Categoria: Opinião

  • Pandemia, luto e presidente louco

    Pandemia, luto e presidente louco

    Em 1917 ainda não se dava importância alguma à Encruzilhada dos Gomes, futura Cascavel, então apenas um ponto de passagem de ervateiros. Antes que a cidade de Cascavel brotasse ainda viriam duas revoluções.

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    A Encruzilhada resultou da estrada ervateira aberta em 1895 pela família do coronel Augusto Gomes de Oliveira, ligando Catanduvas a Lopeí. Por isso, “dos Gomes”.

    Mais próximo dos antigos traçados estava o pouso tropeiro do Rio Cascavel, também cortado pela estrada dos Gomes, que para construí-la receberam cinco mil alqueires de terras em pagamento, a serviço da obrage Nuñez y Gibaja.

    A Rodovia Estratégica, que em breve iria passar pela Encruzilhada dos Gomes em um novo traçado, encontrava-se no mais completo abandono, não oferecendo condições nem mesmo ao tráfego de carroças. Eram tempos, definitivamente, muito ruins.

    O engenheiro Francisco Natel de Camargo começou as obras da Estratégica em Guarapuava e seguiu em direção à Colônia Mallet (futura Laranjeiras do Sul), onde já havia um pequeno povoado, com estação telegráfica e alguns estabelecimentos comerciais. “Se desmatava e após era feito o corte, serviço de terra que sofria alargamento do antigo leito a força de chibanca, a pé, a razão de 560 réis o quilômetro” (Sandálio dos Santos, Memórias).

     

    Novos traçados

    Alcançaram Catanduvas rapidamente, já que a estrada inicial havia estacionado ali. Agora o trabalho seria bem mais difícil: não se tratava mais de reabrir uma estrada abandonada, mas de abrir a nova rodovia, justamente quando começava o terreno mais acidentado e difícil, com diversos rios e ribeirões.

    A partir de Rio do Salto, os construtores aproveitam restos de uma antiga picada tropeira. Daí, sob a supervisão do engenheiro Moisés de Marcondes, os trabalhos seguem até a abertura da Picada do Benjamim (Boa Vista, mais tarde Céu Azul).

    Em Boa Vista, a estrada se une à linha telegráfica, levantada em 1906. Nesse ponto, os serviços de construção passam à direção do prefeito de Foz do Iguaçu, coronel Jorge Schimmelpfeng, cuja turma de trabalho partira da fronteira abrindo seu caminho carroçável.

    Ao se encontrar, as duas turmas completam a ligação rodoviária do litoral à fronteira. Em breve os caminhões e os automóveis estariam fazendo todo esse percurso. Tantos detalhes se tornaram possíveis por ter sido registrados por Alípio de Souza Leal (1889–1974), que trabalhou como feitor na equipe de Natel de Camargo. 

    Segundo ele, na construção da rodovia a partir de Foz do Iguaçu até Boa Vista o traçado foi bastante modificado. O primeiro, herança dos militares, cortava todos os afluentes do Rio Iguaçu, tornando as viagens bastante penosas. Não raro os viajantes eram obrigados a acampar junto a atoleiros.

    O novo trajeto foi projetado em função do divisor de águas e é praticamente o mesmo da atual BR-277.

     

    Navegação toda estrangeira

    A Argentina investia firme na navegação do Rio Paraná, chegando a promover até a drenagem no leito para a passagem de navios de maior calado.

    Ao Norte de Foz do Iguaçu, o Rio Paraná tinha vários portos: Bela Vista, de Hygino Alegre; Sol de Maio, de Juan Cafferata; Santa Helena, de Domingo Barthe; Jejuy, de Eugenio Cafferata; Felicidade, Britânia e Rio Branco, da Fazenda Britânia; São Francisco, de Nuñez y Gibaja; Artaza, de Julio Allica; e Mendes, da Empresa Mate Laranjeira.

    “Todos esses portos são abastecidos pela Argentina com os seus navios. Uma navegação nacional seria recebida ali com grande satisfação dos nossos patrícios que dia a dia se sentem mais afastados da comunhão nacional” (Júlio Nogueira, Do Rio ao Iguassu e ao Guayra).

    Nessa época, Pato Branco passa a se destacar no mapa do Paraná com a formação de sua Colônia Nacional, oficializada em maio de 1918. É o Sudoeste que se desenha como região após o trauma do Contestado.

    O governo do Paraná também desdobra sua política para o interior e celebra com estardalhaço, em 8 de setembro de 1918, um acordo com a Companhia de Estrada de Ferro São Paulo–Rio Grande para a construção da ansiada via férrea entre Ponta Grossa e Guarapuava, com prolongamento previsto até Foz do Iguaçu.

     

    Famílias inteiras doentes

    A extensão jamais passou do papel aos trilhos porque a obra sequer seria iniciada: todos os trabalhos de construção de estradas foram prejudicados pela Gripe Espanhola, que atacou o Paraná com força.

    “Foi enorme a mortalidade, pois não havia assistência médica. Em diversas casas ficaram todos acamados, sem ter quem pudesse alcançar ao menos água para mitigar a sede” (José Bischoff, Sombras do Passado).

    Famílias inteiras sucumbiam ao mal. A peste mostrou com especial agressividade a tremenda escassez de recursos médicos com que os pioneiros trabalhavam no eixo Guarapuava−Foz do Iguaçu.

    Apesar da epidemia, a companhia Alegretti se dispôs a levar adiante seu projeto de colonização às margens do Rio Paraná. A rigor, era mais necessidade que ousadia. Na época, a colonização da Serra Gaúcha alcançava um ponto de saturação, como Jorge Schimmelpfeng já havia previsto.

    Colonos de Antônio Prado, Guaporé, Bento Gonçalves e Caxias do Sul começavam sua marcha rumo às terras do Norte, muitos deles se dirigindo, inicialmente, ao Norte do próprio Rio Grande do Sul, depois a Santa Catarina e em seguida ao Paraná.

     

    Problemas sociais, greves e revoluções

    O ex-presidente Rodrigues Alves é reeleito para seu segundo mandato em 1º de março de 1918 quase por unanimidade: 386.467 votos contra reduzidos 1.258 votos obtidos pelo também ex-presidente Nilo Peçanha.

    A consagradora reeleição deveria se completar com a posse, em 15 de novembro, mas Alves também é acometido pela Gripe Espanhola. Quem toma posse interinamente é o mineiro Delfim Moreira (1868−1920), seu vice-presidente.

    Moreira, contudo, também está doente. Apático, não dá conta das tarefas de governo, exercido na prática pelo ministro Afrânio de Melo Franco (1870−1943), também mineiro. Tido por louco, terá um governo curto e desastroso.

    Agravam-se os problemas sociais e em resposta eclodem greves por todo o País. O mundo em geral vive rápidas mudanças e a rendição da Alemanha, em novembro de 1918, começa a pôr um fim na I Guerra Mundial.

    Com a guerra e depois dela, a expansão do capitalismo para o interior do Brasil terá um grande salto com a procura pela madeira necessária à reconstrução do Velho Mundo em ruínas.

    “Subiu vertiginosamente o volume das nossas exportações, além de que produtos até então praticamente desprezados foram utilizados para satisfazer a fome de matérias-primas dos beligerantes. (…) fornecemos a ambos os bandos em luta e em quantidades muito maiores o teríamos feito, não fosse tão precária nossa rede de transportes internos” (Limeira Tejo, Retrato Sincero do Brasil).

