Categoria: Opinião

  • Mourão e Andrade, “pais” do Paraná agrícola e urbano

    Mourão e Andrade, “pais” do Paraná agrícola e urbano

    A receita do governador paulista, Luís Mourão, para ocupar os vazios demográficos do interior do futuro Paraná tinha a finalidade de assentar na região “famílias bem instaladas e satisfeitas”. O plano de Mourão descia até os detalhes, como determinou em carta endereçada ao capitão-mor de Curitiba, Lourenço Ribeiro de Andrade, em abril de 1767: 

    “Mandar lançar roças (…), levar os casais a fundar a igreja em sitio seco, alegre e desembaraçado, abrir-lhe praça quadrada, cordear* as ruas muito direitas, com suas travessas, formando quadras largas, para poder nas casas haver quintais, plantar logo estações e fundar nos ângulos ou cantos das ruas as primeiras casas, que logo fique figurada a terra na sua direitura para que seja mais agradável a sua vivenda”. 

    Isso já era possível no litoral, em Curitiba e algumas fazendas dos Campos Gerais. Governando Curitiba por 34 anos, Andrade será considerado o pai da agricultura paranaense, além de primeiro urbanista de uma cidade-referência.

    *Cordear – Alinhar, arruar.

    Freguesia, a cidade pioneira 

    Seguindo as ordens do rei José I e de Mourão, Andrade determinou que fossem escolhidos os lugares mais bem situados, onde já havia “quinze, vinte e trinta vizinhos”, aos quais se deveriam agregar outros para estabelecer uma povoação, com circulação de mercadorias, prestação de serviços e segurança.  

    O plano traçado pelo governo paulista para estabelecer o domínio sobre o interior do atual Paraná, portanto, era bem preciso e minucioso. Por sua vez, Andrade o cumpriu enfrentando a resistência dos ricos fazendeiros de gado.   

    A estratégia de povoação orientada pelo governador paulista para ocupar o então abandonado (mas não pelos índios) interior do Paraná era, em áreas estratégicas, tais como os pousos às margens do caminho tropeiro, plantar uma igreja dotada de um amplo patrimônio a ser explorado economicamente para assim estabelecer uma população fixa no lugar: a freguesia.

    Formada por moradias ao redor das igrejas, com casas de frente e amplo fundo para plantar e criar animais, a freguesia é o modelo e a origem das futuras cidades do interior. 

    Sobrenomes seculares

    Antes que dessa orientação brotassem as primeiras belas cidades do interior, porém, seria necessária a ação militar para garantir a soberania portuguesa na região. 

    Assim, Mourão fez publicar, ainda em abril de 1767, um bando (proclamação) determinando que em cumprimento à vontade do rei fosse providenciado o alistamento necessário ao esforço de guerra para barrar o avanço espanhol.

    Lourenço de Andrade fez melhor: além de recrutar e treinar os soldados, ele próprio os comandaria na conquista dos Campos de Guarapuava, junto a Afonso Botelho, o parente de Mourão enviado para governar o futuro Paraná.

    O sobrenome Andrade, também ligado às famílias Borba e Ribas, como seria depois também com os Machado, Camargo, Munhoz e algumas outras referências, inseriu-se profundamente e por mais de dois séculos na história da construção do Paraná entre as grandes forças produtivas da Federação.   

    A margem esquerda do Rio Paraná 

    Com o amplo esforço de organização militar, os portugueses voltaram a se apoderar da margem Norte de Rio Grande, além de repelir a invasão do Mato Grosso pelo Oeste, “tentada por tropas conjugadas de Santa Cruz, Peru e Buenos Aires” (Pedro Calmon, História da Civilização Brasileira).

    A ação defensiva foi chefiada por Antônio Rolim de Moura Tavares, o Conde de Azambuja, ex-governador do Mato Grosso. Por resistir e vencer os espanhóis, no final de 1767 ele assumiu as funções de vice-rei do Brasil, posição na qual assegurou novos avanços estruturais para a força militar.

    O desbravamento da margem esquerda do Rio Paraná foi proposto pelo governador Luís Mourão em 1768 ao Conde de Oeiras, futuro Marquês de Pombal e primeiro-ministro de Portugal no reinado de José I, mas não foi atendido de imediato.

    Rolim de Moura teve outras prioridades, como a construção do Forte Príncipe da Beira, no atual Estado de Rondônia. Pombal, por sua vez, concentrou-se em fortalecer seu poder em Lisboa, perseguir os jesuítas e cobrar impostos dos “homens-bons” das minas: a derrama, que dará origem à Inconfidência Mineira. 

    Sem campos, sem prioridade

    A ação proposta por Mourão (Grande Projeto) teria uma dupla finalidade: prevenir o avanço dos espanhóis que tentavam reconquistar as terras perdidas depois do Tratado de Madri e expulsar os índios do caminho das tropas.

    “Era pelo Oeste que ele temia realmente o avanço dos espanhóis sobre a Capitania de São Paulo. O Grande Projeto concretizou-se nas Expedições do Tibagi” (Roselys Vellozo Roderjan, A Formação de Comunidades Campeiras nos Planaltos Paranaenses e sua Expansão para o Sul).

    Para os portugueses, a região mais interior – Oeste e Sudoeste – precisava ser ocupada militarmente mas não era prioridade porque a vegetação cerrada, sem campos, não favorecia a criação de gado. 

    Seu único atrativo eram os ervais, territórios antes controlados pelos jesuítas espanhóis que precisariam disputar com os índios. 

