Categoria: Educação

  • Literatura infantil com protagonistas negros abre novos horizontes

    Literatura infantil com protagonistas negros abre novos horizontes

    Publicados por pequenas editoras, selos independentes e até grandes casas editoriais, livros infantis com protagonistas negros, escritos por autores não brancos, são um segmento consistente no Brasil atual. “A gente tem muita oferta”, afirma a pesquisadora e blogueira Luciana Bento (foto em destaque), especialista no tema.

    Segundo Luciana, um dos fatores que elevaram a produção desse tipo de conteúdo foi a inclusão do estudo das culturas afro-brasileiras no currículo escolar, definida por lei, em 2003. “Tivemos um boom de publicações com personagens negros”, afirma, ao comentar o impacto da medida.

    Proprietária da Africanidades, livraria especializada em autores negros, Ketty Valêncio confirma que há não só um bom número de títulos disponíveis, como publicações que atraem cada vez mais o interesse. “É um mundo muito rico, e tem muita gente procurando”, destaca. É um momento que abre oportunidades que ela mesmo não teve. “Eu penso muito na minha infância. Minha introdução à literatura foi através dos itãs dos orixás. Minha geração desconhecia literatura infantil com recorte étnico-racial.”

    Identidade e possibilidades

    O contato com os itãs – contos tradicionais da cultura ioruba – ajudaram a abrir as perspectivas de Ketty quando ainda era criança. “Eu me reconhecia nelas, mulheres pretas incríveis”, diz, sobre impressões deixadas pelas histórias das orixás femininas que conheceu nessa época. É justamente uma ampliação dessa oportunidade que ela enxerga nas infâncias negras no Brasil de hoje. “A literatura infantil é o início de um acolhimento, porque ali você trabalha diversas questões que vão ocorrer na sua vida adulta: autoestima, pertencimento, orgulho da sua história, de onde você vem, da sua ancestralidade.”

    Pensando nisso, a professora e pesquisadora Evelin Oliveira se esforça para trabalhar histórias com esse recorte na escola onde dá aulas para crianças, em Carapicuíba, na Grande São Paulo. “No meu planejamento anual, trabalho desde o primeiro dia a vertente da diversidade étnico-racial, com foco na construção dessa identidade. Porque são crianças de 4 a 5 anos e, neste momento, a diversidade precisa estar presente o ano inteiro e não somente em novembro”, afirma, sobre o processo educacional que desenvolve, levando, inclusive, jogos que ela mesmo cria.

    A pesquisadora Luciana Bento fala sobre a diversidade de livros infantis com protagonistas negros e escritos por autores não brancos no mercado editorial brasileiro, na livraria Mega Fauna. A pesquisadora Luciana Bento fala sobre a diversidade de livros infantis com protagonistas negros e escritos por autores não brancos no mercado editorial brasileiro, na livraria Mega Fauna.

    A pesquisadora Luciana Bento fala sobre a diversidade de livros infantis com protagonistas negros e escritos por autores não brancos no mercado editorial brasileiro, na livraria Mega Fauna. – Rovena Rosa/Agência Brasil

    Histórias e tradições

    Os quebra-cabeças e os jogos de memória são construídos com elementos tradicionais de culturas africanas, como os adinkras – símbolos que remetem a conceitos e histórias. Segundo Evelin, o contato com essas referências ajuda as crianças a estabelecer a própria identidade. “Principalmente as crianças negras, que não se enxergam enquanto negras. Se tem uma criança com pele mais escura, tem aquela pequena discriminação que precisa ser trabalhada em sala de aula”, ressalta, a partir de sua experiência como educadora.

    “O passado é uma forma de abrir a conversa com as questões do presente”, relata em seu trabalho o historiador e escritor Allan da Rosa. “Pensar família, abrir o linguajar, viajar, mas com as unhas agarradas no tempo da molecada”, diz o autor, sobre os sentimentos durante o processo de construção do livro Zumbi Assombra quem?, publicado em 2017.

    O livro surgiu da conversa com uma colega que teve dificuldade em contar a trajetória do líder quilombola Zumbi dos Palmares a um grupo de jovens em um festival literário. “Ela disse que a oficina tinha sido terrível, que ficou uma hora com a molecada, que falou de Zumbi. A molecada ficou com nojo, disse que zumbi era um cadáver que anda, que assombra. E ela não conseguia lidar com isso”, lembra.

