Categoria: Opinião

  • Mãe é a personificação do amor

    Mãe é a personificação do amor

    Mãe, o seu amor pelos seus filhos não cabe dentro de si. Ele transborda na forma de carinhos e agrados sem fim.

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    Você pensa que eu não sei que coloca os filhos à frente de si mesma?

    Eu vi que você ficou sem comer carne para dividir entre os filhos, enquanto colocava no seu prato uma banana…

    Disse que não estava com frio para cobrir melhor os seus pequenos…

    Mãe, eu sei que você não dormiu quando eu estive doente, quando enfrentei problemas e quando cheguei tarde em casa.

    Sei também que se pudesse teria me dado a sua saúde toda vez que eu tossia sem parar, ou toda vez que tive febre.

    Você me emprestaria sua pele quando caí e me ralei; ou o seu pulso quando machuquei o meu.

    Sei que enfrentaria filas e monstros por mim. Que venceria todo o mal para me presentear com o bem.

    Que colheria cada grão de trigo para me dar de comer e captaria cada gota de chuva para me dar de beber.

    Que faria das nuvens algodão para me aconchegar.

    Seu maior sonho seria me privar de toda dor ou sofrimento, ainda que voltasse tudo contra você. Mas todos nós precisamos dos nossos próprios tropeços, então agradeço por me permitir errar, cair e levantar.

    Mãe, eu sei que você sempre zela por mim, e que sente a minha falta, ainda que não exprima. Que seu coração fica apertado quando não está por perto para me cuidar… e então faz uma oração para que Deus me cuide em seu lugar.

    Você é a única que me daria o mundo sem nunca esperar nada em troca, pois você, mãe, é a personificação do amor incondicional.

    Muito obrigada por você existir.

    Feliz Dia das Mães a todas!

    * A autora é jornalista e investidora

    Fonte: Assessoria

  • Casa Fácil, conquista de milhares

    Casa Fácil, conquista de milhares

    O convênio do Projeto Casa fácil foi firmado em 1989 através de ação conjunta da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Cascavel (AEAC), Prefeitura Municipal e o CREA-PR, tendo como preceito o fornecimento gratuito do projeto de edificação residencial à família de baixa renda.

    Ao longo de 32 anos de vigência a sistemática de atendimento desenvolvida pela AEAC, bem como o estreito relacionamento existente entre as entidades envolvidas, possibilitou o atendimento a mais de 8.500 famílias.

    Para ser atendido pelo Casa Fácil, o interessado deverá preencher alguns requisitos. Ele será beneficiado com o projeto uma única vez, deve possuir apenas um imóvel no nome e renda familiar inferior a três salários mínimos.

    São 23 modelos de projetos que vão de 42,00m2 à 70,00m2, fornecidos de forma gratuita ao solicitante.

    É dado acompanhamento na obra e encaminhada toda a documentação já aprovada nos órgãos competentes.

    *O autor é Arquiteto e Presidente da AEAC

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Terras do Paraná não prestam, insinua líder mineiro

    Terras do Paraná não prestam, insinua líder mineiro

    Comandando um projeto de desbravamento e posse de terras entre o Paraná e Mato Grosso, João da Silva Machado, o Barão de Antonina, tinha duas preocupações: domar os índios rebeldes, criando instalações adequadas para convivência e catequese; depois, resistir aos interesses militares expansionistas da Argentina.

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     Em ofício ao governo provincial paulista em 23 de outubro de 1849, Machado chama a atenção para a facilidade que seu caminho aberto ao Mato Grosso traria para a estrutura defensiva, “aplanando dificuldades (…) ao governo quando tiver de fornecer trem bélico para fazer respeitar a extensa fronteira limítrofe com diversos estados da América Espanhola” (Luiz Adriano Gonçalves Borges, O Barão Bandeirante).

    No ano seguinte, sob a ameaça expansionista de Oribe e Rosas, o assunto seria considerado seriamente pelo Império. A preocupação com Paraguai e Argentina crescia porque o Paraná em vias de criação teria fronteiras despovoadas.

    Razões estratégicas

    Crescia o apoio à tese de que a autonomia estimulava os povos das regiões de fronteira a se estruturar para rechaçar qualquer invasão estrangeira. 

    “Essa nova política possibilitou a criação da Província do Amazonas, trazendo, novamente, à tona, a questão da emancipação da 5ª Comarca de São Paulo” (Angelo Priori, Luciana Regina Pomari, Silvia Maria Amâncio e Veronica Karina Ipólito, A emancipação política do Paraná).

    “Como decorrência da exploração dessa vasta área ocidental do Paraná e do conhecimento das dificuldades regionais para transformá-la em caminho trivial de passagem rumo ao Rio Paraná (que consistia de ponto de conexão fluvial com o Mato Grosso, Oeste de São Paulo, Paraguai e Argentina) é que iniciou-se o estabelecimento da colonização do Oeste do Estado (Fernando Costa Straube e Pedro Scherer-Neto, História da Ornitologia no Paraná, citando Francisco Ribeiro de Azevedo Macedo [Conquista pacífica de Guarapuava]).

    Avança a luta pelo Paraná 

    Cartas na mesa, o ano de 1850 começa com uma nova e renhida batalha entre adeptos e inimigos da criação do Paraná autônomo. Antes favorável aos líderes paulistas, que não aceitavam perder uma parte importante de seu território, a conjuntura agora vai fragilizar seus argumentos e colocá-los na defensiva. Para aceitar a perda, SP queria o Sul de Minas Gerais para compensar a perda de território. 

    Atuaram no Senado pela aprovação do Paraná independente o senador Cândido Baptista de Oliveira, o mineiro Honório Hermeto Carneiro Leão e o Visconde de Abrantes (Miguel Calmon Du Pin e Almeida [1794–1865]). Baiano, diplomata, Miguel Calmon também foi ministro da Fazenda. No Senado, como Cândido Baptista, representava o Ceará.

