Categoria: Opinião

  • Governador detestado e Zacarias leva o Brasil à guerra

    Governador detestado e Zacarias leva o Brasil à guerra

    Embora favorecida por lei provincial específica em de 21 de março de 1854, a atração de imigrantes ao Paraná demorou a produzir resultados consistentes, enquanto interesses estrangeiros tomavam conta do Oeste, na trilha do expansionismo britânico.

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    O porto de Santa Helena, no Rio Paraná, é tido como instalado em 1858, embora erroneamente atribuída à Companhia Domingo Barthe, que só viria a se constituir vários anos depois.

    A essa altura, o Paraná sempre esvaziado de índios, mão de obra escrava e soldados, levados para as lavouras de São Paulo e combates no Sul, só contava com cerca de 70 mil habitantes.

    A inexpressividade da agricultura, com o êxodo da mão-de-obra escrava, tornava a pecuária absoluta para a economia provincial.

    Em 1859, o rebanho paranaense era de 228 mil cabeças – 113 mil em Guarapuava e Palmas, o que representava a metade de todo o gado do Paraná.

    O Paraná, reportou o governador Francisco Liberato de Matos, “tem-se desvelado em promover a imigração de colonos úteis e industriosos, que superem a falta de braços que tanto sente a lavoura”, mas a iniciativa ainda estava longe de obter os resultados propostos nas leis e regulamentos.

    Cardosinho, o “econômico”

    À frente da Província do Paraná até maio de 1859, Liberato de Matos passa o governo ao fluminense Luiz Francisco da Câmara Leal (1822–1878), que passou de imediato o cargo ao conterrâneo José Francisco Cardoso (1830–1885).

    Cardoso teve uma gestão muito criticada por tomar medidas para trazer economia ao governo cortando gastos de programas e obras essenciais.

    Chegou a fechar escolas de grau médio por achá-las inúteis. E, como não havia mais escravos disponíveis, quis prender e obrigar os índios a se tornar agricultores a serviço dos brancos.

    Seu estilo personalista de governar chocou a população, que o hostilizava agressivamente, que respondeu qualificando o Paraná como “terra de selvagens”, o que lhe rendeu o incômodo apelido de Cardosinho Maluco.

    O café aparece na economia regional

    Cardoso tinha horror a criar novas vilas no interior, porque isso representava gastar com a instalação de prédios públicos, para gestão e cadeias.

    Felizmente, na gestão imperial, prevaleceu o espírito do decreto de 16 de novembro de 1859, que ao instituir as colônias militares do Chapecó e do Chopim, então parte do território paranaense, tinha como objetivos a defesa das fronteiras e o fomento à ocupação colonial da região.

    O café, já aparecendo timidamente no Norte paranaense, em algumas grandes fazendas, constituía uma primeira e sólida frente pioneira.

    Partindo das montanhas do Rio de Janeiro, o café penetrara em São Paulo em 1850, no vale do Paraíba do Sul. Em menos de vinte anos se alastrava pela região de Campinas.

    “A partir desta data o entusiasmo pioneiro se acelerou: os plantadores de café transpuseram o escarpamento de arenitos e basaltos que limita os planaltos ocidentais de São Paulo, e, desde 1880 mais ou menos, foi no quadro geográfico destes planaltos, que a frente pioneira progrediu para Oeste, em direção do Rio Paraná” (Pierre Monbeig, A Zona Pioneira do Norte-Paraná, 1945).

    Prosperidade no Brasil e crise nos EUA

    Dez anos depois de o Brasil adotar sua lei agrária, que só legitimava uma propriedade se ela fosse comprada, os EUA criam, em 1860, uma lei de ocupação que trará progresso e pequenas propriedades para sua região Oeste: a terra pertenceria a quem tomasse posse.

    Apesar do imbróglio das terras, negadas aos escravos e aos índios, sem dinheiro para comprá-las, o decênio 1850/1860 marcou uma grande fase de prosperidade econômica para o Brasil.

    Vigorava a conciliação política orquestrada pelo governo de Honório Hermeto Carneiro Leão, o Marquês do Paraná.

    Seu pacto entre adversários muito parecidos – conservadores cultos e liberais moderados – pacificara o País em um período áureo que coincide com o fim da primeira fase da Revolução Industrial.

    O Brasil estava em relativa paz, mas dramáticas notícias vinham do Norte: o Norte industrial e o Sul escravista se envolviam em fratricida Guerra Civil.

    Primeiro paranaense governador

    Em março de 1861, José Francisco Cardoso passa o governo ao mineiro Antônio Barbosa Gomes Nogueira (1823–1885). Sem deixar saudades, governou até março de 1863, quando assumiu seu vice, o curitibano Manoel Antônio Ferreira (1805–1885).

    Um dos primeiros deputados provinciais, eleito em 1854, Ferreiro se tornava o primeiro paranaense nato a assumir o posto de governante da Província, embora por poucos meses: em 5 de junho transmitiu o governo ao pernambucano Sebastião Gonçalves da Silva (1827–1879).

    Com uma gestão discreta, igualmente de poucos meses, o governo Gonçalves teve como destaque uma expedição para explorar as possibilidades do Rio Ivaí.

    Sob as ordens dos engenheiros alemães Joseph e Franz Keller, a expedição partiu de Curitiba no início de janeiro de 1864.

    Zacarias assume o governo do Brasil

    O governo de Sebastião Gonçalves coincide também com a volta de Zacarias de Góis e Vasconcelos à chefia do governo brasileiro, em 15 de janeiro de 1864.

    Novamente no comando da Nação, os liberais tentarão mostrar serviço e é assim que promovem uma ruidosa intervenção no Uruguai, onde Atanasio Cruz Aguirre (1801–1875) ameaçava os interesses brasileiros.

    O governo provincial de Sebastião Gonçalves da Silva termina em 7 de março de 1864, quando já começam a aparecer os frutos da expedição dos irmãos Keller, em sua tarefa de explorar o potencial do Rio Ivaí.

    Eles relataram ter encontrado ruínas de uma cidade: Vila Rica do Espírito Santo, “povoação espanhola destruída e abandonada há mais de trezentos anos”, que chegou a ter mais de três mil habitantes.

    Ditador paraguaio entra em cena

    O fluminense José Joaquim do Carmo Júnior (1832–1915) assumiu o governo provincial por três meses, em junho de 1864, até dar posse a André Augusto de Pádua Fleury (1830–1895), que mais tarde, de volta ao governo, passaria à história como o governador que propôs a criação de Foz do Iguaçu.

