Categoria: Internacional

  • Donald Trump é alvo de suposto ataque durante comício na Pensilvânia

    Donald Trump é alvo de suposto ataque durante comício na Pensilvânia

    Um comício do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, neste sábado (13) foi interrompido após um suposto atentado. O republicano discursava na cidade de Butler, na Pensilvânia, quando sons semelhantes a tiros foram ouvidos na multidão.

    Em um vídeo, é possível ver o momento em que Trump leva as mãos à orelha e é imediatamente protegido e escoltado por agentes do Serviço Secreto. As imagens mostram ainda marcas de sangue no lado direito da cabeça do ex-presidente.

    Fonte: SBT News

  • Exército de Israel recupera corpo de brasileiro sequestrado e morto pelo Hamas

    Exército de Israel recupera corpo de brasileiro sequestrado e morto pelo Hamas

    Na madrugada desta sexta-feira (24), o Exército de Israel confirmou o resgate de três reféns sequestrados e mortos pelo grupo terrorista do Hamas, no último dia 7 de outubro. Entre os corpos encontrados está o do brasileiro Michel Nisenbaum, de 59 anos.

    Além dele, foram recuperados o franco-mexicano Orión Hernández Radoux, de 32 anos, e o israelense Hanan Yablonka, de 42 anos. O exército israelense fez exames de identificação dos corpos e notificou as famílias das vítimas antes de soltar o comunicado oficial.

    De acordo com o comunicado militar, foi realizada uma operação conjunta entre as Forças de Defesa de Israel e os serviços de inteligência de país, em Jabalya, que permitiu a localização de mais três reféns do Hamas. Os corpos foram levados da Faixa de Gaza de volta para Israel.

    Os três reféns morreram durante o ataque do grupo terrorista no sul de Israel em 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra, e foram levados para Gaza.

    Nisenbaun morava na cidade israelense de Sderot, localizada perto da Faixa de Gaza, e seguia para a base militar na fronteira para pegar sua neta, quando foi conectado pela última vez.

    Já Raoux e Yablonk estavam no festival de música eletrônica Universo Paralello – Supernova, que acontecia nas proximidades da comunidade Re’im, em Israel.

    O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, falou sobre o resgate por meio das redes sociais. “Juntamente com os cidadãos de Israel, a minha esposa Sarah e eu inclinamos a cabeça em profunda tristeza e abraçamos as famílias enlutadas nos seus momentos difíceis. Temos o dever nacional e moral de fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para devolver os nossos sequestrados — as vidas e os espaços — e é isso que estamos a fazer. Louvo as forças IDF e as forças de segurança que agiram com grande coragem no coração do território inimigo, a fim de devolvê-los às suas famílias e ao túmulo de Israel”, escreveu o premier no X (antigo Twitter).

    O presidente da França, Emmanuel Macron, também se pronunciou por meio da mesma redes social. “Tomei conhecimento com imensa tristeza da morte do nosso compatriota Orión Hernández-Radoux, refém do Hamas desde 7 de outubro. Penso em sua família e nas pessoas próximas a ele. Estamos ao lado deles. A França continua mais do que nunca empenhada na libertação de todos os reféns.”

    Fonte: R7

  • Presidente do Irã morre em queda de helicóptero

    Presidente do Irã morre em queda de helicóptero

    A mídia iraniana confirmou a morte do presidente do Irã, Ebrahim Raisi, de 63 anos, e do ministro das Relações Exteriores, Hossein Amir Abdollahian, após um acidente de helicóptero na província montanhosa do Azerbaijão Oriental.

    A mídia estatal iraniana Press TV e as agências de notícias semioficiais Tasnim e Mehr relataram que todos os que estavam a bordo foram mortos.

    Estavam na aeronave também o governador da província do Azerbaijão Oriental, Malek Rahmati; o condutor da oração de sexta-feira de Tabriz, Imam Mohammad Ali Alehashem; bem como comandante, copiloto, chefe de tripulação, chefe de segurança e outro guarda-costas.

    Imagens de drones dos destroços tiradas pelo Crescente Vermelho e transmitidas pela agência de notícias estatal Fars mostraram o local do acidente em uma encosta íngreme e arborizada, com pouco resto do helicóptero, além de uma cauda azul e branca.

    Pelo menos 73 equipes de resgate foram até o local, perto da vila de Tavil, na província iraniana do Azerbaijão Oriental, de acordo com Pir-Hossein Kolivand, chefe do Crescente Vermelho Iraniano, informou a Tasnim.

    Quem é Ebrahim Raisi?

    Nascido em 1960, o presidente Ebrahim Raisi começou sua carreira como promotor no início da década de 1980 e passou de procurador-geral de Teerã em 1994 para chefe de justiça do país em 2019.

    Raisi assumiu o cargo de presidente em 19 de junho de 2021, depois de vencer uma eleição historicamente não competitiva.

    Muitos iranianos se recusaram a participar de uma eleição amplamente vista como manipulada. Houve a adesão de 48,8% dos eleitores – menor número desde o estabelecimento da República Islâmica do Irã, em 1979.

    O Departamento do Tesouro dos EUA sancionou Raisi em novembro de 2019, citando sua participação na “comissão da morte” de 1988 como promotor, e um relatório das Nações Unidas indicando que o judiciário do Irã aprovou a execução de pelo menos nove crianças entre 2018 e 2019.

