Categoria: Opinião

  • Entre a história e a lenda, um grande filme

    Entre a história e a lenda, um grande filme

    O rei espanhol Filipe III se tornou também Filipe II de Portugal e rei do Brasil ao ser entronizado em Lisboa, em 1619. Nesse mesmo ano, o bandeirante Raposo Tavares, com “dois mil mamelucos” (mestiços de índio e branco), tomava posse do quadrilátero formado pelos rios Paranapanema, Iguaçu, Tibagi e Paraná, incluindo todo o vale do Rio Ivaí.  

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    Havia duas dezenas de instalações jesuíticas nas regiões Oeste e Noroeste do futuro Paraná. As reduções agrupavam os índios da região próxima. Uma vez que os padres não permitiam aos catequizados a resistência armada, os bandeirantes facilmente os capturavam.

    O rei Filipe III morre em 31 de março de 1621, subindo ao trono o filho Filipe IV (1605–1665), então com 16 anos. Foi o período em que os holandeses atacaram os centros açucareiros no Brasil e os portugueses se rebelavam contra os altos tributos.

    Filipe IV herdou do pai a colônia portuguesa na América do Sul dividida em dois estados: Brasil e Maranhão. O Estado do Brasil era formado pelas capitanias ao sul do Rio Grande do Norte atual. O Estado do Maranhão seguia do cabo São Roque (RN) à Amazônia. 

    Tavares, o grande bandeirante 

    Enquanto os holandeses criavam a Companhia das Índias Ocidentais e aproveitando as trapalhadas do jovem rei Filipe IV se apossavam da riqueza açucareira do Brasil, os bandeirantes seguiam acossando as posições dos jesuítas no Oeste do Paraná.

    Uma das primeiras instaladas na época da ascensão de Filipe IV foi a redução de San Francisco Javier, no vale do Rio Tibagi, onde hoje se encontra o Município de Ibiporã. Surgiu em 1622, ano em que o padre Antonio Montoya recebeu a designação para dirigir a Missão do Guayrá.

    O religioso espanhol agilizou a expansão missioneira, mas fracassou ao tentar conter a pressão dos bandeirantes que escravizavam os índios. Concentradas na ofensiva holandesa sobre o litoral, as autoridades espanholas prevaricaram (descuidaram) e a região ficou exposta aos ataques dos caçadores de índios.

    A primeira grande bandeira portuguesa veio com Antônio Raposo Tavares (1598–1658). Chegando ao Brasil em 1622 com o pai, Fernão Vieira Tavares, capitão-mor de São Vicente, Raposo aldeou milhares de índios, apanhados no futuro Paraná e escravizados em sua fazenda de Quitaúna (periferia de Osasco, SP). 

    O carrasco Céspedes

    O governador do Paraguai, Luís Céspedes, sabia das intenções que animavam a formação da “grã bandeira” de Tavares, mas fez um pacto com os bandeirantes: não alertou os jesuítas e impediu qualquer chance de defesa nas aldeias indígenas do Paraná, sem proteção militar.

    “Desde logo no governo paraguaio dom Luís mostrou-se contrário ao Estado Independente do Guairá, em mãos dos jesuítas, ocupante de importantes e ricas regiões hidrográficas no Paraná espanhol. Havia por parte de dom Luís, também, o temor de uma nação Guarani organizada e poderosa” (Celso e Junko Sato Prado, Razias).

    A redução de Los Angeles, criada junto ao Rio Piquiri, e outras duas no Vale do Tibagi – Nossa Senhora da Encarnação (atual Ortigueira) e San José, entre Ibiporã e Sertanópolis –, segundo o padre Antonio Montoya, foram formadas sobre antigas aldeias Guarani e Jê.

    Desarmadas, tiveram como resposta intensos ataques bandeirantes. Sob constante assédio português e forçados a trabalhar para os espanhóis, muitos índios fugiam das aldeias, que em 1623 já haviam encolhido pela metade.

    Santa Maria e as Cataratas

    Em 1626, ano da criação de Santa Maria La Mayor, intensificava-se a ação dos bandeirantes luso-paulistas na região. Logo em fevereiro desse ano, o bandeirante Francisco Pedroso Xavier prendeu os líderes religiosos da redução de Vila Rica e desarmou a população indígena. Aliás, o pai de Xavier, João Pedroso de Morais, um dos lugares-tenentes de Raposo Tavares na destruição do Guayrá, tinha o apelido de Terror dos Índios.

    Há uma polêmica sobre a verdadeira localização da cidade indígena de Santa Maria, supostamente formada pelos jesuítas nos arredores ou dentro do atual Parque Nacional do Iguaçu, nas cercanias de Foz do Iguaçu.

    Com poucos registros documentais, a crença na existência da redução ficou reforçada pelo sucesso entre historiadores do filme A Missão (Roland Joffé, 1986). Com astros importantes do cinema, como Robert de Niro, Jeremy Irons e Liam Neeson, o filme atraiu atenções para as cidades indígenas esmagadas pelos bandeirantes e pôs a nu seus métodos cruéis.

    Se faltam dados concretos sobre sítios, não faltam relatos sobre a vida e a cultura dos índios sob os jesuítas. Com base neles, o roteirista Robert Bolt, duas vezes vencedor do Oscar (Doutor Jivago e O Homem que Não vendeu sua Alma) idealizou A Missão, também vencedor da Palma de Ouro, de Cannes.

    Trabalhadores e artistas, não guerreiros

    A redução Santa Maria La Mayor, estabelecida pelos padres Diogo de Boroa e Cláudio Royer em algum lugar entre o Rio Acaray (margem esquerda do Rio Paraná) e a margem direita do Rio Iguaçu, permanece um registro documental sem confirmação precisa. 

    “O local provavelmente deve ter existido dentro do Parque Nacional do Iguaçu, porém não foram encontrados vestígios arqueológicos de sua existência até o presente momento. Esta redução ficava longe das demais reduções jesuíticas que existiam ao longo do território paranaense desde o século XVII” (Fabio Krawulski Nunes, pesquisador catarinense).

    No cenário paradisíaco das matas oestinas, a música dos índios foi um elemento marcante: até os rudes caçadores de índios “maravilhavam-se em ver a disciplina dos índios quando cantavam e tocavam seus violinos e até compunham canções que os jesuítas escreviam e imprimiam” (IBGE, Cidades@).

    “Em cada uma das reduções, existia uma escola de música – um verdadeiro conservatório – cercado por um florido artesanato que produzia todos os tipos de instrumentos, de violinos a órgãos, de harpas a trombetas” (Gianpaolo Romanato, Música sacra nas Reduções jesuíticas).

    Na mesma região é citada a redução de São Carlos, que com esse nome jamais existiu. De qualquer forma, a preocupação de evitar os territórios mais batidos pelos bandeirantes explica porque Santa Maria não está no roteiro das ruínas de reduções criadas pelos jesuítas no atual Paraná.