    O governo imperial, então, apresenta seu ultimato ao governo blanco do Uruguai: fixa o prazo de seis dias para Aguirre atender às exigências brasileiras, sob pena de intervenção militar para garantir os direitos dos súditos do Império do Brasil no Uruguai.

    O Paraguai reage, imediatamente. O Brasil é notificado pelo ditador Solano López, no final de agosto de 1864, que “não pode se conservar indiferente” frente a uma eventual invasão do Uruguai, “pois ela destrói o equilíbrio político no Prata”.

    López provoca, assim, uma situação de confronto. O Império não responde, mas o ditador paraguaio de fato não iria se manter indiferente à dura ação militar brasileira que estava para acontecer.

     

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Mais sucesso governando o Brasil que o Paraná

    Mais sucesso governando o Brasil que o Paraná

     

    Além de Curitiba, o litoral, Guarapuava e os setores navegáveis do Médio-Iguaçu (o Sul), a autoridade provincial paranaense era completamente ausente nas demais regiões – Norte, Oeste e Sudoeste.

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    Com essa preocupação, o presidente (governador) Zacarias Vasconcelos elaborou um plano de ocupação do interior. Para isso teria que criar condições para tornar mais consistente a atração de estrangeiros à Província.

    Essa meta levou a uma lei provincial, datada de 21 de março de 1854, autorizando o governo do Paraná a promover a atração de estrangeiros ao interior e fornecer apoio à formação de colônias agrícolas.

    Para as autoridades imperiais e provinciais, a tarefa que se apresentava era patrocinar a ocupação dos espaços vazios, promovendo a propaganda das terras paranaenses na Europa, de modo a atrair braços para a agricultura, que, até então, era tarefa ancestralmente praticada pelos índios e na região colonizada se reservava unicamente aos escravos.

    Mas os escravos haviam sido arrematados pelos cafeicultores paulistas, a bom preço, quando o tráfico escravocrata foi proibido por pressão britânica.

    O Paraná, com uma população crescentemente branca e avessa ao trabalho no campo, precisava atrair gente para ocupar as terras mais generosas do mundo e fazê-las, finalmente, produzir.

    Primeiras escaramuças do Contestado

    Logo no início da governança provincial paranaense, em 1854, começaram a se destacar as divergências com Santa Catarina quanto à extensão territorial do Paraná. E havia ainda o problema da reivindicação argentina sobre a porção Oeste de Santa Catarina e Sudoeste do atual Paraná – região que seria conhecida como Contestado.

    Por conta disso, o Exército iria fundar colônias militares, das quais um protótipo foi a Colônia Militar de Jataí, nos arredores de São Pedro de Alcântara e São Jerônimo da Serra, junto ao Rio Tibagi.

    Ocupar o amplo território do Paraná e garantir a autoridade provincial sobre ele era essencial para construir uma estrutura agrícola.

    Havia um surto de criminalidade na região, cuja causa era justamente a falta de interesse pela agricultura. Um juiz da Vila de Castro atribuiu as ocorrências violentas à desocupação proveniente da inexistência de empregos industriais, devido à predominância da criação de animais e aos negócios com o mate.

    Era mais fácil roubar gado que tratar de lavouras, como faziam os índios. Para o senso comum, não havia o propósito de alternar a criação de gado ou a indústria ervateira com o trabalho agrícola. Caberia ao governo preencher essa lacuna com incentivos.

    Rohan precursor de Rondon

    Primeiro governante paranaense, o baiano Zacarias Vasconcellos deixa o Paraná no início de maio de 1855, substituído em julho desse ano pelo paulista Teófilo Vitório Ribeiro de Rezende (1815–1884).

    Mais tarde, Zacarias governaria o Brasil duas vezes. Na primeira vez, por apenas uma semana (1864) e depois por dois anos (1866–1868), em tentativa de unir conservadores e liberais na mesma gestão para romper os prejuízos da polarização.

    Com Zacarias fora, o Império evitou entregar o governo local a um líder nascido na região porque líder local também significa oposição local.

    O próximo dirigente provincial, Henrique Beaurepaire Rohan (1812–1894), que assumiu em 27 de julho de 1855, era fluminense, filho do nobre português Jacques Antonio Marcos de Beaurepaire, o Conde de Beaurepaire.

    Ainda antes de Cândido Rondon (1865–1958), Rohan foi um defensor dos povos indígenas. Pode também ser considerado um dos precursores da expansão das etnias europeias na formação demográfica do Paraná, na medida em que foi um entusiasta da atração aos imigrantes.

    “É meu sentimento, senhores, que a Província do Paraná, nos seus ensaios de colonização (…), crie um estabelecimento agrícola, onde se admitam os estrangeiros e nacionais, que se quiserem sujeitar ao trabalho de parceria, mediante um contrato, pelo qual se obriguem a servir até haverem satisfeito seus empenhos” (Rohan, relatório ao parlamento provincial, março de 1856).

    Vários governantes, poucos resultados 

    José Antônio Vaz de Carvalhaes (1823–1888) assume o governo do Paraná em setembro de 1856. Paulista de Santos, teve como grande destaque da gestão a entrega da Biblioteca Pública do Paraná, em março de 1857.

    Quando se proclamou a Republica Juliana (ou Catarinense), em julho de 1857, ficou mais uma vez evidenciada a importância estratégica do Paraná.

    Afirmando-se um “Estado livre independente”, aliado à “República Rio-grandense de Piratini”, a República Juliana foi um sinal de alerta para a necessidade de fortalecer o Paraná no contexto geopolítico imperial para resistir aos ataques que viriam do Sul.

    Um ano de grave crise inflacionária e febre especulativa, 1857 findou, para os paranaenses, também com o término do governo Carvalhaes, em novembro, com a posse do soteropolitano Francisco Liberato de Matos (1813–1892). Mais um baiano ia dirigir o Paraná.

    Índios ou argentinos?

    A tentativa de ocupar produtivamente o território paranaense se abriria então em duas frentes na segunda metade do século XIX: a iniciativa privada, que dependia do interesse de empresas nacionais e estrangeiras, e a pública, ainda muito limitada.

    No final de 1859 haveria uma orientação mais segura para esse processo. O decreto imperial 2.502 determinava a criação de duas colônias militares para futura instalação no território do Paraná:

    “Estas colônias são destinadas à defesa da fronteira, à proteção dos habitantes dos Campos de Palma(s), Erê, Xagu e Guarapuava, contra a incursão dos índios, com o auxílio da catequese à civilização”.

    Nas entrelinhas, porém, parecia claro que a iniciativa pretendia resolver pela ocupação territorial a questão de limites com a Argentina.

