Uma cápsula temporal do ano de 2020 está prestes a ser criada e você pode fazer parte dela. Basta filmar a sua rotina do próximo sábado, dia 25 de julho, e enviar as imagens para a coordenação do projeto intitulado: “A vida em um dia”.
Pessoas de várias partes do mundo irão compor um documentário histórico sobre este ano tão emblemático que estamos vivendo, marcado por pandemia, protestos, queimadas, fechamento de fronteiras, distanciamento social, etc. Uma verdadeira exacerbação de sentimentos.
O longa-metragem será produzido e dirigido pelos cineastas britânicos Ridley Scott e Kevin Macdonald (vencedor do Oscar). Depois de pronto, o filme vai estrear no Sundance Film Festival de 2021. O Projeto “Life in a Day” está sendo divulgado no Youtube Originals.
Riqueza cultural
A intenção dos produtores é registrar um único dia na Terra, a partir da visão de seus habitantes.
Chama atenção o caráter global e heterogêneo da produção, que oferece ao projeto grande riqueza e diversidade cultural.
A peculiaridade desse tipo de documentário é o protagonismo de pessoas anônimas, por meio da captura de imagens de atividades diversas, tanto hábitos comuns como pitorescos.
O fato de ser filmado por amadores, com os mais variados pontos de vista, enquadramentos e qualidades de vídeo, torna a produção ainda mais singular.
Experiência exitosa
A produção de um filme de caráter colaborativo já teve uma experiência exitosa em 2010, quando mais de 80 mil filmagens foram enviadas de 189 países. Naquela ocasião, o longa-metragem se tornou o maior projeto já realizado nesses moldes. Desde 2011, quando foi lançado, o primeiro filme “A vida em um dia” teve mais de 16 milhões de visualizações no Youtube.
Quem assiste à primeira versão pode identificar que a única coisa previsível no roteiro é que representa uma rotina desde o amanhecer até o anoitecer, mesclando rostos, falas, expressões, atitudes e emoções de pessoas de diferentes nacionalidades.
Esta nova edição deverá retratar especialmente as mudanças de rotina e de hábitos impostos pela pandemia.
Como participar
Você já participou de um projeto global? Pela facilidade de fazer parte do projeto, além da maior disponibilidade das pessoas, esta nova versão do documentário deverá ter um número ainda maior de voluntários.
Se você deseja participar, alguns cuidados são necessários, como autorização de uso de imagem de terceiros, bem como não filmar marcas comerciais e obras protegidas por direitos autorais. Não infringir leis e não usar músicas nos seus vídeos são dicas adicionais para ampliar suas chances de ser selecionado(a).
Armistício assinado em Paris em 16 de março de 1737 entre os reinos ibéricos pretendeu pôr fim às hostilidades entre Espanha e Portugal no Sul da colônia brasileira. O futuro Paraná, ainda limitado ao litoral, Curitiba e Campos Gerais, iria triplicar de tamanho.
Os portugueses perderiam Sacramento, mas o embrionário Paraná iria ganhar o território entre os Campos Gerais e o Rio Paraná, que ainda pertencia à Espanha.
Com o Tratado de Madri, o Paraná ganhará também a região Oeste da futura Santa Catarina, perdida mais tarde para o Estado catarinense em longa batalha judicial.
Pelo acordo, “o Oeste paranaense é ratificado como português, sendo o Rio Paraná a fronteira natural com as possessões espanholas” (José Augusto Colodel, Cinco Séculos de História).
Uti possidetis, a chave da posse
O “Tratado de Limites das Conquistas entre os Muy Altos e Poderosos Senhores D. João V, Rei de Portugal, e D. Fernando VI, Rei da Espanha”, assinado em janeiro de 1750, redefinia as fronteiras de seus reinos na América do Sul. É o Tratado de Madri, que pôs fim ao Meridiano de Tordesilhas.
“Por este tratado, Portugal ficaria com o Rio Grande do Sul, Mato Grosso e com a Amazônia e receberia dos espanhóis os Sete Povos das Missões, em troca da cessão da Colônia do Sacramento” (Evandro Ritt, A Colônia Militar De Foz Do Iguaçu – PR Um Projeto de Consolidação de uma Fronteira: 1880 – 1920).
“O lugar da linha ancestral na delimitação recíproca das soberanias foi preenchido então por um conceito oriundo do direito civil romano: o uti possidetis [interdito possessório: a posse legitimada e justificada por uma circunstância de realidade, pela ocupação efetiva]” (Demétrio Magnoli, O corpo da pátria).
“Do lado português, fora [foi] um dos diplomatas mais capazes o brasileiro Alexandre de Gusmão. Parece ter sido boa, ou pelo menos equitativa a barganha, porque ambos os países, depois, se pretenderam logrados” (Afrânio Peixoto, História do Brasil).
As origens do Contestado
Gusmão abriu caminho às posteriores conquistas do Barão do Rio Branco. Um dos imbróglios foi o Rio Peperi, citado pelo Tratado de Madri como novo limite entre o Brasil e as colônias espanholas.
Para a Argentina, Peperi era o Rio Chapecó. Surge aí a Questão do Contestado, ao redor da qual, depois da vitória brasileira sobre a Argentina, muito sangue seria derramado já na disputa entre o Paraná e Santa Catarina.
Portugal, com o Tratado de Madri, ficava com as margens orientais dos rios Paraná, Paraguai, Guaporé e Madeira. A Espanha recebia as Filipinas e Sacramento.
As primeiras contestações ao tratado vêm depois de julho de 1750, quando morre o rei português João V, na história por alargar significativamente os limites do Brasil e submeter seu país e colônias ao domínio inglês.