    Fonte: Agência Brasil

  • Ministério Público denuncia motorista de van escolar por estupro de vulnerável em Foz do Iguaçu

    Ministério Público denuncia motorista de van escolar por estupro de vulnerável em Foz do Iguaçu

    O Ministério Público do Paraná, por meio da 14ª Promotoria de Justiça de Foz do Iguaçu, apresentou denúncia criminal contra um homem de 59 anos pela prática de estupro de vulnerável contra duas crianças de oito e dez anos – ele é motorista de van escolar. O Judiciário já recebeu a ação penal, que vai tramitar perante a Vara de Crimes Contra Criança, Adolescentes e Idosos da Comarca de Foz do Iguaçu.

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    O primeiro caso ocorreu em fevereiro contra um menino de dez anos que mora com a família no térreo de um imóvel do denunciado. Aproveitando-se dessa situação de proximidade, ele chamou a criança para entrar numa piscina que fica nos fundos da casa, onde cometeu a violência e depois pediu que a criança não contasse nada a ninguém.

    A vítima relatou o ocorrido para a mãe, que registrou a ocorrência na Polícia Civil. Dias depois, em março, a autoridade policial recebeu notícia anônima de que o denunciado já havia praticado outro crime similar, que teria sido noticiado na internet por outra vítima, hoje maior de 18 anos, em uma mobilização em redes sociais ocorrida em 2020 (#Exposed), quando ela relatou ter sido abusada pelo motorista da van escolar que a levava para a escola.

    A situação foi apurada e constatou-se que, entre os anos de 2012 e 2013, quando a menina tinha por volta de oito anos, o abusador “aproveitou-se do momento em que a vítima estava sozinha na van escolar e a convidou para sentar no banco da frente e, em seguida, praticou os atos contra a dignidade sexual”. Assim, os dois fatos são citados na denúncia criminal.

    Proteção – Antes mesmo de apresentar a ação, o MPPR requereu medidas de proteção ao menino, bem como a proibição ao denunciado do exercício de qualquer atividade de exploração de serviços de transporte escolar e similares, além da proibição de frequentar escolas, colégios, creches e afins no contexto do exercício de atividade profissional.

    Os pedidos foram deferidos pelo Judiciário: além de não poder mais atuar com van escolar e afins, ele está proibido de se aproximar da vítima e de sua mãe, bem como da casa em que a família está morando. A ação penal tramitará sob sigilo.

    O crime de estupro de vulnerável está previsto no artigo 217-A do Código Penal e é tipificado por “ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menos de 14 anos”. A pena é de reclusão de 8 a 15 anos, além de possível reparação material às vítimas. No próximo sábado, 18 de maio, é o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

    Novos casos – Outras pessoas que eventualmente saibam de casos de abuso similares ou que podem estar relacionados à denúncia podem noticiar as situações na 14ª Promotoria de Justiça de Foz do Iguaçu. O contato é o telefone (45) 3308-1311 (WhatsApp e aceita ligação) e o endereço é Rua Epifânio Sosa, 111, Jardim Polo Centro.

    Fonte: Assessoria MPPR

  • ‘Castelo do Harry Potter’ é destruído em ataque russo na Ucrânia

    ‘Castelo do Harry Potter’ é destruído em ataque russo na Ucrânia

    Quatro pessoas morreram e 27 ficaram feridas em um ataque com mísseis russos contra edifícios residenciais e infraestrutura civil na cidade portuária de Odessa, no sul da Ucrânia, nesta segunda-feira (29), disse o governador regional Oleh Kiper.

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    Um dos alvos dos ataques foi o edifício de estilo gótico conhecido localmente como “Castelo de Harry Potter”, que foi visto em chamas. O edifício ganhou este apelido devido à semelhança com o Castelo de Hogwarts retratado nos filmes. O prédio faz parte da Academia de Direito de Odessa.

    A ofensiva russa acontece no momento em que a Ucrânia aguarda suprimentos militares prometidos pelos Estados Unidos e pela Europa. Desarmadas, as tropas ucranianas têm lutado para resistir aos avanços russos no campo de batalha e, recentemente, foram obrigadas a fazer uma retirada tática de três aldeias no Leste.

    Nesta segunda, o ministério da Defesa da Rússia informou que suas forças tomaram a aldeia de Semenivka. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que novos suprimentos ocidentais começaram a chegar, mas lentamente.

    Fonte: G1

  • Banimento do TikTok é disputa dos EUA com China, dizem pesquisadores

    Banimento do TikTok é disputa dos EUA com China, dizem pesquisadores

    A lei que proíbe a presença do TikTok nos Estados Unidos , caso a empresa proprietária da rede social, a chinesa ByteDance, não venda a plataforma, revela uma disputa acirrada pela liderança da corrida tecnológica e geopolítica em que os norte-americanos estão perdendo a supremacia global que exerceram por décadas. A opinião é compartilhada por pesquisadores em tecnologia ouvidos pela Agência Brasil .

    “O TikTok conseguiu romper a barreira linguística e é um sucesso. O seu sistema algorítmico consegue detectar padrões de comportamento e tem enorme sucesso na modulação da atenção dos usuários. É o mais bem-sucedido sistema algorítmico de atração das atenções, ele sabe o que interessa a cada usuário, vai colocando vídeos que despertam a curiosidade e o interesse desses usuários, que se mantêm na plataforma”, explica o professor Sergio Amadeu, sociólogo e doutor em ciência política, especialista em redes digitais.

    A tecnologia da rede social desenvolvida na China faz com que ela seja um sucesso crescente nos EUA e em outros países, incluindo o Brasil, enquanto outras redes sociais começam a perder usuários.

    “Não há dados claros, mas o fato é que o TikTok está crescendo, enquanto outras plataformas, como o ex-Twitter [X] estão perdendo usuários”, pontua Amadeu.

