Categoria: Opinião

  • Para coronéis, padre era louco e valia leiloar índios

    Para coronéis, padre era louco e valia leiloar índios

    Em ofício datado de 3 de agosto de 1825, o irritado governador paulista Lucas Antônio Monteiro de Barros advertiu o comandante Rocha Loures que era seu dever manter na vila e na aldeia de Atalaia (atual Guarapuava) “a prática dos bons costumes”. 

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    Com base no relatório que recebera do padre Francisco das Chagas Lima, o governador concluiu que a causa do arrasador ataque indígena à vila em 24 de abril de 1825 foi “a desobediência e repreensível procedimento dos índios aldeados em irem procurar e ofender os que se acharam pacíficos em suas habitações” (Arquivo Público do Estado de São Paulo, Documentos Interessantes para a História e Costumes de São Paulo).

    As tribos atacaram porque sistematicamente perdiam suas mulheres e filhos para os soldados lusos e índios catequizados pelo padre Chagas Lima. Eles saíam armados pelo mato invadindo aldeias na ausência dos guerreiros e levavam para Atalaia as mulheres e as crianças capturadas para vendê-las em leilões aos fazendeiros. 

    Padre seria “louco”

    O padre Francisco das Chagas Lima, tido como “louco” pela milícia paramilitar sertaneja que capturava mulheres e crianças, tentava sem sucesso impedir que os índios fossem escravizados pelos fazendeiros.

    O padre continuava sustentando que dominar os índios pela catequese, mantendo-os disciplinados em aldeamento organizado pelos brancos, era a receita para ocupá-los nas fazendas e nas obras de desbravamento do interior paranaense, ações que a religião considerava justas.

    Na visão dos coronéis do sertão, porém, era loucura não escravizar, deixando livres na mata os índios que rejeitavam a catequese e não aceitavam se tornar escravos dos fazendeiros.

    Para eles, permitir a liberdade dos nativos seria criar inimigos que poderiam criar obstáculos ao avanço das estradas e à formação das colônias, agora com a vinda de imigrantes para substituir a mão de obra escrava.

    Telhas contra flechas incendiárias

    O governador paulista reprovou o comportamento dos índios aldeados, que a serviço dos coronéis caçavam as mulheres e crianças das tribos livres no mato. Considerava assim ineficaz o sistema montado pelo padre Chagas Lima e seu cunhado, Antônio da Rocha Loures na futura Guarapuava.

    Para evitar flechas incendiárias sobre as choupanas, apontadas como a origem da destruição da vila, Barros recomendou um progresso: contratar um oleiro para fabricar telhas e com elas cobrir as casas. 

    Quanto aos índios catequizados, segundo o governador, a autoridade local deveria ter sempre em vista empregá-los efetivamente na agricultura e outras tarefas necessárias e “ao mesmo tempo ir habilitando a alguns índios moços e que não tenham vícios para o Serviço Militar”.

    Monteiro de Barros ainda mandou cuidar dos “índios que restam”, fornecendo-lhes cobertores, peças de algodão e uma quantia de 150 mil réis. Esses “índios que restam” – ou seja, os que sobreviveram ao ataque, passariam a compor uma aldeia à parte, mas junto à vila.

    Ótimo negócio

    O governador paulista condenava a perseguição aos índios refratários, mas a repressão paramilitar dos coronéis não cessou. 

    Eles negavam que fizessem leilões em praça pública com os índios apreendidos, mas concordavam “que fossem vendidos pelas pessoas que participavam das entradas*, e que o dinheiro era repartido metade para o dono da entrada e a outra metade pelos demais participantes” (Almir Antonio de Souza, Armas, Pólvora e Chumbo).

    Negavam o que confessavam, portanto. Aprisionar índios, sobretudo mulheres e crianças, e vender seus “serviços” aos fazendeiros, durante o prazo de quinze anos, previsto em lei, era um negócio rendoso, considerado estruturante para a ocupação do interior paranaense.

    *Entradas eram expedições governamentais. Bandeiras eram as expedições privadas. 

    Chegam os ingleses

    A erva-mate já enriquecia os líderes paranaenses no segundo quarto do século XIX. Em 1826, o produto representava 70% das exportações regionais. As ótimas possibilidades da extração, preparo e exportação do mate atraíram a atenção dos interesses britânicos que já dominavam a Argentina.

    Progressivamente, começando no Império e se estendendo pela República, os interesses anglo-argentinos foram controlando passo a passo toda a cadeia do negócio ervateiro, desde o litoral até as inexploradas matas do Oeste.

    Aproveitavam a facilidade com que o governo imperial brasileiro distribuía concessões de terras na faixa de fronteira. Tais interesses, formando empresas conhecidas como obrages, passam a tomar conta do interior do Paraná, empregando mão de obra paraguaia.

    Escravos para São Paulo

    A presença do controle britânico sobre o Paraná se manifestava desde o monitoramento da burla dos fazendeiros à lei restritiva ao tráfico de escravos da África ao Brasil até o controle de qualidade da erva-mate industrializada.

    A cafeicultura paulista em franco desenvolvimento usava os escravos introduzidos clandestinamente pelos portos do Paraná. Não trabalhavam aqui: só transitavam pelo Paraná e seguiam a São Paulo.

    A região, sem escravos para trabalhar, também perdia seus jovens, levados para as guerras no Sul. 

    Pagar a independência com empréstimos tomados junto aos banqueiros britânicos e altamente lesivos aos interesses brasileiros pôs o imperador Pedro I frente a um Tesouro Nacional desprovido de ouro. 

    Seu pai, o rei João VI, havia raspado os cofres brasileiros como indenização pelos “benefícios” trazidos pela Corte à Colônia.

    Inovação derrubou o Brasil 

    Pedro I tentou abater a dívida enviando à Inglaterra 50 quintais (três toneladas) de toras de pau-brasil para leiloá-las em Londres. 

