316 pessoas. A programação cultural, composta com contação de histórias e espetáculos teatrais, teve 881 espectadores. A Feira do Livro, realizada em todos os dias do evento, levou 1.000 pessoas à Praça Willy Barth, onde um total de R$ 52 mil foi comercializado pelos expositores.
Premiações
A cerimônia de premiação dos concursos literários contou com a presença de figuras relevantes na cena cultural local. Na frente de honra, estavam a secretária da Cultura, Priscila Kassandra Turetta; a representante da Academia de Letras de Toledo (ALT) e Clube da Poesia, Helga Ivoni Viezzer; a integrante do Grêmio Haicai Sukura, Ana Welter; as idealizadoras do Concurso de Conto Paulo Leminski, Nancy Bragato Futagami, Cleonisse Feliciano da Silva Pizzatto e Ermínia Machiavelli; e a artista plástica e escritora Edy Braun, homenageada do Concurso de Crônicas e Poesias, que ofereceu telas de paisagens, com pintura a óleo, de sua autoria para os ganhadores da tarde que se fizeram presentes. ”É uma satisfação enorme estar cercado por tantas pessoas que gostam de escrever. Sempre que isso acontece, minha alma se renova. Vivemos um mundo em que tudo muda muito rápido e precisamos registrar nossas histórias e sentimentos o quanto antes. Deixar de expressar essas vivências é como se um pouco de nós morresse”, comenta Edy.
Todos os concursos tiveram profissionais renomados em suas respectivas comissões julgadoras. As premiações começaram pelas do 2º Concurso Literário de Memórias e Narrativas do Pioneirismo do Município de Toledo. Participaram textos escritos pelas famílias pioneiras no desbravamento, na formação e no desenvolvimento socioeconômico e cultural do município, desde a chegada dos primeiros colonizadores, em 1946, passando pela emancipação e pelos primeiros anos de formação do município na primeira década histórica.
Em seguida, foi a vez de conhecer os vencedores do 10º Concurso de Crônicas e Poesias Edy Braun, que recebeu a inscrição de 149 trabalhos oriundos de todo o Paraná, sendo 44 crônicas, 94 poesias da categoria adulto e 11 poesias da categoria juvenil – somando todas as edições, 1.597 já participaram do concurso. “O nome da minha poesia remete ao grande continente que existia antes de haver o distanciamento das placas tectônicas, há milhões de anos. Por meio dela, quis expressar que a arte está em todo o lugar”, explica a vencedora da categoria poesia adulto do concurso, Elis Regina Basso, residente em Toledo, autora de “Pangeia”.
O 33º Concurso de Contos Paulo Leminski recebeu 942 inscrições, dos quais 22 são de autores residentes em oito países, 24 são toledanos e 896 são oriundos de 24 unidades federativas. “Quando criança, tinha o sonho de ser escritora. Alguns acontecimentos da vida me fizeram esquecer deste ideal, mas vi um cartaz anunciando este concurso na universidade e me senti incentivada a participar. Estou surpresa e, principalmente feliz, com este resultado, que me estimula a trilhar por este caminho da literatura”, comenta a vencedora da categoria Melhor Conto Toledano, Samara Thalia Miezerski.
Os vencedores
2º CONCURSO LITERÁRIO DE MEMÓRIAS E NARRATIVAS DO PIONEIRISMO DO MUNICÍPIO DE TOLEDO1º Lugar – Helga Ivone Viezzer – Pequena Crônica para Lola2º lugar – Aloísio Beno Steffens (in memorian) – Picada de Cobra3º lugar – Maria Dilonê Ficagna Pizzato – Meu Mundo InicialMenções honrosas: Adelino Rodrigues Galvão (Relato de um Palmiteiro), Adilci Terezinha Formighieri (A Vida das Crianças Pioneiras em Toledo) e Zolaide Ceolato Meinerz (Pioneirismo, Assim Começa a Minha Vida…)
10º CONCURSO DE CRÔNICAS E POESIAS EDY BRAUNCategoria Crônica1º lugar – Thaís Grassi Didonet Dal Molin/Pato Branco – “Abrindo a Janela” – Prêmio de R$ 1.000,002º lugar – Eduardo Xavier de Souza/Paranacity – “Olhinhos de Natal” – Prêmio de R$ 700,003º lugar – Paul Henrique Sturmer Blank/Guarapuava – “A Crônica do Escritor” – Prêmio de R$ 500,00Categoria Poesia Juvenil1º lugar – Lucas Ancacio dos Santos/Pinhais – “Moleque Branco” – Prêmio de R$ 700,002º lugar – Kíria Arruda Pessanha/Toledo – “A Porta” – Prêmio de R$ 500,00 3º lugar – Giovana da Silva Bordini/Kaloré – “Em Mares de Sentimento” – Prêmio de R$ 300,00Categoria Poesia Adulto1º lugar – Elis Regina Basso/Toledo – “Pangeia” – Prêmio de R$ 1.000,002º lugar – Gabriel Panisson dos Santos/Guarapuava – “A Estética do Juízo Moral” – Prêmio de R$ 700,003º lugar – Luiz Carlos Salami/São Pedro do Iguaçu – “O Invasor In(visível)” – Prêmio de R$ 500,00
Obras com menções Honrosas: “Seis Maços por Dia”, de Yohan Barczyszyn/Curitiba; “Pacu Não Fala”, de Gustavo Henrique Paetzold/Cascavel; “Herança”, de Vânia Karen Trentini/Toledo; “O Ordinário da Vida”, de Pamela Bueno Costa/União da Vitória; e “O Autista”, de Giovano Cordeiro Ferreira/Toledo.
33º CONCURSO DE CONTOS PAULO LEMINSKI1º lugar – André Souto Rezende/Brasília – “Maracajás” – Prêmio de R$ 3.500,002º lugar – Aline Veingartner Fagundes/Florianópolis – “O Mosaico” – Prêmio de R$ 3.000,003º lugar – Maria Fernanda dos Santos Eias Maglio/São Paulo – “Interrogatório” – Prêmio de R$ 2.500Melhor Conto Toledano – “Vômito”, de Samara Thalia Miezerski – Prêmio de R$ 2.000,00
Obras com menções honrosas: “Tapas”, de Suely Maria Brigieiro Mesquita/Rio de Janeiro; “Presas”, de Carine Valéria Mendes dos Santos/Maceió; “Almoço de domingo”, de Fernando Gomes do Nascimento/Armação dos Búzios-RJ; “Despedaços”, de Ariane Guebel de Alencar/Rio de Janeiro; “Clima de Veraneio”. de Julia Speranza Exposito/Pipa-RN; ‘Nosotros que nos Queríamos Tanto”, de Arthur José Caetanos Ribas/Buenos Aires-Argentina; “Com Asas Costuradas às costas”, de Zélia Maria Sales Ribeiro/Fortaleza; “Na Lama do Leito”, de Gabriel de Almeida Munhoz de Melo/Curitiba; “O Tempo Submerso”, de Bárbara Gomes Soares Amadora/Portugal; “A Onça dos Dias”, de Flávio Luís Sousa Silva/São Paulo; e “Fevereiro”, de Camila Chaves Ferreira/Fortaleza.