     

    Presidente ganhou sem campanha eleitoral

    Para cobrir de luto esse período tão difícil, Rodrigues Alves, o presidente reeleito com uma das votações mais extraordinárias de todos os tempos, não poderá exercer um só dia de seu segundo mandato, morrendo em 16 de janeiro de 1919.

    A lei determinava a convocação de novas eleições presidenciais, realizadas em 13 de abril. Um novo fenômeno ocorre e será o único do gênero em toda a história.

    O candidato paraibano Epitácio Pessoa (1865−1942) estava ausente do país. A serviço do governo, participava na França da Conferência de Versalhes; Sem sequer voltar ao país para fazer campanha, Pessoa derrotou o célebre baiano Rui Barbosa por 286.373 votos a 116.414.

    Vencer a eleição presidencial sem sair da Europa nem fazer campanha eleitoral foi fácil. Difícil seria governar um País em processo de crescente rebeldia militar e popular contra os maus costumes políticos.

    O tenentismo surge então como poderosa força dinâmica na sociedade brasileira no momento em que o desenvolvimento industrial produzia um movimento sindical aguerrido.

    O País começava a viver um clima pré-revolucionário, sentindo a influência das mudanças que ocorriam na Europa no pós-I Guerra.

     

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Nossa dificuldade de escutar prejudica a comunicação

    Nossa dificuldade de escutar prejudica a comunicação

    Todo mundo quer se comunicar melhor na Era da Comunicação, especialmente após os fenômenos da Aldeia Global, redes sociais, transmissões ao vivo via web (lives) e reuniões on-line, que estreitaram as distâncias geográficas entre as pessoas. O desafio é encurtar as distâncias sociais, cognitivas e afetivas.

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    Em um artigo anterior abordei aqui o tema “Comunicação eficaz”, contendo a perspectiva de quem fala ou emite uma mensagem, atribuindo ao emissor a responsabilidade por ser compreendido.

    O Victor Hugo, leitor desta coluna, lembrou do ditado: “Para um bom entendedor, meia palavra basta” – uma forma reconfortante de dividirmos a responsabilidade em um diálogo. Porém, é necessário frisarmos que: quando emitimos uma mensagem e ela não é compreendida pelo receptor, podemos afirmar que a comunicação não se estabeleceu.

    As redes sociais deram voz a milhares de pessoas que antes eram alijadas das narrativas predominantes na sociedade, o que foi positivo, sob certa perspectiva, ao provocar o fenômeno da democratização da opinião.

    Por outro lado, na medida em que todos querem falar, essa multiplicação de vozes poluiu o universo comunicativo de uma forma arriscada, pois em muitos casos as pessoas realizam afirmações descompromissadas com a verdade, sem ponderações e algumas vezes até de maneira irresponsável.

    Toda vez que você abre o Facebook ele está questionando: “O que você está pensando?” – É um convite recorrente para falarmos.

    Todos querem fazer prevalecer a sua visão de mundo, embora seja preciso lembrar que todos nós somos emissores e receptores, ora um, ora outro.

    Ainda assim, na maioria das vezes queremos ser predominantemente emissores, queremos falar e impor a nossa voz; e postergamos ao máximo a hora de assumirmos o outro papel no diálogo.

    Estamos diante de um momento histórico em que grande parte das pessoas está pouco disposta a escutar, mas que o tempo todo quer falar e ser escutada.

    E tem mais: frequentemente não admitimos nossa dificuldade em escutar as outras pessoas.

    Ouvir é uma ação mecânica do corpo, mas escutar é um processo cognitivo que demanda ouvir com atenção para poder interpretar e se comunicar.

    Quando colocamos em prática a escuta ativa (com real interesse pelo que é dito pelo outro) é que podemos nos tornar “bons entendedores”.

    Você está disposto a escutar os argumentos de quem tem opinião diferente da sua?

    Quando conseguimos colocar em prática nosso interesse genuíno pelo que o outro diz, podemos ajustar melhor a nossa fala direcionada e ele, o que possibilita alcançarmos um melhor nível de conexão com as pessoas e, consequentemente, um novo patamar de qualidade na nossa comunicação.

    Sucesso a todos!

     

     

     

     

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Seca, ratos e poder estrangeiro

    Seca, ratos e poder estrangeiro

    O Paraná sofria um desastroso final da primeira década de 1900. Como se não bastasse a tensão no Sul conflitado, a seca de 1909 foi a pior de todos os tempos.

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    “Ela atingiu os taquarais, existentes em profusão na região dos Campos Gerais e cujos frutos de trinta anos serviam para alimentar os suínos. (…) Com a seca dos taquarais vieram os ratos, que destroem as plantações e as reservas de víveres. Ressecadas, as taquaras logo foram presa de longos sinistros, que duravam semanas, dominando florestas imensas, sendo somente combatidas pelas chuvas” (José Bischoff, Sombras do Passado, 1973).

    Foi uma destruição impressionante: pinhais inteiros e incontáveis imbuias, de preciosa madeira, viraram carvão. O solo fertilíssimo torrou, passando a deserto.

    “Só brotou mato denso e sobreveio a catanduva. A criação invade as matas devassadas pelo pisoteio contínuo, formam-se os faxinais, nascendo samambaias e pragas” (Bischoff).

    Em 1910, a expansão ferroviária se definia como uma das questões mais importantes do País, um símbolo de povoamento e facilidade para o transporte da produção. Nesse vácuo, a Companhia Mate Laranjeira construiu a ferrovia Guaíra−Porto Mendes, de 60 quilômetros, destinada ao seu exclusivo transporte de erva-mate e madeiras de lei.

    A iniciativa revela com clareza o crescimento do domínio estrangeiro na região. Em março de 1911, com uma segunda compra junto ao Estado (a primeira data de 1907), a Compañia Maderas del Alto Paraná completava o grande latifúndio da Fazenda Britânia, origem de Toledo e futuros municípios desmembrados da empresa Maripá.

    O vale atormentado

    O governo do Estado e os latifundiários se lançam a iniciativas próprias ou combinadas para conhecer melhor o Oeste do Paraná, cuja exploração econômica vai compensar o Estado pela contestação do território a Sudoeste.

    Uma das principais iniciativas é a de Manoel Mendes de Camargo (1864−1943), com o propósito de abrir uma estrada por onde pretendia trazer gado desde o Mato Grosso para invernar na região de Campo Mourão.

    O topógrafo Edmundo Mercer (1878−1938) partiu em 1911 para a região do Rio Piquiri, onde fará o primeiro levantamento da área que o cronista da expedição, o também topógrafo Carlos Alberto Coelho Júnior, qualificará de “extenso e atormentado vale” em seu livro Pelas Selvas e Rios do Paraná.

    Para essa expedição foi reunido um grupo de 40 desbravadores, somando aos peões de Camargo os pioneiros mourãoenses interessados nos negócios que a integração traria.

    O outro Rio Cascavel

    A equipe técnica, além de Mercer e Coelho Júnior, trazia também o agrimensor polonês Otto Trompczynski, que no futuro viria a ser prefeito de Foz do Iguaçu. É a origem da histórica Estrada Boiadeira.

    A Companhia São Paulo–Rio Grande voltou a requerer o direito de construir uma estrada de ferro até Foz do Iguaçu em 1911, em troca das terras localizadas às suas margens. Com os entendimentos entre a Brazil Railway e o governo brasileiro, Manoel Francisco Correa retoma um projeto esboçado ainda no Império ao obter, em abril de 1912, permissão para construir essa ferrovia.