    Não era exatamente fruto da alegada ameaça indígena, embora ainda houvesse alguns índios hostis, porque para isso havia aldeamentos como os de Palmas e Xagu.  ]

    Não por outro motivo Leônidas Boutin, no livro Colônias Militares na Província do Paraná, conta que o governo argentino reagiu à medida reclamando o adiamento da instalação das duas colônias até que o litígio fosse resolvido no foro internacional.

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Bolsa supera máxima histórica

    Bolsa supera máxima histórica

    O principal índice da Bolsa de valores brasileira superou sua pontuação máxima histórica e rompeu a barreira dos 130 mil pontos, na semana passada, em plena pandemia.

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    Essa alta do Ibovespa havia sido prevista por analistas financeiros e antecipada em artigo desta coluna, (https://pretonobranco.com.br/noticia/5874/uma-vacina-para-a-bolsa ) publicado em dezembro de 2020. E não é que se concretizou?

    Os motivos vão além da esperança trazida pela vacinação, pois a economia já apresenta sintomas palpáveis de recuperação. O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no primeiro trimestre do ano ficou acima do esperado pelo mercado, ao crescer 1,2%.

    Mas é o panorama global que faz o mercado financeiro ferver, com excesso de liquidez, juros baixos e alta das commodities.

    A injeção financeira e os juros baixos favorecem que as empresas captem recursos, seja para gerar caixa ou expandir. Várias companhias abriram capital, realizaram nova oferta de ações, compraram outras empresas ou realizaram fusões, do ano passado pra cá.

    Além disso, a nossa moeda desvalorizada faz com que nossos ativos sejam mais baratos para os investidores estrangeiros, propiciando negócios.

    Diante deste cenário aquecido, analistas prospectam a continuidade do crescimento da economia mundial, além de novas altas para a nossa bolsa.

    Ainda assim, é prudente fazer uma ressalva e atentar-se para a crise hídrica, pressão inflacionária e para o alto nível desemprego no Brasil, que também bateu recorde na série histórica, ao atingir 14,7% no primeiro trimestre. Um recorde negativo.

    Também não se pode ignorar que a pandemia não acabou: o ritmo de vacinação perdeu força, voltaram a subir as taxas de internações e utilizações de UTIs por conta da Covid-19, além da circulação de novas cepas do vírus.

    Por outro lado, graficamente o Ibov tem subido de forma consistente e sempre existem oportunidades, tudo vai depender da estratégia.

    As máximas das bolsas costumam ser atrativas para os investidores, por ser um momento de empolgação. No entanto, o estado psicológico que leva a esse comportamento é o contrário do recomendado pelos gurus do mercado financeiro.

    Seguindo a lógica do ensinamento: “Compre ao som dos canhões e venda ao som dos violinos”, agora, no momento de altas históricas, seria o momento de se pensar em vender os ativos e não de compra-los (ao menos na teoria). Mas como não existe receita de bolo, nem garantias de alta ou de baixa, é cada carteira uma sentença, sendo que as mais diversificadas costumam ser as mais resilientes.

    Sucesso a todos!

     

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  • Genocídio reconhecido por São Paulo

    Genocídio reconhecido por São Paulo

    O governo provincial paulista fez um relatório deprimente da situação dos índios em 1852, um ano antes da criação oficial do Paraná. 

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    Reconhecia as dificuldades dos nativos no Oeste dos atuais Paraná e Santa Catarina como resultantes da “malfadada história das povoações de Palmas e Guarapuava, que foram sucessivamente arruinadas e abolidas depois que os índios que as habitam foram assassinados e despojados das terras que lhes haviam sido concedidas” (John Hemming, Fronteira Amazônica).

    Segundo Hemming, o governo imperial “planejou recriar estabelecimentos indígenas ao longo do Rio Iguaçu – rota estratégica para uma nova estrada do Paraná às províncias missionárias da Argentina e Paraguai –, mas não houve como persuadir os Caingangues”, desconfiados de mais violências e traições.

    São Paulo admitiu “a história ominosa dos aldeamentos” no interior do atual Paraná, “que se dissolveram e extinguiram sucessivamente em razão de terem sido os índios a eles pertencentes barbaramente trucidados e espoliados das terras que por sesmaria lhes foram doadas em Guarapuava”. 

    Diante de tanta opressão, ficava difícil afastar “a desconfiança de que os índios daquelas paragens estão dominados em razão dos fatos que ali ocorreram”.

    O que deu errado?

    O governo paulista manifestou a necessidade de promover “um grande empenho” no aldeamento em Palmas para reconquistar a confiança dos indígenas. 

    Os motivos da desconfiança, depois de massacres, expulsões, promessas não cumpridas e maus tratos, ficam bem claros pelos resultados negativos da política original de catequese desvirtuada pelo aldeamento forçado via coerção militar.

    Objetivamente, a situação era cômoda para as autoridades: alegavam que tinham soluções, mas os índios as recusavam por medo de mais massacres e nada era feito.

    Além disso, a tramitação do projeto de criação da Província do Paraná isentava os chefes paulistas de providências quanto à situação social dos povos originais: que as autoridades da nova unidade do Império tomassem as providências necessárias.

    A grandeza de Cruz Machado

    Antônio Cândido da Cruz Machado (1820–1905), professor e deputado-geral por Minas Gerais, fez uma defesa apaixonada do projeto de criar a futura província, prevista para receber o nome de “Coritiba”, por fim designada pelo nome do Marquês do Paraná, o grande líder brasileiro da época.

    Machado justificou a criação da Província pela necessidade de administrar melhor o território devido à permanência de relações ainda tensas com os demais países do Cone Sul.  

    “Trata-se de criar um centro administrativo que possa trazer em resultado fortificações e povoações nas nossas fronteiras”, sustentava Machado, “antes que, algum tempo adiante, sejamos apanhados desprevenidos, ou antes que apareçam conflitos a respeito do nosso território”.

    Cruz Machado ganhou do Paraná que ajudou a criar a homenagem no nome de uma cidade e ficaria célebre por presidir a sessão do Senado que aprovou a abolição da escravatura. Ao governar a Bahia, em 1873, construiu o Elevador Lacerda.

    Quadro geral da geopolítica

    “A Argentina ainda impedia o acesso brasileiro ao Rio Paraná e seus afluentes pelo Rio da Prata. Para complicar, havia ainda as pressões das potências da época pela navegação interior nos rios da Prata e Paraná, o que não interessava ao Império em vista da existência de campos despovoados nas regiões entre Curitiba e Rio Paraná” (Antenor Luiz Bósio, Contribuições para a história legislativa da criação da Província do Paraná).