    Contra a emenda, empenhou-se o senador Nicolau de Campos Vergueiro, português, fazendeiro e representante de Minas, apoiado por Francisco de Paula Souza e Mello (1791–1854), de São Paulo, e Antonio Francisco Hollanda Cavalcanti (1797–1863), de Pernambuco.

    Agricultura era precária

    Carneiro Leão, futuro Marquês do Paraná, sugeria razões estratégicas para a emancipação: “Não seria político discutir todas as razões de defesa externa a que é favorável a criação da Província de Curitiba […] todos nós sabemos que na Comarca de Curitiba limita o Império com a República do Paraguai, e porventura com a Confederação Argentina”. 

    Não era possível a comunicação com o Paraguai, embora limítrofe, pelo Mato Grosso nem pela Província de São Paulo, “porque nesses pontos o deserto nos separa; pelo Rio da Prata, o governo da Confederação Argentina nos proíbe a comunicação”. A solução estava no Oeste do futuro Paraná.

    Nicolau Vergueiro, o primeiro a explorar sem piedade os imigrantes, pôs dúvida até a qualidade das terras paranaenses: “O lavrador por onde conhece a fertilidade do terreno inculto é pelas madeiras; ora, sendo a Curitiba coberta de pinhais e de erva-mate, é claro que não são boas as terras”.

    Para ele, a inexistência de uma agricultura desenvolvida na região era a prova de terras ruins. “Como é pois que uma população em tanto atraso se pode julgar em estado de formar uma Província?”

    Na verdade, a agricultura não se desenvolvia porque os criadores de gado julgavam a atividade inferior, cabível só a índios e escravos, que os paulistas levavam para suas fazendas. 

    Caiar (embranquecer) a população 

    Com a proibição de comprar mais escravos africanos, a mão de obra disponível sofreu valorização porque os fazendeiros de café de São Paulo começaram a comprar escravos nas províncias vizinhas: Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Paraná, já quase sem mão de obra.

    “Esses escravos, encaminhados para São Paulo, eram retirados principalmente de atividades agrícolas de subsistência. Como resultado, na década de 1850 começou a decair a produção de alimentos: feijão, milho, farinha de mandioca etc. Ocorreu então um período de grande aumento de custo de vida: era a primeira grande inflação da história brasileira. Na época, o fenômeno era chamado de carestia” (Ruy Christovam Wachowicz, História do Paraná).

    “Tornou-se então o escravo muito caro para ser adquirido pelos proprietários de terras”, prossegue Wachowicz, fazendo necessário substituir essa mão-de-obra com vantagens. 

    “Por outro lado, as elites diretivas do Brasil pensavam numa forma de impedir que o país se tomasse a maior nação negra do planeta, tamanho era o número de africanos trazidos ao Brasil desde o século XVI. Era o problema do caiamento da população”. 

    Reorientação do capital

    O interesse das elites brasileiras era um país de população branca, mimetizando a origem europeia da colonização. Pretendiam o país majoritariamente branco e não africano. “Dentro dessa conjuntura, resolveu o governo imperial acelerar a imigração europeia para o país” (Wachowicz).

    Sem poder comprar escravos legalmente, os capitalistas precisavam reorientar seus investimentos: “A liberação de capitais resultante do fim da importação de escravos deu origem a uma intensa atividade de negócios e de especulação para as condições da época. Surgiram bancos, indústrias, empresas de navegação a vapor etc” (Bóris Fausto, História Concisa do Brasil).

    A Lei Eusébio de Queiroz deu corpo a essa nova realidade, proibindo o tráfico intercontinental em 4 de setembro de 1850, mês e ano em que também seria promulgada a Lei de Terras, engendrada para proteger os latifundiários das iniciativas de índios, ex-escravos e imigrantes de desenvolver projetos independentes do controle imperial.

     CLIQUE AQUI e veja episódios anteriores sobre A Grande História do Oeste, narrados pelo jornalista e escritor Alceu Sperança.

    Senador Cândido Baptista: amigo do Paraná e professor da princesa Isabel

     

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Pandemia e transtornos psiquiátricos em crianças

    Pandemia e transtornos psiquiátricos em crianças

    Psicopedagoga Luciana Brites * 

     

    Não são só os adultos que apresentam transtornos psiquiátricos. As crianças também podem ter transtornos psiquiátricos, depressão, TOC, pânico ou fobia. Vale lembrar que a pandemia pode ajudar a desencadear algum transtorno psiquiátrico infantil. Então, é importante que pais, avós, cuidadores e professores redobrem a atenção. Diante de alterações sérias de comportamento, leve a criança ao médico.

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    O médico precisa estar informado e conhecer muitos aspectos dos transtornos nos pequenos, pois o diagnóstico é clínico. O que deve chamar atenção é se o comportamento traz algum tipo de prejuízo seja social, biológico e/ou afetivo na vida dessa criança. É necessário também prestar atenção se acontece em vários locais como, por exemplo, na escola, em casa ou com os amiguinhos. Verifique e anote se ocorre por um período maior de seis meses e sempre comente com o médico. 

    Os pais têm de procurar profissionais habilitados para que o filho seja bem assistido. O psiquiatra infantil e o neurologista infantil estão capacitados para auxiliar no tratamento. É necessário ainda uma equipe multidisciplinar composta por psicopedagogos, fonoaudiólogos e psicólogos, dependendo do nível das áreas prejudicadas. 

    Vale ressaltar que não é só a medicação que resolve. É fundamental que haja uma união entre profissionais da saúde, pais e a escola. O ambiente escolar também deve estar envolvido, pois é o local em que os pequenos ficam mais tempo no decorrer da vida. Assim, o tratamento trará melhores resultados e a criança vai conseguir recuperar a sua qualidade de vida. 