    A partir da provocação, Rosa resolveu trabalhar com fantasmas reais e imaginários que rodeiam crianças e adolescentes, mostrando como surgiu a ideia do livro. “Na hora, eu brinquei e disse que Zumbi assombra mesmo os fazendeiros, os racistas”, disse o escritor, trazendo uma desconstrução do imaginário feito por filmes e jogos da cultura de massa.

    De acordo com o autor, o diálogo com o público jovem não torna o livro necessariamente infanto-juvenil. “Eu o considero um livro para adultos e crianças, poroso. Cada linha ali tem uma razão, um pulso, que é ser lido em voz alta com a molecada ou com os coroas, nossas pessoas mais velhas. ”Para Rosa, o projeto é uma publicação para ser lida de forma compartilhada por duas pessoas, ritual que repetiu todos os dias durante a infância do filho, hoje com 14 anos.

    Obras que extrapolam o racismo são fundamentais, na opinião de Luciana Bento. “Poder ver histórias em que as crianças negras têm famílias, sonhos, que não estão sofrendo, é muito importante nesse lugar que a gente esse encontra, e nesse espelho em que vivemos nossa realidade”, diz a pesquisadora.

    A possibilidade de ser retratada passa até por coisas simples, como no caso de sua filha mais velha, Aisha, que tem 9 anos e gosta de encontrar o próprio nome, de origem africana, nas histórias que lê. “Meninas negras que são cientistas, que tem orgulho do seu cabelo, que fazem várias coisas e conseguem se ver como possibilidade de existência.” São horizontes que se abrem pelas várias histórias.

    Livros que precisam, segundo Allan da Rosa, trazer os conflitos e contradições do mundo. “Não fugir das nossas contradições é uma marca da nossa ancestralidade, da epistemologia ancestral, da encruzilhada, a roda com a sua abertura. Muito mais do que uma linha que só vai para frente, do que o maniqueísmo. Eu vejo isso na nossa história estética”, diz o escritor.

    Fonte: EBC

  • Enem começa a ser aplicado amanhã em todo o país

    Enem começa a ser aplicado amanhã em todo o país

    O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021 começa a ser aplicado amanhã (21) em todo o país nas modalidades impressa e digital. Tanto as provas quanto o tema da redação serão iguais nas duas modalidades. Ao todo, 3,1 milhões de candidatos farão o exame. 

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    O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela realização das provas, divulgou nesta semana os números oficiais do exame, que é a principal forma de ingresso no ensino superior público, pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), de obtenção de bolsas por meio do Programa Universidade para Todos (ProUni) e de participação no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). 

    Ao todo, 3.109.762 de candidatos farão o Enem impresso e 68.891, o Enem digital. A maioria está nos estados de São Paulo (470.809), Minas Gerais (300.868) e Bahia (239.101). As mulheres representam 61,6% dos candidatos e as pessoas negras, soma de pretos e pardos, 54% dos inscritos. 

    O Enem impresso será realizado em 11.074 locais de prova em 1.747 municípios. Nessa modalidade, são mais de 460 mil pessoas envolvidas na aplicação do exame, entre coordenadores estaduais, municipais, aplicadores, corretores de redação e supervisores. Quase 50 mil pessoas atuam apenas no transporte, segurança e distribuição das provas. Outros mais de 20 mil profissionais dos Correios também fazem parte da operação

    Já o Enem digital envolve mais de 17 mil pessoas na realização das provas. O exame nesse formato será aplicado em 831 locais de prova em 99 municípios. 

    Este será o segundo Enem aplicado neste ano, já que as provas de 2020 foram adiadas por causa da pandemia e acabaram sendo aplicadas em janeiro e fevereiro.

    O que é preciso saber 

    Assim como a edição de 2020, o Enem 2021 terá regras especiais devido à da pandemia. O uso de máscara facial será obrigatório nos locais de aplicação. Participantes que estiverem com covid-19 ou com outras doenças infectocontagiosas não devem comparecer ao exame e podem solicitar a reaplicação. O descumprimento das regras poderá levar à eliminação do candidato.