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    Pelo menos no filme A Missão, Santa Maria La Mayor ficava junto às Cataratas do Iguaçu

     

     

     

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Criatividade pode driblar a crise

    Criatividade pode driblar a crise

    Todas as pessoas têm potencial para exercer a criatividade e não precisam ser talentosas para isso. 

    A história nos mostra que muitos produtos, serviços e soluções de problemas surgiram nos períodos de crise enfrentada pela humanidade – o que teoricamente pode ser visto como uma oportunidade atualmente.

    A crise nos impõem obstáculos e desafios, os quais podem atuar como estímulos para a atividade criativa.

    A criatividade ou inovação que nasce no ambiente de dificuldade pode surgir a partir de ideias novas ou mesmo de analogias; associação de elementos distintos; da relação falta x disponibilidade (famoso “fazer com o que tem”); da constatação de que algo já não funciona (ou não dá resultado) e por isso existe necessidade de fazer diferente. 

    Mudança, adaptação, reinvenção são as palavras de ordem nesse contexto. 

    Exemplos atuais

    Alguns exemplos podem ser constatados nesse período de pandemia de Covid-19.

    Devido à necessidade de distanciamento social, muitos restaurantes tiveram que ficar fechados por algum período. Porém, um restaurante holandês (foto) surpreendeu quando voltou a abrir as portas, fazendo essa espécie de cabines sobre as mesas, o que permitiu a frequentação por casais e ainda deu um toque romântico ao ambiente. Não ficou lindo?

    Restaurante holandês fez cabines para respeitar o distanciamento social | Foto: Mediamatic

     

    Já um restaurante de Curitiba, que adotou o sistema de entrega de refeições em casa (delivery), passou a incluir nas vendas o combo romântico (foto), que inclui velas decorativas, buquê de rosas, marcadores de taças e vinhos. E foi além: como um dos seus diferenciais é a vista do local onde fica o estabelecimento, o combo inclui uma gravação do pôr do sol do restaurante e a playlist de músicas tocadas lá habitualmente! Não é que a ideia agradou?

    Restaurante de Curitiba entrega em casa o jantar romântico, com flores, velas e música | Foto: Reprodução

     

    Quantas pessoas passaram a costurar máscaras para vender nesse período e conseguiram uma renda extra? Inclusive surgiram muitos modelos diferentes, até mesmo máscaras transparentes para leitura labial, outras bem divertidas e até máscaras de personagens do universo infantil (foto).

    Máscara infantil criativa e divertida, tema Lilo e Stitch | Foto: Divulgação

     

    Mas a criatividade extrapolou seus limites na criação desse pijama home office (foto), ou seja, para trabalhar em casa! Uma marca japonesa passou a fabricar um pijama cuja parte superior imita uma camisa social, que seria ideal para usar em videoconferências ou reuniões online. Você usaria? Está à venda em lojas virtuais.

    Uma empresa japonesa inventou o pijama home office, ideal para videoconferências | Foto: Reprodução

     

    Exemplos famosos

    Até mesmo marcas de sucesso já surgiram em meio a crises. No segmento alimentício temos a Fanta, refrigerante inventado a partir de uma situação de dificuldade, no período da Segunda Guerra Mundial, em que a “calda secreta” da Coca-Cola não chegava à fábrica e a empresa se adaptou fazendo a bebida com uma “poção” sabor laranja.

    No mesmo período, a falta de cacau levou um confeiteiro a incrementar sua receita com avelãs e açúcar, fazendo surgir o famoso creme Nutella.

    E na crise do café, a Nestlé se viu obrigada a transformar o seu estoque de grãos em pó para que fosse mais durável, foi assim criado o saudoso Nescafé, que consumimos até hoje.

    Portanto, as adversidades muitas vezes podem ser convertidas em novidades. Para isso é preciso estarmos atentos ao que existe à nossa volta, tentar se desvencilhar de pensamentos lógicos, deixar fluir nossos impulsos imaginativos e se permitir ousar.

    Sucesso a todos!

    * A autora é jornalista e investidora.

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  • Transporte liberado

    Transporte liberado

    Nos dias que Cascavel parece caminhar para o pico de casos do novo coronavírus a Prefeitura resolve liberar o transporte coletivo na cidade. 

    Não ficou claro se a decisão foi baseada em análises técnicas e científicas ou se aconteceu pura e simplesmente pela pressão das empresas que exploram o transporte coletivo na cidade.

    Independente disso parece evidente que a liberação do transporte acontece no pior momento. Mesmo com regras rígidas e várias restrições impostas, é notório que liberar o transporte coletivo não é a mesma coisa como autorizar uma loja voltar a atender. 

    O retorno do transporte é obvio que reflete também num aumento abrupto da circulação de pessoas na cidade. E a conta é simples: quanto mais gente circulando, maior será também a provável circulação do vírus. Além disso, existem evidências de que o ar viciado dentro dos ônibus aumenta muito o risco de contaminação.

    Tudo isso acontece num momento em que os índices apontam um acrescimento acentuado no número de casos confirmados de covid-19 na cidade, aliada a uma época de queda das temperaturas, o que também facilita a disseminação de doenças respiratórias. 

    E há também os efeitos indiretos. Com o transporte coletivo disponível logo virá a pressão para o retorno das aulas, porque os pais, especialmente das famílias mais carentes, não estarão mais em casa e não onde deixar os filhos. 

    A liberação deverá originar pelo menos duas consequências. Uma é a epidemiológica, que será um aumento no número de casos e na velocidade de transmissão do vírus. Mas, haverá também uma consequência social, que é a quantidade de crianças e adolescentes sozinhos em casa.

    No entanto, os ônibus voltaram a rodar e muitas pessoas estão buscando o serviço. Então vai a recomendação para que se protejam ao usar o transporte. Os cuidados já amplamente noticiados, como o uso de máscaras, a higiene das mãos e a distância de outras pessoas não previnem somente o coronavírus, mas também outras doenças. 

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  • Jesuítas enfrentam Chico das Manhas

    Jesuítas enfrentam Chico das Manhas

    Os jesuítas espanhóis denunciaram insistentemente as incursões dos bandeirantes de São Vicente, enviadas por Luís de Sousa Henriques, filho do governador geral da Repartição do Sul do Brasil, Francisco de Sousa, apelidado Francisco das Manhas por desviar dinheiro público para seu engenho.

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    Obcecados por achar muito ouro, Francisco morreu em 1611 na miséria, mas certo de que finalmente havia achado fabulosas minas. Luís ganhou metade do Brasil como herança, mas perdeu o domínio em 1612, quando o Brasil passou a ser um só, tendo fim a separação com o Norte determinada em 1577. Se Chico das Manhas tivesse encontrado ouro é possível que o Brasil continuasse um do Rio de Janeiro para o Sul e outro formado pelas regiões Nordeste e Norte.  