    Tudo indicava mais atrasos. O ano de 1852 foi agitado no mundo, começando pela França, onde em dezembro do ano anterior Luís Bonaparte desfechou um golpe com o apoio da burguesia, dissolvendo o parlamento e se coroando imperador Napoleão III.

    Em 4 de março, o Paraguai celebrava com os EUA um tratado de “amizade, comércio e navegação”, aumentando a intensa pressão americana sobre o Brasil para ceder nossos rios à livre navegação. 

    Como o Brasil não povoou as terras próximas às margens do Rio Paraná, temia que a abertura à navegação dos rios favorecesse sua ocupação por estrangeiros, com risco de contestação, mais tarde, do domínio brasileiro sobre esses territórios.

    Paraná, nova estrela na bandeira

    Finda a longa batalha travada com os paulistas, a Província do Paraná foi finalmente instalada em 19 de dezembro de 1853 para ser governada pelo baiano Zacarias de Góes e Vasconcellos (1815–1877), ex-ministro da Marinha.

    A essa altura, argentinos e paraguaios já dominavam o Oeste paranaense, então inacessível às autoridades provinciais. 

    Quem quisesse sair de Curitiba em direção ao Rio Paraná teria que dar uma volta enorme: de Paranaguá seguia a Montevidéu, com escalas em Buenos Aires, Rosário, Corrientes e Posadas, daí até o chamado “Alto Paraná”.

    O primeiro ano de governo foi desafiador. A agricultura era precaríssima. Mesmo havendo um prazo para a regularização da posse das terras incultas, ou seja, ainda sem produção, o presidente (governador) Zacarias mostrava decepção por haver “encontrado confuso e desordenado o estado de propriedade territorial, frequentes os conflitos pelas questões de posses” (Ana Yara Dania Paulino Lopes, Pioneiros do Capital: A Colonização do Norte Novo do Paraná). 

    Síndrome da herança maldita

    A confusão e a desordem começaram em 1850, com a lei 60l, quando o Império impôs normas severas para a utilização das terras devolutas e estabelecia uma zona de exceção no limite de dez léguas nas áreas (faixas) de fronteira.

    Ficou estabelecido que a aquisição de terras não se faria mais por ocupação, apenas com a compra. Enquanto os EUA facilitavam a ocupação de suas terras a Oeste, o Brasil impedia legalmente os escravos, imigrantes e índios de adquirir terras, pois eles não tinham dinheiro. 

    Em sua regulamentação, a lei dispôs que “dentro da zona de dez léguas contíguas aos limites do Império com países estrangeiros e em terras devolutas, que o governo pretende povoar, estabelecer-se-ão Colônias Militares” (Decreto 1.318, de 30 de janeiro de 1854).

    Mapas palacianos

    Foi previsto um forte junto à foz do Rio Paraná para bloquear nações estrangeiras que tentassem invadir o território brasileiro, com uma flotilha da Marinha encarregada de “melhor fiscalizar” a região. Por enquanto, só intenções, porque não havia nenhuma fiscalização.

    O governo paranaense quis impor sua autoridade sobre o território ao defender em 1855 que sua jurisdição se estendia por todo o planalto meridional, o que significa dizer que abrangia grande parte do atual Estado de Santa Catarina.

    Lidar com mapas sobre uma mesa de palácio era fácil. Difícil seria seguir até as barrancas do Rio Paraná, onde interesses britânicos e argentinos prevaleciam.

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    Governar o Paraná foi um presente de casamento ao baiano Zacarias Vasconcellos, nomeado em plena lua de mel com Ana Carolina

     

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  • Intervenção militar foi um sucesso

    Intervenção militar foi um sucesso

    Adiando mais uma vez as ações para a ocupação do Oeste paranaense, toda a energia do Império se concentrou no Sul. Com seus interesses na região contrariados com a eleição do blanco Manuel Oribe no Uruguai, aliado ao argentino Rosas, o Brasil articulou rapidamente uma intervenção militar na região. 

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    Aliou-se a Frutuoso Rivera (Partido Colorado) no Uruguai para derrotar Oribe e ao general argentino Justo José de Urquiza, governador de Entre-Rios, para derrotar Rosas.

    Foi celebrado em maio de 1851 um acordo entre o Império brasileiro e Justo Urquiza, que se revoltou à frente de “um exército de cerca de 20 mil homens e recebeu a ajuda de um corpo de exército brasileiro, 4.000 soldados de elite, sob o comando do general Manoel Marques de Souza [depois Conde de Porto Alegre]” (Pedro Calmon, História da Civilização Brasileira). 

    O entendimento resultou em cinco tratados de limites, comércio, extradição, subsídios e aliança. 

    Apoiando os Colorados no Uruguai, o Império do Brasil contribui assim para a derrota dos Blancos de Manuel Oribe, em outubro de 1851. Garantido o controle do Uruguai pelos Colorados, o combate às tropas rosistas ficava facilitado.

    A organização do Exército brasileiro para a campanha foi confiada a Luís Alves de Lima e Silva (Conde de Caxias), mas a força militar ainda era escassa. A deficiência de soldados no conflito no Prata apresentaria reflexos posteriores para o futuro Paraná, por conta da formação heterogênea dos batalhões que seguiriam para o combate. 

    A Tropa Mercenária

    Com fronteiras imensas e em diversos pontos questionadas e sob ataque, o Império recorreu à tática de contratar mercenários para resistir aos avanços guerrilheiros dos vizinhos.

    A Tropa Mercenária, contratada no Norte da Alemanha pelo governo imperial, compunha-se de 1.800 homens, com 80 oficiais, um batalhão de infantaria com seis companhias, um grupo de artilharia com quatro baterias e duas companhias de sapadores. 

    Os militares recrutados na Alemanha eram chamados de brummers (ranzinzas, encrenqueiros) e foram pagos em moedas de cobre de 40 réis (as patacas).

    Quando foram desmobilizados, muitos ficaram sem receber em moedas, completando o soldo com terras, inclusive as ainda ocupadas por índios. Na impossibilidade de vendê-las, as terras foram cultivadas e os índios afastados pela força das armas.

    Nem todos os brummers chegaram realmente a combater, por se mostrar desorganizados e rebeldes (daí o apelido pejorativo), mas vários deles, após terminado o contrato com o Império, ao receber terras como pagamento alternativo frente à escassez das patacas, fixaram-se no Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, contribuindo para a organização e desenvolvimento da economia sulina, sua cultura e tradições.

    Paraná, o cérebro da operação 

    A guerra contra Oribe e Rosas, iniciada efetivamente no Combate de Tonelero, em dezembro de 1851, será também importante para os paranaenses porque na condução política e estratégica de todo o episódio vai subir a estrela de Honório Hermeto Carneiro Leão, que logo iria criar a Província do Paraná com seu título nobiliárquico.