    “A esperança do Imperador de saldar a dívida com o pau-de-tinta esbarrou numa inovação tecnológica: o advento da indústria de anilinas reduzira em muito o valor da árvore-símbolo do Brasil. Os juros foram pagos com atraso. Em dinheiro, não em paus” (Eduardo Bueno, História do Brasil).

    O Brasil se perdia, mas o Paraná tinha futuro. As origens do ciclo migratório europeu pós-Portugal ao Paraná estão no desenvolvimento das obras da estratégica Estrada da Mata, um dos caminhos tropeiros que ligaram São Paulo e Rio Grande do Sul.

    A via se constituiu no principal eixo da circulação de riquezas no Brasil nessa época. Os imigrantes alemães seriam selecionados para receber, com as terras, a missão não contratual de rechaçar a presença indígena nos arredores. 

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    Símbolo do atraso brasileiro: quando Pedro I quis pagar a dívida com o pau-brasil, a inovação das anilinas derrubou seu valor

     

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Índios atacam. Desta vez, era verdade

    Índios atacam. Desta vez, era verdade

    Cândido Xavier de Almeida e Sousa, que na juventude, em 1770, conheceu o futuro Paraná como soldado, encerrou sua gestão como presidente (governador) da Província de São Paulo em 1º de abril de 1824, substituído pelo Barão de Congonhas do Campo, Lucas Antônio Monteiro de Barros.

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     Novo governador, mineiro, desconhecia a região e logo se viu diante de uma forte disputa entre os partidários do padre Francisco das Chagas Lima e dos coronéis do sertão. 

    Para Lima, os índios deveriam ser catequizados e postos a serviço da colonização pacífica do interior, respeitando e dando tempo às tribos que não aceitassem a catequese. Já os coronéis defendiam o extermínio das tribos que se recusassem a aceitar o aldeamento sob controle militar.

    Entra em cena o café

    A extraordinária alta dos preços do café na Europa em 1823, pressionada pela ameaça de guerra entre França e Espanha, estimulou decisivamente as plantações no Brasil.

    A possibilidade de expandir as lavouras de café para regiões férteis valorizava os amplos espaços inexplorados. Entre Guarapuava e o Rio Paraná, espaço vazio era o que mais havia, em terras fertilíssimas na mesopotâmia dos rios Paraná, Piquiri e Iguaçu.

    Ocupar essas terras requeria, além da presença  militar, a ação produtiva a cargo de colonos interessados não só em erva-mate (que não era preciso plantar) e criar gado nos campos. 

    O Conselho de Província de São Paulo, em sua sessão de 10 de novembro de 1824, atendeu a um apelo de João da Silva Machado, futuro Barão de Antonina, aprovando a instalação de um povoado na Estrada da Mata, na 5ª Comarca (território do atual Paraná que pertencia à Província de São Paulo).

    Plantar é coisa de índio

    A povoação prevista, a futura colônia de Rio Negro, foi projetada para colonos com vocação para a agricultura. A Estrada da Mata, essencial para a circulação de pessoas e gado, precisava de estruturas de apoio.

    Plantar povoações para produzir alimentos e prestar serviços aos viajantes ao longo do caminho era uma proposta sensata. Com isso, o Conselho determinou que fossem convidadas em todas as vilas do Sul as famílias que quisessem se estabelecer na povoação sugerida por Machado.

    Comunicou que s interessados estariam “gozando dos privilégios conferidos pela Carta Régia de 13 maio de 1808”, que dava direito aos moradores de “matarem e escravizarem indígenas” (Documentos interessantes para a História e Costumes de São Paulo – Vol. 86).

    Essa decisão não empolgou as vilas, que progrediam com a erva-mate, criavam gado com sucesso e estavam fora da área de risco de ataques indígenas. Preferiam criar e exportar mate. Plantar era atividade tida como desprezível, reservada aos índios e africanos escravizados.

    Solução: atrair imigrantes

    O projeto, em consequência, só teve andamento com o Ato Adicional com o qual o governo do Império autorizou as Províncias a promover a imigração por conta própria para o povoamento de seus territórios. 

    Começa nessa época, assim, a transferência de imigrantes europeus, inicialmente alemães, para o Brasil. Eles virão principalmente para o Sul do país – Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

    Mais que estimular a ocupação territorial, o governo imperial ainda pretendia na época estender forças militares de controle para combater eventuais incursões de castelhanos (uruguaios e argentinos), rebeldias pró-republicanas, tentativas de libertação de escravos e os supostos ataques indígenas reportados pelos coronéis do futuro Paraná.

    Estafeta viajava sozinho

    As autoridades militar e eclesiástica da futura Guarapuava, os cunhados padre Chagas Lima e coronel Rocha Loures, queixavam-se de que seus empreendedores e jovens militares eram enviados para as frentes de combate e colonização no Sul, dificultando, por falta de mão de obra, o progresso da frente de ocupação do interior do Paraná.

    As queixas de Guarapuava só seriam ouvidas depois da Guerra do Paraguai (1864–1870), quando os coronéis dos Campos Gerais já não emitiam mais notícias forçadas de supostas rebeldias indígenas. 

    Não haveria mais porque, depois da guerra, simular supostos ataques dos índios para proteger os filhos de ir lutar nas frentes de combate. Até um solitário estafeta já percorria distâncias enormes na mata levando correspondências sem relatar ataques rebeldes. 

    Leilões de mulheres e crianças

    Mas ainda em 1825, na região de Guarapuava, a vanguarda povoadora sofria com a contradição entre a catequese pacífica do padre Francisco das Chagas Lima e a agressividade dos militares e fazendeiros. 

    Como estes precisavam de braços para a lavoura e a criação, substituindo os colonos jovens levados para os combates no Sul, estavam dispostos a pagar por índios capturados na mata em leilões ilegais promovidos pelos militares e mercenários sertanejos.

    Várias expedições para arrecadar mão de obra indígena foram empreendidas pelos portugueses com o apoio de seus índios catequizados, os Camés.