As riquezas brasileiras, a partir de agora, financiam o avanço do capitalismo global, comandado pela Inglaterra.
Tentativa de matar o rei
Sobe ao trono o rei José I (1714–1777), o Reformador, cujo reinado ficará sob o controle do ministro Sebastião José de Carvalho e Melo (1699–1782), o Marquês de Pombal.
Será um período acidentado, repleto de conspirações. O rei, que havia sido príncipe do Brasil, sobreviveu ao terremoto de Lisboa e a uma tentativa de regicídio. Teve um governo pautado por tensões: guerra com Espanha e França, corte de relações com a Santa Sé e no final séria crise econômica.
O avanço britânico e as dificuldades de Portugal para aproveitar bem seu território vasto e inexplorado serão fatores de estímulo ao apetite inglês pelo controle do Oeste paranaense.
As primeiras contestações ao Tratado de Madri, que fez do Paraná espanhol um território português, aparecem em 1752, quando os chefes da missão demarcadora do Sul, Gomes Freire de Andrada por parte de Portugal e o Marquês de Valdelirios, pela Espanha, encontraram-se no começo de setembro e no mês seguinte seguiram ao trabalho de campo.
Afinal, quem “descobriu” o Oeste?
Por influência dos religiosos espanhóis, contrários à sua expulsão da região missioneira, os aguerridos índios Guaranis, “habituados a obedecerem unicamente a eles, recusaram sujeitar-se” (Agostinho Marques Perdigão Malheiro, Índice cronológico dos fatos mais notáveis da História do Brasil desde seu descobrimento em 1500 até 1849).
Os índios preferiram permanecer com os jesuítas espanhóis no território das Missões. Como a resistência já estava prevista, em junho de 1752 Portugal iniciou o alistamento dos soldados que iriam acompanhar o coronel Cristóvão Pereira de Abreu, comandante do Regimento de Hussares de Curitiba, para fazer a defesa do Sul.
Os duzentos homens recrutados patrulharam “a linha de limite, desde o Rio Pardo até ao Sacramento” (Walter Spalding, Construtores do Rio Grande). Rio Pardo era a metade Oeste do atual Rio Grande do Sul, onde ficavam as Missões.
Na medida em que da passagem de Cabeza de Vaca nada ficou e da República Guarani só restaram ruínas, os historiadores procuram traçar os passos para a conquista do interior paranaense, mas o recuo no tempo produz sombras.
De acordo com Francisco Adolpho de Varnhagen, o desbravamento dos Campos de Palmas começou com a primeira incursão de Zacarias Dias Cortes, datada de 1726, muito antes, portanto, de Pereira de Abreu partir para o Sul.
Dias Cortes, herói paranista
Há historiadores que duvidam da presença de Zacarias Dias Cortes na região e supõem que a referência feita a ele por Varnhagen estava errada.
No entanto, ele havia penetrado “nos sertões parananianos, com uma comitiva que se destinava a Vacaria – do Rio Grande do Sul com a intenção de dali trazer gado vacum e muar para o comércio nas minas de ouro de Cuiabá e Goiás” (Francisco de Paula Negrão, Campos de Palmas).
A controvérsia surgiu porque Dias Cortes não retornou pelo mesmo caminho: na ida, constatou que a região era habitada por “hordas selvagens”, segundo Negrão. Seria arriscado voltar por ali.
Não voltou, mas registrou a existência desses campos, que os índios chamavam de Butiatuba e não foram explorados de imediato por conta da resistência indígena.
Isso, para Negrão, determinou o esquecimento da passagem pioneira de Dias Cortes pela região, quando desbravou até a cabeceira do Rio Uruguai em busca de ouro.
O grupo contatou os índios (I)Biturunas, que habitavam os arredores do Rio Chopim. Dias Cortes demarcou também o Rio Chapecó. Isso basta para pôr fim à polêmica.
CLIQUE AQUI e veja episódios anteriores sobre A Grande História do Oeste, narrados pelo jornalista e historiador Alceu Sperança.
Mapa europeu de 1875 mostra a região percorrida por Zacarias Dias Cortes, o bandeirante curitibano
Segundo dados da Federação Brasileira de Bancos, nos últimos meses de pandemia foi registrado um aumento de 45% nas tentativas de golpes virtuais. Além disso, com muitas pessoas trabalhando na modalidade home office, também cresceu o uso de computadores individuais, sem o apoio da equipe de TI da empresa. Pensando nisso, Gabriel Galdino, técnico de ensino no curso de Tecnologia da Informação no Senai no Paraná, dá seis dicas de segurança cibernética para evitar golpes e fraudes nesse período:
Altere suas senhas periodicamente e sempre use caracteres especiais como “!@#$%”, além de utilizar números, letras maiúsculas e minúsculas, e não repita senhas já usadas.
Se o aplicativo ou rede social têm a opção de verificação de segurança em dois fatores, escolha esta opção. WhatsApp, Instagram e Facebook são exemplos de plataformas que oferecem a autenticação em duas etapas.
Utilize apenas softwares que o download foi feito direto no site do fabricante, isso irá garantir que não tenha nenhum tipo de vírus embutido.
Mantenha sempre seu antivírus atualizado, isso ajudará a manter seu computador seguro.
Fique atendo a anexos e e-mails falsos. Os e-mails poderão te levar a algum site falso, que normalmente servem para roubar suas informações.
“Ninguém dá nada de graça a ninguém”, não é mesmo? Então não acredite em super promoções que existem na internet. Por exemplo, uma mensagem como “você acabou de ganhar 1 milhão de reais, basta clicar aqui” provavelmente irá te direcionar algum site falso, que servirá para roubar suas informações.