    Ordem de invasão

    Quando o perigo imediato deixou de ser a Espanha, as atenções lusas se voltaram naturalmente para os índios. A ação armada na ocupação dos campos do Tibagi e de Guarapuava foi justificada por ataques indígenas reportados anteriormente pelos bandeirantes.  Mourão alegou “contínuas saídas do gentio, que ocupa os grandes Sertões do Tibagi há 9 anos a esta parte, tendo morto bastantes pessoas, e achando-se já muito próximos da estrada, que vem da cidade de S. Paulo para estes Campos Gerais, e Rio Grande”.

    Para ele, as muitas fazendas da região e os grandes riscos de quem passava pelo caminho das tropas exigiam do governo paulista “invadir o dito sertão e aplicar os meios mais possíveis para reduzir a estes bárbaros”. 

    Logo será enviada uma ampla força militar, mas os índios, conhecedores do terreno, rechaçaram todas as investidas. Algo estava faltando. Uma “arma” que já havia sido usada com sucesso na antiga República dos Guaranis: a religião.

    CLIQUE AQUI e veja episódios anteriores sobre A Grande História do Oeste, narrados pelo jornalista e escritor Alceu Sperança.

    Rolim de Moura: prioridade para

     

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Qual é a cor do cavalo branco de Napoleão?

    Qual é a cor do cavalo branco de Napoleão?

    Quantas vezes você esteve à procura de respostas importantes para a sua vida? É comum eventualmente termos dúvidas, especialmente em momentos de tomada de decisões. Vender ou não a casa? Abrir uma empresa? Firmar sociedade? Trocar de carro? Se separar? Trocar de emprego? Mudar de cidade? Como posso economizar dinheiro e otimizar o orçamento familiar?

    São questões que podem ser decisivas na sua história pessoal ou profissional e por isso mesmo sejam difíceis de responder.

    Mas tenho uma boa notícia: as respostas podem estar mais perto do que você imagina!

    Uma reflexão do escritor e coach Tony Robbins diz que: “A melhor maneira de conseguir respostas melhores é começar fazendo perguntas melhores”.

    Acredito que ele tem razão. Quando não encontramos a solução imediata para aquilo que procuramos, talvez seja porque não estamos fazendo a provocação reflexiva da forma correta.

    Quando eu era criança, meu pai testava minha atenção às palavras, fazendo rapidamente a seguinte pergunta: “Qual é a cor do cavalo branco de Napoleão?” Ele se divertia enquanto eu ficava pensando quem era Napoleão e qual seria a cor do cavalo dele – na verdade, ele já tinha me dado a resposta.

    Hoje analiso que aquela brincadeira contém mais que uma pegadinha, tem também um ensinamento importante: muitas vezes a resposta para nossas indagações pode estar contida na pergunta que fazemos ou que nos fazem, basta exercitarmos mais a nossa atenção.

    Já na vida adulta, aconteceu para mim na prática. 

    Quando eu trabalhava como assessora de comunicação corporativa, nossa equipe teve o desafio de criar uma campanha alusiva ao aniversário da empresa. 

    Em certo dia, em uma das reuniões para debater o assunto, nos indagamos: qual seria o slogan da nossa campanha? Várias sugestões foram surgindo aleatoriamente. 

    Quando eu obtive a palavra, fiz a seguinte colocação: “Na minha opinião, precisamos transmitir uma visão humanizada da nossa empresa, por isso nosso slogan deveria expressar que o valor está nas pessoas”. 

    Imediatamente o chefe do setor repetiu essas palavras: “‘O valor está nas pessoas’, gostei, vamos anotar essa frase”.

    Qual foi a minha surpresa ao perceber que, fazendo a pergunta de forma elaborada, contendo nela os objetivos, encontramos nela a resposta.

    E foi assim, com aprovação do Conselho de Administração por unanimidade, que definimos todo o teor da campanha do aniversário da nossa cooperativa: “Copagril 50 anos: o valor está nas pessoas”.

    Portanto, você também pode ser o portador das respostas pela quais está à procura. Para encontrá-las, precisa apenas se esforçar em fazer a pergunta de maneira mais ampla e abrangente. 

    Uma forma de fazer isso é acoplar à pergunta considerações relevantes ao fato. Por exemplo: “Como posso economizar dinheiro, considerando que… não controlo as finanças pessoais; que não tenho registro das despesas familiares em uma planilha; que faço uso do rotativo do cartão de crédito e pago juros altos por isso? etc”. 

    Ao relacionar algumas considerações, é possível encontrar respostas facilmente. Portanto, passei a adotar esse modelo de pergunta: “Será que devo trocar de carro, considerando que…” 

    Nesse formato, os apontamos subsequentes devem ser relacionados em lista à exaustão para que possamos balancear os pontos e encontrar a resposta mais adequada. Desse modo, temos condições de tomar decisões de forma mais segura e de ampliar nossas chances de que elas sejam as mais corretas.

    Pense nisso.

    Sucesso a todos!

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  • Exército se forma com a missão de ocupar o Oeste

    Exército se forma com a missão de ocupar o Oeste

    Portugal precisava ocupar logo o Oeste paranaense, mas ainda na segunda metade do século XVIII não havia interessados nessa empreitada. Além da resistência indígena no interior e das incertezas quanto às fronteiras, que se moviam a cada tratado entre Espanha e Portugal, havia terras fartas entre os Campos Gerais e os de Guarapuava e Palmas propícios à criação de gado. 

    O Tratado de El Pardo, de 1761, atendeu aos interesses lusitanos que pretendiam recuperar Sacramento. Servia também às Missões porque os jesuítas queriam se proteger dos bandeirantes que os perseguiam.

    No entanto, o estado de beligerância entre portugueses e espanhóis iria se estender até o início do século XIX. A imprecisão sobre limites, mesmo por longo tempo discutidos e por fim resolvidos pacificamente, prosseguiu até o século XX, depois do fim do Império e do tumultuado início da República.

