Categoria: Opinião

  • Você tem senso de oportunidade?

    Você tem senso de oportunidade?

    Diz a lenda que a indústria de calçados contratou dois novos vendedores para expandir seus mercados. Ambos foram enviados para diferentes países da África, visando prospectar vendas. Voltaram depois de um mês para relatarem as suas experiências. O primeiro deles aconselhou abandonarem a meta: “Naqueles países ninguém usa sapatos. Nossa missão será um fracasso”, disse. Porém, quando o segundo vendedor fez o relato, a visão foi totalmente outra: “Vocês não vão acreditar, lá ninguém usa sapatos ainda! Então, teremos uma excelente oportunidade de realizar vendas gigantescas para aqueles países!”, vibrou.

    Observe nessa história que os dois vendedores foram expostos à mesma situação, porém o ponto de vista de cada um fez toda a diferença para a empresa. É sobre ver o copo meio cheio ou meio vazio, quando ele está pela metade. Nós podemos escolher a forma como vemos o mundo e como interpretamos os fatos que estão diante de nós.

    Nesse período bastante desafiador pelo qual estamos passando devido à pandemia e desaceleração das atividades econômicas, ter senso de oportunidade pode ser um diferencial entre “quem chora” (lamenta) e “quem vende lenços” (corre atrás).

    Enquanto vários setores da economia tiveram recuo produtivo e comercial, outros foram favorecidos por uma maior demanda, especialmente aqueles no segmento de saúde. Também vimos muitas empresas e pessoas físicas com visão de oportunidade, adotando medidas para se adaptarem a novas demandas e produzirem o que o mercado precisa. 

    Em Marechal Cândido Rondon a Indústria Schumacher desenvolveu um novo modelo de respirador. Indústrias de confecções e costureiras domésticas passaram a produzir máscaras para comercialização; universidades passaram a produzir álcool em gel, tendo em vista que esses produtos chegaram a faltar no mercado. 

    Empresas varejistas ampliaram sua capacidade logística para potencializar vendas pela internet e geraram oportunidade para o setor de transportes e entregas, assim como o setor alimentício precisou se adaptar ao delivery. 

    Quem tem senso de oportunidade até mesmo constatou que muitas empresas fizeram promoções para favorecer o giro de estoque, o que viabiliza comprar mercadorias mais baratas e que podem até mesmo ser vendidas posteriormente a preço de mercado com certa margem de lucro. 

    Algumas empresas do setor de serviços já começaram a comercializar pacotes de viagens para o ano que vem, a preços supreendentemente reduzidos. Significa que já estão prospectando negócios.

    Nesta semana o historiador Leandro Karnal declarou, em entrevista à CBN, que após a pandemia deverá haver “uma explosão de afetividade e vontade de comemorar”, devido ao sentimento de alívio que as pessoas terão por terem “sobrevivido” à ameaça do coronavírus. Diante desta profecia, quem tem perfil visionário já se pergunta: “De que forma essa ‘explosão’ de afetividade será expressada pelas pessoas? De que maneira posso inserir meus produtos ou serviços nesse contexto para atender à nova demanda?”. Pode estar aí uma oportunidade. Pense nisso! 

    Sucesso a todos!

    *A autora é jornalista e investidora. 

    Fonte: Fonte não encontrada

  • O amor nos tempos do coronavírus

    O amor nos tempos do coronavírus

    O isolamento social imposto pela pandemia do coronavírus está revelando um mundo pouco conhecido: aquele que se oculta e vibra nas casas, apartamentos, quartos, escritórios, garagens, oficinas – espaços agora transformados em palco central da vida, em substituição a shoppings, teatros, cinemas, academias, parques, ruas, bares, bancos, restaurantes. E o que vemos é uma vida que, embora sempre estivesse ali, parecia não existir até agora. Ou porque fomos indiferentes a ela ou porque não sabíamos o valor que tem.

    Foi necessário um choque extremo de realidade para revelar o que deveríamos saber desde sempre: que precisamos de pouco para viver bem e que gastamos muito tempo e dinheiro com coisas sem importância. 

    Uma sinfonia nas sacadas, uma festa de aniversário online, o trabalho remoto, a teleducação são agora parte da rotina nova de uma vida que segue e vai aos poucos se adaptando. Mas, ao contrário de lamentar, essa mudança nos desperta a sensação de descoberta e nos emociona.

    Nos emociona porque é nos momentos de crise que os valores que constituem a essência do ser humano se manifestam em sua plenitude: amizade, fraternidade, solidariedade, responsabilidade. 

    De repente, desconhecidos tornam-se amigos, indiferentes se comprometem, distantes se unem e se fazem presentes. Sem pedir nada em troca, sem buscar lucro ou notoriedade, sem esperar uma medalha de reconhecimento ou um elogio de alguém poderoso – não, nada disso, o que fazemos é por prazer e por amor. 