    As duas primeiras reduções jesuíticas espanholas na região do Guayrá datam de 1610. A de Nossa Senhora de Loreto, na foz do Rio Pirapó com o Paranapanema, era a capital da Missão do Guayrá, formada por aproximadamente dez mil índios Guaranis.

    “Doze léguas à esquerda do Paranapanema e à direita do Pirapó”, o padre Lourenço de Lorenzana fundou a redução de Santo Inácio Mini (ou do Ipaumbucu), “na foz do Rio Santo Inácio, com numerosos índios Tucutis, denominação regional da vasta nação dos Tupis do Sul” (Romário Martins, Paiquerê, Mitos e Lendas).

    O começo do fim

    Nas cidades de índios dos jesuítas no futuro Paraná, além da extração da erva-mate os nativos mantêm lavouras, criam gado e produzem tecidos de algodão e lã. Aprendem ofícios e artes e pagam impostos ao rei espanhol.

    Um severo atrito ocorrido entre espanhóis e portugueses em 1611, porém, antecipa uma contenda irreconciliável. O bandeirante Manuel Preto, que abriu a escalada de ataques a Guayrá em 1607, retornou em 1611, agora acompanhado de Pero Vaz de Barros.

    Apresentou-se em Guayrá “com uma bandeira preadora de índios não aldeados, sofrendo a humilhação de ser atacado por d. Antônio Añasco, governador do Paraguai, que o alcançou e tomou-lhe os índios” (Romário Martins, Bandeirantes no Paraná).

    A intensificação das bandeiras deu início ao despovoamento da região das missões no território do atual Paraná. Dentre as incursões, uma nova bandeira de Manuel Preto dava um duro troco aos espanhóis, escravizando grande parte da população indígena da região do Rio Piquiri. Ele retornaria em diversas ocasiões e só seria parado em 1630, abatido por flechas  indígenas.

    O primeiro gado 

    O bandeirante Vaz de Barros foi beneficiado pela “Ley sobre a Liberdade do Gentio da Terra, e Guerra que Se Lhe Pode Fazer”, de 10 de setembro de 1611, que reconheceu legal o cativeiro de índios já aprisionados, embora estabelecesse a liberdade para os demais índios. Uma liberdade que a natureza já garantia: bastava não ser capturado para o índio ser livre.

    Enquanto os portugueses desafiavam os espanhóis, Hernandarias introduzia a criação de gado na margem oriental do Rio Uruguai. Essa iniciativa teria muito a ver com a futura história do Paraná – o tropeirismo será a busca do gado sulino para abastecer os mercados de São Paulo e Minas Gerais, tendo os Campos Gerais do Paraná como área de engorda. É a atividade que dará estrutura a Curitiba.

    O padre Antonio Ruiz Montoya chega ao Guayrá em 1612, como auxiliar dos jesuítas italianos José Cataldino (1571–1653) e Simão Masceta. Trazia 44 bovinos e algumas ovelhas e cabras – “os primeiros a pisar o solo paranaense” (Almanach dos Municípios do Paraná). Sua vinda coincidiu com uma nova denúncia contra os bandeirantes, que acabavam de levar cerca de quatro mil índios para São Paulo.

    O primeiro livro

    Além de dar início à pecuária paranaense, Montoya escreveu na região, em 1613, o primeiro livro das Américas: Arte y Vocabulário de la Lengua Guarani, que depois seria impresso na redução de Santa Maria Maior.

    Enquanto os espanhóis ainda dominavam o Oeste, os portugueses iniciavam sua colonização partindo do litoral. Em 1614, Diogo Unhate, morador da Vila de Santos, tabelião de São Vicente e escrivão da Câmara de São Paulo, requeria para si a região de Paranaguá.

    Em 1615, o capitão Lázaro da Costa lança-se “com grande acompanhamento de paulistas e índios mansos” (Romário Martins) contra os Carijós do sertão do Sul. Com ele, destacam-se na atividade os bandeirantes Pero Vaz de Barros, Sebastião Preto e Antônio Pedroso.

    Fazia parte da bandeira de Pedroso o menino Gabriel de Lara (1612–1682), filho de espanhóis. Com a família espanhola pioneira Peneda, Lara fundou a povoação na ilha de Cotinga, que depois se transferiu para a margem esquerda do Rio Taquaré (hoje Itiberê). É no Oeste e ao mesmo tempo no litoral, portanto, que começa a se desenhar a história do Paraná.

    Mão de obra e minas

    Em 1617, a Espanha dominava Portugal e, por extensão, também suas colônias, como o Brasil. Para governar melhor o imenso império, havia um governo para a América portuguesa e outro para a América espanhola. 

    O governador regional Hernando Arias Saavedra propôs ao rei Filipe III que dividisse a segunda também em duas administrações. Assim, a administração do Rio da Prata passou abranger Buenos Aires, Santa Fé, Corrientes e Concepción del Bermejo, um esboço da futura Argentina. 

    Por sua vez, a governança do Guayrá (ou Paraguai), que se estendia desde Assunção até Santiago de Jerez, na região do Itatim, atual Mato Grosso do Sul, incluindo a Ciudad Real del Guayrá e Vila Rica, no Oeste do atual Paraná sofreu grandes perdas territoriais pela ação dos bandeirantes. 

    A atividade rendosa dos portugueses na região foi capturar índios, mas durante o percurso também tinham a missão de procurar terrenos favoráveis à mineração. 

    Depois de longas jornadas em busca de minas que não achou, Manuel Preto ganhou o título de “mestre de campo” e com seu irmão Sebastião Preto capturou “grandes contingentes de índios das aldeias de Jesus Maria e de Santo Inácio” (Romário Martins, Bandeiras e bandeirantes em terras do Paraná). A civilização que se construía no Oeste começava a ruir.

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    Padre Antonio Montoya e o primeiro livro das Américas, escrito no Oeste

     

    Fonte: Fonte não encontrada

  • A pandemia, o SUS, e as estratégias de enfrentamento em Cascavel/PR

    A pandemia, o SUS, e as estratégias de enfrentamento em Cascavel/PR

    Não há dúvidas que após a pandemia o Sistema Único de Saúde sairá muito fortalecido. O modelo de saúde pública implantado no Brasil com garantia a universalidade, a equidade e a integralidade, amparado por um arcabouço de regionalização, hierarquização e descentralização, que vem sendo aprimorado ao longo dos últimos 30 anos, mostrou que está amadurecido. Mesmo com diversos problemas em relação as má gestões, de corrupção e de sub financiamento, o SUS torna-se ainda mais evidente para toda sociedade e serve de exemplo para o mundo.