    Guerra Mundial número Zero

    El Pardo anulava o Tratado de Madri, mas não reduzia – ao contrário, intensificava – as hostilidades entre os reinos europeus, porque o mundo vivia a Guerra dos Sete Anos, conflito que envolveu diversas nações europeias e suas colônias na Ásia e nas Américas. 

    Ganhando amplitude em 1756, essa que deveria ser considerada a primeira guerra mundial se estenderá até 1763: de um lado, França, Áustria, Saxônia, Rússia, Suécia e Espanha; do outro, Inglaterra, Portugal, Prússia e Hanôver.

    O Oeste era um dos territórios em disputa. Em abril de 1762 se justificou o temor de quem receava se estabelecer a Oeste: no interior do Mato Grosso, forças espanholas transportadas em quarenta canoas pelo Rio Itonamas – entre 800 e 1.200 homens – atacaram o forte de Nossa Senhora da Conceição.

    Era urgente interiorizar a presença militar portuguesa no interior. Com esse objetivo, o Brasil Colônia foi oficializado por uma Carta Régia e passava à condição de Vice-Reino de Portugal em junho de 1763. 

    Mourão, a solução

    Com o Vice-Reino e a mudança da capital de Salvador para o Rio de Janeiro, Portugal priorizava a reconquista das posições perdidas no Sul e a ocupação das vastidões dos atuais Paraná e Mato Grosso (Norte e Sul).

    O rei José I comunicou em fevereiro de 1764 ao vice-rei do Brasil, Antônio Álvares da Cunha, a recriação da Capitania de São Paulo, desligando-a do Rio de Janeiro. 

    São Paulo ficará sob as ordens do capitão-general Luís Antônio de Sousa Botelho Mourão, o Morgado de Mateus, que vai governar quase metade do atual Brasil. 

    Chegando em junho de 1765, com Mourão a região de São Paulo iniciará a escalada que a fará a “locomotiva” do Brasil. Sob suas ordens haverá a ocupação territorial do Paraná ainda controlado pelos índios que escaparam do genocídio e da escravização empreendidos pelos bandeirantes. 

    “Um dos primeiros atos do morgado é o de fazer povoar metodicamente os sertões de Curitiba e todos os imensos campos da região, até a margem direita dos rios Pelotas e Uruguai. O forte argumento para essa tomada de decisão é o de fazer frente aos espanhóis confinantes, que haviam ocupado uma grande parte do território do Rio Grande do Sul” (Edson Day, História do Contestado).

    A origem de Foz do Iguaçu 

    O Conde de Oeiras, que os brasileiros viriam a conhecer melhor por seu próximo título – Marquês de Pombal –, recomendou ao governador de São Paulo fundar um estabelecimento militar na fronteira com o Paraguai, em território hoje paranaense. 

    Pode-se considerar este o marco inicial das ações que levariam à formação de Foz do Iguaçu, mais de um século depois. A partir dessa ordem, Mourão mandou elaborar um completo levantamento da imensa Capitania que vinha governar. 

    Ao receber as informações, interessou-se pelos Campos Gerais, assinalados como parte do “Distrito da Vila de Curitiba”, com uma população já expressiva estabelecida pelo tropeirismo. Decidiu enviar um representante de sua confiança para avaliar o potencial econômico e militar da região. 

    Para a tarefa, designou Afonso Botelho de Sampayo e Souza, “aparentado seu, com ele vindo de Portugal seu ajudante-de-ordens, dando-lhe a incumbência de inspecionar as fortalezas e reorganizar em Santos os Regimentos de Milícias” (Roselys Vellozo Roderjan, A Formação de Comunidades Campeiras nos Planaltos Paranaenses e sua Expansão para o Sul).

    Antes dos colonos, os militares

    Os Regimentos de Milícias eram uma forma de reorganização dos antigos “Terços de Auxiliares”. Em seguida, Afonso Botelho se desloca para a 2ª Comarca (Paranaguá) em dezembro de 1766, encarregado de comandar militarmente a área e inspecionar as obras da Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres. 

    Sua outra tarefa será enviar expedições militares para fazer o reconhecimento do interior, explorando as antigas posses espanholas.

    “Havia uma carta régia de 1765 que autorizava ao governador da capitania a conquista do Tibagi. Sabe-se que havia intuito de agressão à província [por parte] do Paraguai, daí o interesse de criar estabelecimentos nos sertões do Tibagi e de Guarapuava” (Osvaldo Pilotto, Sinopse Histórica do Paraná). 

    Não se tratava, portanto, povoar já a região, mas antes de estabelecer seu controle militar.

    Pode-se identificar na ação de Afonso Botelho, assim, o início efetivo do Exército como força armada permanente. “Exército regular, só o teve a colônia depois de 1764” (Pedro Calmon, História da Civilização Brasileira).

    A respeito da estruturação das Forças, é digno de nota que o vice-rei Antônio da Cunha criou no Rio de Janeiro o Arsenal da Marinha, em 1763.  

    Cada cidadão seria um soldado

    Na véspera do Natal de 1764 embarcaram para o Brasil setenta oficiais encarregados de aplicar aqui o regulamento do Conde de Lippe (1724–1777), inspirado na formação militar inglesa de Gustavo Adolfo, que institui a milícia governamental paga.

    Preparar soldados profissionais e promover a defesa dos domínios portugueses na América, assediados pelos espanhóis, foi, portanto, a função central do Paraná na época do Brasil como Vice-Reino. 

    Com a vinda dos instrutores militares, em consequência, cresce o recrutamento de homens para fazer a defesa do Sul contra a ofensiva espanhola. 