    De acordo com a lei sancionada nesta quarta-feira (24) pelo presidente dos EUA, Joe Biden, a proibição entrará em vigor em 270 dias, a menos que a ByteDance repasse o controle do TikTok para uma empresa não chinesa. Se isso não ocorrer, o acesso à rede social será bloqueado no país, além de ficar indisponível para ser baixada ou atualizada em lojas de aplicativos. Esse prazo ainda poderá ser estendido para até um ano a partir da entrada em vigor da medida.

    A justificativa dos apoiadores do projeto, e do próprio governo, é que a relação da China com a empresa ByteDance poderia criar ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos, em função da coleta de dados dos usuários da plataforma. Os chineses prometem agora uma batalha judicial na Suprema Corte dos EUA para impedir a concretização do banimento. O TikTok é uma das redes sociais mais populares entre os norte-americanos, com mais de 170 milhões de usuários ativos.

    “Não me parece haver nenhum indício de que o TikTok seja mais invasivo que qualquer outro aplicativo concorrente, tanto que a solução oferecida [pelo governo dos EUA] não envolve uma exigência tecnológica de adequação de segurança ou proteção de dados, mas apenas a opção pela venda para uma empresa estadunidense”, analisa advogado Paulo Rená, professor e doutorando em Direito, Inovação e Tecnologia e integrante do coletivo AqualtuneLab.

    “Essa compra permitiria ao Estado dos EUA um controle sobre a plataforma, em razão das leis nacionais que exigem uma postura subserviente das empresas ao poder público sob vários pretextos, como enfrentamento ao terrorismo”, acrescenta.

    Para Sergio Amadeu, a alegação de que o TikTok coleta dados dos usuários é verdadeira, assim como todas as demais plataformas de redes sociais, a grande maioria delas controlada por corporações dos EUA, que fazem o mesmo.

    “Já a alegação de que os dados coletados pelo TikTok serviriam para uma vigilância massiva pela China não é necessariamente verdade. A própria empresa alega isso. Mas, isso, porém, é verdade por parte dos EUA. Basta lembrar das revelações de Edward Snowden sobre a espionagem da NSA, a agência de segurança nacional norte-americana”, destaca. No escândalo da NSA, a espionagem dos EUA usava servidores de empresas como Google, Facebook e Apple para invadir dispositivos.

    “Essa decisão deles [EUA] é cínica e, claro, prepara um recrudescimento das relações entre Estados Unidos e China”.

    Consequências

    Uma possível consequência, caso a venda seja concretizada, pode ser um acesso maior dos Estados Unidos à tecnologia disruptiva do TikTok como plataforma de rede social. “A venda é para gerar lucros para capitais americanos. Os EUA estão mostrando ao mundo sua face, ou seja, o liberalismo usurpador”, critica Sergio Amadeu.

    Para Paulo Rená, no entanto, é pouco provável que o sistema algorítmico, que é a essência tecnológica mais relevante do TikTok, possa ser apropriado em uma eventual transferência de propriedade. “A legislação da China impede a transferência de algoritmos a outros países. Assim, há uma possibilidade real de a tecnologia distintiva do TikTok ser ‘desligada’ por ocasião da troca de nacionalidade no controle”.

    Liberdade e geopolítica

    A ameaça de banimento no TikTok unificou diferentes setores políticos dos Estados Unidos, em um país que dá um tratamento jurídico amplo para o conceito de liberdade de expressão, o que deve servir de base para a contestação judicial que a plataforma fará na Justiça norte-americana.

    “O ameaçado banimento reduziria, sem justificativa razoável, as opções para as pessoas se expressarem online, lembrando que hoje muita gente faz do TikTok a principal plataforma de negócios”, observa Paulo Rená. “Entendo que a questão fundamental, na verdade, é geopolítica, em torno de uma disputa de interesses nacionais tanto econômicos quanto tecnológicos”, acrescenta.

    O professor Sergio Amadeu acredita que a decisão dos EUA deve impulsionar outros países ocidentais a adotarem medidas similares, como chegou a ser feito contra uma outra gigante de tecnologia chinesa, a Huawei, que sofreu sanções por diferentes governos ao longo dos últimos anos.

    “Eles estão com a linha de cercar os chineses, querem atrasar o desenvolvimento tecnológico da China e bloquear as ações da China no Ocidente, criando obstáculos econômicos com base em alegações de suposta espionagem. Isso pode servir de alerta para outros países, menos subordinados aos EUA, a tomarem atitude de maior soberania tecnológica. O fato é que os EUA seguem tendo um desenvolvimento tecnológico de ponta, comandam várias tecnologias, mas estão perdendo a primazia desse processo, especialmente para a China”, argumenta Amadeu.

    Fonte: Agência Brasil

  • Oposição no Equador vê derrota de presidente Noboa em referendo

    Oposição no Equador vê derrota de presidente Noboa em referendo

    Apesar de a população ter aprovado, com mais de 60% dos votos, nove das 11 questões feitas pelo governo do presidente Daniel Noboa, a oposição equatoriana defende que o mandatário saiu derrotado nas duas questões que consideram mais importantes: a mudança na legislação trabalhista e o reconhecimento da arbitragem internacional para resolver conflitos com empresas transnacionais.

    A posição da oposição contrasta com a do governo, que tem defendido a vitória na votação desse domingo (21). “Obrigado Equador por seu respaldo a uma política de segurança e luta contra a corrupção”, escreveu o presidente em uma rede social. As medidas ainda precisam passar por aprovação do Parlamento.