    Onde estavam estes valores, expressos nas últimas semanas como sentimentos verdadeiros e de forma eloquente? Onde estava nosso compromisso inato de sermos humanos, no sentido amplo da palavra? Por onde andava o bom selvagem (aquele ser humano puro de que falava Rousseau)? Em que cômodo se escondeu o “um por todos e todos por um”?

    Em que momento perdemos de vista o dever de estender a mão ao próximo em qualquer situação? Quando foi que esquecemos que somos todos iguais? Em algum momento nossa humanidade ficou menor. 

    Um inimigo invisível fez o favor de nos devolver a lucidez temporariamente perdida. Era assim antes do coronavírus: culpávamos o mundo contemporâneo, evoluído, competitivo, moderno, individualista, egoísta por essa perda temporária da noção do que devemos fazer e do que deixamos de fazer. 

    E usávamos o ritmo louco dos tempos atuais para justificar nossas omissões recorrentes. Como se estivesse fora do nosso controle a escolha entre certo e errado, justo e injusto, bem e mal. Mas não está, e o que fizemos confinados nos últimos dias é revelador da nossa capacidade de discernir e de superar obstáculos aparentemente instransponíveis.

    Reinventamos quase tudo em tempo recorde. Ficamos em casa e redescobrimos o prazer das coisas simples que nos pareciam banais – fazer um bolo de banana, brincar com os filhos, estudar, ler, conversar, arrumar os armários, ver um filme antigo. 

    E descobrimos que no jogo de baralho ganhar e perder são possibilidades com o mesmo potencial. Se há algo que o coronavírus nos trouxe de bom – ainda que isso pareça improvável – é que podemos sempre aprender mais e melhorar o que parecia perfeito. 

    Mas logo vem a dúvida: depois que esse período de reclusão passar qual será nossa atitude? Seremos mesmo pessoas melhores ou o velho e aprisionante egoísmo que nos espreita por puro deleite voltará a triunfar? 

    Por sorte o isolamento social que o vírus nos impôs é apenas físico, mas não intelectual nem emocional. E este é o nosso trunfo: evoluímos intelectualmente e amadurecemos emocionalmente. É impossível sair dessa como entramos; só podemos sair maiores. Muito maiores. E melhores. 

    * A autora é ex-governadora do Paraná e Embaixadora da Organização Mundial da Família (OMF)

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Cabeza de Vaca enfrentou índios honestos e brancos traiçoeiros

    Cabeza de Vaca enfrentou índios honestos e brancos traiçoeiros

    Frustrado no sonho de governar a Flórida, em julho de 1537 Álvar Núñez Cabeza de Vaca partiu de Havana, escapou da ameaça de um corsário francês e chegou aos Açores sob a proteção da armada portuguesa. Em Lisboa, encontra os integrantes da expedição de Pedro de Mendoza, o fundador de Buenos Aires, que morreu na viagem.

    RECEBA AS PRINCIPAIS NOTÍCIAS PELO WHATS. ENTRE NO GRUPO

    Soube então pelo piloto Gonçalo da Costa que os índios dificultavam o acesso dos espanhóis às riquezas do Rio da Prata. Na América do Sul, nessa época, Juan de Ayolas, o sucessor de Mendoza, estava desaparecido.

    Durante a busca pelos rios Paraná e Paraguai, Juan de Salazar em 15 de agosto de 1537 funda uma cidade na baía de Caracará, na margem Leste do Rio Paraguai: Nossa Senhora de Assunção.

    Vivos e trazendo ouro e prata, Ayolas e seus homens voltam em 1538 ao porto de Candelária, onde Domingos Irala tinha ordens para esperá-lo com os barcos. Mas algo o desviou desse compromisso, provavelmente a fundação da Colônia de Maracaju, e os índios Paiaguás atacaram, matando Ayolas, 80 outros espanhóis e os carregadores.

    A longa jornada

    Depois desse golpe, as aventuras dos exploradores espanhóis também foram desestimuladas. É quando o já calejado Cabeza de Vaca recebe, em 1540, uma “licença” para “conquistar e pacificar e popular as terras” como “adelantado del Río de la Plata”, o que faria dele o futuro (e polêmico) administrador da região do atual Paraguai. 

    Partindo de Santa Catarina em 18 de outubro de 1541, com 250 homens armados, 36 cavalos e alguns índios vaqueanos, “atravessou a Serra do Mar, a margem oriental do Campo do Tenente e o Iguaçu nas proximidades de Araucária. (…) Prosseguindo, alcançou o Rio Tocoarí (Ivaí), onde foi socorrido com víveres que lhe ofereceram os índios Guaranis chefiados por Abangabí” (Romário Martins, Bandeiras e bandeirantes em terras do Paraná).