    Em 1766, Aviso Régio dirigido ao governador Luís Antônio Mourão ordena que no território de sua Capitania “fizesse alistar toda a gente sem exceção de nobres, plebeus, brancos, mestiços, ingênuos [NR: filhos de escravo nascidos livres]; e libertos” (Antônio Vieira dos Santos, Memória Histórica da Cidade de Paranaguá e seu Município). Todos no Exército. Afinal, são tempos de guerra.

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  • Vivemos fatos extraordinários na economia

    Vivemos fatos extraordinários na economia

    Sabe aquelas publicações que você faz nas redes sociais para ser lembrado no futuro sobre qual era o panorama atual, que no caso será o passado? 

    Então, são tantos fatos extraordinários atualmente que cabe aqui um relato de questões pontuais na área econômica. Assim, poderemos revisitar essas informações no futuro.

    Primeiro, é inevitável citar que a pandemia teve impactos violentos em vários setores. Mas, para termos uma visão global desse cenário bastante afetado, a projeção do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deste ano é de -5,95% (Relatório Focus).

    Nesta semana o Brasil estabelece a menor taxa básica de juros (Selic) nominal da sua história, a partir da decisão de hoje (05) do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, a qual passa a ser de 2% ao ano. O objetivo é estimular a economia, desaquecida em função da crise sanitária.

    Por outro lado, a Bolsa de Valores tem recorde diário no número de pessoas físicas se tornando investidoras, cujo total em junho somava 2,6 milhões. Ontem, dia 04 de agosto, o volume de negócios na B3 ultrapassou R$ 40,4 bilhões em um único pregão.

    A cotação do ouro à vista bateu recorde de valorização, ao ultrapassar a barreira dos US$ 2.000 a onça-troy, nesta semana. A demanda dos investidores é por segurança, diante das incertezas nas economias mundiais, e da falta de rendimento dos Títulos Públicos. 

    Outro fato extraordinário é o governo brasileiro distribuindo dinheiro para o povo, uma medida importante e estratégica para a economia. O auxílio emergencial poderá ser estendido até o fim do ano. 

    Por outro lado, as despesas correntes em alta por conta da pandemia estão sendo argumento na tentativa de romper o teto de gastos do governo, o que acende o alerta para o possível aumento da dívida pública. E a indisciplina fiscal desagrada agências avaliadoras de risco país para recebimento de investimentos externos. 

    Paralelamente, o Ministério da Economia trabalha na construção da Reforma Tributária. Dentre várias mudanças, está planejando um pacote que criará um imposto nos moldes da antiga CPMF, que inclui a redução de tributos das folhas de pagamentos das empresas; a ampliação da faixa salarial de isenção do Imposto de Renda de R$ 1,9 mil para R$ 3 mil; e a exclusão da cobrança de IPI sobre eletrodomésticos. 

    Também estuda reduzir a alíquota de imposto de renda pessoa física da faixa salarial mais alta, dos atuais 27,5% para em torno de 25%. No entanto, em troca analisa acabar com as deduções médicas.

    O Congresso, por sua vez, deve analisar nesta quinta-feira (06) projeto que limita os juros do cheque especial em no máximo 30% ao ano – enquanto atualmente cada banco tem sua taxa, que vai de zero (Banco Inter) a 381,79% a.a. (Banco Sofisa).

    Enquanto os bancos reduzem seus lucros durante a pandemia, grandes empresas como Embraer registraram prejuízos bilionários no segundo trimestre. 

    Bom, esses são alguns assuntos dos quais pretendo lembrar a partir deste artigo-cápsula do tempo. Você tem sugestão de outros tópicos? Sugira aqui embaixo nos comentários. Desde já muito obrigada pela sua colaboração.

    Sucesso a todos!

    *A autora é jornalista e investidora.

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  • SAÚDE, PARANÁ!

    SAÚDE, PARANÁ!

    Se o ano de 2020 trouxe um cenário de pandemia mundial que impôs à humanidade uma travessia longa e dramática e que todos gostaríamos não tivesse acontecido ou pudesse ser esquecida, nós na Sanepar focamos em garantir e ampliar as nossas ações para transformar e melhorar a qualidade de vida de milhões de pessoas. Trabalhamos para superar o cotidiano da quarentena, do isolamento e para deixar o novo normal o mais normal possível. E ainda fizemos isso em meio à maior crise hídrica da história do Paraná que nos submete a um quadro mais agudo, de maiores dificuldades. É um momento de desafios. É um tempo de obrigações e de deveres que nos leva a um olhar e a um agir pautados no esforço contínuo da superação.

    Já aprendemos, pela forma evidente como o coronavírus expôs nossas fragilidades, que a saúde é o nosso bem maior e o nosso mais relevante patrimônio. Buscá-la, protegê-la e garantir a sua promoção permanente tornou-se a nossa missão. A melhoria nos índices de desenvolvimento humano passa pela implementação de um ciclo de saneamento, que começa na captação e tratamento da água que sai dos mananciais e poços, segue para as residências e complementa-se na coleta e no tratamento do esgoto. 

    Talvez não reste mais a menor dúvida de que saúde e saneamento andam lado a lado. Tampouco, que promover a saúde e preservar o meio ambiente são atos que devem acontecer ao mesmo tempo. São siameses. Não podemos abrir mão de um para ter o outro. Por isso, quando ligamos uma residência à nossa rede, conectamos os nossos clientes a esse ciclo.

    Já atendemos 100% da população dos 346 municípios onde atuamos com água tratada. Levantamento apontado pela Agência Nacional de Águas (ANA) e divulgado no mês passado revela que o Paraná atingiu um índice de 80,7% de saneamento. E a Sanepar trata 100% do esgoto coletado.

    Promovemos saúde e prevenimos doenças quando disponibilizamos água potável e tratamos esgoto. Atender essas demandas cada vez mais básicas da sociedade faz parte da nossa rotina.