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Era uma vez dois irmãos chamados: Normal e Novo Normal. A maioria das pessoas conhecia o primeiro, mas morria de vontade de saber quem era o segundo.
Enquanto o Normal era popular, circulava pelas ruas à vontade, saía para trabalhar, frequentava bares e restaurantes, o Novo Normal era reservado, trabalhava em home office e usava máscara sempre que precisava sair de casa por algum motivo considerado essencial. E ele ainda estranhava quando via alguém sem o acessório.
Os hábitos de consumo de ambos eram muito diferentes. O irmão mais velho era desconfiado, só comprava em loja física e jamais iria digitar os dados do seu cartão de crédito online, afinal, poderia ser roubado.
Enquanto isso, o Novo Normal tinha confiança nas tecnologias, era fã do e-commerce, comprava tudo em lojas virtuais, desde comida até os móveis, e recebia tudo no conforto do lar.
Pela sua característica de ser pop, o Normal esbanjava seu dinheiro em compras e festas, sem se preocupar com o futuro. Tinha a TV e o celular mais finos que existiam no mercado, calçava, vestia e bebia marcas, apenas por sê-las.
Já o Novo Normal era precavido, tinha reserva financeira, pagava previdência privada, seguro de vida e de saúde. Com uma base sólida e riscos calculados, ele havia decidido empreender para não se submeter a ser empregado a vida inteira. Foi assim que conseguiu conquistar autonomia em sua atividade profissional. Em casa, cultivava horta, reutilizava embalagens.
Enquanto o irmão mais novo era despojado e realizava todas as suas transações financeiras online, o Normal preferia enfrentar filas em bancos.
Nas redes sociais, o popular lia e compartilhava piadas, colecionava curtidas e batia boca com estranhos por causa de política. Já o Novo Normal usava seu tempo de acesso à internet para preservar contatos e cultivar sua rede de networking, lia pesquisas, compartilhava conhecimentos e vendia os seus serviços que eram sua fonte de renda.
Se o mais velho alegava não ter tempo para leitura ou para frequentar aulas, o irmão mais novo ouvia podcasts enquanto cozinhava, assistia a videoaulas enquanto caminhava na esteira, e já colecionava vários e-books lidos antes de dormir.
Na questão de saúde, era recorrente que o Normal comesse frituras e alimentos gordurosos no café da manhã, no almoço e na janta. Também era comum que se automedicasse por qualquer alergia ou espirro.
Já o Novo Normal tinha uma alimentação balanceada e uma preocupação especial em manter em alta a sua imunidade, além de cuidados redobrados com a higiene, incluindo o uso de álcool em gel. Se alguma vez precisou, fez consulta com uma junta de médicos online e adotou logo o tratamento adequado, sem fazer rodeios ou experimentos, como o irmão.
Se o mais velho era egoísta e competitivo, o Novo Normal tinha consciência coletiva e era adepto ao consumo de colaboração: usava aplicativo de compartilhamento de ferramentas, de carros, de conteúdos, e alugava uma parte da sua casa pelo Airbnb.
Pelo fato de ter uma visão muito limitada e considerada cada vez mais antiquada, o Normal está ficando para trás.
Já o Novo Normal está promovendo uma campanha mundial, para a qual está convidando você, leitor, a aderir aos preceitos dele.
É impossível não refletirmos sobre as mudanças cultural e comportamental provocadas pela pandemia de coronavírus. Por isso, esse é um momento para revisarmos e até reformularmos conceitos sobre o nosso sistema socioeconômico e sobre as relações humanas. Desse modo, poderemos construir uma nova consciência para o período pós-pandemia, que seja mais alinhada com as verdadeiras necessidades globais. Bem-vindos ao Novo Normal.
Depois de encerrado o ciclo do ouro paranaense, arrematado em fins do século XVII pela frustração com a lendária serra de prata, Portugal sofreu uma forte crise, socorrendo-se no apoio financeiro inglês. “O ouro não faz senão transitar. O beneficiário é a Inglaterra, cujas indústrias, excedentes ao consumo interno, vêm para Portugal e Brasil” (Afrânio Peixoto, História do Brasil).
“No Brasil, a febre do ouro enfraquecia as guarnições militares desfalcadas pelas deserções. Homens sem recursos embrenhavam-se nos sertões praticamente sem armas, equipamentos e alimentos, confiando na sorte e na caça para chegarem vivos às minas” (Mário Maestri, Uma História do Brasil: Colônia).
Enquanto a febre do ouro toma conta do Brasil, a economia do Paraná já se estrutura sob as patas do gado. O fim da ilusão com os minérios de certa forma foi positivo para o futuro Paraná. Formou-se nessa época, até início do século XVIII, a estrada do gado, mais conhecido como Caminho de Viamão, iniciado nas Vacarias do Sul.
Os Campos Gerais foram escolhidos como território de descanso e engorda para os animais, que chegavam magros da longa jornada desde o Sul e dali seguiam à Feira de Sorocaba como primeiro destino, distribuindo-se em novas tropas que se dirigiam a São Paulo, às “minas de Cataguases” (Minas Gerais) e Nordeste.
O mundo e o futuro Paraná
O trânsito das tropas logo também vai originar Guarapuava, vastíssima região ainda controlada pelos índios. À medida que muitas sesmarias de ampla extensão eram cedidas pela Coroa lusa aos interessados em colonizar e desenvolver a pecuária, mais empreendimentos se abriam, expandindo o desbravamento rumo ao Oeste.