    A população aprovou medidas como a extradição de equatorianos, a limitação para redução de penas, o endurecimento da punição contra crimes como terrorismo, assassinato e tráfico de drogas, além de defender que as Forças Armadas sejam forças auxiliares no combate ao narcotráfico. As propostas foram feitas após a última onda de violência que aterrorizou o país em janeiro deste ano.

    O partido Revolução Cidadã, principal legenda de oposição do país, argumentou que todas essas mudanças poderiam passar pela Assembleia Nacional sem problemas e o que o presidente de fato queria era fragilizar a legislação trabalhista e permitir que fóruns internacionais julguem questões de interesse das empresas transnacionais no Equador.

    “Não Daniel, a equipe ganhadora foi o povo equatoriano que disse não à precarização laboral e não a beneficiar as multinacionais com o dinheiro dos equatorianos”, escreveu, em uma rede social, Luisa González , candidata derrotada por Noboa na eleição presidencial.

    O ex-presidente Rafael Correa, principal nome do Revolução Cidadã, em entrevista a uma rádio local do país nessa segunda-feira (22), argumentou que as Forças Armadas já atuam em conjunto com a polícia contra o crime e que as perguntas sobre segurança eram secundárias.

    “Não nos enganemos com o que interessava a Daniel Noboa. O grupo de perguntas sobre segurança eram perguntas ganchos para lhe dar popularidade – e ele acreditava que ganharia com 80%, não? – e para meter essas duas perguntas no meio de contrabando. Mas nessas duas perguntas chaves, que desde o início dissemos não, ele sofreu uma grande derrota”, destacou.

    Com 65,5% de votos não e 34,5% sim, o povo equatoriano rejeitou reconhecer a arbitragem internacional como método para solucionar controvérsias em matéria de investimento, contratuais ou comerciais. A segunda pergunta em que o não venceu, com 69,6% contra 30,4%, permitia o contrato de trabalho por prazo fixo e por hora. Os críticos argumentam que isso fragilizava os direitos trabalhistas.

    Trabalho e arbitragem internacional

    A socióloga equatoriana Irene León, diretora da Fundação de Estudos, Ação e Participação Social do Equador (Fedaeps), argumentou, em entrevista à Agência Brasil nesta segunda-feira (22), que a população entendeu que a arbitragem internacional não é benéfica para o país.

    “O país já conhece que essa arbitragem internacional é uma arbitragem organizada pelas corporações transnacionais para processar os governos. Os governos não vão processar as transnacionais nessa instância, ou muito raramente. Essa é uma instância das corporações. Não é uma instância oficial ligada à legitimidade internacional”, ponderou a socióloga.

    Irene disse ainda que a Constituição equatoriana é muito garantista com os direitos dos trabalhadores e que o texto permite o trabalho por horas, desde que o empregador garanta direitos básicos. “O que a consulta queria era modificar esta possibilidade de fazer contrato por horas sem essas garantias para os trabalhadores”, completou.

    Apesar de não aprovar as duas medidas ligadas aos temas econômico e trabalhista, Irene avalia que o resultado, devido às outras mudanças aceitas, aumenta a militarização da sociedade, permite maior controle dos Estados Unidos sobre a política interna do país, além de não abordar temas fundamentais para o combate ao narcotráfico: o sistema financeiro e o setor exportador equatoriano.

    Veja a seguir as perguntas e os resultados parciais do referendo:

    Texto introdutório: Na verdade, as Forças Armadas não podem apoiar a Polícia Nacional na proteção interna e manutenção da ordem pública, a menos que exista uma declaração de estado de exceção.

    A: Você está de acordo que se permita o apoio complementar das Forças Armadas nas funções da Polícia Nacional para combater o crime organizado, reformando parcialmente a Constituição de conformidade com o previsto no Anexo 1?

    72,8% Sim e 27,2% Não

    B: Você está de acordo com permitir a extradição de equatorianos, com as condições, requisitos, restrições e impedimentos estabelecidos na Constituição, nos instrumentos internacionais e na Lei, emendando a Constituição e reformando as leis, conforme o Anexo 1?

    64,7% Sim e 32,2% Não

    C: Você está de acordo com o estabelecimento de jurisdições especializadas em matéria constitucional, tanto em primeira como em segunda instância, para o conhecimento das garantias jurisdicionais que lhes correspondem, emendando a Constituição e reformando a Lei Orgânica de Garantias Jurisdicionais e Controle Constitucional, de acordo com o Anexo 2?

    60,1% Sim e 39,8% Não

    D: Você está de acordo que o Estado equatoriano reconheça a arbitragem internacional como método para solucionar controvérsias em matéria de investimento, contratuais ou comerciais?

    65,5% Não e 34,5% Sim

    E: Você está de acordo com emendar a Constituição da República e reformar o Código de Trabalho para o contrato de trabalho por um prazo fixo e por horas, quando se celebra pela primeira vez entre o mesmo empregador e trabalhador, sem afetar os direitos adquiridos dos trabalhadores, de acordo com o Anexo 4?

    69,6% Não e 30,4% Sim

    F: Você está de acordo que as Forças Armadas realizem o controle de armas, munições, explosivos e acessórios, permanentemente, nas rotas, caminhos, vias e corredores autorizados para o ingresso nos centros de reabilitação social?

    70,4% Sim e 29,5% Não

    G: Você está de acordo com o aumento das penas dos crimes de: (i) terrorismo e seu financiamento, (ii) produção e tráfico ilícito de substâncias catalogadas sujeitas para fiscalização, (iii) delinquência organizada, (iv) assassinato, (v) sicariato [assassinato por encomenda], (vi) tráfico de pessoas, (vii) sequestro extorsivo, (viii) tráfico de armas, (ix) lavagem de ativos e (x) atividade ilícita de recursos minerais, reformando o Código Orgânico Integral Penal conforme o Anexo da pergunta?