    Nossa capilaridade, integração e profissionais de saúde altamente comprometidos que não fugiram da linha de frente naquele que talvez esteja sendo o momento mais difícil da saúde brasileira, vai muito além das filas de espera por exames, da demora para realização de cirurgias eletivas, ou da desassistência em algumas regiões. Óbvio que não é um sistema perfeito e tem sim suas falhas, mas acima de tudo isso, se mostrou rápido, consolidado e organizado. A resposta frente a pandemia da COVID-19 precisou de velocidade, articulação, exigiu que serviços de atenção primária, vigilância, urgências, tivessem que se reinventar, adaptar fluxos e rotinas, e isso tudo aconteceu de forma muito eficiente.

    Diante de incertezas, de discussões políticas, da falta de um comando central mais agregador, seja nas esferas estaduais ou federal, acima de qualquer interesse financeiro, de poder, ou de futuro político, surgiram zeladoras, agentes de saúde, técnicos de enfermagem, enfermeiros, médicos, diversos outros profissionais dos setores da saúde que foram ao enfrentamento, que praticaram a verdadeira gestão, que renovaram normas, condutas, e acima de questões e embates para criar ou achar um protocolo único, mostraram que o Brasil tem e está amparado por um sistema de saúde altamente eficaz dentro de suas limitações financeiras.

    O objetivo principal, com certeza sempre foi o de salvar o maior número possível de vidas. Muitos meios de comunicação se apegam somente ao número de óbitos de forma geral, e não há dúvida que todo óbito é uma perca irreparável, mas números precisam ser comparados, discutidos, analisados e interpretados. De uma forma geral o Brasil apresenta um número de óbitos considerado grande, pois tem uma população imensamente maior do que diversos outros países. Em número de óbitos gerais aponta em 3º lugar, mas a incidência de óbitos – o verdadeiro dado a ser analisado -, ou seja, o número de pessoas que morreram contaminadas com a SARS-CoV-2, proporcionalmente ao número de habitantes, eleva o Brasil a 49ª posição no mundo.

    Saúde e Economia deveriam sempre andar paralelas, pois ambas causam mortes e uma influência diretamente sobre a outra. Se somos saudáveis, com certeza vamos trabalhar mais e produzir mais para o nosso país. Se estamos desempregados, sem uma boa alimentação, ou sem um tratamento adequado, não podemos produzir aquilo que se espera, acabando por vezes, se tornando dependente de benefícios sociais do Estado. No meio de uma crise, de uma pandemia totalmente desconhecida e vorazmente avassaladora em termos de velocidade de transmissão, achar o ponto de equilíbrio é o mais difícil. É necessário não permitir a transmissão do vírus, garantir que o sistema público não entre em colapso e leve a morte não só os pacientes doentes pela COVID-19 mas também os demais que sofrem por outras patologias, e ao mesmo tempo, não permitir o colapso econômico que pode afetar a população de diversas outras maneiras, como depressão, fome, falência, surtos psicóticos, entre outras.

    Em Cascavel, cidade localizada no Oeste do Paraná, com uma população de 328.454 habitantes, chegamos na data de 21/05/20 com 208 casos confirmados e 06 óbitos, ou seja, uma letalidade de 2,8%, bem abaixo da letalidade nacional de 6,4% e abaixo da letalidade do Estado do Paraná de 5% (conforme informe epidemiológica da SESA de 21/05/2020). Para se ter uma ideia da importância disso, a letalidade na França é de 19%, na Itália e no Reino Unido é de 14% e na Espanha é de 12%. Dos 208 casos confirmados com a COVID-19 e dos 27 casos em investigação (em 21/05/20), apenas 05 pacientes encontram-se em UTI (04 confirmados e 01 em investigação), ou seja, apenas 2,1% de casos graves, e outros 17 pacientes encontram-se em enfermarias (03 confirmados e 14 em investigação), sendo então apenas 7,2% dos pacientes em estado moderado. A média nacional de casos que agravam é de 17,4% e a taxa paranaense é de 16,7% (dados do site www.covid19agora.com.br), enquanto Cascavel somando moderados e graves não chega a 10%. E muito mais importante, se formos considerar apenas os casos já confirmados, a taxa de pacientes que agravam é somente de 2,9%, talvez uma das mais baixas do país.

    Ao longo dos últimos 03 anos foram implantadas novas 22 equipes de Estratégia de Saúde da Família, chegando a 49 equipes e uma cobertura de 80% de atenção básica no município, sendo a cidade brasileira que mais avançou em implantação de equipes de ESF, o que permitiu que a Secretaria pudesse agir de forma precoce, articulada e organizada. Já em 26/02/20, no mesmo dia em que foi confirmado o 1º caso da COVID-19 no Brasil, foi ativado o COE – Centro de Operações em Emergências municipal, e no mês de março estruturas de “call center” entraram em funcionamento. Para evitar aglomerações, uso do transporte público sem necessidade, e a exposição dos grupos de risco, a população não acessou mais as unidades de saúde da rede de atenção primária sem antes realizar o agendamento telefônico em 100% dos casos. Outro fator fundamental para segurar o avanço da doença foi a rápida aplicação de protocolos de isolamento domiciliar, mesmo sem exames ou testes rápidos para confirmar a existência do vírus. A SESAU já colocou mais de 5 mil pessoas com sintomas respiratórios em isolamento domiciliar, evitando assim a circulação de pessoas e a possível propagação do vírus, já que por um longo período a testagem foi um grande problema, aliado a existência já confirmada de pacientes assintomáticos com o vírus, mostrando que a prudência adotada foi fundamental para evitar mais óbitos e o colapso do sistema.

    Medidas de distanciamento social foram empregadas já no decorrer de março. Foi muito cedo? Quem garante? Não estaria a cidade numa situação grave nesse momento? Outros não teriam morrido? Ninguém tem a receita pronta ou fórmula exata, mas sair na frente em ações de proteção a comunidade sempre foi um dos propósitos, pois, ao restringir as atividades econômicas e escolares foi fundamental para a conscientização da população, para a preparação do sistema de saúde, para a ampliação de leitos e para a melhor estruturação de testes. Atualmente, Cascavel tem o primeiro laboratório municipal do Estado credenciado junto ao LACEN para realização de exames RT-PCR com resultados em 24 horas, tem testes rápidos para servidores da saúde, das forças de segurança e para contatos domiciliares de pacientes positivados. O município estruturou e inaugurou 10 leitos de UTI em um Hospital próprio, com aparelhos adquiridos ainda em 2019 sem necessidade de recorrer aos absurdos valores praticados por outras cidades e estados, e conseguiu até então manter um estoque razoável de equipamentos de proteção individuais pois implantou no fim de 2019 uma nova CAFI – central de abastecimento farmacêutico e insumos com mais de 3 mil metros quadrados que foi fundamental para os processos de compras e estoque. É necessário ainda, contabilizar a gestão do mesmo modo eficiente, ágil e resolutiva do Governo do Estado do Paraná que tem sido o grande exemplo do Brasil, que já criou novos 71 leitos de UTI e 131 leitos de enfermaria exclusivamente para o enfrentamento da COVID-19 somente na região de abrangência do município de Cascavel, algo jamais visto nos últimos 20 anos. Tudo isso tem permitido a retomada progressiva da atividade produtiva, o aumento da circulação de forma organizada, com cuidados redobrados, e mesmo que o Paraná como um todo, e o município de Cascavel apresentem nesse momento um aumento de casos confirmados de forma considerável, a baixa letalidade, o baixo índice de agravamento dos casos, e a taxa de ocupação de leitos hospitalares em nível de normalidade, confirmam que as medidas foram prudentes e assertivas.