    Esse projeto, como os anteriores, também não vingará. A via férrea partiria de Guarapuava e depois de atravessar os rios Cascavel*, Coutinho, Lageado Grande, Campo Real, seguiria “às cabeceiras do Cavernoso, fraldeando daí em diante a serra do mesmo nome, atravessando os rios Xagu e União até chegar ao lugar Catanduvas e daí até a foz do Rio Iguaçu” (lei estadual nº 1.209, de 19 de abril de 1912).

    * O Rio Cascavel mencionado na lei não é o mesmo que deu nome à cidade do Oeste. É um afluente do Rio Jordão, em Guarapuava. Essa homonímia causou muita confusão.

    Sertanejos oprimidos

    No extremo-Oeste, a Colônia Militar do Iguaçu havia se revelado um fracasso. Corrupção, contrabando e má administração fizeram com que o governo federal considerasse a experiência um incômodo e não um exemplo.

    Enquanto as pressões se intensificavam contra a administração da Colônia Militar do Iguaçu, uma população flutuante se fixava em torno da trilha dos militares, ao redor das ferrovias e dos grandes acampamentos de ervais.

    Essa população seria varrida do mapa pelos novos interesses que se impunham sobre a terra paranaense.

     “As terras constituíam um estupendo negócio adicional: o fabuloso presente outorgado em 1911 à Brazil Railway determinou o incêndio de inumeráveis cabanas e a expulsão ou a morte das famílias camponesas assentadas na área da concessão. Este foi o gatilho que disparou a rebelião do Contestado, uma das mais intensas páginas de fúria popular de toda a história do Brasil” (Eduardo Galeano, Veias Abertas da América Latina).

    Quis governar sem políticos

    Com o Brasil já sob a Presidência do marechal Hermes da Fonseca, que levaria o Brasil a se submeter aos interesses estadunidenses e a contrair mais dívidas com bancos ingleses, o Paraná teria um novo governador a partir de 1911.

    Como em outras ocasiões, as elites paranaenses, sempre semelhantes em projetos e métodos, embora simulassem disputas entre suas famílias e correntes internas, chegava a mais um consenso absoluto: Carlos Cavalcanti foi eleito sem adversários após vencer algumas resistências iniciais, representadas pelas lideranças de Alencar Guimarães e Generoso Marques dos Santos, que se opunham ao seu vice, Affonso Camargo.

    Como a indicação resultou de um consenso das elites, Cavalcanti assume no início de 1912 e vai governar acima dos partidos, “à semelhança de um magistrado”, segundo o historiador Túlio Vargas. Uma ilusão, como se viu logo depois.

    Carlos Cavalcanti assumiu o governo do Paraná no final de fevereiro de 1912, mas quem realmente vai exercer o poder será seu vice-governador, representante de uma das mais poderosas famílias paranaenses: o guarapuavano Affonso Alves de Camargo.

    Começa a Era Camargo

    A partir de então, Camargo praticamente edificará um “reinado” no Paraná, que só será interrompido pela Revolução de 1930, para se recompor mais adiante, em acordos de interesse regional.

    No governo Cavalcanti-Camargo, o interesse pelo extremo-Oeste do Paraná crescia porque as vitórias sucessivas de Santa Catarina na demanda do Contestado eram atribuídas à ausência da autoridade paranaense nas regiões de fronteira.

    A missão paranista, assim, foi definida em verbos cruciais: ocupar, povoar, manter e fazer produzir. No projeto de estímulo à colonização do Oeste, em março de 1912 o governo do Paraná cedeu 20 mil hectares à empresa Petry, Meier e Azambuja, dos empresários José Petry, Hans e Alberto Meier e Antônio Bittencourt de Azambuja.

    Por sua vez, a Companhia Matte Laranjeiras formalizava, em maio, a aquisição do imóvel “Margem Esquerda do Alto Paraná”, com uma área de 9.953,05 hectares.

    Nem escola ficou

    O fracasso da colonização militar foi tamanho que sequer uma escola pública havia na Foz do Iguaçu de então.

    “Os próprios oficiais para lá destacados consideravam-se desterrados. Aproveitavam pois o tempo para melhorar sua situação financeira através do contrabando…” (Ruy C. Wachowicz, Obrageros, Mensus e Colonos).

    Foi justamente o governo do militar Hermes da Fonseca que teve a honradez de apagar essa mancha. Assim, com o processo de colonização assumido pelo governo do Paraná, em 16 de junho de 1912 o Ministério da Guerra extingue a Colônia Militar, passando seu controle ao Estado.

    As autoridades estaduais supunham que agora nada mais impediria o desenvolvimento do Oeste paranaense. Mal sabiam que complexos e longos processos judiciais viriam para fazer o Paraná perder seu Sudoeste para Santa Catarina e prejudicar os colonos que decidiram investir suas economias na região.

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Presidente de sucesso, governador sem oposição

    Presidente de sucesso, governador sem oposição

    A safra paranaense de café em 1906 foi espetacular, acima de todos os prognósticos, mas o fantasma da superprodução ameaçava o desenvolvimento do Paraná nessa primeira década do século XX.

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    O Brasil exportava, em média, de 9 a 10 milhões de sacas de café por ano. Em 1906, estimada inicialmente em 16 milhões de sacas, a safra da rubiácea rompeu a marca de 20 milhões, que se somavam a um estoque pré-existente de 9 milhões de sacas.

    Os preços caem e a situação econômica, já difícil, vai se agravar. Os presidentes (governadores) de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais se reúnem em fevereiro de 1906 em Taubaté e decidem intervir no mercado cafeeiro para contornar o desastre.

    Enquanto isso, no interior paranaense, o trabalho de integração estadual prosseguia, alcançando avanços importantes. Após as exaustivas tarefas conduzidas pelo capitão Félix Fleury de Souza Amorim na mata fechada, mais adversa que um exército inimigo, inaugura-se o terminal da linha telegráfica na Colônia Militar do Iguaçu, nesse mesmo ano de 1906.

     

    Sertanejos pelados

    Mas a crise cobra seu preço. Tão logo as obras da Estrada Estratégica alcançaram Catanduvas, a Comissão de Estradas Estratégicas foi dissolvida, ficando a construção paralisada por tempo indeterminado.

    A estrada até Catanduvas e os fios telegráficos com os trabalhos encerrados na foz do Rio Iguaçu já constituíam uma estrutura bastante razoável para estimular a colonização. O problema era como fazê-la sem imigrantes para assentar.

    Ao mesmo tempo, nasciam e cresciam os filhos dos sertanejos, que seriam chamados pejorativamente de “pelados” ou “jagunços”.

    Jagunço era o nome que se dava a uma arma tosca, similar ao chuço – uma vara com ponta de flecha ou haste de metal. Por metonímia, a arma veio a designar o lanceiro.

    Pelados, os sem-nada, quando tomados pelo desespero iriam confrontar os “peludos”: os republicanos com suas barbas bem cuidadas e fardas reluzentes.

     

    Longe de ser uma comunidade

    Antes de ser pelados ou jagunços, eles eram brasileiros pobres, sem dinheiro para comprar terras nem poder político para negociar concessões de posse com as oligarquias.

    Ocupavam o remoto interior paranaense, especialmente a rota do antigo tropeirismo, esvaziada pela emergência das ferrovias. Ali, sem documentação, mantinham suas roças de subsistência, à margem do controle oficial.