      

    (*)CEO do Instituto NeuroSaber (www.neurosaber.com.br), Luciana Brites é autora de livros sobre educação e transtornos de aprendizagem, palestrante, especialista em Educação Especial na área de Deficiência Mental e Psicopedagogia Clínica e Institucional pela UniFil Londrina e em Psicomotricidade pelo Instituto Superior de Educação ISPE-GAE São Paulo, além de ser Mestranda em Distúrbios do Desenvolvimento pelo Mackenzie  

     

    Fonte: Assessoria

  • Milagreiro santificado e política demonizada

    Milagreiro santificado e política demonizada

    Vindo para a América em 1838, depois de passagens pelos EUA e México o andarilho italiano Giovanni Maria de Agostini (conhecido no Brasil como João Maria de Agostini e João Maria de Jesus) tentou se radicar na Venezuela, onde recebeu apoio das autoridades para fazer pregação religiosa e trabalhar com objetos sacros. 

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    No entanto, fez uma pregação contrária aos interesses das autoridades e fugiu para os Andes. Partindo para a Argentina, onde Rosas o aceitou para catequizar os índios Charruas, também não cumpriu o acordo e foi preso. 

    A repressão ao italiano teve como único resultado criar para o monge rebelde a fama de “santo”. Há relatos de que ele passou pelo Brasil a partir de 1843, mas transitou depois por outras nações sul-americanas até junho de 1849, quando foi notificada sua chegada ao Porto de Santos.

    Em suas andanças, escapou dos conflitos armados e viu o final da década de 1840 marcado por uma epidemia de febre amarela.

    Guerra e varíola 

    O monge D’Agostini, por onde passava, dizia ter vindo para curar. Na peregrinação rumo ao Paraná ele se propôs trazer a cura a um país doente.

    Sua fama de “santo” se espalhava entre os caboclos sofridos do interior. Os locais em que repousou – ele preferia grutas, cavernas ou o alto de montes – também foram considerados lugares santificados.

    “Nas grutas ou cavernas, a pedra onde descansava transmutava-se em pedra santa; dentro das grutas, quase sempre, brotavam fontes de água límpida que eram usadas pelo eremita para saciar sua sede; para o povo devoto, a fonte cristalina transformava-se em água milagrosa que a tudo curava” (Alexandre de Oliveira Karsburg, O peregrino que foi eremita, missionário, artesão e curandeiro).

    Quando o monge João Maria chega a Mafra, então parte de Rio Negro, em 1851, encontra uma população sofrida com a Guerra dos Farrapos e dizimada por uma epidemia de varíola.

    Cruzes pela prosperidade 

    Para trazer a prosperidade, o monge recomendou que 19 (para alguns, 14) cruzes fossem erguidas entre a capela e a ponte. Nas ofensivas revolucionárias, as tropas vindas do Sul derrubaram várias cruzes, mas foi mantida a de 30 de junho de 1851 para representar “a fé do catolicismo rústico do homem simples” (Prefeitura Municipal de Mafra, Histórico).

    Ironicamente, a manutenção da pobreza engendrada pela lei agrária de 1850 facilitou a pregação do monge Agostini.

    Ao sugerir a possibilidade de conquistar um país mais justo pela fé e com luta, passou a ser perseguido pelo ministro Eusébio de Queiroz, da Justiça, dando assim origem ao fanatismo dos sertanejos e à arrogância político-militar que levaram à tragédia do Contestado.

    Prioridade: trazer imigrantes

    No fim da década de 1840 havia grande esperança na atração de imigrantes para povoar os imensos campos do futuro Paraná. Em outubro de 1848 o Império determinou alterações decisivas na política de imigração, criada para substituir o comércio escravagista e levar os estrangeiros aos locais mais necessitados de mão de obra.

    A lei nº 514 dispunha sobre as condições requeridas para a colonização em terras devolutas, designação dada às áreas públicas desabitadas e tratava de outra questão importante para a região: o aproveitamento dos recursos hidroviários. 

    “(…) as províncias do Império receberam concessão, em diferentes lugares de seus territórios, de seis léguas de quadras de terras devolutas que se deveriam ser destinadas à colonização e não poderiam ser roteadas (aradas, cultivadas, tratadas) por braços escravos” (Edrielton dos Santos Garcia, Colonização em Assunguy: A Experiência do Colono Nacional entre 1860 e 1870).

    Excesso de restrições

    As terras concedidas pelo governo não poderiam ser transferidas pelos colonos enquanto não comprovassem aproveitamento efetivo e cultivo regular pelo prazo de cinco anos. Se não houvesse interesse pela ocupação, exefcifa pela exploração do solo com finalidades produtivas, as terras retornariam ao domínio público.

    A lei criou limitações aos processos de colonização. As expedições para a tomada de posse de terras tiveram prazo mínimo para fazer a ocupação porque em 1850 veio a nova Lei de Terras e a partir dela só se poderia possuir terras legalmente por meio de compra. 

    A manobra evitava que os índios fossem possuidores e imigrantes vindos apenas com a roupa do corpo e vontade de trabalhar adquirissem de imediato posses que os tornassem independentes, sem ter que alugar sua força de trabalho aos fazendeiros. Essa foi uma das causas do atraso brasileiro.   

    A expedição Rohan-Lélis

    Desde as primeiras incursões em busca de ouro até os ciclos tropeiro e ervateiro, os cativos (índios e africanos) foram o motor do enriquecimento regional, que alimentou e reforçou as ideias de emancipar a Comarca de Curitiba do domínio paulista.

    Com o Brasil sob pressão para por fim ao trabalho escravo, a lei orçamentária nacional de 1848 procurou se antecipar à crise de abastecimento que se avizinhava, estimulando as Províncias a promover a imigração.

    Oferecia facilidades para a concessão de terras devolutas e criação de núcleos coloniais. Esse pano de fundo legal deu a base para uma nova aventura em busca de estruturar o Oeste do Paraná para receber seus povoadores.

    Entre o final de 1848 e o início do ano seguinte, o capitão Henrique Beaurepaire Rohan e Camilo Lélis da Silva, segundo tenente da Marinha, abriram uma picada de Guarapuava ao Xagu, onde já havia um aldeamento de “índios mansos”.