    No dia da prova, além da máscara de proteção facial, é obrigatório levar documento de identificação original, com foto. Não são aceitos documentos digitais. Entre as identificações aceitas estão a Carteira de Identidade (CNH), o passaporte e a Carteira de Trabalho emitida após 27 de janeiro de 1997. 

    Outro item obrigatório é a caneta esferográfica de tinta preta fabricada em material transparente. Ela é necessária para preencher o cartão de respostas no Enem impresso e para escrever a redação tanto no Enem impresso quanto no Enem digital. É recomendado ainda que os participantes levem lanche e água, já que a prova tem uma duração longa. 

    É recomendado também que se leve no dia do exame o Cartão de Confirmação da Inscrição. Nele está, entre outras informações, o local de prova. O cartão pode ser acessado na Página do Participante

    Caso necessitem comprovar que participaram do exame, os estudantes podem, também, na Página do Participante, imprimir a Declaração de Comparecimento para cada dia de prova, informando o CPF e a senha. A declaração deve ser apresentada ao aplicador na porta da sala em cada um dos dias. Ela serve, por exemplo, para justificar a falta ao trabalho. 

    Primeiro dia de prova 

    No primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021, no próximo domingo (21), os candidatos farão, além das provas objetivas de linguagens e ciências humanas, a única prova subjetiva da avaliação, a redação.

    Os portões abrem às 12h e fecham às 13h. Não é permitido entrar após o fechamento dos portões. As provas começam a ser aplicadas às 13h30 e terminam às 19h. O horário é o de Brasília. No próximo domingo (28), os participantes fazem as provas de matemática e ciências da natureza.

    Questões do Enem

    Para testar os conhecimentos, os estudantes podem acessar gratuitamente o Questões Enem, um banco que reúne todas as questões do Enem de 2009 a 2020. [LINK: https://questoesenem.ebc.com.br/] No sistema, é possível escolher quais áreas do conhecimento se quer estudar. O banco seleciona as questões de maneira aleatória. 

    Fonte: EBC

  • Plataforma reúne benefícios para estudantes ingressarem em faculdades

    Plataforma reúne benefícios para estudantes ingressarem em faculdades

    Instituições privadas de ensino superior oferecem uma série de benefícios para os estudantes que desejam cursar uma faculdade em 2022. Esta semana, as instituições lançaram uma plataforma conjunta, onde os estudantes podem buscar os cursos de graduação e de pós-graduação que desejam e receber descontos, ganhar cursos extras ou outras vantagens personalizadas.

    Para isso, é preciso fazer o cadastro em https://www.futuria.com.vc/. Lá é possível fazer uma busca por cursos em cidades e instituições de ensino. Após o preenchimento do cadastro, o usuário recebe uma mensagem por e-mail com o voucher do benefício da instituição selecionada. Com o tíquete em mãos, basta procurar a instituição de ensino, conhecer os detalhes e se matricular.

    A plataforma faz parte do movimento #EuSouOFuturo, cujo objetivo é sensibilizar a sociedade e incentivar o ingresso e a manutenção da formação dos alunos de graduação e pós-graduação em todo o país. É uma iniciativa da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes) e da Universia, ligada ao Santander Universidades, braço educacional do banco.

    Cada instituição decide a condição especial da oferta. Fazem parte da iniciativa Ser Educacional, YDUQS, UniCesumar,  Ânima Educação, UniCarioca, Trivento Educação, Unip, Cruzeiro do Sul Educacional, entre outras mantenedoras que, juntas, representam grande parte do ensino superior do país. Segundo a Abmes, são ofertadas milhares de vagas em cursos de graduação e de pós-graduação, nas modalidades presencial, híbrida e a distância das mais diversas áreas do conhecimento com condições especiais e personalizadas.

    “Depois de tantos problemas com relação a tudo o que o Brasil enfrentou é hora de retomar a importância da educação superior para o futuro do jovem. Por isso que nós reunimos todas as nossas associadas interessadas e o Santander Universidade por meio de iniciativa que eles já têm para valorizar a educação”, afirmou o diretor presidente da Abmes, Celso Niskier.