    A expedição transpôs as serras da Esperança e do Cantu. Em 1º de dezembro “varou o Iguaçu ou Água Grande e, dois dias depois, o Tibagi (…) levava, portanto, a caravana na direção Noroeste” (Lima Figueiredo, Oeste paranaense). Os espanhóis souberam pelos índios aliados, nos arredores da futura Catanduvas, que poderiam navegar sem problemas pelo Rio Iguaçu, mas na região do Piquiri não haveria facilidades: os índios de lá eram hostis.

    Saltos de Santa Maria

    Cabeza de Vaca dividiu a expedição em três partes. Duas seguiriam pelas margens, a pé e a cavalo, e a terceira, com ele e 80 besteiros e espingardeiros, iriam por água, em canoas fornecidas pelos índios informantes.

    O reinício da viagem, em 1º de janeiro de 1542, foi acompanhado de muitas dificuldades. Com a escassez de víveres, “tiveram de se alimentar de vermes de taquara, que fritavam”, matando a sede com “a água das chuvas passadas que as canas guardam por muito tempo” (Romário Martins). 

    No desvio da marcha para o Sul, Cabeza de Vaca chega em 14 de janeiro de 1542 novamente ao Rio Iguaçu. Depois de transpor as Cataratas, batizadas como Saltos de Santa Maria, desce até a barra no Rio Paraná.

    “Quando nos aproximamos deste rio [Iguaçu], soubemos, por informação dos índios, que o mesmo se lança no Paraná, também chamado Rio da Prata, e que nas margens destes dois cursos d’água os indígenas tinham morto os portugueses mandados por Martim Afonso de Sousa para descobrir este país”, escreveu Alvar Cabeza de Vaca, reportando suas andanças pela região.

    O relato do cronista

    Na foz do Rio Iguaçu o enviado espanhol encontrou os índios Guaranis, para cuja hostilidade os exploradores já estavam advertidos. Negociaram com eles, em troca de presentes, a ultrapassagem do grande rio, feita com sucesso.

    O interior do Paraná, meio século após o “achamento” do Brasil por Cabral, era um teórico domínio espanhol desde o Tratado de Tordesilhas. Na realidade, era alvo de disputas territoriais entre diferentes tribos, como constatou Cabeza de Vaca, conhecedor dos costumes indígenas. Suas crônicas e comentários permitiriam retraçar toda a trajetória dessa expedição pelas terras do atual Paraná. 

    “Foi o primeiro documento a informar que quase todo o interior do Paraná estava habitado e, ao mesmo tempo, mostrar que havia uma divisão política entre esses diversos grupos de mesma matriz cultural, organizados politicamente em cacicados (conjunto de aldeias sob a liderança de um prestigioso cacique, que dominavam certas porções de territórios bem definidos)” (Lúcio Tadeu Mota e Francisco Silva Noelli, Índios, Jesuítas, Bandeirantes e Espanhóis no Guairá nos séculos XVI e XVII).

    Valeu pelas Cataratas

    Após uma peregrinação de seis meses, na manhã de 11 de março de 1542 Cabeza de Vaca chega a Assunção, onde passaria momentos ainda mais difíceis que os vividos como escravo dos índios na América do Norte. Sua passagem pelo futuro Paraná foi paradisíaca perto do que enfrentou a seguir.

    Em fevereiro de 1543, um grande incêndio destrói Assunção. Os espanhóis ficam sem roupas e abrigo. Doente, em 25 de abril de 1544 o governador é surpreendido por trinta espanhóis que invadem sua casa gritando: “Liberdade! Liberdade” Com espadas, adagas, arcos e arcabuzes, gritam ameaças de morte. Rende-se e é conduzido amarrado a um cômodo cercado de guardas.

    Em março de 1545 é embarcado à força para a Espanha, acusado de traição, roubos, escravização e assassinato de índios. Para os brasileiros, entretanto, passou à história como o “descobridor” das Cataratas do Iguaçu.

    CLIQUE AQUI e veja os episódios anteriores da Grande História do Oeste

    O percurso do explorador espanhol pelas terras do atual Paraná

     

    Fonte: Fonte não encontrada

  • A letargia das universidades públicas paranaenses

    A letargia das universidades públicas paranaenses

    “Se à primeira vista a ideia não for absurda, não há esperança para ela.”

    Albert Einstein

    A inquietação de um professor sexagenário, com aposentadoria encaminhada, pertencente ao grupo de risco diante da pandemia do novo corona vírus, não consegue se calar e diante do cenário fazer algumas reflexões: Passados mais de 30 dias da edição do decreto estadual que interrompeu as atividades nas universidades, escolas e setores do serviço público, percebemos atitudes muito interessantes em alguns setores, enquanto em outros, onde deveria residir a inovação, alternativas e respostas à crise instalada, existe um quase silêncio… lentidão e letargia.