    A captura de mulheres e crianças pelos portugueses e seus aliados Camés causava revolta entre as tribos que não aceitavam se submeter à catequese ou escravidão determinada pelas autoridades e fazendeiros portugueses.

    Foi assim que os índios Votorões, “seguidamente acossados pelos homens da expedição (…) revoltados, acabaram atacando e incendiando a povoação de Atalaia, em abril de 1825” (Osvaldo Pilotto, Sinopse Histórica do Paraná). 

    No ataque, padre chorava e rezava

    Era o dia 24 de abril de 1825. A Freguesia de Nossa Senhora de Belém (futura Guarapuava) foi atacada pelos índios Dorins, um ramo Kaingangue. Diversas casas foram queimadas. Ao ser atacada, a Vila de Guarapuava tinha 342 habitantes (Alcyoli Therezinha Gruber de Abreu, A posse e o uso da terra: modernização agropecuária de Guarapuava).

    No ataque, morreram 28 índios e dezenas deles ficaram feridos, relatou o padre Francisco das Chagas Lima, que ao fazer um balanço dos prejuízos no dia 26 relatou ao governo paulista que as instalações do aldeamento ficaram completamente destruídas.

    Durante a batalha, o desolado padre Chagas Lima, em estado de choque, só orava: “Salvou-o o seu fiel servidor Reginaldo, carregando-o às costas até a um capão próximo onde se haviam homiziados os [índios] Camés vencidos na refrega” (Romário Martins, Bandeiras e bandeirantes em terras do Paraná).

    O religioso caiu em profunda depressão. Os índios que atacaram a vanguarda portuguesa, narrou Lima, “vingavam repetidos insultos, crueldades e mortes”. 

    O governador Lucas Monteiro de Barros se irritou com a surpreendente vitória dos índios rebeldes sobre Guarapuava e decidiu que providências drásticas seriam tomadas.

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    Estrada da Mata: Rio Negro seria um posto intermediário entre São Paulo e o Sul

     

     

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  • Ameaça de ataque indígena, truque para evitar a guerra

    Ameaça de ataque indígena, truque para evitar a guerra

    Há na historiografia paranaense muita controvérsia sobre o “perigo indígena” na primeira metade do século XIX. Com o predomínio das ideias agressivas do coronel Luciano Carneiro Lobo em oposição às propostas pacíficas do padre Francisco das Chagas Lima e seu cunhado, o chefe militar do Oeste, Antônio da Rocha Loures, cresceram a partir da década de 1820 as agressões aos índios no Oeste do futuro Paraná.

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    Já sem o interesse do governo paulista pelo projeto da dupla Lima-Loures, bombardeado por denúncias de sangrentos ataques indígenas não comprovados, a questão era saber por que os coronéis alardeavam tanto uma ameaça que não existia. 

    A versão de que não havia de fato o perigo de agressões indígenas era sustentada principalmente pelo padre Francisco das Chagas Lima, para quem ataques violentos só foram cometidos posteriormente, como reação a vários anos de expedições de caça promovidas pelos militares portugueses. 

    Alvo: mulheres e crianças

    A manobra dos militares lusos que mais irritava os gentios (índios ainda não catequizados) era usar os índios catequizados para capturar as mulheres e crianças das tribos resistentes ao aldeamento, onde eram forçados ao trabalho escravo.

    O alarmismo do coronel Luciano Carneiro Lobo, que propunha às autoridades paulistas a formação de milícias armadas locais para combater os índios, encontrou, porém, mais um opositor no comandante da vila de Itapetininga, o capitão-mor Francisco Xavier de Araújo (1777–1836).

    Para este, Carneiro Lobo usava o pretexto de que os índios eram cruéis e violentos para evitar que seus peões e subordinados fossem recrutados para colonizar e combater no Sul, onde estavam as prioridades paulistas.  

    Solução: formar milícias 

    Os ricos fazendeiros usavam seu poder para proteger os filhos do recrutamento, mas os empregados deles e seus agregados pobres eram recrutados sem escapatória. 

    As supostas ameaças indígenas, nesse caso, tinham o propósito de evitar o recrutamento dos peões das fazendas, evitando que fossem à luta na frente sulina, onde estava em jogo o domínio sobre o atual Uruguai. 

    Ali teriam que enfrentar não os pobres índios da região, que se dizimavam entre si, incitados pelos portugueses, mas os “rijos criollos” dos Pampas, onde uma população explorada pelos europeus estava sequiosa por liberdade e independência.

    O “perigo indígena”, neste caso, foi criado por Carneiro Lobo e elite paranaense para sugerir ao governo paulista a necessidade de criar milícias com os moradores pobres, sob o comando dos filhos dos coronéis, para resistir aos supostos ataques dos selvagens.

    Perigo fictício

    Para o comandante de Itapetininga, “o perigo indígena alegado por moradores pobres para não serem recrutados era fictício e […] não existia” (Almir Antonio de Souza, Armas, pólvora e chumbo). 

    Em comunicado ao Conselho Geral da Província datado de 14 de maio de 1823, o capitão-mor Xavier de Araújo informou que somente 16 anos antes das queixas sobre a suposta ameaça indígena aconteceu um episódio que nunca mais se repetiu: um grupo de índios “que andavam de corso”*  atravessou a estrada geral que seguia para a Vila de Itapeva, onde causaram algum tumulto mas foram afugentados e nunca mais voltaram.

    O argumento mais racional usado pelas famílias abastadas e comerciantes militares locais que tentavam evitar o recrutamento de seus filhos para as Guerras Cisplatinas era de que o esvaziamento populacional do interior do Paraná dessa época deixava um vazio propício à eventualidade de ataques a instalações como portos, paióis e ranchos de lavradores.

    * Andar de corso: perambular, apanhando nas andanças o que estiver ao alcance da mão.

    Miliciano não tem soldo

    Carneiro Lobo, o poderoso chefe militar de Jaguariaíva, propunha aproveitar os habitantes desta vila e arredores, como Ponta Grossa, como “corporação de ordenanças” (uma espécie de polícia), não só por serem moradores da região, mas por ter conhecimento do território. 