    Um levantamento realizado pela associação mostrou que 44% dos jovens têm dúvida sobre retornar aos estudos após a pandemia, principalmente pela falta de recursos financeiros. Dos participantes, 66% afirmaram não ter condições de arcar com o investimento em uma graduação. Eles também destacaram o medo de retornar presencialmente às aulas e a incerteza de conseguir uma colocação no mercado de trabalho.

    De acordo com o superintendente executivo do Santander Universidades Brasil, Nicolás Vergara, é importante sensibilizar e mobilizar o máximo de jovens e todos os que quiserem voltar ou ingressar na faculdade, apoiando-os nessa ação. “Colocamos a Futuria, nossa plataforma voltada para educação, neste momento exclusivamente para a captação dos interessados, porque acreditamos no ensino superior como alavanca de formação e evolução não só do indivíduo, mas do país”, concluiu.

    Fonte: EBC

  • Colégios estaduais do Paraná promovem ações de consciência negra e combate ao racismo

    Colégios estaduais do Paraná promovem ações de consciência negra e combate ao racismo

    Colégios da rede estadual promoveram nesta semana atividades relacionadas ao Dia da Consciência Negra, comemorado neste sábado (20). O Ceebja (Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos) Campo Comprido, em Curitiba, foi um dos que promoveram atividades para fomentar na comunidade escolar a reflexão sobre o combate ao racismo.

    Na quarta-feira (17), a escola realizou uma mesa de discussões com a jornalista Dulcinéia Novaes; seu filho, Flávio Novaes, entusiasta da arte negra; e com a professora Sueli de Jesus Monteiro, que leciona Língua Portuguesa no colégio. Além da conversa, houve apresentação do músico Beto Capeletto e mostra de vídeo e painéis sobre cultura afro.

    “É importante que o nosso jovem conheça a cultura negra”, disse o diretor Natel Marcos Ferreira. “A escola tem hoje o importante papel de incentivar o estudante a pensar nas relações sociais, refletir e entender como fazer a sua parte. Nesse evento, acredito que conseguimos sensibilizar os nossos alunos a respeito dessa questão”.

    A aluna Rosana Aparecida Gonçalves, de 49 anos, participou do evento e compartilhou um poema que escreveu para a ocasião. “Mulher negra/ Nossa raça, um exemplo/ De uma luta constante/ Que no futuro venceremos!”, dizem os versos finais do texto da estudante, que também trabalha no Hospital Pequeno Príncipe.

    “Na Noite da Consciência Negra [evento no Ceebja], me senti uma pessoa reconhecida; percebida pelas pessoas. Me senti importante”, disse.

    ATIVIDADES– Outra escola que promoveu ações de consciência negra foi o Colégio Estadual Cívico-Militar Eleutério Fernandes de Andrade, em Quitandinha. Os estudantes do 6º ano aprenderam com a professora Anna Karolina Debacco sobre as máscaras africanas. Eles estudaram a forma, a simetria e como esses objetos eram utilizados em cerimônias religiosas. Depois, cada estudante pôde confeccionar a sua própria máscara.

    Já no Colégio Estadual do Campo Antônio Lacerda Braga, na Lapa, Região Metropolitana de Curitiba, o professor Elídio Budziacki, de História, fez uma rodada de debates com os alunos do 1º ano do Ensino Médio. Eles falaram, por exemplo, sobre as causas da evasão escolar de alunos negros e indígenas e sobre as ações afirmativas de resgate e prevenção que devem ser realizadas pelo Estado.

    Fonte: Secom Paraná

  • Justiça Federal rejeita liminar para afastar presidente do Inep

    Justiça Federal rejeita liminar para afastar presidente do Inep

    A Justiça Federal do Distrito Federal (JFDF) negou nessa quinta-feira (18) um pedido de liminar (decisão provisória) para afastar do cargo o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Danilo Dupas. 

    O pedido foi feito por três entidades ligadas à Educação – o Instituto Campanha Nacional pelo Direito à Educação, a Educafro (Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes).

    Em conjunto, as entidades alegaram risco à realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), cujas provas estão marcadas para os próximos dois domingos (21 e 28 de novembro). A ação foi aberta após 37 servidores do Inep pedirem exoneração de cargos de chefia alegando “fragilidade técnica e administrativa” da atual diretoria do instituto.