    Os sertanejos, no sentido Norte−Sul, preferem se instalar junto às estações ferroviárias. Na rota Leste−Oeste, preferem as aguadas lindeiras à Estrada Estratégica. Espalham-se pelo território contestado e se concentram às margens do Rio Paraná, servindo como peões ou se chocando com os interesses estrangeiros que exploram o mate e a madeira.

    Não era ainda uma comunidade. População esparsa e fragmentada, composta por maioria de cidadãos não brasileiros, desorganizada, mesmo sendo uma população em torno de duas mil pessoas em 1906, a vila da Colônia Militar do Iguaçu ainda não tinha a menor ideia de como utilizar as Cataratas em benefício de sua economia.

     

    O embrião de Foz do Iguaçu

    A colônia militar se orgulhava de suas indústrias de açúcar e aguardente, mas o cerne da economia regional, excluindo o descontrolado contrabando da madeira, continuava a erva-mate, como atestou Silveira Neto, responsável pela instalação da Mesa de Rendas na futura Foz do Iguaçu.

    A vila já possuía quatro estabelecimentos comerciais, as repartições militares e a agência de rendas, que encarnava a presença oficial do Estado do Paraná na fronteira.

    Em novembro de 1906, a implantação do Distrito Policial de Iguaçu acrescentaria à Mesa de Rendas o poder local de polícia, ampliando a estrutura de serviços públicos.

    A população de brasileiros aumentava em Vila Iguaçu, mas o controle estrangeiro ainda era total, parecendo aumentar mesmo com o monitoramento das autoridades brasileiras.

    Tal situação gerava desconfianças no Rio de Janeiro e em Curitiba quanto à eficácia da fiscalização do Estado e à utilidade da Colônia Militar do Iguaçu para afirmar a soberania nacional na fronteira.

     

    Estrangeiros tramam e organizam

    O poder estrangeiro sobre o interior paranaense, aliás, iria aumentar em breve. Em 6 de agosto de 1906 formara-se em Buenos Aires a Companhia de Maderas Del Alto Paraná, constituída por capital inglês.

    Uma subsidiária da matriz Alto Parana Development Company Ltda, sediada em Londres, essa empresa vinha para formar um vasto latifúndio denominado Fazenda Britânia, origem de Toledo e Marechal Cândido Rondon.

    Com a criação do Distrito Policial, em 12 de novembro de 1906, a Vila Iguaçu também se tornava distrito administrativo de Guarapuava. Nesse mesmo dia era registrada em Portland (Maine, EUA) uma empresa estadunidense que a partir de agora vai intensificar o domínio estrangeiro sobre amplas áreas do Brasil, inclusive o Paraná.

    A Brazil Railway Company surge com a garantia de que terá imensas facilidades e vantagens para operar nas terras paranaenses

     

    Pena assume, Machado morre 

    Enquanto esses acontecimentos se sucedem, o Brasil novamente em crise vai a uma nova eleição presidencial. Com cerca de 98% dos votos nas eleições d 10 de março o mineiro Afonso Pena se elege para substituir Rodrigues Alves, mas só vai assumir em novembro.

    No início de 1907, com o governador Vicente Machado já gravemente enfermo, João Cândido Ferreira assume como interino e decide assinar um ousado decreto.

    A medida cria a Comissão de Colonização do Paraná, para assentamentos com “imigrantes estrangeiros, para o povoamento do território e progressivo e eficaz incremento de todos os ramos de atividade e de trabalho”.

    Ferreira supera com essa iniciativa o desânimo de Vicente Machado, deprimido com os cortes dos subsídios federais à atração de colonos.

    Ao decidir bancar a atração de imigrantes, Ferreira ganha a simpatia do novo presidente da República, Afonso Pena. Em 3 de março de 1907 ele assume em definitivo o governo do Paraná com a morte de seu maior líder, Vicente Machado, prematuramente, aos 46 anos

     

    Colonizar sem mais retrocessos

    Já em desenvolvimento, o novo programa estadual de colonização avançava em abril de 1907 com a entrega de concessão à empresa Iznardi, Alves & Cia para construir uma ferrovia ligando Guarapuava ao Rio Paraná.

    É um projeto ambicioso e vem a calhar para as necessidades do Paraná de então. Essa empresa ofereceu efetivamente uma razoável contribuição ao desenvolvimento do Oeste paranaense, com o projeto colonizador da chamada Santa Helena Velha, mas a ferrovia jamais saiu do papel.

     Nessa época, a União também decidiu estabelecer seu regulamento para a entrada de imigrantes no País. Em meio a uma série de exigências, o imigrante era obrigado a fornecer, além de dados como idade e profissão, uma relação de parentes e até prova de “moralidade”, assegurada por documentos apresentados ao chegar.

    Combinando a legislação federal com a regional, em junho de 1907 o Paraná recebia com o decreto estadual 218 o regulamento para o Serviço de Colonização no Estado.

    Segundo essas normas, a colonização com imigrantes no Paraná poderia ser empreendida pelo Estado, pela União ou por particulares que possuíssem imóveis capazes de comportar, no mínimo, cinquenta lotes de 20 hectares cada um. Ou seja, propriedades de pelo menos mil hectares.

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Era uma vez o fim no começo

    Era uma vez o fim no começo

    Era uma vez o fim deste artigo, que foi colocado no começo. Todos viviam felizes para sempre, até que um dia, o sempre resolveu abandonar tudo. Todos ficaram preocupados, pois uma vez só que todos não fossem felizes, já não o seriam sempre.

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    Foi nessa hora que o nunca entrou em cena. Ele garantiu a todos que jamais os deixaria, até perceber que esta seria uma característica de sempre.

    Sempre e nunca eram opostos e, apesar de nunca antes terem se encontrado no universo, esse dia surpreendente chegou.

    Como poderia o nunca estar na presença do sempre? Foi inédito!

    Enquanto era comum que sempre estivesse no dia a dia de todos, nunca preferia ficar às escondidas, pois muitas pessoas o rejeitavam.

    Sempre era desejo de viver muito. Nunca era associado a descrença e pecado.

    Todos queriam viver para sempre. E nunca queriam morrer.

    Todos os desejos virtuosos e amáveis eram associados ao sempre. Para coisas ruins se fazia o sinal da cruz e se rogava o nunca.

    O nunca era pragmático. O sempre era divagador. Um dia eles se enfrentaram.

    Um paradigma se estabeleceu sobre a Terra. Ninguém sabia o que aconteceria. Poderia ser a Terceira Guerra Mundial.

    O sempre estava confiante, pois lembrou que sempre vence. Mas o nunca resistiu firme, pois garantiu que nunca perde. Eles argumentavam e o embate foi intenso.

    De ambos os lados, cada um tinha sua razão. Mas ninguém era soberano, pois na verdade dependia da interpretação. Por esse motivo, ambos venceram e continuaram no nosso imaginário.

    Há quem diga que o sempre nunca existirá, que tudo é orgânico, físico, matéria. O plano da memória, dos sentimentos e dos pensamentos findam. Somente a natureza existirá.

    Há quem tenha fé no sempre, pois ele tem caráter de eternidade, capaz inclusive de transcender o nunca, até mesmo por meio de um milagre.

    A partir de suas crenças, cada pessoa cultiva dentro de si aquilo que lhe faz sentir melhor.

    Mas antes que este artigo nunca acabe…

    Era uma vez o começo no fim, em que todos começassem a respeitar a crença que deriva da interpretação de cada um. Todos viveriam felizes para sempre. E nunca haveria guerra.