    Naturalmente, defendia o coronel, sendo proprietários interessados em manter suas posses, a força miliciana local teria mais interesse na conservação das suas propriedades que militares vindos de longe, sem condições de agir imediatamente na mata por não conhecer a região.

    O argumento preferido pelo coronel era uma isca ao governo paulista: a milícia local, mantida pelos próprios fazendeiros, “poupa as despesas à fazenda nacional”. Além disso, informava Carneiro Lobo, já estava em ação “uma companhia denominada de Aventureiros”, composta de trinta homens.

    Esse grupo de mercenários sertanejos faria as expedições punitivas aos índios com mais eficiência que soldados deslocados de postos militares localizados a cerca de dez léguas. Vinte milicianos residentes nos arredores poderiam dar conta da tarefa, propunha o coronel ao governo paulista, em 17 de dezembro de 1823.

    A democracia dos ricos

    Em 1824, sem oposição do governo, os coronéis formavam milícias próprias, resguardando os mercenários sertanejos de ser recrutados para combater no Sul.

    Trabalhando nas fazendas sob o pretexto de combater supostos índios rebeldes, evitavam cair na mira dos guerrilheiros uruguaios em sua luta por liberdade.

    Enquanto isso, no cenário nacional, a primeira Constituição do Brasil foi outorgada em 25 de março de 1824. Atendendo à vontade do imperador Pedro I, criava uma “democracia” ao gosto do monarca.

    Para votar, era preciso ser homem, ganhar mais de 100 mil réis por ano e ter mais de 25 anos da idade. Só podia ser candidato a deputado quem ganhasse no mínimo 400 mil réis por ano. Os senadores eram vitalícios. 

    A nova Carta instituía em lugar das antigas capitanias a Província, a ser governada por um presidente e não mais por um capitão-general. Os presidentes provinciais seriam escolhidos pelo imperador e podiam ser demitidos por ele ad nutum (a qualquer momento, sem explicações). 

    Apesar de tudo, a Constituição permitia o início da luta dos paranaenses pela criação de sua própria Província.

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    Narrativa lusa: índios obedientes e em fila se submetendo às ordens dos soldados portugueses

     

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Por que se orgulhar da nossa Copel

    Por que se orgulhar da nossa Copel

    Como acionista da Copel (Companhia Paranaense de Energia) e moradora deste Estado desde meu primeiro ano de vida, sinto-me no compromisso de enaltece-la, pois nem sempre sabemos valorizar o que é nosso.

    Hoje vou lhe falar porque podemos nos orgulhar da Copel. 

    Quando digo “nossa” é para enfatizar que, apesar de ser uma empresa de capital aberto, ela é do povo do Paraná, já que tem o governo do nosso Estado como acionista majoritário.

    Neste início de ano, as ações preferenciais da companhia (CPLE6) passaram a integrar o principal índice da Bolsa de Valores brasileira, a B3 (Brasil Bolsa Balcão). Ainda que tenha participação de 0,431%, passar a integrar a carteira teórica do Ibovespa é um importante passo para a Copel, especialmente em termos de relevância no mercado de capitais brasileiro, em razão de fazer parte do seleto grupo de ativos que representa cerca de 80% do volume de negócios da bolsa.

    Também no início deste ano, as ações da Copel passaram a compor a Carteira ICO2, do Índice Carbono Eficiente da B3, em razão do compromisso da empresa com a redução na emissão de gases de efeito estufa. Dessa forma, ela coopera com um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que é: combater as mudanças climáticas e seus impactos, segundo o Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU).

    Outro motivo para se orgulhar da Copel é que ela renovou, em 2021, sua participação na carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da B3, do qual fazem parte somente 39 empresas brasileiras, reflexo do comprometimento da Companhia Paranaense com o desenvolvimento sustentável, eficiência econômica, justiça social e governança corporativa. 

    Estrategicamente, a Copel também está se preparando para aumentar seu nível de segmento de listagem na Bolsa de Valores brasileira, do Nível 1 para o Nível 2, por meio do aprimoramento da sua governança corporativa.

    As cotações das ações da Copel praticamente já recuperaram o patamar pré-pandemia, mesmo sendo o segmento das elétricas considerado defensivo na bolsa – ou talvez seja por isso. 

    O setor em que a companhia atua é generoso pagador de dividendos. Os acionistas posicionados em CPLE6 no último dia 28 de dezembro receberão R$ 3,10 por ação preferencial, a título de Juros sobre Capital Próprio. 

    Além disso, no dia 08 de janeiro, o acionista controlador declarou que quer a distribuição de dividendos extraordinários, mais um motivo para investir no ativo. Foi anunciada, ainda, a intenção de realizar desdobramento das ações e a formação de Units (pacotes de cinco ações).

    Depois de conquistar o melhor resultado financeiro de toda a sua história em 2019, o ano de 2020 foi determinante para a Copel na consolidação de índices técnicos visando buscar a renovação da concessão da Distribuidora para mais 30 anos de operação – fato que deve ter um peso bastante significativo.

    Em 2021, a empresa planeja realizar investimentos da ordem de R$ 1,9 bilhão para modernizar a sua rede elétrica, inclusive com equipamentos digitais inteligentes e linhas trifásicas.

    A Copel ainda integra a lista das melhores empresas para se trabalhar (Great Place To Work) do Paraná.

    Todos esses pontos positivos, somados às perspectivas de reaquecimento da economia ao longo deste ano nos levam a acreditar fortemente no potencial da Companhia.

    Lembrando que a Copel também tem ações negociadas na Bolsa de Valores de Nova Iorque (NYSE) e na Bolsa de Madri, na Espanha (Latibex). Você sabia?

    São muitos motivos para nos orgulharmos e reconhecermos essa gigante do Paraná.

    Sucesso a todos!