    Seguir o Rio Iguaçu 

    A formação da comunidade no Xagu foi um dos passos iniciais para a marcha ao Oeste. Beaurepaire Rohan e Camilo Lélis percorrem cerca de 320 km no sentido Leste-Oeste, seguindo paralelamente ao curso do Rio Iguaçu até os limites a fronteira com a República do Paraguai.

    Ao retornar da extenuante aventura, Lélis da Silva trazia um diário de viagem, que publicou em 1865 na Revista Trimensal do Instituto Histórico Geographico e Ethnographico do Brasil. Acrescentou ao diário uma interessante “Resenha da caça, peixe e abelheiras”. 

    A rota para a conquista do Oeste estava definida: seria acompanhar o Rio Iguaçu rumo à sua foz, no Rio Paraná. 

    No entanto, mais de vinte anos depois da publicação de Lélis da Silva o governo imperial ainda não havia feito nada nesse sentido. Mas argentinos já dominavam a foz do Iguaçu e os portos que eles próprios abriram no Rio Paraná.

     CLIQUE AQUI e veja episódios anteriores sobre A Grande História do Oeste, narrados pelo jornalista e escritor Alceu Sperança.

    Rio Xagu, de onde partiram Lélis e Rohan (destaque), que foi governador do Paraná e ministro da Guerra

     

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Vacina, saúde e emprego

    Vacina, saúde e emprego

    O Paraná já passou de 1,5 milhão de vacinados. Existe um caminho ainda a percorrer, mas esse número é um alento. Dependemos de fornecimento de vacinas do Ministério da Saúde, mas temos confiança que o ritmo de vacinação vai aumentar. Tanto que abrimos os postos de imunização para atender os paranaenses de domingo a domingo e até meia-noite, o Corujão da Vacinação. É com alívio, orgulho e esperança que relato isso, afinal, desde o início do ano passado, o mundo vive um período de incertezas, preocupações e tristezas. 

    São mais de 20 mil mortes por Covid no Paraná. São 20 mil pessoas, vinte mil famílias que passaram pela maior dificuldade que a pandemia trouxe. A perda de alguém querido. Lamento profundamente e manifesto meu sentimento de solidariedade a essas famílias. Temos um compromisso com elas. De trabalhar de forma incansável para evitar mais vítimas e continuar oferecendo um tratamento com qualidade, rapidez e eficácia para quem ainda contrai a doença.

    Mas tenho confiança e esperança de que esse cenário mais sombrio ficou para trás. Tenho também certeza de que fizemos o melhor com o que tínhamos à mão em meio a uma pandemia que surpreendeu o mundo pelo desconhecimento inicial do novo coronavírus. Na área de Saúde, tivemos que nos adaptar à medida que a doença ia avançando e os cientistas conseguiam oferecer subsídios para o combate a ela. Meu sincero reconhecimento e orgulho de cada um dos profissionais de Saúde nos 399 municípios do Paraná, que foram para essa verdadeira guerra com coragem, solidariedade e competência. Passamos de 900 mil casos de Covid no Paraná, o que significa que tivemos mais de 880 mil recuperados da doença. Esse número positivo deve ser sempre lembrado e creditado em grande parte às ações do nosso pessoal da Saúde. 

    A pandemia ainda não acabou, mas enquanto a luta continua temos que retomar a normalidade aos poucos, recuperar a economia, superar as dificuldades e fazer o Paraná crescer, gerar empregos e promover o desenvolvimento social.  

    A prejuízo da pandemia à economia mundial era inevitável, pois a única forma de prevenção realmente concreta que a ciência indicava era o isolamento social, com a interrupção de diversas atividades e negócios. Por isso o governador Carlos Massa Ratinho Jr. determinou prioridade no combate à pandemia, mas também no apoio às milhares de pessoas que sofreriam com o reflexo econômico dela. Assim, o Paraná focou esforços e recursos na saúde, na área social e em ações e projetos que permitissem ao Estado se recuperar mais rapidamente da crise sanitária e econômica.

    Esta semana mesmo o governador lançou um novo pacote social de auxílio a população mais vulnerável. São R$ 109 milhões divididos em seis ações como forma de amenizar o impacto da pandemia no dia a dia dos cidadãos. A maior parte dos recursos, no valor de R$ 62 milhões, será destinada para a proteção de crianças e adolescentes em situação de risco. O montante é oriundo de um edital do Fundo para Infância e Adolescência (FIA) e vai contemplar programas e projetos para o contraturno escolar desenvolvidos pela sociedade civil organizada. É o maior aporte do FIA em três décadas. 

    O atendimento aos mais vulneráveis começou, porém, já no ano passado com a distribuição dos alimentos da merenda escolar. Isso porque já os alunos não consumiriam na unidade de ensino. São beneficiadas 220 mil famílias de estudantes, que podem ir às escolas buscar frutas, legumes e hortaliças frescas da agricultura familiar, junto com os itens não perecíveis dos estoques das escolas, como arroz, feijão, farinha, açúcar, macarrão, óleo de soja, entre outros. Em 2020, o Governo do Estado distribuiu quase 40 mil toneladas de alimentos, um investimento de R$ 188 milhões, bem acima de 2019, quando foram servidas 23 mil toneladas em merendas nas escolas. Já o Comida Boa aportou R$ 113 milhões diretamente na economia das cidades. Um auxílio direto para 800 mil pessoas. 

    Recentemente lançamos ações pontuais para auxiliar diretamente setores mais afetados pela pandemia, como eventos, turismo, restaurantes, transporte escolar entre outros. As microempresas e os microempreendedores individuais (MEIs) de oito segmentos receberão auxílio financeiro emergencial do Governo do Estado, que está fazendo um investimento de R$ 60 milhões nesse programa. O Governo também prorrogou validade de certidões, congelou parcelas de financiamento da Fomento Paraná e prorrogou o prazo de pagamento da parcela estadual do ICMS devido por estabelecimentos optantes do Simples Nacional. Assim os pequenos empresários ganham folga nas contas.