    Mas esse é um debate que sempre nunca acaba.

    Sucesso a todos!

     

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Perdendo nas armas, SC ataca o Paraná no STF

    Perdendo nas armas, SC ataca o Paraná no STF

    Quase um ano após a morte do governador que havia derrotado Santa Catarina pelas armas – Santos Andrade −, em 6 de janeiro de 1901 o advogado Manuel Mafra deu entrada no Supremo Tribunal Federal, no Rio de Janeiro, com um ação contra o Paraná que iria causar novas tensões entre os dois estados.

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    A batalha será longa. Estrategicamente, o Paraná decide intensificar suas ações de controle sobre suas regiões Oeste e Sudoeste. O 1º Batalhão de Engenharia do Exército se estabelece em Colônia Mallet, a futura Laranjeiras do Sul, para estender o trabalho de instalação da linha telegráfica.

    Tendo partido de Ponta Grossa, a missão seguirá até Foz do Iguaçu, sob o comando do capitão Félix Fleury de Souza Amorim (1866−1925).

    Seriam seis anos de trabalho duro na mata do Oeste paranaense para o goiano Amorim, que depois, major, consagrou-se atuando sob as ordens de Cândido Rondon (1865–1958) em sua célebre comissão desbravadora.

     

    Expulso da Argentina e Paraguai

    Enquanto os fios seguiam em direção à fronteira, outro oficial engenheiro, Júlio Tomás Allica, servindo ao Exército argentino, caía em desgraça em seu país ao tentar dar um golpe de Estado e também teria papel importante na telegrafia e na produção de energia elétrica no interior paranaense.

    Exilado no Paraguai, de ontem também foi expulso, Allica iniciava em 1902 a construção de um império ervateiro no Oeste do Paraná, adquirindo 400 alqueires diretamente do governo do Estado.

    Allica deu à sede de sua obrage o nome de Porto Artaza, homenagem à cidade espanhola de onde a família partiu rumo à Argentina.

    Na região, tendo como capataz o famigerado Santa Cruz, seu cunhado, formou “um verdadeiro império, com suntuosas residências, pomares, engenhos de arroz e mandioca”, segundo o Projeto Memória de Marechal Cândido Rondon:

    “Represou um lago para a produção de energia elétrica, conservando um bosque a fim de criar animais e aves regionais domesticadas. Para consumo dos habitantes desta propriedade, criava gado bovino, suínos e cabras. Para o transporte, criava equinos e muares. Dos escritórios, partia uma linha telegráfica para os ervais, a qual atingia 140 km de extensão. O porto era equipado com zorras (vagões ou carrinhos utilizados para a carga e descarga dos toros)”.

    Barthe, outro “imperador”

    Também nessa época, Manoel José da Costa Lisboa transfere ao sócio franco-argentino Domingos Barthe todos os direitos da propriedade cuja compra ele intermediara junto ao governo brasileiro, permitindo também a Barthe iniciar sua própria obrage, além de explorar a navegação fluvial e o turismo.

    Por sua vez, a Companhia Mate Laranjeira adquiria 800 mil hectares entre o Paraná e o Mato Grosso, formando uma das obrages mais poderosas. Essas companhias exploravam a mão-de-obra paraguaia e brasileira em regime similar ao da escravidão:

    “(…) exploravam preços absurdos, no clássico hábito de colocar o trabalhador sempre em dívida com o empregador. Esse é um processo de escravidão de toda a América, desde o Amazonas aos rios do Equador, desde os campos do sul do Chile aos cacauais da Bahia, desde os cafezais de São Paulo às plantações da Argentina” (Jorge Amado, O Cavaleiro da Esperança).

    A essa altura, 1902, os fios telegráficos já alcançam Catanduvas. Ali, onde os militares fizeram uma plantação em 1889, surgia uma estação telegráfica e o início da vila. A ação governamental avançará para o Oeste mais acelerada a partir de agora.

     

    Campo Mourão: chegam os brasileiros

    A Comissão Estratégica, organizada pelos militares ainda nos tempos imperiais, desembocou em 1903 na Comissão de Estradas Estratégicas.

    Muito natural, portanto, que a rodovia ligando Guarapuava a Foz do Iguaçu ganhasse a denominação provisória de “Estrada Estratégica” ou, simplesmente, “a Estratégica”, no curso das obras então iniciadas, que são a origem da atual BR-277.

    A construção da rodovia se orientava pela progressão avançada dos fios telegráficos, cuja extensão se iniciara um pouco antes. Mas a turma que abria a estrada nunca chegaria a alcançar a vanguarda telegráfica: a engenharia militar decidiu direcionar a estrada para o divisor de águas, afastando-se da linha depois que as obras empacaram em Catanduvas.

    Por essa época, o paulista José Luiz Pereira, fixando-se na fértil região hoje polarizada pela cidade de Campo Mourão, inicia uma nova frente de colonização no remoto interior paranaense. Desta vez, com brasileiros.

     

    Cresce o domínio argentino

    No extremo-Oeste, com a legalização das terras que possuía no Brasil, Domingo Barthe assume o controle da navegação no Rio Paraná, pondo em suas águas os vapores Feliz Esperanza, Dolores Barthé e Tembey, destinados exclusivamente ao transporte de passageiros e cargas entre Buenos Aires e Puerto Aguirre.

    Em meados de 1903, o baiano Dionísio Cerqueira (1847–1910), general e ex-ministro de Prudente de Morais, chefe da Comissão de Demarcação dos Limites Brasil-Argentina, funda o núcleo que daria origem a duas cidades.

    Um acampamento onde havia um barracão para a hospedagem dos tropeiros e militares de passagem seria uma delas, hoje com seu nome. A outra era um pedaço urbano da atual Barracão.

    É sob o comando do general Cerqueira, como parte de um projeto diplomático, que se inaugura em 20 de julho de 1903 o Marco das Três Fronteiras, estabelecendo o limite territorial do Brasil com a Argentina e o Paraguai.

     

    Machado, o governador unânime

    Nas eleições de 1903 para o governo do Paraná, em raro fenômeno na história paranaense, as elites no controle da economia e da política não sentiram a necessidade de criar, como se tornou hábito desde o Império, duas candidaturas formalmente opostas para, em polarização, manter a mesma estrutura de poder.

    Seria inútil. O ex-governador Vicente Machado (1860–1907) era a grande liderança do Estado desde a resistência aos invasores gaúchos. Foi eleito sob o consenso das lideranças políticas, algo que só teria similar no futuro com a ampla aliança construída em torno do jaguariaivense Moysés Lupion (1908−1991), nascido um ano após a morte de Machado.

    Na frente desbravadora, os trabalhos da linha telegráfica e da Estrada Estratégica avançavam ao sabor do clima em 1904.

     

    A saga de João Gualberto

    O alferes João Gualberto Gomes de Sá (1874–1912), designado para servir na Comissão encarregada da abertura da estrada e linha telegráfica ligando Guarapuava à Colônia Militar de Foz do Iguaçu, avançava quando o tempo favorecia. Ele passou cerca de quatro anos no sertão.

    “Os acampamentos se localizavam à margem dos rios. Sempre que a frente de trabalho se distanciava mais de 30 quilômetros, aconteciam as mudanças. Feitas de madeira tosca, sem pintura, janela de pau, as casas nem assoalho tinham. Cobertas de tabuinhas, dividiam-se em sala de dois quartos, que continham camas tipo tarimba, pregadas na parede, guardavam as roupas nas malas ou em prateleiras improvisadas” (Francisco Brito de Lacerda, Gazeta do Povo, 25/1/1987).