    *A autora é jornalista e investidora

    Fonte: Fonte não encontrada

  • A crise nacional se reflete no interior

    A crise nacional se reflete no interior

    Dois meses depois da declaração de independência do Brasil, em dezembro de 1822 o governo paulista considerava Guarapuava bem defendida por Antônio da Rocha Loures e pretendia criar uma colônia militar ao Sul de Guarapuava para dar combate aos índios, descritos como selvagens e sanguinários pelos criadores de gado. 

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    Comandante militar do interior, Rocha Loures pensava que seria mais produtivo estimular o desenvolvimento econômico da região favorecendo seu povoamento, mas criar uma colônia militar a Oeste, para proteção da vanguarda de povoamento, ainda não estava nos planos do governo, que miravam o Sul. 

    Acusado de permitir a fuga de índios catequizados que partiam do aldeamento de Guarapuava de volta para a mata, deixando assim de trabalhar como escravos para os militares e colonos, Loures defendeu os fugitivos. Justificando seus motivos, viu nisso uma forma de povoar a região pacificamente. 

    O apego aos costumes tribais criava resistência entre os índios a obedecer aos rígidos preceitos religiosos de padre Francisco das Chagas Lima, que funcionava como catequista e administrador de Guarapuava, mas voltando à mata com instrução religiosa, os índios poderiam povoar o Oeste sem repressão. Ao contrário, teriam apoio militar para se proteger dos gentios (os índios não catequizados).

    Apelo à força

    As trapalhadas do jovem imperador Pedro I no Rio de Janeiro, porém, não estimulavam a racionalidade e a paz. Ao contrário, estimulavam imposições autoritárias e o uso da força. 

    Por conta disso, no interior do despovoado Paraná dessa época, a defesa de Rocha Loures e do padre Chagas Lima do caráter manso dos índios que povoavam a região foi derrotada pela pressão dos criadores.

    O ano de 1823 começou com a posse de Cândido Xavier de Almeida e Sousa (1748–1831) como governante único de São Paulo, substituindo o triunvirato anterior, do qual ele também fez parte. 

    Ainda jovem, Cândido Xavier havia experimentado o início da conquista de Guarapuava, em 1770. Com ele, São Paulo passava a ter um governador que conhecia bem o território governado e suas necessidades, mas isso de pouco serviu ao Paraná embrionário dessa época.  

    Frustração constitucional

    Ao mesmo tempo, os líderes futuro Paraná tinham a esperança de que a primeira Assembleia Geral Constituinte do Brasil, instalada em 3 de maio de 1823 pelo imperador d. Pedro I, pudesse representar autonomia para iniciativas próprias da comunidade.

    Chagas Lima e Rocha Loures, por exemplo, tinham um plano de ocupação do Oeste bem definido, que não se limitava à força armada para combater índios e castelhanos.

    Mas além de não terem apoio para esse projeto, pois a prioridade do governo estava no Sul, a elaboração da carta constitucional ia mal, manipulada pelos áulicos do imperador, que não viam com bons olhos as tentativas de autonomia. 

    Para complicar ainda mais, Cândido Xavier deixou o governo em fins de 1823, assumindo o posto o mineiro Lucas Antônio Monteiro de Barros (1767–1851), que veio a ser hostil ao projeto do padre Chagas e seu cunhado Rocha Loures.

    Antes de assumir o governo paulista, Barros havia exercido as funções de juiz de fora de Vila Rica. Depois, foi senador. No governo, preocupou-se com medidas para quebrar a resistência indígena denunciada pelos criadores e se opôs aos planos de Lima e Rocha Loures.

    Problemas se acumulam

    Os paranaenses sofreram muito com o domínio paulista nessa época. A principal queixa das lideranças regionais era que a política lusa continuava a mesma no Império, que também obrigava o deslocamento de comerciantes do Paraná para povoar o interior do Rio Grande do Sul. 

    Enquanto os paranaenses faziam o Norte e Noroeste gaúcho, não havia ações de povoamento autorizadas entre Guarapuava e o Rio Paraná. Mais: a situação na região de Guarapuava era delicada, pela dificuldade do padre curitibano Francisco das Chagas Lima para administrar a rivalidade entre os grupos indígenas Camés e Votorões. 

    Sempre um líder vigoroso, ele chegava já debilitado aos 67 anos de idade e afora lidar com os conflitos entre tribos diversas precisava dar respostas às angústias dos colonos. Rocha Loures tinha ordens para apoiar ações no Sul.

    Além do deslocamento de seus comerciantes e chefes militares para outras regiões, uma queixa recorrente dos paranaenses era o recrutamento forçado de seus jovens para reforçar as frentes de combate. Neste caso, a independência nada alterou a situação anterior, em que o Paraná perdia seus jovens, escravos e empreendedores. 

    A lei do Lobo

    No interior do Paraná, sobressaía-se, dentre outros poderosos fazendeiros, Luciano Carneiro Lobo, que recebera como herança do pai, o capitão de cavalos dos Campos Gerais, Francisco Carneiro Lobo, a ação de ocupar os campos por meio do embate com os povos indígenas, pressionando em sentido contrário ao do padre Chagas.

    “Este legado do estabelecimento das fazendas de invernada, criando animais e estabelecendo outra guerra, a guerra contra os indígenas, uma guerra silenciosa, mas que estava longe de ser imaginária” (Almir Antonio de Souza, Armas, Pólvora e Chumbo: A Expansão Luso-Brasileira e os Indígenas do Planalto Meridional na Primeira Metade do Século XIX). 

    Luciano Carneiro Lobo comandava a organização estratégica das expedições contra os índios: “(…) decidia quem executava as missões, quem as comandava, quando seria realizada, e era quem autorizava a expedição propriamente dita. Utilizava todo seu poder de mando e articulação inclusive para defender seus comandados do recrutamento para as forças imperiais que lutavam nos conflitos com as províncias do Prata”.

    Fechar e prender

    O coronel Lobo propôs ao Conselho Geral da Província, em 18 de abril de 1823, montar uma guarda com 25 homens e um comandante, “municiados de pólvora e chumbo ficando obrigados a fazerem a guarda do Porto quando seja preciso, e rondarem do Itararé, até o Tibagi”.