    “Carneiro Leão, que já havia sido signatário, pelo Brasil, das negociações concluídas com o ministro uruguaio Andrés Lamas, tratando de aliança, limites, comércio, navegação e extradição, foi enviado ao Rio da Prata, em missão especial, junto aos governos do Uruguai e Paraguai, e das províncias argentinas de Corrientes e Entre-Rios, então rebeladas contra Rosas” (Hélio Vianna, na obra Honório Hermeto Carneiro Leão, Visconde e Marquês do Paraná, da Maioridade à Conciliação [1840-1853]).

    O deslocamento até Buenos Aires começou em 5 de janeiro de 1852. As forças rosistas instalaram-se defensivamente na chamada cañada de Morón, antigo cemitério. 

    Em 27 de janeiro, Rosas seguiu para o acampamento em Monte Caseros e em 2 de fevereiro o Grande Exército Aliado (Uruguai, Brasil, Entre-Rios e Corrientes)  chegou ao arroio Morón.

    A batalha de Monte Caseros (ou dos Santos) foi decisiva, assinalando a vitória das forças aliadas.

    Paulistas esvaziam o Paraná 

    A economia regional se limitava “preferencialmente à extração da erva-mate e ao criatório nos Campos Gerais, Guarapuava e Palmas” (Ruy Christovam Wachowicz, História do Paraná). 

    Um dos fatores que dificultaram a formação do Paraná foi o aumento da aquisição de escravos por parte dos cafeicultores paulistas. Arrematando a mão de obra cativa do futuro Paraná, deixaram a região com pouquíssimos trabalhadores no campo.

    Para o cafeicultor paulista, ter muitos escravos significava mais lucros. Como já dissera Pero de Magalhães Gandavo, “a primeira cousa que pretendem alcançar, são escravos para lhes fazerem e granjearem suas roças e fazendas, porque sem eles não se podem [se] sustentar na terra” (História da província de Santa Cruz).

    A Inglaterra, potência hegemônica na época, já não permitia mais “importar” escravos e o Brasil se viu forçado a adotar a severa Lei Eusébio de Queiroz, restritiva ao tráfico, embora mantivesse intocada a escravidão, cerne do modelo econômico imperial. Com isso, os cafeicultores teriam que adquirir escravos no mercado interno.

    Custo de vida disparou

    Já com a população mais branca do País, a região se dedicava ao mate e ao gado. Para seus fazendeiros, criar animais bastava como fonte de renda. As tarefas antes reservadas aos escravos eram evitadas, tidas como “indignas”. 

    “O preço do escravo, depois da extinção do tráfico – com fidelidade, proibição de importar e não de negociar –, dobrou, suprido o fechamento da fonte africana pela migração do norte ao sul” (Raymundo Faoro, Os Donos do Poder).

    A partir de 1852, os preços dos alimentos chegaram a subir 200%. A Câmara de Curitiba não tardou a manifestar preocupação com o alto custo de vida e a fome nos bolsões de pobreza.

    Eram os primeiros efeitos palpáveis da concentração fundiária facilitada pela famigerada Lei de Terras de 1850. Os vereadores curitibanos preferiram pôr a culpa no povo, criticando “o desprezo manifestado pelo brasileiro, e paranaense em particular, ao trabalho agrícola”.

    “Trabalhar no cabo da enxada era considerado uma atividade de baixo status social, digna apenas de escravos e libertos. O homem comum estava cheio de preconceitos com relação ao trabalho agrícola. Preferia ser peão de tropa, cavalgar à procura de reses nos Campos Gerais ou colher erva-mate a dedicar-se ao serviço da agricultura” (Ruy Christovam Wachowicz).

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    General Osório e o exército imperial brasileiro marcham em Buenos Aires, após a vitória

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  • Chuva de candidatos

    Chuva de candidatos

    A eleição de 2020 acabou há poucos meses, mas as estratégias eleitorais visando 2022 já começam a entrar no radar. E foi interessante a análise publicada esta semana no Blog do Luiz Nardelli, observando que Cascavel poderá ter mais de 50 candidatos a deputado estadual e federal em 2022. E a conta fecha mesmo, pois praticamente toda semana surgem mais nomes de pretensos candidatos. Basta acompanhar os toques dados na coluna política de Miguel Dias, a quem os pretendentes se apresentam buscando ganhar visibilidade. 

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    Mas, os nomes não surgem à toa. Trata-se de uma necessidade dos próprios partidos em repensar suas estratégias a partir da Emenda Constitucional 97 de 2017, que proibiu as coligações proporcionais.

    A regra valeu a primeira vez na eleição de 2020, para vereador. E já pode ser observando um aumento de 8,75% no número de candidatos.

    A eleição de 2022 será o primeiro pleito para deputados em que cada partido terá que disputar sozinho a vaga. Essa regra obriga os partidos a registrar o maior número possível de candidatos para buscar o número mínimo de votos e emplacar mais vagas no legislativo. E por isso, está aberta a temporada de busca aos candidatos. 

    Como Cascavel tem pelo menos duas dezenas de partidos políticos, não é difícil constatar que deverá realmente ter um número considerável de candidatos, especialmente a deputado estadual e federal. O risco deste processo é a pulverização dos votos e até a inviabilização de muitas candidatas, prejudicando a representatividade da cidade nos parlamentos estadual e federal. 

    Paralelamente a isso, em Brasília, deputados e senadores já falam sobre a possibilidade de uma ampla reforma eleitoral. A proposta inclui debate sobre o voto majoritário para deputados, o chamado distritão, que mudaria novamente toda a regra do jogo. Deputados querem a reforma já para a eleição de 2022, mas os senadores não veem clima para debater questão política partidária por causa da pandemia.

     

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  • A importância do nome na comunicação

    A importância do nome na comunicação

    Uma das primeiras lições que aprendi para fazer Jornalismo foi: chamar as pessoas pelo nome ao estabelecer comunicação.

    Somente anos depois fui ler o livro do Dale Carnegie, que em 1936 já chamava a atenção para a importância de proferir o nome do outro.

    “O nome de um homem é, para ele, o som mais doce e mais importante que existe em qualquer idioma”.

    Quando pronunciamos esse doce som para os ouvidos alheios nos aproximamos do interlocutor de uma forma especial, demonstrando que o respeitamos e o valorizamos.

    O autor enfatiza que o nome é muito mais do que uma simples identificação da pessoa.

    “Devemos atentar para a mágica que existe num nome. O nome destaca a singularidade do indivíduo, tornando-o único entre a multidão”.