Nesse início do século XVIII, na Europa, com a submissão da Escócia à Inglaterra, forma-se a Grã-Bretanha, integrada também por Irlanda e País de Gales. O inventor Thomas Newcomen (1663–1729) cria a primeira máquina a vapor prática para bombear água, dando a largada para a Revolução Industrial.
O rei Pedro II morre em 9 de dezembro de 1706 e sobe ao trono o jovem João V (1689–1750). Com 17 anos, será o soberano que mais vai explorar o ouro brasileiro, servindo-o aos ingleses para financiar o florescimento do capitalismo.
As concessões de sesmarias nos primeiros anos do século XVIII formam o desenho do Paraná Colônia em seu período pós-mineração. Então limitada aos arredores do litoral e de Curitiba, a expansão do primitivo Paraná para os Campos Gerais, Guarapuava e Palmas, entre os rios Itararé e Iguaçu, sinaliza, balizada pela criação, transporte e comércio de gado, para a delimitação do território que seria o futuro Estado.
“Os antigos sesmeiros e seus descendentes viriam a formar a influente aristocracia campeira, da qual saíam os homens destinados aos postos elevados das classes armadas, do clero e do governo” (Monika Gryczynska, O Casarão da Serra).
O esboço da Estrada Boiadeira
A região se emancipa oficialmente do Rio de Janeiro em 25 de fevereiro de 1714, passando a integrar a Capitania de São Paulo. Começará aí uma batalha quase sesquicentenária para se emancipar também de São Paulo.
O Arraial Forquilha, futura Cuiabá, elege Pascoal Moreira em 1719 para comandar aquela região, acontecimento que será muito importante para o futuro Paraná. A febre do ouro atrairá àquela região aventureiros e prestadores de serviços que vão precisar de alimentos para viver e trabalhar.
É a largada para a conquista do Oeste brasileiro, que acrescenta assim, de forma destacada, um novo e importante endereço às remessas do gado que chega do Sul. Abre-se o esboço de uma nova rota: a Estrada Boiadeira.
Faz parte desse contexto a concessão ao curitibano Zacarias Dias Cortes de uma sesmaria no Tibagi, em 1716. Com ele também teria início mais um dos vários episódios polêmicos da história do Paraná rumo à ocupação do Oeste.
Dias Cortes, bandeirante paranaense
Atribui-se a Dias Cortes, em 1720, segundo o historiador Francisco Adolpho de Varnhagen, informação aceita pelo paranaense Romário Martins, a “descoberta” dos Campos de Palmas.
Eles relatam que parte do Vale do Iguaçu foi explorada inicialmente nessa época por Dias Cortes em sua marcha para explorar as minas de Inhanguera (atual Oeste catarinense).
Cortes relatou ter encontrado na região uma “uma nação indígena que habitava as fraldas serranas e grande extensão do Rio Chopim – eram os índios Biturunas” (João Carlos Vicente Ferreira, Municípios Paranaenses Origens e Significados de seus Nomes).
Veio daí a descrição dos campos de Palmas, um território “[..] mui grande, mui raso e com muitos butiás que dão muita e boa farinha e por baixo dos butiás tem muita erva mimosa” (Francisco Adolpho de Varnhagen, História Geral do Brasil, Volume 2).
Italiano diz que “descobriu” Palmas
A lenda da serra de prata paranaense e do suposto ouro que havia em áreas do atual Sudoeste sob controle dos índios mais agressivos do Sul brasileiro motivou sucessivas expedições de busca e trouxe boas consequências para a estruturação do futuro Paraná e também à formação do Rio Grande do Sul.
“O intento da bandeira que dirigiu ao Sul do Iguaçu e que atingiu o Norte do Uruguai, foi a exploração do ouro que se dizia existente no morro do Ibituruna, onde as lendas da época situavam maravilhosas riquezas” (Romário Martins, Bandeiras e bandeirantes em terras do Paraná).
Esse primeiro descobrimento notificado de Palmas foi contestado pelo explorador italiano Fidel Franco Bolloto, referindo-se a uma estrada aberta no sertão por ele com o capitão Gabriel Alves de Araújo e outros curitibanos. Bolloto, de acordo cm Romário Martins, “não conseguiu provar que sua exploração tivesse atingido os campos de Palmas, mas sim que havia explorado parte do sertão do Sul”.
Sempre uma polêmica
A historiografia paranaense sustenta que em sua bandeira Zacarias Dias Cortes percorreu vasta região do interior, descobriu e explorou as lavras de Inhanguera, nome que os nativos davam ao Rio Chapecó.
Ao tomar conhecimento do sucesso da expedição de Zacarias o governador da Capitania de São Paulo, Rodrigo César de Meneses, oficiou à Câmara de Curitiba para exigir de Cortes uma planta da região e um diário do seu percurso.
É a esse diário que o historiador Francisco Adolfo de Varnhagen faz menção, afirmando que as terras entre as cabeceiras do Uruguai e do Iguaçu eram já conhecidas pelos curitibanos por um “antigo roteiro”.
A marcha para o Oeste, portanto, foi iniciada pelos extremos: ao Norte pelas atividades no Mato Grosso. Ao Sul, pela ocupação do atual Sudoeste paranaense. O futuro eixo que viria a ser a BR-277 ainda não estava em perspectiva.
CLIQUE AQUI e veja episódios anteriores sobre A Grande História do Oeste, narrados pelo jornalista e historiador Alceu Sperança.
Rei João V: com o ouro do Brasil, fez de Lisboa uma cidade rica e atraente
A vida é assim… a gente não escolhe por quem vai se apaixonar, mas acontece. Depois que conheci a Bolsa de Valores nunca mais consegui deixar dela (suspiro). E não é por falta de desavença, não.