    68,0% Sim e 31,9% Não

    H: Você está de acordo que as pessoas privadas da liberdade cumpram a totalidade de sua pena dentro do centro de reabilitação social nos delitos detalhados no Anexo da pergunta, reformando o Código Orgânico Integral Penal conforme consta no Anexo mencionado?

    67,7% Sim e 32,6% Não

    I: Você está de acordo que se tipifique o delito de posse ou porte de armas, munições ou componentes que são de uso privativo das Forças Armadas ou da Polícia Nacional, sem afetar as armas de fogo permitidas para uso civil, reformando o Código Orgânico Integral Penal conforme o Anexo da pergunta?

    64,4% Sim e 35,5% Não

    J: Você está de acordo que as armas, suas partes ou peças, explosivos, munições ou acessórios que funcionam como instrumentos ou objetos materiais de um crime, podem ser destinados ao uso imediato da Polícia Nacional ou das Forças Armadas, reformando o Código Orgânico Integral Penal conforme o anexo da pergunta?

    64,6% Sim e 35,3% Não

    K: Você está de acordo que o Estado passe a ser o titular (proprietário) dos bens de origem ilícita ou injustificada, simplificando o procedimento da Lei Orgânica de Extinção de Domínio, conforme o Anexo da pergunta?

    61,4% Sim e 38,5% Não

    Fonte: Agência Brasil

  • Produtoras de café e cacau contam como lidam com mudanças climáticas

    Produtoras de café e cacau contam como lidam com mudanças climáticas

    Cacau e café, duas culturas que fazem parte do cotidiano não apenas dos brasileiros, mas das populações dos vários países americanos. Duas culturas também que estão ameaçadas pelas mudanças climáticas, que podem transformar o chocolate e o cafezinho em artigos de luxo. No primeiro Encontro de Líderes Rurais, na Costa Rica, produtoras de diferentes países compartilham as experiências e as perspectivas para o futuro.

    Na província de Esmeralda, no Equador, Lorena Valdez e outras 26 mulheres produtoras de cacau criaram o chocolate Timbiré . “As mudanças climáticas estão sim nos impactando e também estão nos dando lições de vida e alertas de algumas alternativas para podermos cuidar e mitigar essas mudanças no clima, porque sabemos que isso é progressivo”, diz Valdez, uma das fundadoras da Associação de Mulheres Afroequatorianas Timbiré no Futuro (Amatif).

    Foi no cacau, cultivo tradicional na região da produtora Valdez, que há 16 anos ela encontrou o sustento e também a paixão. “É a região onde há o melhor cacau, o cacau fino ou de aroma, que por muitos anos estava sendo rejeitado porque não estavam dando à produção valor agregado, e o custo do produto estava muito barato”, disse.

    O grupo de mulheres que se reuniu para produzir o cacau era de chefes de família, muitas delas mãe solo. “Em uma prática que fizemos, nos lembramos de nossos avós, e de um dos superalimentos. O que tinham para ir trabalhar era uma taça de cacau, de chocolate. Acreditamos que podíamos começar dali”, explicou Valdez.

    A produção foi crescendo e elas começaram a agregar valor ao produto, não apenas comercializando o cacau, mas bolinhas de chocolate. As bolinhas, mais tarde, foram transformadas em barra e ganharam marca, que chamou atenção nas feiras. Aos poucos chamou a atenção também do governo equatoriano. E elas conseguiram capacitação e aos poucos outros incentivos para a produção. “Fomos nos fortalecendo como mulheres, como família e como comunidade, porque nosso empreendimento, nosso projeto, é comunitário”.

    Existem entre 5 milhões e 6 milhões de agricultores de cacau em todo o mundo. A maior parte é de pequeno agricultor. De acordo com a Organização Internacional do Cacau, em torno de 70% do produto do mundo é cultivado em pequenas propriedades. A América é responsável por cerca de 20% da produção mundial, e o Equador lidera a produção na região, sendo seguido pelo Brasil.

    Planta sensível

    O cacaueiro, planta que dá o cacau, é sensível às mudanças climáticas, como explica Liliana Jiménez, produtora em Nilo, cidade da província Cundinamarca, na Colômbia. “O cacau tem dificuldades se há excesso de água ou se há excesso de sol. Toda a variação climática é um desafio e já não se pode prever com a precisão o que se podia há anos atrás. Isso é um desafio muito grande do ponto de vista da pesquisa para poder chegar a adaptações do cacau”.

    Há cerca de dez anos, Jiménez e sua família decidiram mudar a vida na cidade, pelo cultivo no campo. “Buscamos um cultivo que fosse sustentável ambientalmente e, em 2010, já se falava que o cacau seria um cultivo que teria crescimento na Colômbia e que teria muita demanda de mercado. Hoje estamos vendo isso. O país não consegue atender a toda a demanda por exportação”, diz.

    Com o cacau, ela e a família se inseriram no campo e articularam em associação com outros produtores e com a comunidade outras produções, como as de frutas tropicais. Atualmente, Jiménez é presidente da junta diretiva da Prosoagro, associação de pequenos produtores, e tem o título de Maria do Campo, que identifica a cultura de cacau nacional e reconhece o papel das mulheres na produção.