    Esta é a nossa agenda e que estamos cumprindo para garantir mais qualidade de vida a cada paranaense. Para garantir mais saúde.

    Temos a real dimensão da nossa tarefa e da nossa missão que vamos continuar a cumprir. Do trabalho que temos que executar incansavelmente. Do esforço que não deve parar e dos investimentos que não podem ser medidos sem contabilizar os benefícios que vamos promover e consolidar no cotidiano de todos. 

    Por isso, além de cuidar do dia a dia, estamos planejando o futuro. De 2020 a 2024, a Sanepar pretende investir R$ 7,6 bilhões em obras de ampliação e melhoria dos seus sistemas de água e de esgoto. É um investimento significativo que confirma o nosso compromisso com a eficiência. Os recursos programados para os próximo cinco anos representam 70% a mais do que o volume investido no período de 2015 a 2019.

    A evolução crescente nos investimentos da Sanepar explica, por exemplo, os indicadores de esgotamento sanitário bem acima da média nacional. É o caso da capital Curitiba (96%) e de Maringá e Cascavel (acima de 98%), Londrina (94%), Umuarama (93%), Ponta Grossa (91%), Cornélio Procópio (98%), Jacarezinho (95%) e Santo Antônio da Platina (94%), só para citar algumas cidades que confirmam o relatório da ANA.

    Usufruir de saúde é condição verdadeira para existirmos. Levar saúde aos paranaenses é a condição da existência da Sanepar. Hoje, quando comemoramos o Dia Nacional da Saúde, podemos brindar com um copo da mais pura água, vinda diretamente das torneiras, e estender esse brinde a todos os dias do ano. Saúde, Paraná!

    * Claudio Stabile é diretor-presidente da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar)

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  • BR 277 é interditada por mais de três horas no local do acidente com 8 mortos

    BR 277 é interditada por mais de três horas no local do acidente com 8 mortos

    A neblina e a mais uma vez a fumaça deixou a BR-277 interditada em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), na madrugada desta terça-feira (4). De acordo com as informações da concessionária Ecovia, a interdição foi necessária pela falta de visibilidade.

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    A interdição foi feita em um trecho de dois quilômetros, nos dois sentidos da rodovia, pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) e pela concessionária que administra o trecho, Ecovia.

    A medida foi tomada para evitar novas tragédias no trecho e houve lentidão no trânsito. O bloqueio começou às 3h40 e encerrou às 6h55.

    O acidente foi um engavetamento e envolveu cinco motocicletas, 16 carros, sendo um da Polícia Militar, e um caminhão. No momento do acidente, a PRF e a Ecovia, relataram que a visibilidade na rodovia ficou prejudicada em função da fumaça gerada por uma queimada.

    Apesar da interdição, de acordo com a Ecovia, não houve registro de incêndio no local. Mesmo com a liberação da pista, equipes da Ecovia realizam a sinalização no km 80 (sentido Paranaguá) e no km 73 (sentido Curitiba), sem interdição de tráfego.

    Outro engavetamento

    Ontem, também na BR 277, porém em Cascavel, outro acidente do tipo engavetamento envolveu cinco automóveis e um caminhão. Além dos danos materiais, dois motoristas ficaram feridos e foram encaminhados para atendimento médico na UPA Veneza. 

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  • Riqueza, crime e conflito

    Riqueza, crime e conflito

    Interessado em ganhar a nomeação do rei José I para fazer o controle das riquezas achadas no solo do futuro Paraná, Ângelo Pedroso declarou em 1753 às autoridades portuguesas ter descoberto minerais preciosos na região. Logo depois chega ali, aparentemente por acaso, um foragido da Justiça: o mineiro Francisco Martins Lustosa.

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    Riqueza, crime e conflito andavam sempre juntos no remoto e despovoado interior na metade do século XVIII. Em plena corrida pelos diamantes, as preciosidades ficavam com quem chegasse antes, com a obrigação de entregar parte da coleta ao reino português. 

    Foi o rei João III (1502–1557) quem criou a regra tributária de que era imposto devido à Coroa um quinto de toda a produção de metais e pedras preciosas introduzida no mercado.

    Envolvido em feroz luta entre mineiros e paulistas pela posse e controle das riquezas minerais, o português Francisco Lustosa foi acusado de cometer um crime nas Minas de Sapucaí, no Sudeste mineiro, das quais era o administrador.

    Fugindo para o Sul, Lustosa se viu perseguido por uma bandeira punitiva da Câmara de Curitiba e se refugiou no sertão do futuro Paraná. Especialista em minas, esbarrou com os diamantes descobertos por Ângelo Pedroso.

    O sumiço dos diamantes 

    Sabendo que a descoberta de minas assegurava benesses junto ao rei português, de seu esconderijo na região diamantífera mandou a notícia de que descobriu jazidas e requeria as vantagens prometidas a quem encontrasse minas.

    Criava um problema para Pedroso, que pretendia ser o administrador das minas da região. Lustosa, de seu refúgio no Tibagi, declarava-se descobridor da lavra de Pedra Branca, e apesar de sua condição de fugitivo, era conhecido por sua capacidade de descobrir e administrar minas. 

    Perseguido pelos mineiros, mas ligado às autoridades paulistas, Lustosa pedia que um filho fosse nomeado “escrivão das minas”, que significava ter o controle sobre a exploração de ouro e pedras preciosas. 

    O naturalista Saint-Hillaire reportou que o diamante era retirado de contrabando, feito “não só por alguns habitantes do lugar como também por garimpeiros que vinham de fora e até mesmo da capitania de Minas Gerais” (Jefferson de Lima Picanço e Maria José Mesquita, O Sertão do Tibagi, os diamantes e o mapa de Angelo Pedroso Leme [1755]).