    Quando repetimos o nome do outro, estamos destacando-o e diferenciando-o entre todos os demais. Essa prática gera empatia e conexão durante o ato de comunicar.

    É justamente este vínculo que desejamos estabelecer quando nos comunicamos, queremos chamar a sua atenção para a nossa fala, queremos que o outro corresponda à nossa mensagem.

    Por esse motivo, atentar-se ao nome é uma das lições mais valiosas para atividades profissionais, pois você conquista não apenas a atenção do interlocutor, como inicia o processo de conquista da sua confiança.

    No Jornalismo, além de ser uma estratégia relevante para obter entrevistas, também é fundamental na hora de transmitir de maneira diligente as informações coletadas.

    Para o exercício da política o nome é igualmente estratégico.

    Nas atividades comerciais, praticar o nome alheio pode ser uma poderosa arma para a persuasão. Tratar o cliente pelo nome o singulariza e caracteriza um atendimento personalizado.

    O campo do Direito trata o nome como um direito de personalidade e na Constituição ele aparece entre os princípios da dignidade humana. Também nos lembra que o nosso nome é íntimo e vitalício, dentre tantos outros adjetivos.

    Portanto, o nome não é apenas por si só. Toda a complexidade do ser está contida nele, que carrega histórias, sonhos e angústias, pelos quais devemos demonstrar nossa consideração.

    Essa dica básica e essencial vale tanto para o Jornalismo como para a vida. Ela está contida no livro: “Como fazer amigos e influenciar pessoas”. Espero que gostem.

    Sucesso a todos!

    *Carina Walker é jornalista e investidora.

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  • Maringá – mais um ano de exemplo

    Maringá – mais um ano de exemplo

    Ainda lembro bem que nos tempos de minha infância em Maringá havia uma rivalidade muito grande com outras cidades da região, todas pequenas e aspirantes a um futuro melhor. Mas Maringá era uma caçula, fundada em 1947, que antes de sonhar em ser grande preocupou-se em ser boa. 

    Cidade planejada, foi pensada para ser boa para as pessoas, para o meio ambiente e para o trabalho. 

    Hoje, é eleita a melhor cidade do Brasil para se viver pela terceira vez em quatro anos no Índice de Desafios da Gestão Municipal da Macroplan. E em 2019, quando não ficamos em primeiro, ocupamos o segundo lugar, sempre à frente de todas as capitais do País.

    Tem gente que acha que isso tudo é fruto de algum tipo de fórmula mágica, projeto mirabolante, plano de governo rebuscado, enfim, um pacote  de ideias geniais, mas o próprio ranking IDGP sinaliza que não há passo adiante sem eficácia em segurança, saúde, educação e saneamento básico. E é o trabalho sério de Maringá nessas áreas que garante qualidade de vida para os moradores e uma cidade boa para trabalhar, empreender e ser feliz.

    Com equilíbrio financeiro e rigor nas contas públicas, investimos 20% do orçamento nessas áreas prioritárias. Mesmo enfrentando a pandemia, vamos inaugurar neste ano o Hospital da Criança, com 164 leitos, 40 deles de UTI, além de centro cirúrgico, laboratório, centro de imagens e centro de especialidades.

    Tínhamos, por exemplo, deficiência em saneamento e sustentabilidade, éramos sétimo no ranking nesse indicador em 2009. A cidade recebeu 50 milhões de reais em investimentos em água e esgoto nos últimos cinco anos e passamos para o terceiro lugar no ranking, com atendimento a 100% da população.

    Estamos evoluindo na segurança pública, integrando ações de forças policiais qualificadas com soluções inovadoras de policiamento comunitário com  tecnologias de inteligência e monitoramento. 

    Aceleramos também o desenvolvimento social. A geração de empreendimentos, trabalho e renda é impulsionada por um grande programa de Economia Social e de Economia Criativa, reunindo as políticas de trabalho e renda, assistência social, juventude, mulheres, diversidade e cultura.

    O planejamento e a gestão municipal austera são importantes porque transmitem confiança a iniciativa privada, que faz sua parte gerando empregos e ajudando a cidade a progredir. Mesmo no momento de crise, Maringá manteve em andamento um dos maiores empreendimentos imobiliários privados do Brasil, o Eurogarden, onde milhares de trabalhadores constroem um condomínio residencial e comercial com 583 mil metros quadrados de área. Vai ser um bairro autônomo e inteligente, com energia solar, reuso de água e reciclagem de lixo, além da revitalização de mais de 20 mil metros quadrados de área verde.

    Maringá nasceu como uma cidade empreendedora desde seus primeiros pioneiros que não temeram a mata cerrada. No entanto, o cooperativismo e o colaboracionismo nos fez um tipo ainda mais eficiente de empreendedores. O cooperativismo que é hoje um dos principais motores da economia brasileira, teve – em Maringá – um dos seus principais berços e um dos braços mais virtuosos nas áreas do agronegócio; serviços financeiros e de saúde. 

    Assim, Maringá constituiu uma economia sólida com empresários dinâmicos e inovadores, os quais sempre foram destaques em seus ramos de atividade no plano nacional.

    Hoje, Maringá está indo além: internacionalizando a sua economia, com empresas criativas, inovadoras e competitivas.

    Maringá nasceu como cidade planejada no modelo de cidade jardim e nos legou possibilidades que estamos ampliando ao máximo: somos uma cidade economicamente forte, porém bonita, com mobilidade e conforto para toda a população. O nosso planejamento agora está pautado na perspectiva de uma cidade inteligente, cosmopolita, criativa, inovadora, sustentável, conectada e humanizada. 

    Por isso, ao completar 74 anos, Maringá está pronta pra receber quem acredita no Futuro do Brasil!

    * Ulisses Maia, 51 anos, prefeito de Maringá.

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  • A lei que configurou a exclusão e o atraso

    A lei que configurou a exclusão e o atraso

    Desde o início do tropeirismo e já como herança dos tempos de mineração, a produção agrícola era considerada uma tarefa inferior, reservada aos escravos e índios. A riqueza, o poder e a respeitabilidade estavam nas fazendas de gado.

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    Em seguida, com o avanço das exportações de erva-mate, o poder e a riqueza se dividiram entre as fazendas e os engenhos. 

    No final da década de 1840, favorecendo a concentração da terra, a força do mate na economia regional asfixiou a precária agricultura de subsistência existente, levando as autoridades a temer um colapso no sistema de abastecimento.

    As facilidades para colher e preparar a erva com pouca mão de obra e sobretudo obter ótima renda com a exportação eram muito compensadoras frente às dificuldades para a produção e venda de cereais. 