    Uma das primeiras cidades a criar a barreira sanitária nas entradas do município, a identificar os pacientes confirmados com pulseiras, a instituir a obrigatoriedade do uso de máscaras caseiras ou artesanais como barreira mecânica, a decretar a obrigatoriedade de comunicação de seus munícipes na saída e/ou retorno para outras cidades e/ou estados em lockdown, Cascavel é desde o início extremamente transparente com informativos completos e diários, e demonstra ao Paraná, ao Brasil e ao Mundo que é possível encaminhar medidas que visem a proteção da saúde da população e ao mesmo tempo encontre o equilíbrio com a necessidade econômica de uma das regiões mais produtivas do país. O segredo está na capacidade de ouvir, de discutir, de achar soluções com a participação efetiva de servidores, de técnicos, e ao mesmo tempo obter a colaboração da sociedade civil organizada, das associações e principalmente do comprometimento e do apoio da população.

    Cascavel, 22 de maio de 2020.

    * O autor é secretário municipal de Saúde de Cascavel

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  • Comunicação corporativa é estratégica para empresas de sucesso

    Comunicação corporativa é estratégica para empresas de sucesso

    A comunicação é um fator estratégico para todas as empresas que almejam o sucesso. E apesar de ser um ponto-chave no universo corporativo, muitas companhias acabam não atribuindo a devida importância para essa atividade.

    É por meio da comunicação corporativa, também chamada de comunicação empresarial, que se estabelece a imagem institucional. Nesse contexto, cabe realizar apontamentos a respeito tanto da comunicação interna, como externa.

    Comunicação interna

    A comunicação interna se refere, substancialmente, ao fluxo de informações entre os colaboradores de uma mesma organização. Sua condição estratégica é evidenciada principalmente quando ela parte da presidência, diretores, administradores e gestores, em direção aos demais integrantes do quadro funcional. Isso porque os ocupantes de cargos diretivos e gerenciais são responsáveis pelo planejamento, tomada de decisões e estabelecimento dos processos internos. Sendo assim, para que a empresa tenha suas metas alcançadas, é fundamental que seja exercida uma comunicação eficaz entre todos que compõem a equipe. 

    Em uma visão mais ampla, para desenvolver uma comunicação eficaz no âmbito interno é primordial o trabalho de endomarketing, que é um conjunto de estratégias e ações de marketing usadas para difundir junto ao público-alvo (empregados, revendedores, acionistas, associados) a imagem desejada da corporação.

    A comunicação interna abrange a totalidade de informações disseminadas em reuniões, circulares, comunicados, e-mails, murais, normas internas, protocolos, ligações telefônicas, aplicativos de mensagens ou simples diálogos internos.

    As mensagens emanadas pela organização precisam ser claras e objetivas para evitar ruídos que prejudiquem o direcionamento das atividades.

    Outro ponto importante é construir uma cultura organizacional, pois ela prepara o “terreno” para a assimilação das informações. 

    Também é extremamente relevante difundir a missão, visão e valores da empresa junto ao quadro funcional, para que todos possam caminhar no mesmo compasso.

    Em se tratando de marketing interno, existe ainda o trabalho de encantamento dos colaboradores em relação aos produtos e serviços da própria empresa, pois o público interno pode ser o seu melhor cliente e ao mesmo tempo o melhor vendedor (ainda que não execute oficialmente esta função), em razão dele ser referência da empresa fora dela.

    Comunicação externa

    Por sua vez, a comunicação externa consiste em construir uma imagem pública que agregue resultados para a empresa. Diz respeito às mensagens que a companhia emite à sociedade, a qual engloba clientes, fornecedores, parceiros, potenciais investidores, instituições e órgãos de controle, enfim, todos com quem ela se relaciona ou mesmo por quem ela é vista. 

    A comunicação externa contempla todos os elementos comunicativos, desde a marca, o slogan, a fachada, até o posicionamento de mercado da companhia, o marketing, suas propagandas e divulgações, rótulos e embalagens, plotagem de veículos, kit press (cartão de visitas e outros materiais impressos), fatos relevantes, entrevistas concedidas, e mesmo opiniões e comentários em off (sem o objetivo de publicação), etc. 

    O modo como a companhia se comunica determina a forma como ela é vista pelo mercado e interfere em seus negócios, bem como em seus resultados. 

    Por esta razão, a comunicação deve ser executada de maneira extremamente responsável, pois seus reflexos podem ser positivos ou negativos. Portanto, é fundamental que seja exercida com profissionalismo e planejamento.

    As decisões estratégicas de exposição da marca ou produto podem ser o grande trunfo para alcançar resultados em vendas. Mas a propulsão dos negócios é fruto do conjunto da obra comunicacional.

    As empresas precisam conservar uma boa relação com a imprensa e com parceiros, assim como com a comunidade. São necessários assessores e porta-vozes muito bem preparados para terem uma boa performance ao realizarem declarações em nome da companhia, seja em eventos, reuniões ou à imprensa.

    A presença da organização nas mídias sociais tornou-se indispensável, no entanto, esses canais de comunicação devem ser utilizados de maneira eficaz, o que requer produção de conteúdo digital específico, com linguagem adequada e interação com os internautas. 

    Especialmente em tempos de redes sociais, uma gestão comunicativa efetiva é ainda mais imperiosa, já que a qualidade e o correto timing de resposta para um problema pode ser determinante para evitar uma crise de imagem. 

    Portanto, a área de comunicação corporativa engloba muitas ações estratégicas, por este motivo, as empresas que visam o topo não devem negligenciar a sua importância.  

    Sucesso a todos!

    * A autora é jornalista e investidora. 

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Desemprego virou crime no século 17

    Desemprego virou crime no século 17

    O jovem rei espanhol Filipe III, influenciado pela Igreja, era oficialmente contra a exploração desumana dos índios e em 1601 aboliu o trabalho forçado na América do Sul. No entanto, nesse mesmo ano a rainha Elizabeth I (1533–1603), decretou a nova “lei dos pobres”, considerando crimes o desemprego e a mendicância.