    Financiou fazendas

    Falava-se em abundância de diamantes, mas só uma pequena parte chegava de fato a Portugal, sempre em crise e agora tendo à frente a tarefa de reconstruir Lisboa, destruída pelo terremoto de 1755.

    À medida que a cobrança se intensificava, crescia a ocultação, o desvio e o contrabando, fazendo também aumentar a fiscalização e o policiamento por parte de Portugal. 

    O ouvidor de Paranaguá*, Antônio Melo Porto Carreiro, enviou ao Tibagi uma bandeira de 200 soldados para controlar a ação dos posseiros e garantir o aproveitamento dos recursos minerais da região.

    Encaminhada pela Câmara de Curitiba, a guarda se instalou no Registro de Nossa Senhora do Carmo, na foz do Rio Capivari, para vigiar os garimpos de diamantes. Ali foi instalado um forte militar e montes de diamantes foram efetivamente encontrados. 

    Uma parte foi para Lisboa, outra fez a riqueza dos futuros criadores de gado e Antônio Porto Carreiro foi chamado a dar explicações para a diferença de volume entre o grande tesouro que se supunha encontrado e a pequena quantia de fato remetida a Portugal.

    Denunciado pelos interesses que contrariou, Porto Carreiro foi preso em 1757, acusado de dar sumiço nos diamantes paranaenses.

    *Cargo equivalente ao atual governador do Estado

    As três tarefas

    A grande prioridade portuguesa era fazer a colônia render o máximo para fortalecer o reino. Nesses meados do século XVIII foram definidas com ênfase as três tarefas que deveriam ser cumpridas na Capitania de São Paulo, que abrangia também o atual Paraná.

    Para o governador Luís Botelho Mourão, as ações necessárias seriam “primeiro, defender as fronteiras; segundo, povoá-la para que possa defender-se a si mesma e, terceiro, tornar lucrativo o uso das minas e dos benefícios que venham a ser descobertos neste vasto continente”.

    Celebrado o entendimento com a Espanha em torno da entrega da Colônia do Sacramento, o esforço português estava agora direcionado a apoiar as demarcações, iniciadas em 1759, que definiriam as fronteiras entre as regiões do Oeste do Paraná e os domínios espanhóis. 

    As comissões mistas de demarcação iniciaram os trabalhos, mas progrediam lentamente, enfrentando a resistência indígena e as dificuldades de acesso.

    De volta às hostilidades

    Não havia mapas para facilitar os trabalhos. As plantas existentes eram conflitantes e crescia o descontentamento nos dois lados do colonialismo ibérico.

    A morte do rei espanhol Fernando VI, em agosto de 1759, com a posterior ascensão de Carlos III, contrário ao tratado de 1750 com Portugal, veio causar uma enorme reviravolta na região. O desenvolvimento dessas tensões levou à quebra do acordo anterior.

    Com a entrega de Sacramento em troca dos territórios espanhóis a Oeste da linha do Tratado de Tordesilhas, os tropeiros desbravaram no centro do Paraná, para além dos Campos Gerais, um território extremamente propício para a criação, descanso e engorda de animais: Guarapuava.

    Os índios toleravam a presença dos portugueses, que ainda eram poucos, mas a tolerância acabou a partir de 1760, quando os tropeiros já se espalham pelos Korumbang-Rê, denominação dos Campos de Guarapuava na língua Caingangue.

    Criar gado ou lutar na mata oestina?

    As primeiras expedições que tentam conquistar a região fracassam frente à resistência indígena. O capitão de cavalos dos Campos Gerais, Francisco Carneiro Lobo, supôs que os ataques dos índios se deviam à atração exercida sobre eles pelas ferramentas portadas pelos tropeiros.

    Não supôs que os ataques fossem um revide aos contínuos massacres sofridos pelas tribos indígenas, “a exemplo do que ocorreu com os Carijós, no litoral de Paranaguá, após longo período em que se constituíram objeto constante das ávidas bandeiras escravagistas” (Do Ouro à Soja, Secretaria do Planejamento do Paraná, 1976).

    O Oeste paranaense mais uma vez vivia uma situação incerta. Ocupá-la era uma necessidade, por conta do princípio internacional que assegurava o direito de posse por ocupação e moradia efetiva. 

    Mas se havia ainda os Campos de Guarapuava inteiros a aproveitar, com a perspectiva de criação de muito gado, que interesse havia em se meter na mata para caçar encrencas com índios aguerridos e espanhóis armados? 

    CLIQUE AQUI e veja episódios anteriores sobre A Grande História do Oeste, narrados pelo jornalista e historiador Alceu Sperança.

    Em meados do século XX, mergulhador com escafandro recolhe diamantes no Rio Tibagi

     

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  • A pandemia e a virtude

    A pandemia e a virtude

    Passados quatro meses do início da quarentena, estamos vivendo o auge de duas pandemias que se opõe e se atraem: a verdadeira, produto do coronavírus que nos ameaça de morte a cada respiro. E a imaginária, subproduto da nossa imaginação capaz de causar danos a nós mesmos. Elas são palco de todos os enredos de conversas e desculpa de todos os erros. 

    Aristóteles nos deixou a definição de virtude como o conjunto de qualidades essenciais que constituem o homem de bem, o que ele chamou de homem virtuoso. Para ele, a virtude está no meio e o vício, nos extremos.

    Pelo legado de Aristóteles, permitimos que a pandemia nos tirasse a virtude, abrimos mão do ponto de equilíbrio para nos escravizar aos extremos. Na premissa aristotélica trocamos a virtude pelo vício. 

    A pandemia, em vez de nos unir no propósito de vencer o vírus ameaçador, nos dispersou em incontáveis grupos, cada um com ideias distintas que propagam soluções opostas para problemas reais ou imaginários. 