    O engenheiro curitibano Arthur Martins Franco (1876−1979) vai iniciar em 3 de setembro de 1904 uma viagem ao Oeste do Paraná em que cada passo será uma página histórica. Ele pretendia abrasileirar o Oeste do Paraná, mas isto só começaria de fato duas décadas mais tarde, após a Revolução Paulista.

    O trajeto seguido pelo engenheiro, então com 28 anos, hoje parece maluco: para chegar à região de Cascavel, começou partindo de Curitiba a Paranaguá, onde tomaria um navio argentino para viajar a Montevidéu (Uruguai) e então a Buenos Aires (Argentina), para finalmente se deslocar pelo Rio Paraná até Foz do Iguaçu.

     

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Comunicação eficaz: a responsabilidade é de quem fala

    Comunicação eficaz: a responsabilidade é de quem fala

    Você já foi mal-interpretado(a), se expressou mal ou disse algo que a pessoa entendeu errado?

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    Pior: alguém ficou chateado com você, por alguma coisa que você falou (mas não era a sua intenção)?

    Já aconteceu comigo.

    Problemas de comunicação são comuns, mas preciso lhe dar uma notícia: “Comunicação não é o que você fala, é o que o outro entende”.

    Portanto, em matéria de comunicação, quem tem a responsabilidade pela compreensão da mensagem é o emissor!

    Exatamente: quem fala ou escreve é que precisa se esforçar para ser compreendido pelo outro, que é o receptor.

    Sendo assim, para termos uma comunicação eficaz precisamos nos esforçar para conquistar a compreensão alheia.

    E de que forma podemos melhorar a nossa comunicação, para evitar mal-entendido?

    Primeiro temos que pensar nos fatores que podem causar “ruídos”, que é quando ocorre alguma interferência, a qual reduz ou prejudica a eficácia da comunicação.

    O ruído pode advir de fatores contextuais, culturais, palavras desconhecidas, entonação, ausência de referências, problemas técnicos, ou ainda por interferências emocionais, psicológicas ou interpretativas.

    Sendo assim, no ato comunicacional precisamos levar em consideração todos os fatores envolvidos, especialmente as características do receptor e o contexto.

    Desse modo, conforme o perfil do(s) receptor(es) e as condições em que a nossa comunicação acontece, podemos fazer uma melhor escolha das palavras na hora de transmitir uma mensagem.

    Por exemplo: não adianta falar pra sua avó que ela é “cringe”, ou falar para o seu neto que ele fala mais que o Chacrinha! Provavelmente os receptores em questão não terão essas referências, causando uma lacuna na comunicação (ruído).

    Além disso, as pessoas têm diferentes interpretações e distintas formas de assimilar as informações.

    Lembra daquele professor que explicava e a gente não entendia, enquanto outro colega conseguia captar tudo na mesma aula? Então considere que, assim como o professor, nem sempre somos compreendidos pelos ouvintes.

    Uma estratégia é utilizar imagens, emojis, fatos e dados, como reforço à mensagem.

    Outro ponto importante é dialogar no sentido de nos certificarmos a respeito da compreensão do outro. Perguntar se ficou claro, se existe alguma dúvida, ou ainda explicitar o que esperamos dele a partir daquela nossa fala.

    Essas indagações irão ajudar a garantir que a nossa comunicação seja realmente eficaz.

    Logo, é fundamental assumirmos uma postura responsável sobre o que comunicamos. Faz sentido pra você? Ficou alguma dúvida? Comente aqui embaixo.

    Sucesso a todos!

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Surge com Abreu o novo Paraná

    Surge com Abreu o novo Paraná

    No fim do século XIX, enquanto o governo tentava fortalecer a brasilidade no interior, do outro lado da fronteira vinha uma importante lição aos paranaenses e ao Brasil, trazida pela escritora portenha Victória Aguirre Anchorena (1860–1927).

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    Sobrinha do famoso pintor Prilidiano Pueyrredón (1823−1870), Victória Aguirre foi precursora, por sua ação cultural e beneficente, das mais importantes personagens femininas de uma nação que a partir dela teria como ícones a pampiana Evita Perón (1919−1952) e as Mães da Plaza de Mayo.

    Em 1898 ela participava da primeira caravana de visitação turística às Cataratas do Iguaçu. Aos 38 anos, Victória Aguirre já era uma expressão importante em seu país. A escritora ficou inconformada por não haver uma boa estrada até os maravilhosos saltos.

    Foi assim que ela tomou a decisão de patrocinar a construção de uma rodovia para permitir o acesso de turistas de todo o mundo às Cataratas.

    A empresa argentina Nuñes y Gibaja, que também operava no Brasil, entrou com mais dinheiro, máquinas e pessoal para concluir a obra, que era de seu interesse. A estrada permitiria fácil acesso ao hotel que a empresa mantinha no lado platino das Cataratas.

    O nome da escritora benemérita do turismo foi escolhido pelas autoridades argentinas para batizar o porto localizado na tríplice fronteira – Puerto Aguirre –, que viria dar origem à atual cidade de Puerto Iguazu.

    Mais que São Paulo

    Nas eleições presidenciais de 1898 vão às urnas 462 mil eleitores, delas saindo o segundo presidente civil da República: o rico fazendeiro paulista Manuel Ferraz de Campos Sales (1841−1913).

    Cândido Ferreira de Abreu, o supersecretário estadual dos Negócios de Viação, Obras Públicas e Colonização do Paraná, assumiria, nesse período de entra-e-sai de governantes, um papel decisivo de comando no processo de interiorização administrativa do Estado.

    São Paulo, por exemplo, oferecia aos imigrantes a oportunidade de ser mão-de-obra substituta para os escravos, mas Abreu queria lhes oferecer algo bem mais sugestivo: não só um emprego temporário, a cada safra, mas a oportunidade de enriquecer.

    Nos últimos meses do século XIX, Abreu vinha de uma gestão magnífica à frente da Prefeitura de Curitiba e daria também uma importante contribuição ao Estado do Paraná, estabelecendo uma forma inteligente de atrair ao Paraná os imigrantes mais bem preparados e ambiciosos.

    No comando das áreas mais importantes na administração do Paraná de então – estradas, obras públicas e colonização −, Cândido de Abreu oferecia aos imigrantes a oportunidade que jamais conseguiriam se mantendo na condição de mão-de-obra barata a serviço dos poderosos cafeicultores paulistas e seu “sistema egoísta de colonização”.

    Ganham aqui, gastam lá

    “Ao viajante observador não escapará, por certo, a enorme quantidade de colonos que regressam à Pátria, depois de na safra do café terem adquirido um insignificante pecúlio” (Cândido de Abreu, em Relatórios da Secretaria de Negócios de Viação, Obras Públicas e Colonização do Estado do Paraná, 1899).

    Gastando em seu país o pouco que recebiam, os imigrantes retornavam a São Paulo para a safra seguinte, recorrendo às passagens pagas pelos fazendeiros no porto de embarque.

    “Estou convencido que o colono retira-se de São Paulo e vai despender longe dali o que ganhou, porque não encontra terra para adquirir e estabelecer-se”, afirmava o secretário.

    É a partir daí que os imigrantes, que já manifestavam sensação de progresso na capital, começam a ter essa mesma perspectiva no interior. Assim, é na esteira da política de enriquecer imigrantes formulada por Abreu que os primeiros habitantes de Irati chegam, em 1899.