    Carneiro Lobo, “na prática, apesar de um tom de reverência às autoridades da Província e do Império, na maioria das vezes, não solicitava autorização, mas apenas comunicava suas decisões e o encaminhamento que dava às muitas situações em que estava envolvido, principalmente no que se referia aos indígenas”.

    O apelo à força aumentou porque os desajustes no interior refletiam os desajustes nacionais. O Brasil mergulhou em sua primeira grande crise do período independente quando o imperador Pedro I descartou a nova Constituição, em preparo, que ele próprio havia proposto como adesão aos propósitos liberais.

    Em recaída no autoritarismo monárquico, desfechou o golpe: mandou o Exército fechar a Assembleia Constituinte, prender e deportar os descontentes por não julgar a Constituição “digna de Mim”. Antônio Carlos de Andrada, ironicamente, saudou com o chapéu “Sua Majestade, o canhão”. As armas da Constituição ainda não tinham força para resistir às armas do golpismo.

    CLIQUE AQUI e veja episódios anteriores sobre A Grande História do Oeste, narrados pelo jornalista e escritor Alceu Sperança.

    Luciano Carneiro Lobo: um dos grandes coronéis do interior paranaense logo após a independência

     

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  • 5 dicas para alcançar seus objetivos em 2021

    5 dicas para alcançar seus objetivos em 2021

    Esse vai ser um ano de muitas realizações para a maioria das pessoas. Faço essa afirmação baseada na história das civilizações, uma vez que, após passar por situações desafiadoras, o ser humano tende a incorporar sentimentos de bravura relacionados à condição de luta pela sobrevivência.

    Se você deixou de realizar o que pretendia em 2020, agora é a hora de recarregar as baterias e fazer o seu planejamento para um novo ciclo. Por isso, nesse texto vou lhe dar algumas dicas sobre como você pode aumentar as chances de alcançar os seus objetivos em 2021.

    1) Anote todas as suas metas em um papel, caderno ou agenda. O registro por escrito tem várias vantagens, especialmente por ser uma forma de se colocar no compromisso consigo mesmo, além de possibilitar que você consulte suas metas com a frequência necessária para não se desviar delas;

    2) Classifique seus objetivos por categoria: metas financeiras, de bens materiais e de desenvolvimento pessoal, por exemplo. Isso faz com que você tenha clareza sobre cada item e aumenta sua percepção em relação a qual área está recebendo maior atenção e dedicação dos seus esforços;

    3) Separe também por prazo, estabelecendo as metas de curto, médio e longo prazo em cada uma das categorias acima. Atenção: é muito importante que você coloque uma previsão de data-limite a ser alcançada cada meta, pois somente desta forma você conseguirá saber se está realmente caminhando em direção a realizá-la. Utilize o termo “até a data tal”. Metas sem prazo ficam soltas no universo;

    4) Compartilhe suas metas. Quando você compartilha seus objetivos com pessoas da família ou amigos é acionado o gatilho do compromisso e da coerência, que oferece dois benefícios: você fica propenso a se dedicar mais para cumprir a sua palavra assumida diante dos seus pares; e as pessoas tendem a colaborar para que você alcance o que se propôs e dividiu com elas;

    5) Releia suas anotações periodicamente para conferir se está no caminho certo. Revise suas metas para assegurar que elas ainda refletem seus interesses, pois você pode ter mudado de opinião ou de condições. E por último, assinale positivamente e celebre os objetivos que já tiverem sido alcançados, pois reconhecer as próprias conquistas nos energiza em busca das próximas vitórias.

    Lembre-se, o ano apenas começou, então dá tempo de iniciar os seus mais ousados projetos. Afinal, como diz aquela frase atribuída a H. Jackson Brown: “Nunca desista de um sonho só porque vai demorar para acontecer: o tempo vai passar do mesmo jeito”.

    Sucesso a todos!

    * A autora é jornalista e investidora.

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  • Autistas também praticam esportes

    Autistas também praticam esportes

    *Pediatra e Neurologista Infantil Dr. Clay Brites

    Será que autistas podem praticar esportes? Será que eles conseguem se sair melhor que os outros? Geralmente, os autistas são pessoas que conseguem ter grandes ganhos ou grandes conquistas naquilo que fazem por serem hiper focados e altamente interessados. Por outro lado, tem pouca assertividade ou pouca flexibilidade social, pouca empatia e não sabem lidar muitas vezes com situações que exigem automaticamente uma boa percepção social.

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    Normalmente, autistas não têm boa performance motora, espacial e executiva para cumprimento de atividades que envolvam esportes. Então, ele só vai ter vantagem se for fascinado, hiper focado naquele esporte.  

    Os benefícios da prática esportiva são vários. O primeiro é ajudar o indivíduo a se socializar. A grande maioria dos esportes são sociais, exigem o compartilhamento, exigem estratégia que depende do outro, isso traz benefícios de estimulação de interação social e a melhora no comportamento social.  

    Melhor ainda, pois faz o autista se movimentar, porque normalmente eles não gostam de fazer exercícios. Preferem ambientes fechados, restritos, silenciosos e que envolvam tecnologias. Isso faz com que eles se restrinjam a atividades sedentárias e eleve o risco de, na fase adulta, desenvolver processos crônicos causados por sedentarismo, aumento do colesterol, maior risco de diabetes e hipertensão e, consequentemente, pode vir a ter problemas de maior exposição a eventos ou distúrbios que são gerados por esses problemas como AVC e infarto.    

    Muitos questionam, mas eles precisam ter cuidados ao praticar esportes? Não há especificamente nenhum cuidado que o autista tem que ter. Ele só precisa entender e ser explicado que a prática de esportes requer cumprir regras e seguir uma rotina.  Ele vai ter que trabalhar determinadas atividades esportivas juntos com os outros, compartilhando jogadas, compartilhando interesses, compartilhando um espírito de equipe. Isso para o autista é muito difícil.