    Os extremos dominam o debate no Brasil: a ciência passou a ser questionada por negacionistas, vemos economistas contra médicos, salvacionistas contra céticos. Estamos deixando passar uma valiosa oportunidade para mostrar que podemos ser melhores e que as dificuldades nos aperfeiçoam.

    E, enquanto o país acompanha a ampliação desse infrutífero debate, vemos o desemprego entrar na casa de pais, mães, jovens e famílias brasileiras. Desemprego, que assim como o vírus, não respeita classe social, sexo, raça, religião ou ideologia política.  

    Por isso, há urgência de reencontrar o equilíbrio que permita ao Brasil superar a crise atual e iniciar o mais rápido possível o processo de recuperação, que será longo. Não temos mais tempo a perder – já perdemos muitas décadas no passado recente e estamos deixando a vida e o controle escaparem pelos nossos dedos, a cada suspiro e a cada piscada. 

    Chegamos ao momento em que cada deve assumir sua parcela de responsabilidade. Não podemos esperar por um milagre ou por um salvador da pátria. Embora a provisão divina possa-nos ajudar, e ter fé é uma marca forte do brasileiro, não podemos aguardar que os outros façam a nossa parte. 

    Vamos recuperar a essência dos seres humanos, a nossa principal característica: a disposição de fazer o bem. E nos esforçaremos nesse caminho, porque é da nossa índole a superação das dificuldades, fazer o que precisa ser feito e estender a mão solidária a quem mais precisa.

    * Embaixadora da Organização Mundial da Família e ex-governadora do Paraná

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  • A lição do suco de melancia que era de morango

    A lição do suco de melancia que era de morango

    O relógio pendurado na parede da cozinha já não é mais apenas uma peça decorativa ou um instrumento para saber por quanto tempo o pão está assando. Aqui em casa ele nos observa mesmo que nós não olhemos para ele. E é um senhor implacável.

    Era mais um dia da semana daqueles corridos. Meu marido atua em serviços essenciais, então manteve a rotina de trabalho, com os devidos cuidados redobrados.

    Percebi que quando ele chegou em casa estava bastante agitado. Ainda assim, sentamos à mesa para almoçar. Além do alimento, servi também um suco natural, que ele tomou afoito, com sede.

    Então perguntei o que ele havia achado do suco de melancia, se havia gostado. “Sim”, ele me disse, “…está muito bom”.

    Esperei alguns segundos para ver se ele iria me corrigir, mas não o fez. Foi então que eu mandei a tréplica: “O suco não é de melancia, é de morango, meu amor”.

    Foi um estalo.

    Naquele momento ele acordou e voltou para o local onde estava fisicamente. 

    Nós dois ficamos assustados, pois constatamos que ele estava agindo de forma automática ao se alimentar, sem realmente vivenciar aquela refeição.

    Olhei para o relógio e ele continuava o seu tic tac… e aprendemos uma lição.

    Especialmente nesse período por qual estamos passando, é importante desenvolvermos a habilidade de aproveitar melhor os nossos momentos. 

    Quantas vezes você já deixou de sentir o sabor daquilo que estava vivendo?

    Quem sabe o seu pomar esteja precisando receber água. Ou talvez esteja repleto de frutos, muitos deles já caindo ao chão, sem você tê-los provado. 

    Tem pessoas que gostariam de sentir o gosto dos alimentos e hoje não conseguem, por ser esse um dos sintomas da Covid-19. O mesmo sentem em relação a estar com outras pessoas: um desejo que não pode ser atendido. Então se você pode, aproveite.

    Outra lição: quantas vezes julgamos o suco pela cor, ou a fruta pela forma? O suco de melancia também tem seus nutrientes. Precisamos reconhecer o devido valor e atribuir sentido à existência de todos, sejam eles sucos ou pessoas.

    A vida não deve ser passada, ela deve ser vivida. 

    Quanto mais você experimentar da vida, mais ela terá um sabor pronunciado. Usufrua da sua. Deguste o suco de morango com todas as suas papilas gustativas. Esteja lá. Cante, dance, faça um curso, aprenda uma nova receita, divida as suas frutas com alguém.

    Lembre-se de que mesmo diante de tantas notícias tristes que recebemos diariamente, para você o relógio ainda não parou.

    Saúde a todos!

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  • A febre dos diamantes

    A febre dos diamantes

    Em meados do século XVIII, os índios aldeados nas missões do Sul já português desde o Tratado de Madri, de 1750, recusaram-se a aceitar a expulsão dos jesuítas, que deveriam se retirar para posições dominadas pela Espanha, mas não partiram.

    Como a reação já era esperada, Portugal deu ordens para que suas autoridades no Brasil recrutassem uma força militar especial para combatê-los. Um aviso régio determinou alistar nas milícias “toda a gente sem exceção de nobres, plebeus, brancos, mestiços, indígenas e libertos”.

    Foram montadas onze companhias de infantaria e três de cavalaria. As montadas ficaram conhecidas como “Hussares de Curitiba”. A origem do nome dessa cavalaria estava nos hussardos, heroicos cavaleiros poloneses célebres por raramente perder uma batalha. No Brasil, ela só existiu no Paraná, segundo Gustavo Barroso.

    Foi a preparação para as Guerras Guaraníticas – a ofensiva ibérica para desalojar “a população residente nas reduções jesuítico-guaranis situadas no agora território brasileiro e que se recusavam a partir para o lado espanhol do Prata” (Anna Eliza Finger, Ferrovias e Arquitetura do Ferro no Brasil e no Mundo).

    Um interesse brilhante

    A força militar recrutada a partir de Curitiba não servia às necessidades da região nem para apoiar as tarefas de penetração ao Oeste, mas como o ouro seduzia os milicianos a abandonar os quartéis e sair à mata em busca de riquezas, logo os diamantes também vão atrair as atenções dos aventureiros para o interior do futuro Paraná. 