    A produtora explica ainda que plantar cacau requer planejamento. É um cultivo que se pensa nos 50 anos para frente. Agora, segundo ela, com os preços do produto disparados, é momento também de investir para se preparar para impactos climáticos e outras intempéries que possam vir. Sobre o chocolate se tornar tão caro a ponto de ser um artigo de luxo, Jiménez espera que isso não ocorra. “Não falemos de chocolate, falemos de cacau. O cacau é um alimento e, como alimento, deveria poder ser consumido em todas as mesas das pessoas do mundo”, defende.

    As soluções para ampliar o consumo do cacau poderão ser misturar o produto e investir em pesquisas, propõe Jiménez. “Temos que analisar todas as variáveis que estão intervindo para ver as alternativas. Talvez a diversificação de produtos, usar outras matérias-primas incorporadas ao cacau para baixar os preços, os custos do produto final. Temos que salvar os empreendimentos”, avalia.

    Mão de obra

    Assim como o cacau, o café também não tolera variações de temperatura. Elvia Monzón, de San Antonio Huista, na Guatemala, sabe bem dessas dificuldades. “As mudanças climáticas estão nos afetando, a planta já não floresce nesta época. Estou buscando soluções, à medida que tenho recursos”, diz a produtora de café que é também presidente da Associação Integral de Cafeicultores Rancho Velho (Aidec).

    Ela trabalha em cooperativa e busca diversificar a produção. Em conjunto, está também criando galinhas para a produção de ovos. A comunidade busca também, conjuntamente, soluções para as mudanças climáticas, como plantar árvores no território. “Na nossa comunidade nos preocupamos em plantar árvores todos os anos e isso nos ajuda um pouco”.

    Cultivar o café é algo que Monzón herdou da família, o avô e pai também eram cafeicultores. “Era um produto muito rentável naquela época, agora menos. Mas não me desanimo, sempre sigo adiante, porque gosto muito de tomar café em família. Tomamos café pela manhã e até as 14h estamos tomando café. Sabemos que é um produto que nós mesmos plantamos e sabemos como cuidamos”, diz.

    Além da questão climática, ela conta que tem dificuldade com a mão de obra. Muito porque as pessoas estão deixando o campo. “A plantação cresceu e já não posso, apenas eu e minha família, trabalhar nela, temos que buscar outras pessoas da comunidade que nos apoiem. A raiz do problema está na migração. Quase toda semana as pessoas deixam o campo e migram para os Estados Unidos, pensando que lá terão uma vida melhor, mas lamentavelmente não é assim, lá sofrem”, diz Monzón.

    Diante do êxodo rural, ela busca tornar o campo atrativo para que os próprios filhos tenham interesse em ficar.

    O Encontro de Líderes Rurais , que se realizou ao longo da semana, foi promovido pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e reuniu 42 lideranças rurais de quase todos os países americanos.

    *A repórter viajou a convite do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA)

    Fonte: Agência Brasil

  • Extrema-direita usa Comitê dos EUA para distorcer realidade brasileira

    Extrema-direita usa Comitê dos EUA para distorcer realidade brasileira

    A carta do Comitê de Assuntos Judiciários da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos (EUA) distorceu a realidade brasileira visando atacar as investigações sobre a suposta tentativa de golpe de Estado que terminou com o 8 de janeiro de 2023. Por trás dessa estratégia, estariam forças da extrema-direita tentando convencer a opinião pública estrangeira de que o Brasil está sob um regime de censura.

    A avaliação é da Organização Não Governamental (ONG) Washington Brazil Office (WBO). Ela se diz “apartidária e independente” e reúne especialistas brasileiros de diversas áreas nos Estados Unidos com objetivo de difundir análises sobre temas relacionados a sociedade brasileira em pauta na opinião pública internacional.

    “[A carta] distorce aspectos da realidade brasileira e, por isso, ficou claro que há grupos de interesse induzindo a erro e a uma leitura tendenciosa por parte dessa importante comissão”, disse Paulo Abrão, diretor-executivo do WBO e ex-secretário-executivo da CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos), em nota publicada pela organização nessa sexta-feira (19).

    Para Abraão, um dos objetivos da carta é a impunidade para aqueles que promoveram o movimento que queria anular o resultado das eleições de outubro de 2022.

    “Isso foi uma manobra induzida por membros da oposição de extrema direita brasileira para fragilizar as investigações dos crimes cometidos dentro do país. É uma clara estratégia de impunidade deles”, completou.

    A nota da entidade destacou que, em março, parlamentes brasileiros tentaram vender, nos Estados Unidos, a tese de que há violação à liberdade de expressão no Brasil por se exigir que plataformas digitais bloqueiem conteúdo com informação ilícita, mas essa versão não foi aceita pela Comissão de Direitos Humanos do Congresso dos EUA.

    No início de março, uma comitiva de parlamentares da oposição, liderada pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), foi ao Congresso dos Estados Unidos denunciar suposto cerceamento à liberdade de expressão no Brasil.

    O coordenador do Programa de Democracia do WBO, Pedro Kelson, disse que, dessa vez, a Comissão Judiciária foi instrumentalizada por este grupo de interesse para vazar dados sigilosos da justiça brasileira.

    “[Essa estratégia] tem como objetivo tentar desmoralizar as investigações de responsabilizações contra os ataques ao Estado Democrático de Direito do Brasil com informações incompletas e superficiais sobre a realidade brasileira”, afirmou Kelson.

    Liberdade de expressão

    A liberdade de expressão no Brasil encontra limites legais, ao contrário do que pode ser interpretado pela Primeira Emenda da Constituição dos EUA, que veda limitar a liberdade de expressão. Nos EUA, por exemplo, pode-se até fundar um partido nazista, que defende a superioridade racial. No Brasil, tanto racismo é crime como defender a ideologia nazista.