    Outra medida foi um novo edital de R$ 31,5 milhões para o Coopera Paraná. O Programa de Apoio ao Cooperativismo da Agricultura Familiar do Paraná (Coopera Paraná) é uma ação governamental com o objetivo de fortalecer as organizações cooperativas como instrumentos para melhorar a competitividade e a renda dos agricultores familiares. 

    Neste mês de abril, o governador Ratinho Jr lançou a segunda edição do programa Paraná Mais Cidades, que disponibilizará R$ 500 milhões para investimentos nos 399 municípios, com recursos do Tesouro Estadual e da Assembleia Legislativa. O aporte é 42% maior do que o ano passado (R$ 351 milhões). O foco é fomentar o desenvolvimento sustentável, o crescimento econômico e a geração de empregos e oferecer assistência direta aos municípios. O programa deve gerar pelo menos 10 mil empregos diretos, fora os indiretos na cadeia de construção civil e do comércio.

    Dados de desempenho econômico positivo mostram o acerto do Governo do Estado ao trabalhar de forma planejada a retomada do crescimento. Somente o Governo investiu em 2020 mais de R$ 3 bilhões em obras estruturantes. Já a produção industrial do Paraná, apesar de um pequeno recuo em fevereiro, teve crescimento de maio do ano passado até janeiro último, mostrando sinais sólidos de recuperação, mesmo com a pandemia.

    Para finalizar, temos que destacar o otimismo e a competência do empreendedor paranaense, que proporcionou mais um recorde na geração de empregos formais em 2021. A abertura de 41.616 postos de trabalho em fevereiro significou o melhor desempenho para este mês durante a série histórica do Estado, que começou a ser calculada em 1996. Com esse resultado, mais os 24.342 novos postos de trabalho de janeiro, o Paraná é o terceiro Estado que mais gerou empregos em 2021, atrás somente de São Paulo e Minas Gerais.

    Vacina, saúde, emprego e esperança. Com planejamento, união e trabalho tudo isso é possível. Estamos juntos, construindo a retomada do Paraná. 

    *Guto Silva é chefe da Casa Civil do Governo do Paraná. 

     

    Fonte: Fonte não encontrada

  • A Rainha Comunicação e a ameaça ao Reino Corporativo

    A Rainha Comunicação e a ameaça ao Reino Corporativo

    Era uma vez, nos primórdios da Era da Informação, um pequeno Reino Corporativo cuja rainha era tímida e vivia em seus aposentos, ou reunida com a cúpula da Diretoria Real. 

    Até mesmo nas reuniões diretivas ela era pouco requerida, limitando-se a auxiliar o Rei, enquanto os demais presentes apenas baixavam suas cabeças sem dar opinião, pois eram considerados soldados executores.

    Apesar de sua posição de relevância, era uma rainha que não reinava. Tinha postura coadjuvante, atendo-se apenas a descrever as regras de conduta, punições ou meros comunicados internos.

    Os negócios do Reino mantinham o mesmo ritmo de sempre, com os resultados de sempre.

    Enquanto os negócios andavam, a rainha preferia permanecer no alto do castelo, com seus termos rebuscados e cultos, que a grande maioria nem sequer compreendia. Ela acreditava que os executores das tarefas do Reino Corporativo não precisavam tomar conhecimento das ações da Realeza. 

    E foi graças a um boom de demanda extraordinária do mercado, que o pequeno Reino Corporativo vislumbrou a oportunidade de crescer. 

    Foi necessário aumentar significativamente a população de executores para produzir mais. Eles passaram a ser tantos que não se entendiam mais. Não sabiam a quem se reportar e nem a quem levar as necessidades ou as ideias. Foi aí que surgiram problemas, erros das equipes, pedidos não atendidos, entregas fora do prazo, faltas ao trabalho, furos no controle de estoque e tantos outros.

    Até que um dia, a rainha saiu da cúpula do castelo e percebeu que a maior ameaça ao Reino Corporativo era ela mesma, por não estar exercendo corretamente a sua função de comunicar.

    No dia seguinte, a Rainha Comunicação realizou um discurso inflamado para todo o Reino. Declarou que o Império seria dela. Que ela passaria a ser prioridade entre todos os setores e processos, a começar pela Realeza. E quando todos se comunicaram efetivamente, o fenômeno do sucesso aconteceu! O Reino cresceu tanto que virou multinacional.

    Foi assim que uma nova era se estabeleceu, na qual a Comunicação se tornou estratégica em todo reino corporativo. E em todos eles passou-se a estabelecer uma comunicação assertiva, em que os líderes transmitem a todos a missão, visão e valores da empresa. Em que os colaboradores passaram não apenas a trabalhar, mas sim a se dedicar ao propósito da corporação, com o qual se identificam e do qual se orgulham.

    A Rainha estabeleceu a Era da Comunicação.

    Gostou? Neste texto busquei tratar de forma leve de um tema sério, que acomete muitas organizações e gera consequências tangíveis e intangíveis para o público interno e externo.

    Em diversas empresas a comunicação tem sido coadjuvante. Na história, nem tão fictícia assim, é fácil atribuir a culpa à personagem Comunicação, mas na vida real precisamos ter a consciência de que a comunicação é atribuição dos gestores, em todos os níveis. Portanto, são eles os responsáveis pelos problemas gerados em consequência da falta de comunicação ou de uma comunicação falha eu deficitária.

    A boa notícia é que é possível sanar esse problema, valorizando o trabalho de comunicação interna, unificando o discurso, fazendo uso de canais eficientes e de uma linguagem clara e objetiva.

    Sucesso a todos!

    * A autora é jornalista e investidora.

    Fonte: Fonte não encontrada

  • O crime que deu origem ao extremo-Oeste

    O crime que deu origem ao extremo-Oeste

    Na futura Província do Paraná, o início de 1846 registrava rigores climáticos: o “maior dilúvio desde 1796”, segundo o historiador Antônio Vieira dos Santos. 

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    Com a paz posterior à derrota sem perda total do movimento farroupilha*, os anos correram sem que o Paraná independente acontecesse e nada de novo houve nesse ano e em 1847.