    O foco das autoridades portuguesas ainda estava na defesa do Sul quando a “febre dos diamantes” começou, com o aparecimento dos cobiçados brilhantes nas explorações que resultariam na “descoberta dos Campos de Guarapuava”, iniciadas em 1753.

    Ao tomar conhecimento de que pedras preciosas foram vistas na região do Rio Tibagi, o governo luso finalmente voltou a se interessar pelo interior do futuro Paraná. 

    Determinou o completo reconhecimento da área e ainda a criação de uma colônia militar para impor o controle das terras conquistadas na troca feita com a Espanha pela Colônia do Sacramento, via Tratado de Madri. 

    Seria “um núcleo populacional e militar junto ao Rio Iguatemi, visando dificultar o acesso espanhol e criar uma base para incrementar o povoamento dos Campos de Vacaria” (Acyr Vaz Guimarães, Mato Grosso, sua evolução histórica).

    Um mapa caprichado

    A região foi explorada pelos irmãos Ângelo Pedroso Lima (ou Leme) e Marcelino Rodrigues de Oliveira, filhos de frei Bento Rodrigues de Santo Ângelo, religioso carmelita que morou na Fazenda do Capão Alto, em Castro.

    Eles se comprometeram com o ouvidor de Paranaguá, Antônio Pires Porto Carreiro, a obter informações sobre o descobrimento de ouro e feitura de roças entre os atuais Mato Grosso do Sul e Paraná.

    Para documentar suas entradas pelo interior e comprová-las ao ouvidor, Pedroso Lima mandou elaborar um mapa, executado por Manuel Ângelo Figueira de Aguiar. Um trabalho excepcional, considerando as condições da época (1755). 

    O Mappa do Certam* de Tibagy será o principal documento cartográfico da região no século XVIII. É a base da Planta do Sertão de Tibagi Que se Acha Descoberto (1769), elaborado com base em dados colhidos pelas incursões de Afonso Botelho.

    *Sertão.

    Gurapuaba e Campo do Mourão

     O mapa mostra dois campos de “Gurapuaba”. Um entre o Rio Grande do Registro (Iguaçu) e o rio Ubatuba (Ivaí), onde estão realmente os Campos de Guarapuava. O outro, entre os rios Tibagi, Paranapanema, Ubatuba e um afluente deste último, na região depois chamada Campo do Mourão.

    “No mapa consta a vila de Curitiba, os vales dos rios do Rio Grande do Registro (Iguaçu), Ubatuba (Ivaí) e Tibagy, assim como os Campos de Garapuava [sic]. O vale do Tibagi é o mais bem detalhado, com indicação e nome dos afluentes, maior densidade de picadas e a indicação das roças feitas na região por Ângelo Pedroso (Jefferson de Lima Picanço e Maria José Mesquita, O Sertão do Tibagi, os diamantes e o mapa de Angelo Pedroso Leme [1755]).

    Também estão indicados “os rios e ribeiros com ocorrências auríferas, assim como o morro da Pedra Branca, o qual teria ouro em suas vertentes”. O mapa assinala os “férteis campos para criar animais” e por ser bem detalhado também orientou a futura Carta Corográfica dos Dois Sertões de Tibagi e Ivaí. 

    O vasto “Paraná” 

    Na época, o Paraná (nome que só virá em 1853, em homenagem ao marquês Hermeto Carneiro Leão), estendia-se até o atual Rio Grande do Sul. Era uma região vastíssima, desconhecida e propícia a conquistas, ocupações e descobertas. 

    Em julho de 1755 registra-se o “Ato da Demarcação do Distrito da Vila de Curitiba pela baliza das Lages (Rio Pelotas) no continente Pedra Branca”. É um “auto de retificação de posse” assinado por dezenove testemunhas. 

    No documento, o escrivão da Câmara de Curitiba determina que o território do Paraná dessa época segue do Rio Itararé, como limite ao Norte, confinando com a Vila de Sorocaba, até o Rio  Pelotas  ao  Sul,  tendo como seu Oeste “todo  o  sertão  do  Tibagi”. 

    Nos limites da Vila de Curitiba também são mencionados os rios Paranapanema e Ivaí e ainda os pouco explorados Campos de Guarapuava, a Oeste.

    “A Câmara Municipal de Curitiba legislava sobre todo o território que se encontrava nos então Campos de Curitiba que faziam divisa com o Rio Grande do Sul, tendo muitas vezes intervindo naquela província a mando do vice-rei” (Câmara Municipal de Curitiba, Livro dos 300 anos).

    Maremoto, destruição e socorro 

    Em fins de 1755, depois da posse do vice-rei Marcos de Noronha e Brito (1712–1768), o Conde dos Arcos, o explorador Ângelo Pedroso se apresentou como descobridor das maravilhas minerais do interior paranaense.

    Ao comunicar à Superintendência de Terras Minerais de São Paulo e ao ouvidor João de Souza Filgueiras haver descoberto ouro no Sertão do Tibagi, firmava posição frente a um conflito judicial pela posse e jurisdição das terras exploradas. A vitória valeria o cargo de superintendente das minas da região.

    Ao achar diamantes, Pedroso abriu novos ganhos para Portugal, que teriam um endereço definido de imediato: no fim de 1755, a terra tremeu, um maremoto de 20 metros e múltiplos incêndios devastaram a capital portuguesa, fazendo mais de dez mil mortos. O ouro brasileiro e os diamantes paranaenses teriam que socorrer a matriz e reconstruir Lisboa. 

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    Região diamantífera do Paraná, novo alvo das atenções de Portugal no século XVIII

     

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