    Ao analisar o pedido de liminar, o juiz Marcelo Rebello Pinheiro, da 16a Vara Federal de Brasília, reconheceu que a exoneração coletiva de servidores pode ser indício de má gestão e conduta ímproba, mas afirmou não haver “lastro probatório suficiente” para justificar a concessão da liminar para afastar Dupas.

    Contraditório

    O magistrado entendeu que a análise da matéria necessita de “maior aprofundamento, com a realização de amplo contraditório”. Ele acrescentou ainda que o afastamento do presidente do Inep seria “medida excessivamente gravosa, pode prejudicar a realização da primeira etapa do Enem”.

    Na petição inicial, as entidades educacionais alegaram, com base em reportagens jornalísticas, que haveria tentativa de interferência ideológica sobre as questões do Enem por parte da atual administração, mediante “atos abusivos, ímprobos e ilícitos”.

    O Inep nega irregularidades e atribuiu as exonerações a questões administrativas. Em audiência no Senado, Dupas afirmou não haver nenhum risco à realização do Enem. Nesta semana, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, também negou interferência política sobre as questões do exame.

    DPU

    Em outra ação, a Defensoria Pública da União (DPU) pediu que a Justiça Federal de São Paulo obrigue o Inep a apresentar documentos que comprovem medidas para garantir a segurança do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

    A DPU pede explicações sobre quais medidas foram e estão sendo adotadas para que a saída de servidores que atuavam diretamente no Enem não coloque em risco a segurança do exame contra o vazamento de informações e contra fraudes.

    Fonte: EBC

  • Saiba como são elaboradas as provas do Enem

    Saiba como são elaboradas as provas do Enem

    Como são escolhidas as questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)? O que é o Banco Nacional de Itens (BNI)? O nível das provas é o mesmo todos os anos? Qual o impacto disso nas notas dos participantes? Colocar de pé uma avaliação como o Enem não é algo simples, envolve diversas pessoas e instituições. A Agência Brasil preparou um passo a passo de como as provas do Enem são elaboradas.

    O Enem é composto por uma prova de redação e quatro provas com 45 questões objetivas cada: linguagens, matemática, ciências humanas e ciências da natureza.

    Os itens do Enem são elaborados por especialistas selecionados por meio de chamada pública do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Eles devem seguir a matriz de referência, guia de elaboração e revisão de itens estabelecidos pelo Inep. Após escritos, os itens passam, então, por revisores e depois por especialistas do Inep.

    Finalmente, os itens são pré-testados em aplicações feitas em escolas pelo país. O processo é sigiloso e os estudantes não sabem que estão respondendo a possíveis questões do Enem. Com a aplicação, avalia-se a dificuldade, o grau de discriminação e a probabilidade de acerto ao acaso da questão. Os itens aprovados passam a compor o BNI, que fica disponível para aplicações futuras do Enem.

    Acesso ao BNI

    Para ter acesso ao BNI, é preciso seguir um protocolo de segurança. Todos os servidores e colaboradores com autorização de acesso aos itens assinam termos de sigilo e confidencialidade.

    O BNI fica no Ambiente Físico Integrado Seguro, localizado na sede do Inep, em Brasília. O ambiente fica isolado, possui salas com abertura somente com o uso de digitais e computadores sem acesso à internet ou à intranet da autarquia.

    Todo o processo de captação, elaboração e revisão de itens para compor o Enem e outros exames do instituto ocorre nesse espaço. Não se sabe ao certo quantas questões compõem o banco do Enem, pois a informação é sigilosa.

    Elaboração das provas

    As questões que vão compor a prova do Enem são selecionadas no final do primeiro semestre do ano, por especialistas do Inep, com auxílio de professores de diversas instituições de ensino básico e superior. A seleção, de acordo com cartilha disponibilizada pelo Inep, leva em conta a cobertura da matriz de habilidades e competências de cada área do conhecimento, bem como a atualidade das temáticas dos itens e seus parâmetros psicométricos.

    As questões são selecionadas de forma que o nível de dificuldade das provas seja o mesmo todos os anos. Assim, é possível comparar o desempenho dos candidatos em anos diferentes. Em 2021, as questões do Enem impresso e do digital serão as mesmas. O tema da redação também será igual.