Apesar da expressão recorrente dos traders de que “não se pode ‘casar’ com a ação”, no mercado de renda variável cabe bem a analogia com uma relação entre casais.
O Investidor é o marido e a Bolsa de Valores é a esposa. Ele apenas deseja ter uma vida prática: quer comprar as ações em um dia e vender no outro, com o lucro almejado. Simples assim. Será que é muito complicado para a Bolsa entender isso?
– Calma lá! – diz ela. – Aqui o negócio é renda variável, portanto, meu humor varia para cima e para baixo.
Se os papéis somente se valorizassem, não seriam investimentos de risco. E todo mundo iria querer se casar com a Bolsa.
Mas ela é uma mulher muito orgulhosa, se faz de difícil. Por diversas vezes o homem sequer consegue entender os seus movimentos. Tem até um ditado que diz que ela “sobe no boato e cai no fato”, tamanha incoerência.
Para tentar compreender a esposa, o homem criou um índice que nomeou como Ibov. A partir dele, o marido consegue ter uma ideia do humor da esposa, a cada novo dia de pregão.
Ainda assim, persiste a dificuldade de saber qual o momento ideal para comprar ou vender, pois a esposa vive situações de alta volatilidade, e tem como piorar: quando ela passa pelo circuit braker. É o terror para o marido!
Tal qual o casamento e a própria vida, o mercado de capitais também é feito de altos e baixos, como uma montanha russa em um parque de diversões. Você pode escolher o brinquedo que tem formato de minhocão (ações mais defensivas) e terá apenas algumas ondulações a percorrer, com pouca palpitação cardíaca.
Mas se você gosta de adrenalina pode escolher uma gigamontanha russa (papéis mais voláteis), subir ao topo com valorizações de até quatro dígitos, girar de ponta cabeça em loopings e despencar de grandes alturas em alta velocidade. Inclusive tudo isso com apenas um ticket, seja ele um lote ou uma única ação. E descobrirá que os extremos de amor e ódio são capazes de conviver no mesmo lar.
Quando o Bolsa lhe jogar para cima, você a desejará ardentemente, irá saboreá-la e terá as melhores noites de sua vida. Mas quando ela derreter os seus ativos, precisará ter extremo autocontrole para não abandoná-la de vez, batendo a porta, sem levar sequer uma muda de roupa na saída. Calma.
Você sobreviverá. E quando se der conta já estará novamente grudadinho a ela, sentado no sofá, assistindo às notícias sobre economia e lendo fatos relevantes das empresas.
Beberá da fonte dos gráficos, das figuras, das vídeoaulas – e continuará com sua sede de Bolsa.
Mesmo que em algum momento você se revolte e fique líquido, ela se vestirá com uma deslumbrante tendência de alta, calçará o seu mais lindo setup, colocará a mão na cintura e lhe atrairá novamente aos seus braços. E reconhecerá que é paixão.
Portanto, não importa quão conturbada seja sua relação com ela – se lhe fizer vibrar ou chorar, ela permanecerá irresistível, pois o ser humano gosta mesmo é de quem abala as suas emoções.
Por tudo isso, cabe um alerta: mesmo que você não case com a Bolsa, se tiver oportunidade de um jantar romântico à luz de velas com ela, desde já advirto que poderá se apaixonar.
Mas se isso é o que você realmente deseja, prepare o bolso, compre o melhor vinho e sirva-se de um cardápio diversificado de ativos. Ao brindar com ela, logo se sentirá envolvido. Aproveite o encontro, dê o melhor de si, que ela será perfeitamente capaz de lhe retribuir.
Quando as cidades jesuíticas do Oeste do Paraná foram varridas pelos ataques dos bandeirantes, só Vila Rica do Espírito Santo, junto ao Rio Ivaí, manteve-se, apoiada no comércio de erva-mate.
Sem os espanhóis, as autoridades portuguesas instaladas em Paranaguá teriam que iniciar a povoação do interior do futuro Paraná, mas isso requeria recursos para expedições de conquista (as entradas).
Agostinho de Figueiredo, administrador das minas de ouro e prata do Sul, estava no cargo desde 1670 sem apresentar os resultados que o rei Pedro II ansiava. Para se prestigiar junto ao trono português, o provedor das minas de Paranaguá, Manuel de Lemos Conde, mentiu ao rei que no interior havia uma fabulosa serra de prata.
Ávido pela fartura prateada, o monarca luso enviou ao Brasil um especialista em prospecção de minerais para avaliar a descoberta. Rodrigo de Castelo Branco vinha substituir Agostinho de Figueiredo e chegou de Portugal no fim de 1673.
Sem prata, suicídio e assassinato
Em pesquisas, Castelo Branco percorreu desde o Nordeste um vasto território, avaliando as possibilidades das regiões passíveis de boa extração mineral. Só em 1677 ele chegou a Paranaguá, de onde partiu para o interior do atual Paraná em busca da prometida serra de prata.
“Foi-lhe, pois, confiada uma bandeira para ir ao sertão buscar a prata que afirmara ter sido descoberta e descobrir outras se possível fosse. A bem aprestada expedição transpôs a Serra do Mar, penetrou nos Campos Gerais, derivou para o sul até o Iguaçu e o Uruguai e nada descobriu” (Romário Martins, Bandeiras e bandeirantes em terras do Paraná).
Quando o logro de Lemos Conde foi descoberto, ele caiu em desgraça e teve os bens sequestrados. Humilhado e preso, suicidou-se em 1681. A disputa por cargos na colônia motivada pela prata lendária chegou ao fim um ano depois, quando Rodrigo Castelo Branco se envolveu em briga com Manuel de Borba Gato (1649–1718) e foi assassinado.