    “No Brasil, a ‘liberdade de expressão’ encontra limites na proteção de outros bens jurídicos individuais, como a honra; ou coletivos, como a segurança e o equilíbrio eleitoral. Além disso, o Judiciário brasileiro tem respaldo legal e independência judicial para determinar o bloqueio a perfis e postagens nas redes sociais”, argumentou Fábio de Sá e Silva, pesquisador associado do WBO.

    Acrescentou que perfis ou postagens que sejam usadas para cometer crimes, como o incentivo a golpe de Estado, pedofilia ou exploração sexual de crianças, podem ser derrubados de acordo com a lei brasileira. “Embora seja possível pensar em exemplos de postagens ou contas de que foram banidas e que não se encaixam nessas hipóteses, é muito fácil pensar em postagens ou contas que se encaixam”, conclui Sá e Silva.

    Democracia robusta

    A nota da WBO enfatiza que o Brasil é hoje uma democracia pluralista robusta e não há nada parecido com a versão que a Comissão dos EUA propaga. O pesquisador associado da organização sediada em Washington, Andre Pagliarini, disse que essa versão busca subverter o governo democraticamente eleito do Brasil.

    “Gritar ‘censura’, como têm feito consistentemente os apoiadores radicais do ex-presidente Jair Bolsonaro evoca deliberada e dissimuladamente imagens do passado ditatorial do Brasil. Há muito que está claro para os observadores interessados na preservação das instituições democráticas do Brasil que o objetivo dessas pessoas tem sido o de se autoproteger e de fazer oposição política ao atual governo de Lula da Silva”, disse Pagliarini.

    O especialista acrescentou que existem inúmeros caminhos para os indivíduos que desejam expressar pontos de vista no Brasil. “Ninguém está sendo preso por compartilhar sua opinião no Brasil. Ninguém está sendo torturado ou exilado por causa de suas ideias”, ressaltou.

    Regulação das redes

    O Marco Civil da Internet (Lei 12.965 de 2014), nos seus artigos 18 e 19, descreve possibilidades para a remoção de conteúdo da internet e possíveis responsabilidades civis, argumentou David Nemer, também pesquisador associado do WBO. Segundo ele, as plataformas não estão totalmente imunes à responsabilização pelo conteúdo que permitem nas redes.

    “O artigo 19 enfatiza o princípio da liberdade de expressão, ao mesmo tempo que reconhece a necessidade de combater o conteúdo ilegal – o artigo 19 vai além da Seção 230, pois pode responsabilizar os provedores de internet pelo conteúdo se não seguirem as ordens judiciais”, especificou Nemer.

    Para a ativista em democracia global Kristina Wilfore, diretora da organização Reset.Tech, que trabalha com direitos digitais, há interesse da empresa X (antigo Twitter), controlada pelo bilionário Elon Musk, de distorcer os fatos sobre a liberdade de expressão no Brasil para dificultar a regulação das redes.

    “O Brasil deve continuar a lutar pela sua própria integridade territorial contra as Big Tech , cujo interesse principal não reside no que é bom para o Brasil, mas sim no que é bom para encher os seus próprios bolsos”, finalizou.

    Fonte: Agência Brasil

  • Produtores compartilham experiências para reduzir impactos climáticos

    Produtores compartilham experiências para reduzir impactos climáticos

    No primeiro Encontro de Líderes Rurais promovido pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), quando foi apresentado um drone agrícola, a engenheira agrônoma Yessica Yana prontificou-se a dirigi-lo. A demonstração foi toda por conta dela. Yana é a primeira mulher indígena do povo aymara a pilotar um drone na Bolívia. Seu trabalho tem sido pesquisar formas de facilitar o cultivo e de difundir o uso da tecnologia no próprio país.

    A engenheira agrônoma boliviana mostra inclusive como o uso de drones pode ajudar na economia de água em regiões onde este é um bem escasso e se tornar um aliado diante das mudanças climáticas.

    Yana está entre os 42 líderes rurais que participaram do encontro na Costa Rica. Embora representem quase todos os países da América e vivam em realidades distintas, alguns temas e desafios os unem. Um deles é a água, essencial para qualquer criação ou cultivo e escassa em muitas regiões. A escassez é um efeito da crise climática que o mundo enfrenta, com altas variações de temperatura e falta de previsibilidade de seca ou chuva. Durante os dias do encontro, ao longo desta semana, os líderes compartilharam as experiências e mostraram como têm se organizado para enfrentar esses desafios.

    “Sabemos que, com as mudanças climáticas, a questão da água é terrivelmente preocupante. No Altiplano Sul da Bolívia, onde temos feito o trabalho do drone, não há muita água doce. Para pulverizar um cultivo, com o método tradicional, usando uma mochila, dependendo do estado do cultivo, são gastos de 60 a 100 litros de água por hectare. Com o drone, temos pesquisas que mostram que podemos usar apenas 20 litros de água por hectare. A redução de água tem sido abismal”, diz a engenheira agrônoma.

    O trabalho desenvolvido por Yana e é voltado principalmente para mulheres, que, segundo ela, ocupam-se majoritariamente dessas atividades na região. A aspersão de fertilizantes ou outros produtos nas plantações demora até dois dias, dependendo do tamanho do local. Com o drone, a atividade é realizada em 20 minutos. “As mulheres já não têm mais que ficar dias inteiros por conta dessas atividades; simplesmente podem realizá-las em uma parte do dia.”

    De acordo com Yana, não se trata de algo barato, mas os drones têm chamado a atenção do governo boliviano e também de outras organizações que podem promover esses investimentos.