    Selecionados, o tema da redação e as questões da prova são salvos em um HD levado de avião, por um servidor do Inep, até a gráfica de segurança máxima, onde o exame é impresso. Outro servidor embarca, em um avião diferente, levando a senha que permitirá a abertura dos arquivos do HD.

    A videoprova em Língua Brasileira de Sinais (Libras) é gravada em um estúdio montado dentro do Ambiente Físico Integrado Seguro, no Inep. Os DVDs com o conteúdo da prova também são enviados para a gráfica. As provas são empacotadas e recebem lacres de segurança, que registram o momento em que os malotes são abertos. Os pacotes das provas são separados por sala e local de aplicação. Todo esse processo é feito pelo menos três meses antes da aplicação do exame.

    O processo de elaboração da prova ganhou evidência na reta final para a realização do Enem. Este mês, servidores do Inep realizaram ato para denunciar problemas que vêm ocorrendo na atual gestão do presidente Danilo Dupas. O ato culminou no pedido de exoneração dos cargos ocupados por 37 servidores.

    Diante dessa situação, a Defensoria Pública da União (DPU) acionou a Justiça Federal para pedir ao Inep documentos que comprovem as medidas que estão sendo tomadas pela autarquia para garantir a segurança do Enem. Tanto Dupas quanto o ministro da Educação, Milton Ribeiro, negam que tenha havido fraude na prova e garantiram a realização do Enem.

    Em 2019, o Inep chegou a criar uma comissão para definir o que não seria usado no Enem. O grupo fez uma análise dos itens da BNI. Em sessão no Senado Federal, esta semana, Dupas afirmou que as provas do Enem 2021 “foram montadas pela equipe técnica seguindo a metodologia que vem sendo adotada, a Teoria de Resposta ao Item (TRI). A prova possui um conjunto de questões de diversos níveis de dificuldade que são calibradas para garantir um certo nível de prova. É comum, portanto, que durante a montagem da prova tenha itens que são colocados e itens que são retirados justamente para garantir o nivelamento das provas”.

    Enem 2021

    O Enem será aplicado nos dias 21 e 28 de novembro para mais de 3 milhões de estudantes em todo o país, tanto na versão impressa quanto na versão digital. No primeiro dia de prova, os participantes farão as provas de linguagens, ciências humanas e redação. No segundo, matemática e ciências da natureza. Os locais de prova estão disponíveis no Cartão de Confirmação de Inscrição na Página do Participante.

    O Enem seleciona estudantes para vagas do ensino superior em universidades públicas, pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), para bolsas em instituições privadas, pelo Programa Universidade para Todos (ProUni), e serve de parâmetro para o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Os resultados também podem ser usados para ingressar em instituições de ensino portuguesas que têm convênio com o Inep.

    Para testar os conhecimentos, os estudantes podem acessar gratuitamente o banco de questões do Enem de 2009 a 2020, organizado pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC). No sistema, é possível escolher quais áreas do conhecimento se quer estudar. O banco seleciona as questões de maneira aleatória.

    Acompanhe a cobertura da Agência Brasil sobre o Enem 2021:

    Enem 2021

    Fonte: EBC

  • Sextou, mas nada de balada, é dia de descansar antes do Enem

    Sextou, mas nada de balada, é dia de descansar antes do Enem

    Os participantes do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) devem manter a rotina nesta sexta-feira (19). Nada de balada, comidas diferentes ou estudar demais. O segredo é descansar.

    A professora de História do Colégio e Curso AZ, Roberta Luz, a ideia não é esquecer da prova, mas dar atenção a outros aspectos tão importantes quanto estudar. 

    “Nesta sexta-feira, quase véspera da prova do Enem, é importante o aluno focar em outros aspectos fora do conteúdo das provas: dormir bem, fazer uma alimentação leve e, de preferência, em casa, evitar sair à noite e ingerir bebida alcoólica”, orienta.

    Para controlar a ansiedade, a professora recomenda “fazer exercícios de respiração e até mesmo meditar” para aliviar a tensão antes da prova.

    “O Enem é uma prova de resistência, que exige muito dos participantes”observa. “Chegar na prova nervoso ou cansado só vai atrapalhar o desempenho, mesmo para aqueles que dominam o conteúdo”, conclui.