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    Sendo uma exigência da classe ascendente, a burguesia, fora das vistas dos religiosos o monarca espanhol expediu instruções secretas ordenando retomar a escravidão caso a libertação “fizer fraquejar a produção”. Nesta região, os soldados espanhóis encomendeiros a mantiveram, mas os índios resistiram.

    “Em todos os momentos, e por várias etnias, a resistência foi renhida e sangrenta. O território do Guairá foi palco de guerras variadas e constantes. A conquista dos territórios indígenas foi feita palmo a palmo com o uso da espada, do arcabuz e da cruz” (Lúcio Tadeu Mota, A Guerra de Conquista nos Territórios dos Índios Kaingang do Tibagi).

    O primeiro “Estado” do Paraná 

    O governador do Rio da Prata, Hernando Arias de Saavedra, o Hernandarias, denunciou a miséria dos índios capturados pelos bandeirantes e sugeriu à Espanha o envio de padres para catequizar uma população de 150 mil índios agregados à Ciudad Real del Guayrá, agora com apenas 30 colonos, e Vila Rica, onde operavam outros 100. 

    Nova ordem real concedeu em 1605 a liberdade aos nativos que trabalhassem sob orientação religiosa. O padre Diego de Torres Bollo (1551–1638) é enviado para instituir em Assunção a Província Jesuítica do Paraguai, em 1607. 

    Ela “abarcava os territórios de Argentina, Uruguai, Chile, Bolívia, parte do Brasil e Paraguai, cujo provincial tinha sua sede em Córdoba” (Irma Zanellato y Noemi Viñuela, Instituciones Políticas y Sociales de América hasta 1810). 

    Surge assim a Oeste dos limites do Tratado de Tordesilhas, via carta régia espanhola de 1608, a Província del Guayrá, tendo por capital a Ciudad Real. Considerada o primeiro “Estado” paranaense, “os limites de tal Província estavam assim definidos: a leste, até o rio Tibagi; ao norte, ao rio Paranapanema; ao sul, ao rio Iguaçu; e a Oeste, ao rio Paraná” (Jayme Antonio Cardoso e Cecília Maria Westphalen, Atlas histórico do Paraná). 

    Fazenda com dois mil escravos

    A ação dos jesuítas coincidiu com novas expedições lusas em busca de índios para abastecer as minas, fazendas e produção de açúcar na vila de São Vicente e Nordeste.

    Para o jovem padre Antônio Ruiz de Montoya, que virá comandar a teocracia imposta pelos jesuítas aos Guaranis, os religiosos eram justos e respeitavam as orientações do papa, mas os bandeirantes eram bandidos que prendiam índios para “vendê-los como pombas”.

    Eles deram o troco ao jesuíta recorrendo a distorções bíblicas: “É Deus que nos dá a ordem, no Livro de Moisés: combatei as nações pagãs”, retrucou o bandeirante Raposo Tavares. 

    A partir de 1607, várias entradas atuam no interior do futuro Paraná e o bandeirante Manuel Preto promove o primeiro grande ataque ao Guayrá, começando o progressivo despovoamento da região.

    Ao cabo de sua “farta caçada de índios nas proximidades de Vila Rica do Espírito Santo (Rio Ivaí)”, segundo Romário Martins, o bandeirante povoou sua fazenda – Nossa Senhora da Expectação, onde tinha cerca de mil índios a seu serviço.

    O sistema dos jesuítas 

    Além de perder índios para os portugueses, os soldados espanhóis logo teriam que compartilhar com os religiosos o controle da força de trabalho nativa. Os padres se dispunham a converter “cidadãos talhados para o Reino dos Céus”.

    “Os padres jesuítas fundaram as Reduções do Guayrá e criaram cerca de trinta missões, onde estabeleceram um sistema social cooperativo, com economia baseada em diferentes formas de trabalho comunitário e na socialização da produção e do consumo” (Monika Gryczynska, Os cinco continentes de gondwana).

    O sistema de redução (aldeamento e doutrinação) dos índios, instituído pelos jesuítas após o Sínodo de 1603, em Assunção, teve a concordância de religiosos e autoridades. 

    Os jesuítas consideravam sua instalação um reduto defensivo, mas para os bandeirantes, segundo Romário Martins, reduzir o índio era prepará-lo para a escravidão. Além disso, sem mais poder escravizar os índios, os espanhóis os vendiam aos bandeirantes de São Vicente e São Paulo de Piratininga. 

    Havia um intercâmbio comercial entre as vilas portuguesas e as espanholas do Guayrá: “Ferro, armas, roupas e outros gêneros eram fornecidos pelas primeiras em troca dos índios das segundas” (Domingos van Erven, O Paraná Espanhol).

    Um ano de trabalho pela liberdade

    Na primeira década do século XVII, Vila Rica é o grande centro de comercialização de erva-mate na região e já tem uma população maior que a da capital, Ciudad Real Del Guayrá. A Ciudad Real tinha 300 habitantes e Vila Rica cerca de 500, mais dezenas de milhares de índios aldeados.

    Os espanhóis pretendiam que as cidades indígenas, com a catequese, abastecessem seus ervais com farta mão-de-obra: “O mais justo dos encomienderos fazia todos os seus índios trabalharem seis meses de cada ano, sem pagamento algum; sendo que os colonos mais rudes chegavam a obrigar os índios a trabalhar de dez a doze meses por ano” (padre Antonio Montoya).

    Advertido pelos religiosos de que o trabalho excessivo na extração da erva dizimava os índios, em 30 de julho de 1609 o rei Filipe II expede alvará determinando a libertação total dos nativos. 

    Foi como abrir as comportas para caçadas gerais de índios nas matas do futuro Paraná: sem conseguir aldear os índios em suas encomiendas, os soldados espanhóis se afastaram. 

    Ao mesmo tempo, aumentaram as incursões de portugueses à região em busca de índios para aprisionar e levar para servir como escravos nas lavouras e lavras de minérios. Não podendo mais trabalhar para os espanhóis, os nativos eram arrastados para São Paulo. 

    Uma síntese do século XVII seria que nesse período os bandeirantes despovoaram o futuro Oeste do Paraná.

    CLIQUE AQUI e veja outros episódios da Grande História do Oeste. 

    Bandeirantes disfarçados de padres prendem índios e os levam a São Paulo

     

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Um olhar atento para o endividamento no campo

    Um olhar atento para o endividamento no campo

    Que o Agronegócio é um dos pilares da economia, isso é um fato incontestável. No entanto, apesar da grande produtividade em suas cadeias produtivas, o endividamento no campo é algo preocupante que requer um olhar mais atento. A dívida do produtor rural é bilionária, sendo que antes da pandemia da Covid-19 já estava em R$ 700 bilhões. Agora, mesmo com uma super safra de 250 milhões de toneladas, o patamar de endividamento do produtor deve crescer ainda mais.