A desilusão com o futuro Paraná foi grande e o rei Pedro II se desinteressou pela região. Decidiu determinar ao governador da Capitania do Rio de Janeiro, Manoel de Lobo (1635–1683), a fundação da Colônia do Sacramento, no atual Uruguai.
O desvio da mão de obra
Na ofensiva lusitana no Uruguai de hoje está a raiz da futura Guerra do Contestado, inaugurando as questões de limites travadas inicialmente entre Brasil e Argentina.
“Os portugueses não queriam abrir mão do território por eles ocupado fora da linha de Tordesilhas, especialmente no denominado Continente de São Pedro e no interior dos atuais estados de Santa Catarina e do Paraná” (Nilson Thomé, Rio Branco e o Contestado – Questão de Limites Brasil-Argentina).
Com o Tratado de Lisboa, firmado em 7 de maio de 1681, a Espanha entregou Sacramento a Portugal. Findo o sonho prateado, a prioridade dada pelo reino português ao Sacramento prejudicava a região Oeste. Já ignorada pela Espanha, passou a ser ignorada também por Lisboa.
Além de não investir no Paraná, o governo português exigiu que os trabalhadores da região – índios já “mansos” e em pleno vigor – fossem transferidos para o Sul ou remetidos à exploração das Minas Gerais.
Quem ficou, sofreu epidemia
A tímida reação contra a política de esvaziar a mão de obra do Paraná não chegou a desafiar o rei Pedro II. Além de perder seus jovens trabalhadores, o futuro Paraná foi assolado em 1686 por uma epidemia – a Peste da Bicha.
Surto de febre amarela, supostamente detonado por um estoque de carne podre em barris vindos da Bahia, “a situação era tão dramática que as igrejas dessas vilas litorâneas chegavam a suspender o dobre dos sinos para não aterrorizarem ainda mais as populações” (Antônio Vieira dos Santos, Memória Histórica de Paranaguá).
“Estavam cheias as casas de moribundos, as igrejas de cadáveres, as ruas de tumbas” (Sebastião da Rocha Pita, História da América Portuguesa).
No plano mundial, nessa época, o grande acontecimento é a Revolução Gloriosa: em 1688, contra o rei inglês Jaime II, limitou os poderes do monarca, propôs a supremacia do Parlamento, a liberdade de imprensa e individual e proteção à propriedade. É a burguesia atacando a ordem feudal.
Capitalismo e tropeirismo
A revolução, além de pôr fim ao absolutismo monárquico na Inglaterra, criou o primeiro Estado burguês do planeta, alicerçado na monarquia parlamentar. A burguesia avançaria ainda mais a partir dessa época, impondo a liberdade de mercado, ponto de partida para a vitória do capitalismo.
Os ingleses começavam a conquista do mundo e no futuro também viriam tomar conta do Oeste. Para Portugal, o interior do Paraná voltou a interessar apenas como ponto de passagem.
Em 1698, Artur de Sá e Menezes, governador do Rio de Janeiro, escreveu ao rei informando sobre a descoberta de um caminho para as Minas Gerais dos Cataguases do Ouro Preto, citando “a utilidade dos Campos Gerais, os quais são tão férteis para os gados”.
Começava o tropeirismo. O gado traria riqueza e importância a Curitiba, mas nenhuma ação povoadora no extremo-Oeste. Então os Campos Gerais são a nova frente de colonização e enriquecimento dos paulistas, consolidando-se a partir do início do século XVIII.
Prioridade ao eixo Viamão-Sorocaba
Com o litoral já em início de produção industrial, Curitiba é cercada de lavouras e as famílias tradicionais financiam negócios com o gado, dirigindo a ocupação dos campos que ligam a região com Sorocaba e São Paulo, onde estavam os compradores.
A política de concessão de terras não se dava mais a título de gratidão, recompensa ou pagamento por serviços prestados a Portugal. O governador do Rio de Janeiro, Álvaro da Silveira de Albuquerque, estabeleceu que os novos donos de terras as usassem para criar currais, “tudo no intuito de desenvolver a pecuária e gradativamente a povoação destes lugares” (Diocese de Ponta Grossa, O Povoamento de Ponta Grossa).
O desagrado entre as lideranças locais com o esvaziamento populacional induzido por Lisboa aumentou em 1698, quando o governo geral exigiu o fornecimento dos índios aldeados para reforçar uma expedição encarregada de combater “índios bravios” no Rio Grande do Sul.
Mesmo quando os combates terminavam logo, a mão de obra paranaense não retornava, deslocada para servir nas Minas Gerais, cujo ouro financiará a riqueza europeia. Para o interior, nada.
CLIQUE AQUI e veja episódios anteriores sobre A Grande História do Oeste, narrados pelo jornalista e historiador Alceu Sperança.
A burguesia avançou com a deposição do rei inglês Jaime II
O universo dos investimentos ainda é predominantemente masculino. Esta constatação é irrefutável diante do estudo divulgado recentemente pela Bolsa de Valores brasileira, a B3, o qual demonstrou que as mulheres representam 25% dos investidores pessoas físicas. Significa que em torno de 75% deles são homens.
Em linhas gerais, o relatório “Uma análise da evolução dos investidores pessoas físicas na B3” apresentou dados bastantes positivos.
A base de investidores no mercado de capitais (ações, BDRs, ETFs, FIIs e índices) registrou alto crescimento: enquanto em julho do ano passado a bolsa alcançou a marca de 1 milhão de investidores, em abril de 2020 já superou os 2 milhões. Portanto, dobrou o número de investidores em menos de um ano. Recorde sensacional!