    O Enem será aplicado nos dias 21 e 28 de novembro para mais de 3 milhões de estudantes em todo o país. No primeiro dia de prova, os participantes farão as provas de linguagens, ciências humanas e redação. No segundo, matemática e ciências da natureza. Os locais de prova estão disponíveis no Cartão de Confirmação de Inscrição na Página do Participante.

    Fonte: R7

  • Pesquisa mostra que estudantes negros foram mais afetados na pandemia

    Pesquisa mostra que estudantes negros foram mais afetados na pandemia

    A pesquisa Educação não Presencial na Perspectiva dos Estudantes e suas Famílias revelou que estudantes negros mais pobres sofreram mais com impactos negativos durante a pandemia de covid-19 no país. No período de escolas fechadas, este foi o grupo que mais demorou para ter acesso a atividades remotas e não conseguiu aumentar o acesso a computadores com internet.

    A análise foi feita pela Plano CDE com base nos dados de pesquisa Datafolha, encomendada por Itaú Social, Fundação Lemann e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), entre maio de 2020 e setembro de 2021, que entrevistou com pais e responsáveis por crianças e adolescentes da rede pública.

    Nos dois recortes de renda analisados – até dois salários-mínimos e mais de dois salários-mínimos -, os estudantes negros foram os mais impactados negativamente no que se refere a acesso a atividades remotas, conectividade, medo de desistir dos estudos e reabertura de escolas.

    Quando a questão é o acesso a atividades remotas, seja digital ou impresso, no início do período em que as escolas ficaram fechadas, o acesso a atividades remotas era desigual. Em maio de 2020, 79% dos estudantes brancos já tinham esse tipo de acesso, contra 70% dos alunos negros.

    A proporção se revelou ainda pior quando considerada a classe social: 84% para estudantes brancos com renda de mais de dois salários-mínimos e 68% para os negros em famílias que recebem até dois salários-mínimos. Em setembro de 2021, houve queda na desigualdade de acesso a atividades remotas, sendo que 98% dos estudantes brancos tinham tal acesso ante 97% dos estudantes negros.

    Conectividade

    Em relação à conectividade, a desigualdade entre estudantes negros e brancos não diminuiu ao longo da pandemia. Dados de setembro de 2021 mostram que um estudante negro de renda familiar abaixo de dois salários-mínimos tem quatro vezes menos chance de ter em sua casa um computador com internet na comparação com um branco de renda familiar maior que dois salários-mínimos, são 21% contra 86%, respectivamente. Em maio de 2020, eram 23% ante 79%.

    “Uma de nossas maiores preocupações está nesse gargalo de conectividade entre estudantes de diferentes raças e classes sociais. A dificuldade em acessar os conteúdos remotos gera desmotivação e essa falta de engajamento pode agravar o risco de desistência dos estudos, principalmente quando falamos de crianças e adolescentes negros com menor renda familiar”, avaliou Cristieni Castilhos, gerente de Conectividade da Fundação Lemann.

    Evasão escolar

    O medo dos pais com a evasão escolar cresceu em todas as dinâmicas familiares analisadas, entre maio de 2020 e setembro de 2021. No entanto, os dados sobre estudantes negros com renda de até dois salários-mínimos apresentaram desvantagem. Metade (50%) deles estava em risco de desistir dos estudos em setembro deste ano, enquanto, entre os brancos com renda de mais de dois salários-mínimos, esse número foi de 31%.

    Nesse quesito, o gênero também influenciou os resultados, sendo que 47% de pais ou responsáveis por meninas negros de famílias mais pobres têm medo que os jovens desistam da escola, contra 36% para as meninas brancas com renda maior.

    Em maio do ano passado, eram 37% dos pais e responsáveis de estudantes negros com renda de até dois salários-mínimos tinham medo que o jovem desistisse da escola, ante 13% para os estudantes brancos com renda de mais de dois salários-mínimos.

    “Estudantes negros de famílias de menor renda enfrentam um cenário de crescentes dificuldades e desemprego em alta. Como muitos são responsáveis por suprir a renda familiar, não veem na educação uma perspectiva de melhoria da qualidade de vida. Assim, diminui muito seu interesse pela continuidade dos estudos”, explicou Angela Dannemann, superintendente do Itaú Social.