    Somente para os bancos, os produtores deviam no ano passado R$ 306,8 bilhões. Para as principais tradings agrícolas, a dívida era de R$ 153 bilhões, enquanto R$ 53 bilhões eram de dívidas com cooperativas e mais R$ 100 bilhões para bancos estrangeiros.

    A soja, que deve consolidar o Brasil como o maior produtor mundial, a frente dos EUA, mesmo com produtividade em alta e câmbio favorável, não consegue atenuar o problema, pois muitos produtores arrastam suas dificuldades financeiras por anos, devido a revezes sofridos no passado.

    De norte a sul do Brasil, há uma sequência de quebras de safra. Na região Sul, o estado gaúcho registra o terceiro ano consecutivo de estiagem, que também ocorre em Santa Catarina. No Paraná, já há decreto estadual de colapso hídrico. Até o próximo mês de agosto já se fala em uma frustração de safra em torno de 50%, e se isso ocorrer, só agravará a situação das dívidas.

    Na verdade, o produtor rural está sempre à mercê das condições climáticas, e quando não é a seca, é a chuva em excesso; quando não é a geada, é o granizo, e as boas safras se frustram. O tal seguro agrícola, por ser muito caro, está concentrado em poucos produtores. 

    Na região Centro Oeste, onde estão os maiores produtores de grãos e gado do país, o problema não é diferente. O estado de Goiás sozinho responde por 11% do montante total de dívidas: R$ 77 bilhões. São R$ 42,8 bilhões junto aos bancos e R$ 35 bilhões junto a cooperativas e tradings.

    Os setores mais afetados são a pecuária de corte, leite, café, arroz, cana-de-açúcar, citrus, hortifruti, coco e cacau, alguns deles em condições caóticas. 

    Com o advento da chamada Lei do Agro, nº 13.986 (a antiga MP do Agro), as instituições financeiras podem, agora, expropriar o produtor via cartório, sem a necessidade de juiz. Isso acabou fragilizando ainda mais a parte devedora.

    E quando se fala em política agrícola, ela tem privilegiado apenas alguns poucos conglomerados de empresas exportadoras, enquanto os pequenos e médios produtores continuam subjugados pelo mercado. 

    Quanto à linha de crédito emergencial do BNDES, os pequenos e médios produtores são sempre excluídos. O tempo passa, o produtor não consegue acessar essa linha especial de crédito do BNDES chamada de “CDD do Agro”, e fica sem solucionar o problema dos seus financiamentos. Pelo contrário, com o passar do tempo, a dívida só aumenta.

    Quando há uma frustração de safra, o produtor pode levar até dez anos para se recuperar. Por isso, a Lei de Crédito Rural de 1.965, que tem por base o Manual de Crédito Rural (MCR), tenta amparar a quem produz alimentos no Brasil. Afinal, é preciso cuidar da segurança alimentar, e mesmo com todas as intempéries e frustrações, o país produz o necessário para alimentar 1,5 bilhão de pessoas, 20% da população mundial.

    Mas é na legislação do crédito rural que reside uma grave situação e uma flagrante arbitrariedade: os bancos desrespeitam a lei, ao incidirem em suas operações de crédito, juros exorbitantes e taxas de mora ilegais. Nas renegociações, não observam os juros dos contratos originais, nem a taxa de mora de 1% ao ano e os juros de no máximo 12% anuais. Também desconsideram o direito da dívida poder ser prorrogada nos encargos iniciais acordados, quando há frustração de safra, como dispõe o Manual de Crédito Rural. Em dificuldades, o produtor recorre a um novo financiamento, com juros mais caros, para pagar outro, de juros mais baratos, na operação apelidada de “mata-mata”.

    As dívidas dos produtores trazem consigo as execuções e crescem os casos de áreas adjudicadas, consolidadas ou leiloadas pelos credores. Ou seja, o problema do endividamento coloca em risco a propriedade rural e o patrimônio do produtor, que também não consegue fazer a sucessão no campo.

    Exatamente por tudo isso que, ao se destacarem os esforços do Agronegócio em manter a economia girando, é preciso que se tenha um olhar mais atento ao endividamento do campo. Com dívidas, o produtor precisa de ajuda especializada para renegociar seus débitos e fazer valer seus direitos, para manter sua atividade e proteger seu patrimônio. Ele não pode continuar “deixando aos seus filhos, a pampa pobre que herdou dos seus pais”.

     

    *O autor é é jornalista, escritor, palestrante, bacharel em Direito, diretor do Grupo C.Agro Consultoria e Assessoria Empresarial e Agronegócio. (WhatsApp 45. 99972.9017)

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  • Financiamento coletivo eleitoral – A oportunidade de arrecadar recursos antes da eleição

    Financiamento coletivo eleitoral – A oportunidade de arrecadar recursos antes da eleição

    À partir de hoje, dia 15/05, está permitido que pré-candidato promova arrecadação financeira para sua campanha, de forma antecipada, através do uso de sites especializados e devidamente autorizados pelo Tribunal Superior Eleitoral.

    Em mais uma nova ferramenta disponibilizada aos pré-candidatos, que estreia nas eleições municipais, o financiamento coletivo, ou, vaquinha virtual, foi implementado após a minirreforma eleitoral de 2017, através do artigo 23, § 4º, inciso IV da Lei nº 9.504/97.

    A medida veio para oportunizar aos pré-candidatos promoverem arrecadação financeira ainda em pré-campanha, à partir do dia 15/05 do ano de cada eleição, permitindo assim um maior planejamento e organização contábil-financeira, principalmente após o fim das doações eleitorais de pessoas jurídicas.

    As empresas que promovem essa técnica de arrecadação devem observar os seguintes requisitos:

    a) cadastro prévio na Justiça Eleitoral pela instituição arrecadadora;

    b) identificação obrigatória, com o nome completo e o número de inscrição no cadastro de pessoas físicas (CPF) de cada um dos doadores, o valor das quantias doadas individualmente, forma de pagamento e as datas das respectivas doações;

    c) disponibilização em sítio eletrônico de lista com identificação dos doadores e das respectivas quantias doadas, a ser atualizada instantaneamente a cada nova doação, cujo endereço eletrônico, bem como a identificação da instituição arrecadadora, devem ser informados à Justiça Eleitoral;

    d) emissão obrigatória de recibo para o doador, relativo a cada doação realizada, sob a responsabilidade da entidade arrecadadora;

    e) envio imediato para a Justiça Eleitoral, na forma por ela estabelecida, e para o candidato de todas as informações relativas à doação;

    f) ampla ciência a candidatos e eleitores acerca das taxas administrativas a serem cobradas pela realização do serviço;

    Os valores arrecadas apenas serão transferidos ao destinatário após o registro de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral, bem como, após a abertura de sua conta bancária específica para a eleição.