Também foram observados nesse estudo características como faixa etária (público mais jovem) e comportamento da clientela da B3 (maior diversificação da carteira).
O conjunto de números divulgados foi amplamente comemorado por empresas do setor financeiro, já que denota uma evolução relativamente veloz e aponta para a existência de um forte potencial reprimido.
Se no Brasil o número de investidores representa apenas em torno de 1% do total de habitantes, para se ter uma ideia, nos Estados Unidos mais de 50% da população investe em renda variável. Na Europa e na Ásia, a proporção gira entre 20% e 30%. Ainda que preservemos as devidas proporções de renda, é possível vislumbrar uma grande margem de crescimento possível em nosso país.
Perfil de gênero
Voltando ao relatório, chamou a atenção a representatividade feminina na bolsa, que é de 1/4. Inclusive, na condição de jornalista, observei que o capítulo “perfil de gênero” não foi citado na matéria publicada pela B3 em seu site oficial, mesmo constando do levantamento. Um motivo a mais para que eu abordasse o tema aqui.
Não podemos negar que tivemos um avanço significativo no número de mulheres operando na bolsa de valores, pois em 7 anos passamos de 100 mil para 500 mil investidoras, atualmente.
No entanto, ao observarmos os gráficos do relatório fica evidente que, apesar do aumento, não houve evolução em termos percentuais, na comparação de gêneros.
Em 2013, as mulheres somavam 24% do total de investidores, quantidade que oscilou anualmente sempre orbitando esse número. Hoje ainda somos 25%.
Na minha visão, a condição de minoria feminina no mercado acionário é herança do modelo familiar patriarcal, que ainda possui reflexos em nossa cultura e no mercado de trabalho. Em vários setores, mesmo exercendo a mesma função que os homens, as mulheres recebem salários menores. Além disso, em várias estruturas familiares a mulher sequer possui renda, vivenciando uma condição de dependência financeira.
Já grande parte daquelas que estão em atividade produtiva precisam conciliar carreira, casamento, maternidade e afazeres domésticos, convivendo com escassez de tempo devido às suas jornadas múltiplas.
Não apenas fatores sociais interferem na presença das mulheres na bolsa de valores, mas também os fatores biológicos. Por natureza, a mulher tende a adotar um comportamento mais protecionista, seja em relação aos filhos, ao lar, seja em relação ao patrimônio familiar. Ao preferir a segurança, ela evita expor-se ao risco, inclusive àquele inerente ao mercado de renda variável.
Reversão
Embora haja desafios para o avanço da representatividade feminina, existem fatores positivos. A saída das mulheres para o mercado de trabalho foi um grande avanço, que continua em processo de expansão e consolidação. Inclusive hoje existem casos de esposas que ganham mais do que os maridos, sinal de uma reversão. Não se trata de uma competição, mas a sociedade admitir isso com naturalidade é um progresso cultural, em termos de não preconceito.
Ao mesmo tempo em que as mulheres possuem cada vez mais oportunidades de obter renda própria (seja com emprego formal, seja empreendendo), o mercado de capitais também está amadurecendo para facilitar o seu acesso a pessoas comuns.
O advento do Home Broker (programa que permite comprar e vender ações por meio de um computador pessoal) favorece em muito esse acesso, pois é possível realizar operações do mercado acionário no conforto do lar. Sendo assim, até mesmo a mulher que trabalha em casa pode fazê-lo, não sendo mais necessário o trabalho intermediário de um agente de investimentos.
Com acesso à internet, cursos gratuitos no Youtube, muita força de vontade e disciplina, as mulheres podem, sim, ampliar sua presença na bolsa de valores. E mais do que isso: podem fazer dessa atividade mais uma fonte de renda familiar.
Como fazer isso? Com iniciativa, muita pesquisa, estudo e organização. Nós temos potencial! Eu estou dentro. Se você também tem interesse, comece ainda hoje.
No plano mundial, o fim da primeira metade do século XVII, em 1649, registrou fatos decisivos para a história. Na Inglaterra, a decapitação do rei inglês Carlos I, acusado de pensar em interesses pessoais e não no povo. Na Holanda, a revolução agrícola dos nabos, que reorientou o processo produtivo mundial.
Em seguida, a Inglaterra republicana atacou os navios da Holanda, que governava o Nordeste do Brasil, iniciando uma guerra pelo controle do comércio marítimo. Havendo uma prolongada instabilidade em Portugal, a situação determinou abalos em suas colônias e apresentou reflexos também no futuro Paraná.
Com milhares de índios já escravizados e outros tantos fugindo para as missões no Sul, minguou o “estoque” de nativos na região. A atenção dos portugueses se dirigia agora prioritariamente para se libertar da invasão holandesa.
Desajustes familiares
O Brasil lusitano, espelhando a matriz, também estava mergulhado em problemas. A ocorrência crucial foi a colônia sofrer uma crescente influência inglesa, favorecida pela criação da Companhia Geral do Comércio.
O conflito com a Inglaterra enfraqueceu a Holanda, o que ajudou Portugal a retomar o Nordeste, mas seu governo estava nas mãos de uma família muito complicada. Espanhola, a rainha de Portugal, Luísa de Gusmão, exercia grande influência sobre o marido, o rei João IV.
Caindo enfermo em 1648, o rei nomeou Luísa como regente de Portugal durante a menoridade do herdeiro do trono, Afonso VI. João IV morreu em novembro de 1656 e contra a vontade da mãe, que pretendia continuar governando, o filho Afonso VI foi coroado muito jovem, aos 14 anos.