    Segundo Angela, para proporcionar mais equidade, é importante alocar mais recursos em escolas localizadas nas periferias, além de realizar ações de recomposição da aprendizagem e correção de defasagem dos estudantes em relação a idade e série.

    Reabertura de escolas

    O processo de reabertura de escolas, que tem acelerado neste ano, também atingiu os grupos de forma desigual. Em setembro de 2021, 74% dos estudantes brancos contavam com suas escolas abertas, contra 63% dos negros.

    Fonte: EBC

  • Colégio Pedro II, no Rio, volta ao presencial facultativo

    Colégio Pedro II, no Rio, volta ao presencial facultativo

    O Colégio Pedro II, da rede federal de ensino no Rio de Janeiro, vai retomar as atividades presenciais na próxima segunda-feira (22). O retorno cumpre uma decisão judicial do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) e foi detalhado por meio da Resolução 183/2021 LINK 1  , do Conselho Superior do colégio.

    O Pedro II tem 14 campi no Rio de Janeiro, incluindo as cidades de Niterói e Duque de Caxias, além de um Centro de Referência em Educação Infantil, em Realengo, na zona oeste da capital. São, ao todo, cerca de 13 mil estudantes da educação infantil ao ensino médio e de pós-graduação.

    As diretrizes para o retorno presencial são válidas até 31 de dezembro, mas a previsão do colégio é manter as atividades até o dia 23 de dezembro, ou seja, serão ao todo cinco semanas.

    Cada campus irá organizar as atividades, observando a ocupação máxima de 20% das turmas por turno e de 50% dos alunos em cada turma. No Campus Centro, por exemplo, o escalonamento vai resultar na presença de cada estudante no colégio uma vez na semana de forma quinzenal.

    As aulas presenciais ocorrerão no contraturno e não serão obrigatórias, contemplando a complementação pedagógica, com acolhimento, acompanhamento, orientação e reforço escolar. Serão até 3 horas de aulas por dia, com no máximo 40 minutos cada tempo, e será exigido o passaporte vacinal para os funcionários e estudantes que já tenham sido contemplados pelo calendário da cidade. 

    No Rio de Janeiro, adolescentes a partir de 12 anos já foram vacinados. 

    O ensino obrigatório permanece remoto, conforme planejamento original, com atividades pedagógicas síncronas e assíncronas, como vem ocorrendo desde o começo do ano.

    Fonte: EBC

  • Defensoria dá 24 h para Inep provar que não há risco de fraude no Enem

    Defensoria dá 24 h para Inep provar que não há risco de fraude no Enem

    A DPU (Defensoria Pública da União) entrou na Justiça na última quarta-feira (17) pedindo que o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), autarquia ligada ao MEC (Ministério da Educação) e responsável pela aplicação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) comprove que o exame será realizado em segurança. As provas estão marcadas para os próximos domingos, dias 21 e 28.

    O Inep tem um prazo de 24 horas para responder aos questionamentos da DPU com relação as medidas tomadas “para que a saída de servidores que atuavam diretamente no Enem não coloque em risco a segurança do exame contra vazamento de informações e contra fraudes”. 

    A Defensoria também questiona se houve a entrada de pessoas em áreas restritas, com acesso a itens da prova, e se foram excluídas questões do exame em razão do assunto que abordavam.

    A ação foi ajuizada na 14ª Vara Civil Federal de São Paulo pelo defensor João Paulo Dorini que destacou: “O que se vê, mais uma vez, é a credibilidade do Enem ser colocada em xeque por atos e falhas dos órgãos da administração pública federal, como ocorrido também em 2019, quando, após ação ajuizada pela DPU, regularizou-se a correção das provas; 2020, quanto, após ação ajuizada pela DPU, reagendou-se a prova em razão da pandemia; e 2021, quando após ação ajuizada pela DPU e também por ADPF junto ao STF, foi decidido que a isenção da taxa de inscrição para pessoas pobres deveria valer mesmo para quem havia faltado na prova anterior.”

    O ministro da Educação, Milton Ribeiro, durante audiência na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados na última quarta afirmou que não houve alteração de questões, nem interferência do governo na prova.

    Fonte: R7