    Entretanto, mudanças por acontecer no exterior vão animar o desenvolvimento capitalista, com reflexos no mundo e também aqui.

    Em 1848, o México, vencido na guerra com os EUA, perde para o vizinho dois milhões de quilômetros quadrados. Quando o vigia de um moinho na Califórnia acha pepitas de ouro às margens de um regato começa a Corrida do Ouro. 

    A descoberta de Sutter’s Mill favorecerá o desenvolvimento industrial, acelerando o enriquecimento dos EUA, ao contrário do ouro brasileiro, dissipado na Europa.

    *No tratado de paz, os rebeldes conseguiram anistia plena

    Mundo em transformação

    No início daquele mesmo ano de 1848 é publicado o Manifesto do Partido Comunista, de Marx e Engels, sinalizando para a nova etapa da Revolução Francesa, pela primeira vez sob a direção do proletariado, classe formada pelo desenvolvimento capitalista. 

    As barricadas operárias de Paris serão esmagadas com extrema violência pela tropa do general Cavaignac, com o passivo de dez mil mortes, mas a história segue com uma série de levantes burgueses e populares.

    A Primavera dos Povos varrerá a Europa, estimulando movimentos liberais radicais em outras partes do mundo, como a Revolução Praieira em Pernambuco.

    Como os líderes paranaenses ávidos para se livrar da tutela de São Paulo, ficava a conferir se eles continuariam a mandar ofícios pedindo em vão essa conquista ou também recorreriam às armas. 

    Parlamentarismo contorna revoltas

    Uma sucessão de acontecimentos inclinou os coronéis fazendeiros da região a se alinhar aos liberais moderados e também a negociar com os conservadores depois que Pedro II criou, em julho de 1848, o cargo de presidente do Conselho de Ministros do Império, equivalente ao de chefe de governo.

    As revoluções desencadeadas em 1848 se erguiam contra os regimes monárquicos autocráticos afundados em crises econômicas que recusavam a representação política da classe em ascensão – a burguesia.

    O anseio pela formação de governos constitucionais levou à extinção ou adaptação das monarquias.

    O imperador brasileiro engendrou um parlamentarismo em que o presidente e o corpo de ministros eram definidos pelos resultados das eleições parlamentares. Uma ginástica da monarquia para se adaptar aos novos tempos no mundo.

    Interior do Paraná virou prisão

    Na França, a onda revolucionária burguesa se espalhava pela Europa, alcançando Alemanha, Inglaterra, Áustria, Itália, Polônia, Dinamarca, Hungria, Tchecoslováquia e outras nações. 

    Por sua vez, o Brasil se adapta, mas vai ficando mais conservador à medida que o imperador amadurece.

    Militares eram premiados com amplos latifúndios no interior, em regiões que ocupavam pelo interesse de assegurar a propriedade, mas não tinham interesse em colonizar e com isso as intenções de ocupação no Oeste estacionaram. 

    Se na Califórnia os aventureiros partiam em busca do ouro em clima de liberdade, foi a ausência de liberdade que engendrou no futuro Paraná um tipo especial de pioneiro: os condenados à morte deixados em prisão a céu aberto.

    Legítima defesa ou assassinato?

    Sentenciados à pena máxima em São Paulo tinham eventualmente a pena comutada em degredo nos sertões de Guarapuava, abandonados a esmo nos “Campos de Nerinhê”, local em que no futuro brotaria a Colônia de Marechal Mallet, atual Laranjeiras do Sul.

    A consequência da pena comutada em degredo foi torná-los posseiros de terras muito ricas. 

    Começou quando um tenente paulista em desavença com vizinhos por motivos de divisas de terras aproveitou uma folga no trabalho militar para visitar suas plantações. 

    “Na passagem de uma porteira, duas pessoas lhe armaram uma tocaia com o intuito de matá-lo. Houve luta, e José Nogueira do Amaral matou os dois oponentes” (Nerje, João Olivir Camargo). 

    Pistola para um condenado

    O tenente paulista José Nogueira do Amaral foi condenado à morte pela forca. Benquisto na corporação, teve a pena comutada em degredo no remoto sertão de Guarapuava conhecido pelos índios como Campos de Nerinhê (“o mesmo que nerje, laranja em Caingangue”), junto com outros criminosos. 

    “O alferes José Toledo, como era de praxe, deixou ao condenado uma pedra de sal (uma arroba), um facão, alguns víveres e uma pistola pedreira. Esta pistola foi certamente uma gentileza do alferes Toledo, pois não se costumava deixar armas de fogo com os condenados. A longa viagem da escolta e do condenado, desde São Paulo até a nossa região, fez nascer alguma amizade entre estes homens, e quem sabe, um misto de admiração e de piedade por aquele que seria abandonado em terras tão selvagens e cheias de perigos, principalmente pela presença das hordas de índios” (João Olivir Camargo).

    Castigo virou riqueza

    Outros degredados ficaram nas imediações de Guarapuava, mas Amaral foi abandonado em uma região ainda mais inóspita: a “terra dos índios Dorins rudes e bárbaros”, segundo o padre Francisco das Chagas Lima – os Campos de Nerinhê. 

    Com isso, em dezembro 1848 o infeliz José Nogueira do Amaral passava à história como o primeiro posseiro e fundador de Laranjeiras do Sul. 

    O nome do local vinha da presença no local de laranjas silvestres, que o povo conhece como “laranja azeda”.

    Amaral, portanto, não chegou para obter uma recompensa, ao contrário de outros militares que ganharam latifúndios por ações nos campos de batalha. Ao contrário, ele veio ao futuro Paraná como castigo, para cumprir a pena de prisão em degredo, abandonado para morrer na mata.

    Lendas e tesouros

    Com a sentença à morte transformada em liberdade total na mata, Amaral empregou noções de sobrevivência e evitou o contato com os índios até que em certa ocasião foi atacado, mas resistiu com bravura até ser finalmente aprisionado.