    Explica-se nesse ânimo pela colonização do interior paranaense porque os estrangeiros que iniciaram no centro do Paraná o povoamento de Reserva (franceses, depois eslavos) deram à sua colônia o nome de Cândido de Abreu, hoje sede de um tradicional município paranaense.

    Ferrovia, eterno projeto

    As ferrovias também figuram com destaque nos planos de Abreu para integrar o Paraná de Norte a Sul, Leste a Oeste. Na trilha dessa estratégia, Timóteo de Souza Feijó, em abril de 1899, recebe concessão para construir uma ferrovia ligando Guarapuava às Sete Quedas.

    O governo consegue no Congresso Legislativo do Paraná autorização a Feijó para construir uma estrada que teria 30 metros de largura, dos quais os 15 metros do centro limpos e destocados.

    A estrada de ferro que se pretende construir no centro dessa estrada partiria de Guarapuava, seguindo até a foz do Rio Ivaí e daí às Sete Quedas, percorrendo a região entre os rios Piquiri e Ivaí, pelo divisor de águas dos dois vales. Um bom projeto que seus sucessores não levaram adiante.

    Os trilhos se desenvolviam só no sentido Norte-Sul. Começa a operar com oficinas de manutenção a estação da Estrada de Ferro São Paulo−Rio Grande em Ponta Grossa, dando impulso à colonização do Centro-Sul do Paraná.

    Nos últimos instantes do século XIX o Estado também já começava a se destacar na produção industrial de madeira. Suas 64 serrarias apresentavam um volume de produção suficiente para assumir uma ainda modesta mas já honrosa quarta posição na receita do Estado.

    O novo século

    1900. Começa o século XX, em que o Paraná assumirá uma posição de destaque entre os estados mais importantes do País. Deixará de ser apenas uma sombra paulista para ter sua própria identidade.

    É assim que, ansiosos pela riqueza oferecida pelo secretário Cândido de Abreu, os imigrantes chegam maciçamente, agora vindos principalmente da Itália.

    O censo de 1900 revela um Brasil de 17,3 milhões de habitantes, 74% dos quais analfabetos e com uma expectativa de vida de 33,7 anos. O Paraná estava com ainda escassos 327.136 habitantes.

    O interior também revela dinamismo e vitalidade nesse início de século. Para evitar esta sangria e os demais problemas que ameaçavam a indústria ervateira, Vicente Machado, com sua liderança de ex-governador, parlamentar e em vias de novamente retornar ao governo, propõe uma polêmica medida, que vai sacudir a economia sul-americana.

    O estabelecimento do monopólio estatal da erva-mate defendido por Machado iria detonar uma reação furiosa entre os interesses anglo-argentinos solidamente estabelecidos nas barrancas do Rio Paraná.

    Estratégias das obrages

    Em represália à proposta de Vicente Machado, a companhia Nuñes y Gibaja transferiu seu trabalho de exploração com a madeira para o lado argentino das Cataratas do Iguaçu.

    Com isso, o monopólio estatal da erva-mate provocou uma consequência inicialmente não calculada pelas lideranças paranaenses. Obrigou os interesses privados que ganhavam muito com a exploração desimpedida do mate a aumentar sua aposta na extração da madeira para compensar as perdas.

    Foi a partir daí que a empresa Nuñes y Gibaja se tornou a principal divulgadora da beleza das Cataratas do Iguaçu, praticamente iniciando a exploração comercial do turismo na região.

    Mas o obragero franco-argentino Domingo Barthe preferiu um caminho bem diferente: a parceria com brasileiros influentes. Ele iria se aliar ao coronel Manoel José da Costa Lisboa na aquisição de uma área que no futuro seria muito cobiçada e objeto de interesse para grileiros e posseiros.

    É um título provisório que assegurava direito a 10 mil hectares de terras devolutas comprados nas áreas de Entre Rios, Paz e Tormenta, então situados na porção Oeste do município de Guarapuava, que se estendia até o Rio Paraná.

     

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Gaúchos e catarinenses atacam o Paraná

    Gaúchos e catarinenses atacam o Paraná

    Criado com a República, em 1889, o Estado do Paraná tinha a pretensão de resolver os problemas que a Província do Paraná (1853–1889) não conseguiu. O principal deles era a ocupação dos territórios esvaziados de contingentes indígenas.

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    No início da década de 1890 as apostas nesse sentido estavam na Colônia Militar do Iguaçu. Sob controle federal, a CMI permitiria ao Paraná cuidar da integração entre as regiões Norte, sob influência paulista, e Sudoeste, entregue aos coronéis curitibanos.

    Provavelmente o maior importante homem público da história paranaense, o engenheiro Cândido de Abreu (1856–1918) foi enviado à região para avaliar os rumos da Colônia Militar e encontrou muitos problemas.

    Seu relatório, porém, foi brando: “É de justiça consignar-se que o que ali existe de bom e de bem feito deve-se às administrações desse período, especialmente à do saudoso capitão Edmundo de Barros e seus auxiliares”, escreveu Abreu em 1894.

    “Esse período caracterizou-se no empenho em dar à Colônia uma feição de liberdade e asilo; todos trabalhavam por sua prosperidade”.

    O legado de Barros

    Na verdade, no extremo-Oeste do Paraná a economia que prosperava era o contrabando, causando sérias dores de cabeça ao comando da Colônia Militar.

    As maravilhas do lugar ainda estavam longe de sugerir seu aproveitamento econômico: o turismo na fronteira não era viável por absoluta falta de estrutura.

    Embora se saiba que a influência do inventor Alberto Santos-Dumont (1873−1932) foi decisiva para a criação do Parque Estadual (depois, Nacional) do Iguaçu, em 1916, não foi ele quem o idealizou.

    A origem do Parque Nacional do Iguaçu está no trabalho do militar e escritor goiano Edmundo Xavier de Barros (1861–1905), um dos formadores da cidade de Foz do Iguaçu, já mencionado elogiosamente em 1894 pelo engenheiro Cândido de Abreu.

    Coube a Barros, em 1897, enquanto Santos-Dumont fazia seu primeiro voo de balão em Paris, iniciando sua histórica trajetória aeronáutica, a iniciativa de levantar a planta dos Saltos das Cataratas em detalhes, projetando um grande parque a ser construído na margem brasileira, diante das Cataratas.

    Santos-Dumont, no século seguinte, será o responsável por agregar ao projeto a força de sua celebridade e levá-lo a se concretizar.

    Contrabando à solta

    O retrato otimista de Abreu em 1894, porém, ignorava a agricultura pouco expressiva, muito aquém de seu potencial. As culturas de subsistência normalmente mascaravam a atividade principal: o contrabando.

    Nesse ponto, a Colônia Militar quase não saía do lugar: não convertia em ganhos econômicos o estímulo, ainda que mínimo, às culturas de café, fumo, mandioca, cana-de-açúcar, arroz, trigo, cevada, feijão, milho, batata e outros produtos que o Paraná pretendia para alimentar seu povo.

    Para o governo do Paraná, nessa época, a prioridade foi reforçar as vias de transporte e as comunicações. O combate ao contrabando deveria ser feito pelas autoridades militares. Afinal, a colônia era militar e pertencia à União.

    Foi assim, priorizando a infraestrutura, que em outubro de 1894 o Estado já punha em operação os serviços das linhas telefônicas de Foz do Iguaçu, sob o comando do alferes João Gualberto Gomes de Sá Filho (1874−1912), um jovem pernambucano de 20 anos.