    Com isso a cultura do trigo, crescente nos campos do Paraná desde o século XVIII, deixou de ser tradição aqui. 

    “O trigo foi obstruído e estrangulado duplamente, primeiro pelos fenômenos climáticos e depois pelo bloqueio da erva-mate paraguaia e o boom na procura da erva-mate brasileira no mercado externo” (Projeto Livrai-Nos!, Paraná, Tempo de Formação).

    Terras, só comprando

    Pedro II, “por Graça de Deus e Unânime Aclamação dos Povos, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil”, fazia saber aos súditos, em 18 de setembro de 1850, que o Império passava a ter normas severas para o uso das terras devolutas: 

    “Art. 1º – Ficam proibidas as aquisições de terras devolutas por outro título que não seja o de compra. Excetuam-se as terras situadas nos limites do império com países estrangeiros em uma zona de 10 léguas, as quais poderão ser concedidas gratuitamente”.

    O preço da gratuidade era enfrentar os ataques de guerrilheiros platinos e a presença de índios resistentes ao aldeamento, situação que não interessava às famílias de colonos.  

    Só na segunda década do século XX, após a conclusão da precaríssima Estrada Estratégica, os colonos começaram a se interessar por tomar posse de terras no Oeste paranaense, pressionados pelo minifúndio no Sul e estimulados pelo governo estadual.

    O direito à posse

    Em seu aspecto positivo, a Lei de Terras, ao fixar as regras restritivas aos ex-escravos e aos imigrantes pobres, abriu a perspectiva de colonização das terras devolutas mediante a posse.

    O problema estava em sair com a família pela mata desconhecido, sem meios para provisões, armas e pessoal, inexistência de estradas e nenhum apoio militar para enfrentar os índios e castelhanos que aparecessem no caminho.

    “Esse conjunto de leis (…) abriam o espaço necessário para o advento do que se entende como a grande migração, onde colônias de estrangeiros, como alemãs e italianas, principalmente, vão proliferar na ocupação das terras ditas devolutas, previstas na Lei de Terras” (Almir Antonio de Souza, Armas, Pólvora e Chumbo).

    A lei 601 fundava um novo Brasil. Nele, as oportunidades favoreciam quem tinha poder político e o controle dos cartórios. 

    As terras desocupadas não seriam cedidas aos escravos, mas griladas pelos interesses mais poderosos existentes no interior e vendidas aos imigrantes que escapassem das tramoias criadas para enchê-los de dívidas. 

    A necessidade de apoio militar

    O debate sobre a necessidade de fortalecer as imensas fronteiras evoluiu na metade do século XIX para a compreensão da importância estratégica do território paranaense, então a porção Sul da Província de São Paulo. 

    Para animar os aventureiros, a regulamentação da lei 601, em 30 de janeiro de 1854, dispôs que “dentro da zona de dez léguas contíguas aos limites do império com países estrangeiros e em terras devolutas, que o governo pretende povoar, estabelecer-se-ão Colônias Militares”.

    É a origem de Foz do Iguaçu, dando sequência a uma proposta apresentada pelo Visconde de Itaboraí em 1843, em sua justificativa para apoiar a criação do Paraná, sempre impedida pelas autoridades paulistas.

    Reforçar a região era uma necessidade por conta dos riscos de desequilíbrio na região do Prata.

    Foi também um período de intensificação das pressões para expulsar os índios das terras em que viviam, tendo como pano de fundo a substituição da mão de obra escrava e o estímulo à imigração europeia ao Brasil.

    Urgência não evitou demora 

    Preparando-se para a imigração, o Barão de Antonina – João da Silva Machado – defendeu um projeto de pacificação dos índios via aldeamento e catequese, a formação de estruturas militares no interior para assegurar as conquistas territoriais e a apropriação de terras também cobiçadas por interesses estrangeiros.

    No quadro de conflitos fronteiriços com países vizinhos e interesses imperialistas da Inglaterra mirando o Oeste do atual Paraná, impôs-se a política de povoamento segundo o padrão idealizado por Machado: em 2 de janeiro de 1851 o imperador Pedro II assinava o decreto 751, criando a Colônia Militar de Jataí, porto do arroio do mesmo nome em sua confluência com o Rio Tibagi.

    A crescente instabilidade na região do Prata  foi a principal motivação para concretizar o projeto do Visconde de Itaboraí (1843), que defendia a emancipação do Paraná com instalações militares para proteção territorial e apoio à colonização. No entanto. mesmo com tanta urgência, Foz do Iguaçu só viria quase 40 anos depois.

    Oribe e Rosas

    A longa demora se explica pelos acontecimentos no Sul. Na Argentina, Juan Manuel Rosas buscava a hegemonia para consolidar a federação das Províncias Unidas, cuja administração ficaria em Buenos Aires. 

    Manuel Oribe, em Montevidéu, do Partido Blanco uruguaio, passa a ser seu aliado e esse arranjo preocupou o Império do Brasil.

    Juan Manuel Rosas “não escondia seu desejo de submeter o Uruguai e o Paraguai, numa tentativa desesperada de reconstituir o antigo Vice-Reinado do Prata” (Hélio Vianna, na obra Honório Hermeto Carneiro Leão, Visconde e Marquês do Paraná, da Maioridade à Conciliação [1840-1853]).

    Se consolidasse seu poder, Rosas passaria a controlar as duas margens do Rio da Prata. O Império decidiu intervir militarmente em Montevidéu porque importantes famílias da elite rio-grandense tiveram estabelecimentos atacados no Uruguai.

    Mais uma vez o desequilíbrio geopolítico no Sul tirava o Paraná das prioridades imperiais.

    CLIQUE AQUI e veja episódios anteriores sobre A Grande História do Oeste, narrados pelo jornalista e escritor Alceu Sperança.

    A Colônia Militar do Jataí foi criada junto ao aldeamento de São Pedro de Alcântara, idealizado pelo Barão de Antonina

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  • Venda futura de soja não pode gerar dano ao produtor

    Venda futura de soja não pode gerar dano ao produtor

    Em artigo anterior sobre venda futura de soja, abordamos a obrigação legal do cumprimento da tradição, com a entrega dos grãos na safra passada, mesmo sob condições desfavoráveis aos produtores, haja vista que a alta no preço do produto na hora da entrega não proporcionou ganhos financeiros e até resultou em prejuízos no caso de alguns, diante de um cenário inimaginável, bem diferente da época em que os contratos foram celebrados.

    Neste artigo, abordamos outros pontos dessa prática costumeira no mercado de grãos, sendo que na maioria das vezes o grão sai da lavoura do produtor diretamente para o silo do comprador, pelo preço acordado na assinatura dos contratos, e independentemente da cotação na época da colheita.