    Os cuidados que os profissionais têm de ter com o autista é saber que ele tem dificuldades de entender linguagem de duplo sentido. Tem também dificuldade de organizar dentro dos pensamentos dele a sequência de uma jogada ou a sequência compartilhada de um processo social. Além disso, em uma jogada, eles têm menos coordenação motora. Por isso, vão precisar de um pouco mais de compreensão do educador físico para trabalhar a parte da psicomotricidade.

    Uma coisa importante de dizer é que quem tem autismo tem pavio curto, na maioria das vezes são indivíduos que mudam de humor de uma hora para outra e não toleram muito passar por disparates ou situações onde eles são contrariados.  O esporte que eu sugiro para o autista é aquele que o agrada, o que traga menos estímulos indesejáveis. As recomendações de esportes são os que ajudam a melhorar a capacidade de percepção social como os esportes jogados em grupo.

     

    (*) Pediatra e Neurologista Infantil (Pediatrician and Child Neurologist); Doutor em Ciências Médicas/UNICAMP (PhD on Medical Science); autor de livros sobre educação e transtornos de aprendizagem, Membro da ABENEPI-PR e SBP (Titular Member of Pediatric Brazilian Society); Speaker of Neurosaber Institute. 

    Fonte: Assessoria

  • Escreva 2021

    Escreva 2021

    Chegamos à reta final deste ano de 2020 ansiosos como nunca pelo fim do ciclo – embora saibamos que na prática é como se fosse um ponto e vírgula, pois nenhuma estrondosa transformação ocorre no dia seguinte ao 31 de dezembro.

    Ainda assim, apenas por recebermos uma folha em branco “novinha em folha”, nossa caneta já se enche com a tinta do entusiasmo, ávida por iniciar a escrita de um novo parágrafo da vida.

    O ano de 2020 foi uma verborragia de coronavírus, que nos deixou repletos de pontos de interrogação.

    Sentimos necessidade extrema de deixar para trás esse longa-metragem maluco, desgovernado e sem roteiro estrelado por um ser microscópico que não foi sequer convidado. Uma ficção científica da vida real, com vários picos de medo e abalo emocional, diante de tantas notícias ruins.

    Estamos fartos de ser levados pelas ondas de Covid, em reviravoltas, engolindo água e sempre prestes a nos afogar. Estamos cansados de ser reféns dessa ameaça enquanto nossa rotina fica resumida a meros rascunhos. Não aceitamos mais que nosso dia a dia seja apenas esboço, projeto, croqui.

    Queremos concretizar sonhos, ser produtivos, criativos, trabalhadores e consumidores ativos na editoração da história da humanidade.

    Queremos ter nossos pés firmes sobre as linhas pautadas – e com pulsos firmes escrever a nossa história, tanto individual quanto coletiva.

    Queremos navegar nas águas calmas da prosa e do verso. Cantarolar novas versões de nós mesmos, protagonistas fortalecidos, em um enredo fluido e próspero.

    Desejamos folhear a página, escolher a nossa direção e assinar a autoria do nossa biografia.

    Que 2021 seja um livro aberto em que possamos expressar nele toda a nossa vontade de viver.

    Uma obra de muitos episódios e temporadas reais, regadas de amor e poesia, toque, ternura e amizade. Queremos apenas poder expressar a nossa essência e conviver em sociedade, colocando em prática nossos aprendizados pandêmicos de valorizar as pessoas mais do que as coisas.

    É o fim da linha para você, 2020. Receba um sonoro ponto final.

    Por outro lado, estamos de braços abertos para lhe receber, querido e almejado 2021! Seja muito bem-vindo, com tudo de bom que você tem para nos proporcionar!

    Sucesso a todos!

    * A autora é jornalista e investidora.

    Fonte: Fonte não encontrada

  • A vacina já está disponível

    A vacina já está disponível

    Edely Tápia – Jornalista- Tecnólogo em Marketing e Palestrante

     

     

    Olá tudo bem?

    E a família como vai?

    É verdade, o ano não foi fácil. Mas será isso de todo ruim?

    Eu aprendi que tempos difíceis fazem homem fortes, homens fortes fazem tempos fáceis e tempos fáceis…fazem homem fracos. São esses fracos que farão tempos difíceis e assim a vida segue em seu ciclo, trazendo ao mundo ora gerações fortes, ora fracas. Meu avô tinha uma técnica estranha com suas árvores frutíferas que não davam frutos.  Com um facão ou um machado ele machucava o seu tronco, os agrônomos que expliquem, mas de alguma forma aquelas feridas faziam com que a arvore reagisse e respondesse com frutos, muitos frutos. Dificuldades tem esse poder. Não que a gente deva ser masoquista e tentar encontrar prazer na dor, mas que ela nos tira da zona de conforto, ah isso tira. O ano de 2020 está ai pra provar isso. Em meio à dor, em meio a frustrações, o que não falta são historias de superação. Deus nos ajude que não seja necessário mais sofrimento para que nos tornemos pessoas melhores. Tenho observado que em meio a esta crise que vivemos surgem vozes egoístas que com seus gritos trazem tristeza a qualquer um que busca novos tempos no horizonte.

    Já ouviu por aí algumas frases assim? – Resolvam o problema, mas, não atrapalhem meu negocio. – Acabem com a pandemia, mas não fechem minha igreja. -Eu quero me divertir não me atrapalhem. – Vacina pra mim, sabe como é (farinha pouca meu pirão primeiro).

    Esse tipo de atitude confirma que o vírus mais letal é o egoísmo. Porém se o ciclo se repete, eu creio que esses tempos complicados, de gente complicada, de tantas perguntas e poucas respostas  deverão dar de presente ao mundo pessoas melhores, mais fortes em seu caráter e  virtudes tão esquecidas poderão novamente encontrar quem esteja sedenda por usá-las. 

    Mas não nos enganemos.  Se o vírus é o egoísmo a vacina contra ele é a família.

    É nela que aprendemos que a vida é feita de altos e baixos, por isso na dificuldade o melhor e unir, não separar. É na família que aprendemos a dividir, o pão o doce, o espaço, a vida.  