    Teve a vida poupada por se defender sem armas. A família que Amaral viria a chefiar foi constituída na convivência com os índios.

    De sua região, 40 anos depois, partiriam os militares encarregados de conquistar o extremo-Oeste: a região de Cascavel a Foz do Iguaçu.

    Entre os sertanejos, a história de sobrevivência e enriquecimento de Amaral virou lenda. Ao morrer, de velhice, em 1884, correu o comentário de que foi sepultado com uma espada com cabo de ouro e outros objetos valiosos. 

    Seu túmulo foi várias vezes violado por aventureiros crentes de que achariam enterrado ali o tesouro do militar que fez da condenação à morte uma vida de riquezas e lendas. 

     CLIQUE AQUI e veja episódios anteriores sobre A Grande História do Oeste, narrados pelo jornalista e escritor Alceu Sperança.

    Campos de Nerinhê assinalados em mapa de 1876

     

    Fonte: Fonte não encontrada

  • O pedágio e as questões não explicadas

    O pedágio e as questões não explicadas

    A proposta apresentada pelo Ministério de Infraestrutura para a licitação das concessões do pedágio no Paraná deixou muitos questionamentos. Assim, somos obrigados a algumas considerações:

    Primeiro: O Ministério de Infraestrutura apresentou uma estimativa de arrecadação, nos próximos 30 anos de concessões, de R$ 156 bilhões, sofrendo reajustes baseados na inflação. Desses valores prevê-se destino de R$ 42 bilhões para obras e manutenção.

    Segundo: O INPC – Índice Nacional de Preços ao Consumidor -, no período de 2010 a 2020, teve aumento de 75%. Vamos que esse índice permaneça nos próximos períodos, só aí é possível perceber que os valores de arrecadação do pedágio de 2021 a 2051 serão de aproximadamente R$ 400 bilhões e não de R$ 156 bilhões divulgados pelo Ministério de Infraestrutura. Onde está a lógica?

    Há que se considerar ainda que no período (2010 a 2020) o PIB – Produto Interno Bruto -, no Brasil, cresceu 2,7%, índice que não servirá para o reajuste dos valores do pedágio que serão, de acordo com a proposta, corrigidos pela inflação que chegou a 75%.

    Isso se traduz em perda de competitividade aos nossos produtos e serviços e na transferência de patrimônio da sociedade paranaense para as concessionárias. Algo muito grave!

    Terceiro: Os investimentos divulgados pelo Ministério de Infraestrutura a serem feitos no período de 2021 a 2030 importam em R$ 42 bilhões e serão totalmente acrescidos aos valores do pedágio até 2051. Isto é: todos os investimentos serão reembolsados para as concessionárias nos pagamentos das tarifas das praças de pedágio feitos pelos usuários.

    Quarto: A população do Paraná é de 11,6 milhões de habitantes, com uma frota de 8 milhões de veículos, isto é, uma média 1,5 habitante/veículo. Temos de considerar ainda os veículos que são emplacados em outros estados e aqueles que transitam pelas rodovias paranaenses que vêm de outras regiões do País, e que passarão pelas 42 praças de pedágio dos 3.327 quilômetros de estradas pedagiadas. Projetando um crescimento anual de 80 mil veículos, quantos veículos serão em 2051? Então, de quanto será a arrecadação total das concessionárias de 2021 a 2051?

    Quinto: O modelo proposto pelo Ministério de Infraestrutura é mais desastroso e muito mais nocivo que o atual por vários aspectos:

    1º – aumento de 2.800 para 3.327 quilômetros de rodovias pedagiadas;

    2º – aumento de 27 para 42 praças de pedágio;

    3º – projeção de arrecadação que pode ultrapassar R$ 400 bilhões;

    4º – inexplicavelmente, os valores do pedágio no Paraná continuarão como os maiores do Brasil.

    Isso é absurdo e inaceitável. Será o comprometimento do futuro de duas gerações de indivíduos e a lenta destruição da economia do Paraná.

    O Oeste do Estado, grande produtor de bens e serviços, com ações focadas e determinadas pela necessidade de competitividade, vive e manifesta a imensa preocupação com o futuro da região, com os valores do novo pedágio e com a logística para a comercialização da sua produção.

    É por isso que nos envolvemos e insistimos nessa bandeira crucial para o nosso futuro. Entendemos que a população precisa ser conscientizada da importância do debate sobre a nova concessão e sobre as tarifas do pedágio. É importante ressaltar que a economia do Oeste do Paraná e do estado do Paraná será entregue ao capital especulativo das futuras concessionárias.

    Elas querem potencializar o retorno econômico para as suas corporações. E toda a sociedade ficará dependente dessas concessionárias, como estamos desde 1997, sendo explorados pelas atuais detentoras das concessões. E muita atenção, porque elas querem permanecer na exploração e parece que as coisas se alinham para tal.

    O desafio dos líderes do Oeste, tendo à frente o POD – Programa Oeste em Desenvolvimento -, a Amop (Associação dos Municípios do Oeste do Paraná), as Cooperativas e os políticos e os empresários empenhados nessa missão é mudar a proposta do Ministério de Infraestrutura.

    Temos apenas 60 dias de prazo para a desconstrução do modelo proposto do Ministério de Infraestrutura e criarmos um modelo justo para a sociedade, que não seja uma sangria de recursos, mas que ofereça condições de logística e estratégias propositivas para melhorar a competitividade dos produtos e a prosperidade do estado do Paraná.

    *Dilvo Grolli é presidente da Coopavel

    Fonte: Fonte não encontrada

  • A história passa e o Paraná fica para trás

    A história passa e o Paraná fica para trás

    A primeira metade da década de 1840 se caracterizou pela instabilidade governamental, prejudicando a demanda dos lideres de Curitiba, Campos Gerais e litoral pela criação do futuro Paraná, que ninguém imaginava com esse nome. A intenção, na época, era criar a “Província da Coritiba”.