A Corte lusa considerava que Afonso VI tinha “cabeça perturbada”, subindo ao trono em má hora para os interesses lusos ultramarinos. A fragilidade do governo português, ainda tentando se libertar totalmente do domínio espanhol, foi determinante para a ascensão da influência inglesa.
Índios com muito ouro
Enquanto esses fatos mudavam o mundo, no futuro Oeste do Paraná o despovoamento causado pelas bandeiras portuguesas nesta região e a expulsão dos jesuítas espanhóis fortaleceu os bandeirantes, cuja nova ocupação principal na área passava a ser a busca de ouro, prata e diamantes.
Retornando o Brasil Colônia inteiro ao domínio luso, a necessidade de Portugal se fortalecer para enfrentar a Espanha e salvar sua economia impunha fazer com que os territórios desbravados lhe proporcionassem um rendimento máximo.
Agora, em lugar dos cruéis caçadores de homens, as expedições luso-paulistas em território do futuro Paraná se faziam acompanhar por técnicos em minas e geologia.
Um deles, Luís de Góis Sanches, “andando pelos lados do morro de Capivaruçu, próximo às nascentes do Ivaí, em 1641, encontrou índios com muitas folhetas de ouro” (Afonso Botelho, Notícia da conquista e descobrimento dos sertões do Tibagi).
O Paraná, assim, foi alvo de uma corrida do ouro e a parte da produção aurífera entregue ao reino português como tributo tinha o apelido de “quinto dos infernos”.
Expulsão custou caro
Todo o ouro dos quintos existente nos cofres do Paraná, aos cuidados de Eleodoro Ébano Pereira, segundo determinação baixada em 1652 pelo governador do Rio de Janeiro, Salvador Correia de Sá, deveria ser repassado “à Rainha Nossa Senhora” de Portugal – d. Luísa de Gusmão (1638–1705). Depois disso, Ébano Pereira ficou sem funções.
O ouro paranaense que Salvador de Sá mandou Eleodoro Ébano rapar em 1652 para entregar à rainha foi destinado ao esforço da Coroa lusitana para derrotar os holandeses, que capitularam em 1654.
Expulsar os holandeses foi um bom uso para o ouro paranaense? Nem tanto, já que ida dos holandeses causou uma forte crise na economia colonial. Sem o Brasil, passaram a produzir açúcar em suas colônias nas Antilhas, mais próximas da Europa e com terras virgens.
O Brasil, sem planejamento e com terras cansadas, perdia a posição de vanguarda na produção açucareira. A concorrência holandesa derrubou os preços e o volume exportado caiu pela metade.
Governantes retardados
A regência da Rainha Viúva, Luísa de Gusmão, termina em junho de 1662 com a ascensão ao trono do menino-rei Afonso VI, convencido por áulicos da Corte a contrariar a mãe, por fim afastada a contragosto.
Afonso e o rei espanhol Carlos II (1661–1700) eram tidos pelas próprias famílias como fracos, retardados e imbecis. Afonso em breve seria deposto pelo irmão, Pedro II. Carlos, que morreu aos 39 anos sem deixar herdeiros, era conhecido como “o amaldiçoado”.
No futuro Paraná, Fernão Dias Paes Leme ocupava a Serra da Apucarana, onde o bandeirante estabeleceu um “arraial com o troço* das suas armas, para vencer a redução daquele reino, que se dividia em três diferentes reis” (Affonso Taunay, A grande vida de Fernão Dias Paes).
Não sem trabalho, a tropa de Paes Leme capturou os caciques da nação Guainá, ancestrais dos Caingangues, levando-os prisioneiros para São Paulo com todo o seu povo. A tarefa demorou três anos, entre 1661 e 1663.
Sobre a conquista de Paes Leme, padre Antônio Vieira escreveria a sua versão sobre o massacre sofrido pelos índios: “Toda aquela gente se acabou ou nós a acabamos; em pouco mais de trinta anos (…) eram mortos dos ditos índios mais de dois milhões” (Darcy Ribeiro, O Povo Brasileiro).
*Troço – Base para assentar um canhão.
Portugal perde o interesse
O rei Afonso VI teve um curto reinado de muitas batalhas externas, culminando com um desmoralizante complô chefiado pelo irmão Pedro II (1648–1706), então com 19 anos, em 1667.
Assumindo na condição de regente sob a alegação de instabilidade mental do irmão rei, aprisionado em Sintra, Pedro II lhe tomou até a esposa, a francesa Maria Francisca de Saboia, de 22 anos, em 1668. O governo de Pedro II iria se caracterizar por mais submissão à Inglaterra e uma febril exploração das minas brasileiras.
Os primeiros sinais de descontentamento do interior do futuro Paraná com a administração geral do Brasil Colônia se verificam logo depois de se constatar que o ouro paranaense já não atendia mais às ávidas pretensões de Portugal.
Em breve a ilusão da fartura de veios de prata também acabaria por se desvanecer e o litoral paranaense deixaria de ser interessante aos governantes do Rio de Janeiro, tanto quanto seu interior, a Oeste, já não atraía mais os bandeirantes luso-paulistas.
Entre famílias complicadas e governos inseguros, ao Oeste do Paraná só restava esperar por dias melhores. Eles tardaram mas vieram, e o comando, a partir daí, será inglês.
CLIQUE AQUI e veja os episódios anteriores da Grande História do Oeste, narrados pelo jornalista e historiador Alceu Sperança.
O jovem rei Pedro II acreditava que havia uma fabulosa “serra de prata” no Paraná