    Cultivo ancestral

    Também na Bolívia, na Granja Samiri, próxima de Oruro, Trigidia Jiménez resgatou o cultivo de uma planta ancestral, a cañahua, da qual é, atualmente, a maior produtora orgânica no país. Parente da quinoa, a cañahua é originária da região dos Andes, na América do Sul, e é um alimento com alto teor de proteína. Também se produz a partir dela uma farinha livre de glúten. A planta é ainda uma poderosa alternativa diante da crise climática, pois se adapta facilmente às mudanças no clima.

    “Está diminuindo seu ciclo de vida. Quando iniciei a atividade, há 22 anos, o ciclo de vida d planta era de 170 dias, porque há 22 anos, chovia mais. Agora é de 119 dias. Foi diminuindo. É um cultivo que eu chamo de cultivo inteligente, porque está se adaptando. Nem todas as espécies estão conseguindo se adaptar. Algumas já não produzem mais sementes. A cañahua, sim”, explica Trigidia.

    Ela diz que, na região onde vive, chove apenas três meses no ano. Ela usa no cultivo sistemas de armazenamento de água para contar com esse recurso durante todo o ano. “Temos que aproveitar ao máximo a água na época de chuva, para armazená-la e garantir o uso tanto para a família quanto para os animais. Bem, a água, usamos os três R, reutilizamos, reutilizamos e voltamos a reutilizar”. A região, que já é seca, tem sofrido os impactos das mudanças climáticas. A produtora ressalta que o clima está mais quente, o que os fez mudar o horário de trabalho. Não se consegue mais trabalhar entre as 11h e as 15h. Além disso, o frio também se tornou mais rigoroso, chegando a temperatura de 18 graus Celsius negativos.

    Mais do que um cultivo para o presente e para o futuro, a planta tem trazido transformações profundas não apenas para Trigidia Jiménez, que é uma das integrantes da Rede Nacional de Saberes e Conhecimentos em Cañahua, mas para toda a comunidade, que conta com mais de 1,5 mil famílias que comercializam a planta. Ela ressalta que esse cultivo tem beneficiado sobretudo as mulheres.

    “Há alguns anos eu dizia que tinha escolhido a cañahua como um objetivo de vida, mas agora me dou conta de que ela me escolheu, porque tínhamos que escrever uma história juntas, uma história de valorização da nossa cultura, de revalorização da cañahua, uma história para fazer uma incidência social e econômica na comunidade, fazer uma incidência no meio ambiente, de cuidado com a mãe terra e uma incidência de gênero, podendo mostrar que nós, mulheres, podemos liderar empreendimentos rurais.” Trigidia busca o reconhecimento da cañahua e que a planta receba os mesmos incentivos da quinoa no país, que teve muita atenção principalmente no governo de Evo Morales.

    Resiliência e estudo

    Em Trindade e Tobago, está o produtor e pesquisador Ramgopaul Roop, responsável por uma propriedade onde se desenvolve uma agricultura resiliente, focada no bom uso da água e na saúde do solo, sempre de forma sustentável, a Rocrops Agrotec. A propriedade recebeu uma série de prêmios, entre os quais, o Empreendimento Agrícola do Ano, em 2001.

    A terra, que atualmente é fértil, foi parte de uma base militar estadunidense durante a Segunda Guerra Mundial. “A vegetação tinha sido toda removida, era basicamente para grama”, conta. Com a ajuda do Ministério da Agricultura e de pesquisadores, foi possível reabilitar o solo. O projeto durou três anos, entre 1994 e 1997, e Roop tem mantido o solo fértil desde então.

    Hoje, aos 76 anos, Roop é também pesquisador e estudante. Apesar das diversas especializações que tem no currículo, continua estudando. “Eu mesmo provo com a minha história a importância de um aprendizado ao longo de toda a vida”, enfatiza. Para ele, as soluções para o campo e para a segurança alimentar passam também pelos estudos e pela capacitação.

    A fazenda de Roop integra a Associação Mundial para a Água. “Parte do ecossistema que construímos na área foi plantar árvores ao redor da periferia da fazenda, que dariam sombra às plantas e serviriam para barrar o vento direto na vegetação. Também trocamos o cultivo de hortaliças, culturas de curto prazo, por culturas arbóreas. Produzimos uma espécie de lima, um limão muito macio e suculento que se vende no supermercado, muito popular. Vendemos pacotes de 12 unidades e marcamos com nosso nome”, diz.

    Ele explica que seu método de produção é um sistema sustentável integrado onde se usam soluções naturais e se reduz o uso de agrotóxicos. “Usamos cortadores mecânicos para aparar a grama e deixar formar uma cobertura morta que vai reter a umidade. Além disso, o que fizemos foi como uma pequena fazenda e mostrar que podemos viver na fazenda. Minha família e eu conseguimos nos sustentar nos últimos 35 anos.”

    Roop acrescenta que a região enfrenta desafios com as mudanças climáticas. O Caribe, que costumava ser ensolarado e chuvoso, tem enfrentado secas prolongadas e, quando a chuva vem, vem mais forte, causando inundações.O produtor fez adaptações na fazenda, para controlar melhor a irrigação e mesmo o escoamento. Ele diz ainda que as árvores ao redor da propriedade ajudam a mitigar os efeitos das mudanças no clima. “E eu lhe digo: tenho algum conhecimento tradicional de meus pais. Você precisa colocar seu coração nisso, você precisa se comunicar com a planta. Há uma vida ali.”

    *A repórter viajou a convite do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA)

    Fonte: Agência Brasil