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    Em 1843, João da Silva Machado consolidava seu poder no Império, recebendo o título de Barão de Antonina, projeção que facilitaria o esforço pela criação da nova Província, mas os líderes paulistas fariam tudo para impedir essa conquista – inclusive manobras desonestas.

    Havia uma tendência dos políticos conservadores a aceitar a emancipação do futuro Paraná, mas a polarização entre eles e os liberais paralisava tudo que não fosse passível de consenso, como aconteceu com a rejeitada intenção do imperador de perdoar os rebeldes farroupilhas.

    Em 22 de abril de 1844, Manoel Felizardo de Souza e Mello, conservador e partidário da emancipação, encerrava sua gestão à frente do governo provincial paulista sem avançar um centímetro nesse objetivo.

    Perdoar ou punir os revolucionários?

    Assume o governo paulista o brigadeiro Joaquim José de Moraes e Abreu, para ficar na função apenas até 1º de junho e passar o cargo ao general fluminense Manoel da Fonseca Lima e Silva, o Barão de Suruí (1793–1869). 

    Lima e Silva, tio e também cunhado do Barão, futuro Duque de Caxias, permaneceu três anos no governo, mas também não obteve sucesso em emancipar o Paraná. Pior ainda: autorizou a prática de um crime irreparável contra a memória histórica do futuro Paraná. A pretexto de coletar documentos para preservar e mostrar o potencial da região, o grosso da memória paranaense da época foi levado para São Paulo e lá se perdeu. 

    O Paraná ficou praticamente sem memória anterior aos anos 1840 e a emancipação sofreu muito atraso, até por conta da situação nacional: em 24 de maio de 1844 o jovem imperador Pedro II dissolveu a Assembleia Nacional por decreto porque a maioria dos parlamentares era contra perdoar os revolucionários sulistas e o monarca pretendia aprovar o perdão para pacificar o país. 

    Prioridade ao Sul

    Com o tio governando São Paulo e o sobrinho Caxias controlando São Pedro, como o RS era conhecido na época, as atenções do Império estavam inteiramente voltadas ao Sul, onde os revolucionários republicanos farroupilhas perderam a iniciativa das ações e as tropas imperiais do Barão de Caxias avançavam com firmeza, palmo a palmo. 

    A preocupação do Barão de Suruí era a construção do caminho ligando o centro do atual Paraná ao Norte do Rio Grande do Sul, a cargo de Francisco da Rocha Loures, que partiu de Guarapuava em 4 de março de 1845.

    O capitão Hermógenes Lobo e o cacique Vitorino Condá, já eliminados da colonização de Palmas, seguiam na comitiva. 

    Finda a Revolução Farroupilha com o Tratado de Poncho Verde, em março de 1845, o ano de 1846 foi o mais tranquilo para o Brasil no decorrer de uma década de muita agitação.

    Esperando os imigrantes

    Atanagildo Pinto Martins, tropeiro paranaense que iniciou a conquista do Nordeste gaúcho, era um entusiasmado defensor desse novo caminho, que estrategicamente e em definitivo integraria o Paraná ao RS.

    O caminho, porém, atravessaria regiões completamente despovoadas e sem estrutura. Atrair imigrantes para trabalhar na florescente cultura do café foi a opção que se apresentou com a onda de miséria que varreu a Europa nessa época. 

    O ano de 1845 assinalara o início da Grande Fome na Irlanda, maior catástrofe demográfica que atingiu a Europa entre a Guerra dos Trinta Anos e a Primeira Guerra Mundial.

    O país pacificado permitiu ao Barão de Antonina, João da Silva Machado, promover intensas expedições por desde o Sul até o ainda inexplorado Mato Grosso, expandindo frentes de exploração que consistiam primeiramente em identificar as áreas mais ricas e promissoras para se apossar delas e iniciar projetos de colonização.

    Exploração minuciosa

    No interior, a tarefa era conhecer cada palmo da região para explorar melhor seu potencial. O Barão de Antonina reuniu importantes relatórios para traçar seus planos nesse sentido. 

    Nas anotações dos exploradores constará que o Rio Ivaí é, em geral, “ladeado por terra roxa superior, em muitos lugares desde a barranca vestida de boas madeiras, e própria a qualquer cultura; muito abundante em peixe, caça e frutas (havendo até no inverno jabuticabas maduras)” (Resumo de Viagem, Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil).

    “Salve Ivaí, com as tuas grandes corredeiras, com as tuas selvas majestosas, que, por dezenas de léguas, estão até agora livres de penetração humana! Salve rio de caça e pesca assombrosas, e das imensas riquezas ocultas entre as tuas pedras! Salve, praias alvas e puras; pássaros bonitos e ariranhas ariscas! Salve! Brevemente voltaremos com uma Bandeira ideal, não para estragar as tuas opulências, mas sim para ainda mais admirar o supremo encanto da tua pujante natureza; para desvendar os teus mistérios; para conhecer novas belezas e maravilhas!” (Alcides Laffranchi, Nos Sertões do Rio Paraná – Caçadas, Pescarias e Peripécias nas matas e rios).

    Recompondo informações

    A expedição a serviço de Machado entra no Rio Paraná às 7 horas da manhã de 5 de outubro de 1845 e em dezembro, depois de muitas explorações, encontrará o Barão de Antonina “com um relatório e mapa detalhado de viagem, com tabela de distâncias por terra e por águas” (Ledir Marques Pedrosa, Origem histórica e bravura dos Barbosas).  

    A exploração dos rios Verde, Paranapanema e seus afluentes Tibagi e Pirapó, o Paraná e o Ivaí se encerrou com sucesso, também contando com a colaboração dos irmãos Francisco e Antônio Gonçalves Barbosa, trazendo preciosas informações a respeito do potencial das áreas estudadas.

    O Barão de Antonina contou, portanto, com relatórios e dados fundamentais para traçar seus planos e assim começava a compensar o roubo de documentos informativos cometido por ardilosos políticos paulistas. 

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    Imperador Pedro II tinha 18 anos quando fechou o Congresso, ou seja, dissolveu a Assembleia Nacional

     

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