    Caso o destinatário não tenha seu nome aprovado na convenção, ou que não obtenha o registro perante a Justiça Eleitoral, os valores serão devolvidos aos doadores.

    A arrecadação através do financiamento coletivo poderá continuar durante o período eleitoral, até o dia da eleição.

    Caberá a empresa arrecadadora promover os controle legais da arrecadação, dentre os quais, a vedação de doação por pessoa jurídica, bem como, o limite de doação de 10% dos rendimentos declarados à Receita Federal pelo doador no ano anterior, porém o beneficiário deve ficar atento, pois pode responder solidariamente.

    Após o recebimento dos valores doados, os candidatos deverão declarar os valores recebidos individualmente, e também, deverão declarar como despesa de campanha as taxas administrativas pagas às operadoras do financiamento coletivo.

    A Eleição de 2018 foi a primeira em que os candidatos puderam utilizar tal ferramenta, e naquela oportunidade 95 empresas se credenciaram junto ao TSE, sendo que somente 27 foram contratadas pelos pré-candidatos. Já neste ano apenas 20 empresas se habilitaram, e à partir de hoje teremos o conhecimento de como esta arrecadação funcionará no âmbito municipal.

    Outro cuidado que as empresas e pré-candidatos devem ter, é acerca da não utilização do financiamento coletivo como propaganda eleitoral antecipada, sendo vedado na divulgação do financiamento coletivo, o pedido explícito de voto.

    Desta forma, mais um grande passo é dado pelos pré-candidatos, visando sua preparação e planejamento para o pleito eleitoral de 2020.

    *O autor é advogado atuante na área eleitoral, especialista em direito administrativo, colaborador regional do IPRADE – Instituto Paranaesnse de Direito Eleitoral, presidente da Comissão de Direito Eleitoral da Subseção da OAB de Marechal Cândido Rondon/PR. (OAB/PR 43.455)

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  • O que é branding: importância da gestão de marca

    O que é branding: importância da gestão de marca

    Uma marca pode ser o ativo mais valioso de uma empresa, por isso, fazer parte da vida dos consumidores em momentos de fragilidade e emoção – como o período de pandemia – pode ser mais um dos esforços para imprimir a lembrança da marca na memória do público. 

    Essa tarefa faz parte do trabalho de gestão de marca, também chamado de branding, e que compreende todos os cuidados com ela, bem como sua promoção, visando à assimilação e ao encantamento do público-alvo.

    A marca não é apenas um nome ou símbolo, mas sim tudo o que ela representa: abrange todo o universo de significados que o público atribui a ela. Por isso, considera-se que a marca possui um valor intangível, devido aos aspectos de subjetividade que carrega. 

    Essa significação é construída no íntimo de cada consumidor a partir de sua impressão e de vivências que experimentou com a marca.

    Sendo assim, o branding tem o propósito de construir junto ao público uma percepção positiva da marca, a fim de conquistar a preferência dele.

    Poderosas e duradouras

    Segundo o empresário americano Howard Schultz, “as marcas mais poderosas e duradouras são as que ficam no coração das pessoas”.

    A emoção de receber um presente ou de consumir um produto junto da pessoa amada pode ajudar a fortalecer os laços do consumidor com a marca. Porém, os esforços para essa conquista vão muito além, pois nem todas as marcas dispõem de produtos, mas podem ser serviços, organizações, lugares e até pessoas.

    Muitos segmentos corporativos conseguem edificar uma boa reputação da marca mesmo diante de produtos ou serviços com menor apelo emotivo. Para isso, é importante ter uma gestão profissional que contemple o posicionamento da marca, uma boa comunicação e uma exemplar relação com a sociedade (o que inclui o exercício das responsabilidades sociais e ambientais).

    Para acertar a cabeça, mire o coração

    Ter a marca do produto ou da empresa gravada na mente do consumidor de forma privilegiada é uma conquista significativa para qualquer companhia, especialmente diante do turbilhão de informações pelo qual ele é impactado diariamente. 

    Se a concorrência por atenção é cada vez maior, lembre-se que a estratégia mais eficaz para grafar a sua marca na cabeça das pessoas é mirar o coração delas.

    Então, não basta abrir uma empresa e esperar o cliente. É preciso estar em sintonia com as emoções dele, identificar as suas dificuldades e necessidades para ser a solução do problema dele. Se você é, faça com que ele saiba.

    Vida social da marca

    A marca não deve estar apenas estampada no rótulo ou na fachada, ela precisa ter uma “vida social”. Significa que ela precisa expressar engajamento, estar presente em campanhas, ações sociais, participar de iniciativas de promoção da saúde, educação, conscientização, de acordo com a sua natureza, aptidão ou capacidade. Essa postura humaniza a marca.

    A gestão de marca ainda compreende lidar com crises de imagem, sendo necessário bem administrar situações que poderiam prejudicá-la, para reverter essa possibilidade.

    As 100 marcas mais lembradas do Brasil

    Nessa semana a Revista Exame publicou a lista das 100 marcas mais lembradas pelos brasileiros na pandemia de Covid-19. O ranking foi elaborado pela consultoria Croma, a partir de 9.080 entrevistas realizadas on-line, de 15 de fevereiro a 29 de abril.

    Na pesquisa, Itaú, Ambev e Magazine Luiza foram as três marcas mais lembradas do país (acesse a lista completa abaixo). Por que elas se destacaram?

    Conforme a reportagem, chamou a atenção que o destaque das empresas no levantamento esteve relacionado à percepção do público em relação a ações e comunicações desenvolvidas pelas marcas com o objetivo de atenuar os impactos da crise.

    Nessa pandemia ficou evidente a adoção de uma postura de humanização das companhias, em que elas se mostram sensíveis ao que acontece ao seu redor e se colocam em sintonia com as pessoas. 

    Essa postura confirma a tendência na gestão de marcas, em que elas não se mostram apenas focadas em resultados, pois elas compreendem que estes são consequências da sua simbiose com o público e com a sociedade. Está dada a dica. 

    Sucesso a todos!

    Ranking das marcas mais lembradas:

    1º Itaú

    2º Ambev

    3º Magazine Luiza

    4º Santander

    5º Natura

    6º O Boticário

    7º Bradesco

    8º Nestlé

    9º Americanas

    10º Casas Bahia…

    Confira a lista completa das 100 marcas em: https://exame.abril.com.br/marketing/as-100-marcas-mais-lembradas-pelos-brasileiros-na-pandemia-da-covid-19/

    *A autora é jornalista e investidora

    Fonte: Fonte não encontrada