    João Gualberto foi em seguida também designado para cooperar com a Comissão Estratégica, encarregada de construir a estrada Guarapuava−Foz do Iguaçu.

    Brasil vence Argentina

    Terceiro presidente da República e primeiro civil no cargo, Prudente de Morais assume em 15 de novembro de 1894 um país mergulhado na crise, com muitas tensões políticas e derramamento de sangue.

    Para a região, a gestão de Prudente foi positivo na medida em que foi sob seu governo que no início de 1895 chegou ao fim o contencioso entre Brasil e Argentina sobre a chamada Região das Missões.

    Laudo emitido pelo presidente Grover Cleveland em fevereiro de 1895 acolheu a tese do barão do Rio Branco quanto à posse efetiva da área, assegurando ao Brasil a região Sudoeste do Paraná, barrando assim a pretensão platina.

    O Brasil não perderia mais essa região, mas o Paraná perderia parte dela para Santa Catarina no século seguinte.

    Com Andrade, paz e progresso

    No fim do século XIX o Paraná foi governado por José Pereira dos Santos Andrade (1842–1900). Em tempos geralmente de brigas e rancores, o governo do conservador Santos Andrade foi de paz e progresso.

    Em feito raro, politicamente perfeito e estrategicamente vencedor, começou chamando para a articulação política do governo seu maior adversário: o coronel Luiz França, em quem viu disposição e concordância em unir o Paraná para enfrentar seus grandes desafios.

    Na grave crise decorrente da Revolução Federalista, amargando a invasão de aguerridas tropas gaúchas, Andrade abriu mão do salário de governador, que ficaria para ser pago quando o Paraná voltasse a prosperar.

    Além de nunca mais ser pago, no final do governo ele foi surpreendido pela informação de que tropas catarinenses foram enviadas para ocupar o Sul e Sudoeste paranaense.

    Forte coluna da polícia barriga-verde, embarcada em lanchas e vapores, pretendeu controlar a navegação dos rios Negro e Iguaçu, de jurisdição paranaense.

    Santos Andrade reagiu, atacou, venceu e desarmou os soldados do Estado vizinho, arrecadando todas as armas e munições que portavam. Saiu do governo em fevereiro de 1900 e morreu logo depois.

    CM tenta mostrar eficiência

    O final do século XIX foi um período marcante para a história do Sul brasileiro, uma vez que em 1896 começou a construção da Estrada de Ferro São Paulo−Rio Grande, elemento decisivo na formação do Paraná.

    É a ferrovia que fará a integração entre o Norte e o Sul do Estado. Cada estação ou posto avançado de trabalho com boas aguadas vai gerar um núcleo de colonização.

    Um Paraná mais íntegro se esboça no avanço dos trilhos e os conservadores prevaleciam. A supremacia dos maragatos no Litoral havia sido quebrada na espinha com a derrota da Revolução Federalista.

    A Oeste, a estruturação da Colônia Militar do Iguaçu já dava ao governo estadual a impressão de ter regularizado as explorações ervateiras nas margens do Rio Paraná.

    Os números oficiais revelados em 1896 pelo comandante da Colônia Militar, tenente-coronel Joaquim de Sales Torres Homem (1851−1920), apontam que Foz do Iguaçu registrou nesse período um volume de exportação de erva-mate ao redor de 880 toneladas.

    Torres Homem reconhecia, entretanto, que pelo menos um terço da produção total do mate seguia para a Argentina via contrabando, passando ao largo de qualquer fiscalização oficial.

    Primeiro combate ao contrabando

    O governo do Paraná resolve endurecer a fiscalização, em fins de 1897, procurando reforçar o erário estadual com o combate à sonegação.

    Vai empreender uma repressão mais forte ao contrabando na fronteira, onde a omissão dos militares permite a sangria de riquezas paranaenses para a Argentina, via Rio Paraná.

    As agências fiscais já existentes tiveram ações intensificadas e uma comissão do Estado foi enviada à Colônia Militar para criar uma agência fiscal de fronteira.

    Ao criar a Administração dos Correios do Estado, em janeiro de 1898, o governo do Paraná concentra energias em uma de suas prioridades: a comunicação entre a capital, o litoral, o Sul ameaçado pelas tropas catarinenses e as regiões de desbravamento, especialmente a tríplice fronteira.

    Faz parte do esforço para interiorizar a administração estadual a criação de entrepostos em postos-chaves ao longo da trilha militar que daria origem à Estrada Estratégica, hoje BR-277.

    O século XIX se encerra com o Paraná amargando prejuízos com a cultura do café. A agricultura ainda estava longe de ser o negócio do Paraná. A sombra da indústria ervateira pairava permanentemente sobre o Estado e a primeira tentativa de exportar o café regional foi desastrosa.

     

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  • Clima frio, coração quente

    Clima frio, coração quente

    Nesse início de agosto tivemos temperaturas um pouco mais elevadas, mas quem gosta do frio se deliciou em julho e já está por dentro da previsão de novas ondas de frio que vêm pela frente.

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    As baixas temperaturas registradas aqui em Cascavel são favoráveis para saborear bons pratos, bebidas intensas, curtir lareira e roupas elegantes. Mas, o frio é gélido para quem não tem acesso a esses itens de conforto.

    Você pode até ser frio em relação à política, mas o calor humano precisa se sobrepor às diferenças ideológicas nessa hora.

    O acolhimento de pessoas em situação de rua realizado pelo governo municipal no Ginásio de esportes do Creas Augusto, no Bairro Coqueiral, foi uma iniciativa ímpar, especialmente pela forma como foi realizado.

    Primeiro porque seria muito mais cômodo para um gestor nada fazer. Fechar-se no gabinete, proteger-se do vento cortante e ignorar as necessidades alheias.

    Seria muito raso simplesmente lamentar a situação em palavras que se esvaem na próxima volta do ponteiro do relógio.

    Necessidades requerem atendimento e fazer gestão demanda atitude. Muito além de adotar uma providência, o prefeito Leonaldo Paranhos demonstrou empatia por aqueles cuja condição clamava por proteção.

    Ele não apenas decidiu, como participou do trabalho em favor das pessoas que sofreriam muito com as baixas temperaturas, inclusive abaixo de zero grau.

    Foi realizado todo um planejamento da ação, posteriormente os moradores de rua foram levados ao abrigo, atendidos com café, alimentação, colchões e cobertores para se aquecerem. Até mesmo os animais de estimação deles foram acolhidos, inclusive com casinhas para os pets.

    Mais do que oferecer um lugar para eles ficarem, o gestor convidou um artista para levar música e alegria aos acolhidos, cantou com eles e teve até sessão de cinema. O clima lá fora poderia estar frio, mas com certeza o coração de todos ficou mais quente.

    Talvez pode parecer pouco para quem tem muito; mas é bastante para quem tem pouco, como é o caso das pessoas em vulnerabilidade social.

    Considerei importante abordar este assunto e reconhecer a grandiosidade desta ação realizada em nosso município, pois os órgãos públicos muitas vezes são desacreditados por terem à frente líderes políticos. Porém, tem horas em que a solidariedade se sobressai aos posicionamentos partidários.

    Sabemos quanto custa uma obra civil, mas por vezes esquecemos quanto vale uma obra social.

    Por isso eu quero valorizar e aplaudir de pé o trabalho que o nosso gestor tem desenvolvido; além de externar meu respeito e minha admiração.

    Calor humano a todos!

     

    Fonte: Fonte não encontrada