    É na família eu nos reconhecemos como gente e assim passamos a também enxergar que o outro é gente, tão necessitado de atenção e carinho como eu. É na família que aprendemos e entendemos a existência de um ser superior e assim passamos a ter fé. Família é a vacina contra o vírus do egoísmo porque é a única escola onde aprendemos a amar e ser amados.

    É nela, somente nela que nascerão e serão forjados os homens fortes tão necessários para os enfretamentos destes novos tempos.

    Que neste novo tempo que se inicia, o mundo se pergunte mais: E a família como vai?  

    Eu sou Edely Tápia falando direto da minha escola de amor onde eu rezo e torço junto com os meus para que a sua casa esteja bem e receba todas as bênçãos do céu em 2021.

     

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Ano de superação

    Ano de superação

    Guto Silva

     

    A sensação que se tem é que esse ano de 2020 passou rapidamente, em meio a uma pandemia com tantos efeitos e que foi o grande assunto mundial. Não foi um ano fácil. Mas também não foram doze meses somente de incertezas. Apesar de todas as dificuldades, houve também muito trabalho e avanços importantes.

    O Paraná fecha 2020 com bons indicadores econômicos, sociais e de investimento. Metas que foram estabelecidas pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior ao determinar prioridade no enfrentamento da pandemia, mas sem descuidar do plano de trabalho e desenvolvimento do Estado. Assim, o Paraná focou esforços e recursos na saúde, na área social e em ações e projetos que permitissem ao Estado se recuperar mais rapidamente da crise sanitária e econômica.

    Para enfrentar a pandemia, foram ações rápidas na estruturação da saúde, com a ampliação de leitos, entrega de novos hospitais e ampliação da testagem e o atendimento aos mais vulneráveis com a distribuição dos alimentos da merenda escolar e o Cartão Comida Boa. O desafio de manter nossos estudantes em atividade foi superado com eficácia e o Paraná virou referência nacional no ensino remoto durante a pandemia.

    O governo manteve os serviços portuário e ferroviário funcionando e investimentos em infraestrutura. O Porto de Paranaguá e a Ferroeste bateram recordes de movimentação, os ótimos resultados do setor agropecuário impediram o aprofundamento da crise econômica e as obras rodoviárias e nos municípios geraram empregos.

    Assim, o Estado lidera o crescimento industrial do País. São seis meses consecutivos de expansão. O comércio paranaense também vem mostrando novo fôlego. Em outubro foi o segundo setor que mais contratou. O Paraná é o segundo que mais gerou postos de trabalho em 2020, com saldo de janeiro a outubro de 33.615 novos empregos, atenuando as demissões dos primeiros meses da crise.

    Apesar de o Paraná ter terminado o primeiro semestre com queda de 2,4% no Produto Interno Bruto (PIB), em decorrência da baixa na atividade produtiva, o desempenho é consideravelmente superior à média nacional, já que a estimativa do Ministério da Economia aponta para uma retração de 4,5% na economia brasileira em 2020.

    O desempenho positivo mostra o acerto da politica do governador Ratinho Junior ao trabalhar de forma planejada a retomada do crescimento. Haverá significativo investimento no Estado, com uma aplicação de R$ 2,9 bilhões em obras estruturantes. Mais de R$ 1,3 bilhão serão destinados diretamente aos municípios, para a requalificação de escolas, hospitais e demais ações urbanas.

    No próximo ano, teremos obras aguardadas há muito tempo que vão aumentar a competitividade do Estado, como o início da restauração e duplicação da BR-277 em Cascavel e Guarapuava; da PR-323 em Doutor Camargo e Umuarama;  da PR-317 em Maringá; a implantação de terceiras faixas na PR-280, no Sudoeste; e a revitalização da Orla de Matinhos. Em conjunto com a Itaipu Binacional terão continuidade as obras da Ponte da Integração e da nova perimetral de Foz do Iguaçu; a duplicação da Avenida das Cataratas; o novo contorno de Guaíra; e será concluída a Estrada Boiadeira, de Porto Camargo a Umuarama. 

    A área social também terá tratamento importante. Haverá aporte extra de recursos para a ampliação do Programa Casa Fácil em suas respectivas modalidades, como Viver Mais Idosos, Viver Mais Gente e Casa Fácil Urbano. Somados os programas, serão 16.205 novas unidades habitacionais.

    Outro ponto é a extensão do contrato padrão de trabalho de três para seis meses de até 15.000 contratos de menores aprendizes de 14 a 18 anos de idade. Esse pacote, junto com as intervenções de infraestrutura, terá capacidade de criar mais de 100 mil empregos.

    O Paraná fecha 2020 com sinais de recuperação econômica e ainda muita preocupação com a pandemia, que acelerou no final de novembro e obrigou o governo a prorrogar o estado de calamidade pública e decretar medidas mais rigorosas para conter a disseminação do vírus.

    Lembrando que, em julho, o governador Ratinho Júnior foi o primeiro governador do Brasil a prever orçamento exclusivo para uma vacina segura e eficaz aprovada pela Anvisa. São R$ 200 milhões reservados para imunizar a população contra a Covid-19.

    Enfim, foi um ano marcado por surpresa, sofrimento e superação. Ninguém imaginava que a pandemia seria tão longa e tão forte. Por isso minha manifestação final é de solidariedade às famílias paranaenses que perderam um ente querido para a Covid-19. Lutamos todos contra essa doença. Eu mesmo fui infectado. Infelizmente, já tivemos mais de 7 mil vítimas no Estado. A essas famílias, meus profundos sentimentos. Juntos, temos que ir em frente, continuar enfrentando à pandemia e seus efeitos, continuar trabalhando para construir um Paraná cada vez melhor. Desejo a todos um Natal com muita alegria e bastante prevenção. E um Ano Novo de união, paz e prosperidade.

     

    Guto Silva é secretário-chefe da Casa Civil do Governo do Paraná.

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