    Quem acompanha o mercado sabe que no final do ciclo da safra 2020/2021 houve alvoroço entre os produtores que venderam antecipadamente sua produção e a parte compradora, questionando-se a grande diferença no preço de venda e a cotação no momento da entrega. Enquanto os produtores buscavam rever o preço, os compradores queriam garantir o cumprimento dos contratos nas condições celebradas quanto ao preço, e que se efetivasse a tradição, com a entrega efetiva e no volume vendido. Não se podia questionar o negócio, mesmo diante da grande alta cambial e dos reflexos da pandemia da Covid-19, que acabou incidindo na alta dos insumos comprados em dólar.

    Os compradores não aceitaram revisar os contratos, apesar do ambiente único que afetou o status quo dos negócios, inclusive no agro, setor onde muitos ganharam com a pandemia, mas não necessariamente todos os produtores rurais, que se encontram no início da cadeia e muitas vezes não têm como repassar a alta nos custos de produção, se vendo obrigados a cumprir os contratos e honrar a tradição. Esse foi o entendimento geral dos compradores, que ameaçaram ingressar ações na Justiça para garantir a entrega dos grãos, gerando pressão na cabeça do produtor descontente.

    A análise feita no artigo anterior destacou al passant a origem da fragilidade do produtor nessas circunstâncias, seja de ordem legal, seja na área financeira. Mas agora queremos ressaltar que ao se ver obrigado a cumprir um contrato sem obter qualquer vantagem com a alta no preço da soja como ocorrida na safra passada, isso se dá geralmente pela falta de recursos para investir em estruturas próprias de armazenagem, pois o fluxo de caixa nem sempre é favorável para esperar o melhor momento para comercializar sua safra.

    Passada a colheita e a entrega da produção, é preciso observar outros pontos essenciais nessa questão, como o fato de o produtor estar no início da cadeia e não ter como repassar a alta nos custos de produção, e sequer em pensar na hipótese de se beneficiar de uma oscilação positiva do preço dos grãos. Um fluxo de caixa em melhores condições, combinado com a armazenagem própria permitiria ao produtor aguardar para vender sua produção no momento que mais lhe conviesse, e não exatamente de forma antecipada como vem ocorrendo a cada safra, onde se criou um círculo vicioso que nem sempre beneficia o produtor, além de criar a dependência de terceiros. Dessa forma, os grãos saem da lavoura diretamente para o caminhão que os levará direto para a área de armazenagem da parte compradora. Não se quer questionar que os parceiros do produtor estejam errados ao investir nessas estruturas, e nem que essa prática não seja conveniente a ambas as partes, mas no caso da safra passada, ficou evidente que muitos produtores foram prejudicados, sem poder revisar os contratos. Aliás, muitos os assinam, sem saber exatamente o que estão neles contidos que lhe são desfavoráveis.

    As oscilações do mercado existem e nem sempre se pode estabelecer o melhor momento para a comercialização dos grãos. O produtor se baseia em seus custos e acaba fazendo a transação com um preço de venda o mais próximo do ideal, após consideradas suas necessidades e as particularidades da sua propriedade. Assim, nas últimas duas décadas, as oscilações no preço da soja nem sempre foram positivas, mas isso não significa que quando o comprador cumpriu sua parte, pagando à mais pelos grãos na hora da entrega, ele tenha enfrentado maiores dificuldades para absorver a alta do preço dos grãos, pois muitos até mesmo agregam valores com a transformação dos grãos, e em muitos casos é possível repassar a alta nos custos de produção ao varejo e esse, por sua vez, ao consumidor final. Para comprovar isso, basta verificar quantas vezes, nos últimos anos, houve aumento nos produtos nas gôndolas dos supermercados. Então, não há como comparar as situações.

    Na safra passada, a diferença de preços foi em sua maioria em torno de 100%, saindo dos R$ 80,00 como preço de venda da saca para R$ 160,00, que foi a média da cotação na entrega dos grãos. E mesmo que essa situação tenha sido comparada a da safra de 2004, ainda assim, agora, tivemos a pandemia e o ambiente por ela criado. Então, a safra 2020/2021 teve características próprias e circunstâncias que a envolveram que não poderiam ter sido previstas por ninguém.

    Portanto, nessas condições, não se pode afirmar que o processo de venda futura de soja tenha sido benéfico para ambas as partes, na safra passada. E mesmo que a prática permita ao produtor travar seus custos e planejar sua safra, no caso do ano passado, faltou combinar com o mercado, inclusive com a China, a propósito, a maior compradora mundial de grãos, e que os chineses deviam ter evitado espalhar o vírus causador desta pandemia. Por isso, não se pode atribuir responsabilidade unicamente ao produtor, se ele não conseguiu obter maiores ganhos, pois ninguém teria como prever o que acabou acontecendo.

    Os que afirmaram que quando os compradores pagam valor maior pelo grão na hora da entrega, e que com isso acabam tendo prejuízos ao não renegociarem os contratos, mesmo que corresponda à verdade, isso não pode servir de argumento para justificar que o produtor deve continuar se fomentando, com recursos próprios ou através de financiamentos, correndo todos os riscos para plantar, e na hora em que pode se beneficiar, não ter como.

    Nesse contexto, também precisamos analisar o clima de pressão exercido sobre os produtores para o cumprimento integral dos contratos, sem lhe permitir qualquer questionamento. Ele tinha três caminhos a seguir: entregar o grão, independentemente da situação, cumprindo a tradição; buscar entendimento com o comprador, ou buscar a Justiça para revisão dos contratos. Optou-se pela primeira alternativa. Já os compradores, por compartilhar arrestos decorrentes de ações judiciais no caso de quem se recusava a entregar os grãos, uma atitude no mínimo inadequada quando se fala em parceria de negócios. Também, apregoar que o produtor insatisfeito poderia pagar a multa para renegociar os contratos, mas que deveria arcar com a diferença do mercado da soja, não soou como opção ao produtor. Sem falar que uma análise rápida de qualquer contrato de venda futura de soja mostra o total desequilíbrio nessa relação, onde o produtor geralmente não recebe nenhum valor antecipado para fomentar sua produção, corre todos os riscos durante a safra e na hora da colheita, segue fragilizado, tendo que se submeter a essas situações. Ou seja, parece ser proibido falar em vantagens financeiras ao produtor. Quando se fala em washout, é para destacar que o produtor com quebra de safra e dificuldades para entregar a produção, precisa recomprar seus grãos, e que o default é uma grande desvantagem ao comprador. Há controvérsias!

    * Cesar da Luz é diretor do Grupo Agro10. E-mail: [email protected]

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