    Estou me reportando às universidades estaduais do Paraná, ao que parece, levaram ao pé da letra que o isolamento deve ser total. Deixando claro que defendendo a vida acima de qualquer outra prioridade, mas no mundo atual as ferramentas tecnológicas e as diferentes possibilidades disponíveis devem ser utilizadas. O maior capital existente nas universidades do estado é o seu capital humano. Pergunto: Cadê a troca de informações, as inquietações, atitudes e decisões? Cadê as respostas diante da crise?

    Pois bem, na instituição à qual estou vinculado, salvo pequenas providências, apenas após exatos 31 dias realizou uma primeira reunião colegiada de órgão superior por videoconferência. É pouco, quase nada e demonstra que as universidades públicas, muitas vezes à frente do tempo, neste momento de crise mundial na saúde, na economia e no setor social estão à margem ou não apresentam alternativas quanto ao seu mister, as atividades de ensino. As graduações podem “perder” o ano letivo de 2020. O ensino à distância denominado de EAD, que poderia ser uma alternativa para salvar conteúdos, calendário é rechaçado e mais parece uma ferramenta ou metodologia invasora, “demonizada” e fora de qualquer possibilidade. E aqui não é uma defesa do EAD como sistema educacional, mas estou desafiando a academia para buscar novas alternativas urgentes (as aulas remotas também são possíveis), mas que não se fique nesse debate silencioso e estéril. 

    Colegiados, centros, conselhos ao invés de partirem para o experimento e testagem (num momento de crise) com atividades a distância ou similares, cenário propício e mais que justificado, colocam empecilhos de toda ordem, desde o descrédito em conceitos e métodos pedagógicos, à dificuldades do acesso universal dos alunos, até aspectos burocráticos internos como resoluções e normativas. Ou seja: se os acadêmicos possuem os equipamentos, internet e acesso ao sistema são respostas que já deveriam estar mapeadas. A construção de novas normas e resoluções já passaram da hora. Aliás, o acesso deve ser inclusivo e contemplar a todos, bastando a vontade da instituição e seus membros em de fato querer resolver a situação. O que não pode é o debate levar meses para trazer as soluções que uma ampla maioria espera e deseja.

    O isolamento deve ser compreendido como uma atitude cidadã, mas não exime cada um de nós de contribuirmos com nossas atividades principais no sentido da evolução e de atitudes proativas que gerem o benefício coletivo.  Afinal, qual é o papel da universidade? O quê deve prevalecer nesses momentos? Afirmo, a ciência e a tecnologia não tem respostas para tudo, contudo jamais deveríamos ficar adstritos às restrições burocráticas, legislativas e de mera formalidade.  A criatividade, ousadia e coragem estimulam nos reinventarmos e recriarmos novos caminhos para seguirmos adiante. Basta reunir os colegiados superiores, seus dirigentes institucionais e, aproveitando o “estado de emergência” instalado para tomar-se decisões objetivas e concretas. Dirigentes e professores devem sair de seus “quadrados” e aproveitar esse momento que marca a história da humanidade com viés de inovar, avançar e propiciar soluções.

    *O autor é professor da Unioeste

    Fonte: Fonte não encontrada

  • As novidades legislativas advindas da covid-19 e a hierarquia normativa entre os entes federativos

    As novidades legislativas advindas da covid-19 e a hierarquia normativa entre os entes federativos

    Após a declaração de pandemia pela Organização Mundial da Saúde, e por conseguinte, com a edição dos Decretos de Calamidade Pública pelo Governo Federal, Governos Estaduais e Municipais, nasceu uma nova realidade jurídica no ordenamento brasileiro.

    RECEBA AS PRINCIPAIS NOTÍCIAS PELO WHATS. ENTRE NO GRUPO

    A Constituição Federal, o Código Civil e o Código de Processo Civil, em especial, possuem uma série de normas correlacionadas a relação jurídica na sociedade, quando advindo um caso fortuito ou de força maior.

    Em resumo, para um simplório entendimento, o caso fortuito ou de força maior é aquele fato imprevisível ou difícil de prever que gera um ou mais efeitos/consequências inevitáveis.

    A teoria sempre esteve prevista pelo legislador, todavia, o efeito prático muitas vezes passou desapercebido pela comunidade jurídica, pelos poucos casos que se enquadrassem como caso fortuito ou de força maior.

    Talvez pela primeira vez na história moderna, ou ao menos, pós advento da Constituição Federal de 1988, que o país sofre com um caso fortuito ou de força maior com efeitos/reflexos nacionais, em todo território brasileiro, ou seja, uma epidemia que instaurou um estado de calamidade pública, que gera a paralisação total de inúmeras atividades, permanecendo em vários municípios brasileiros, apenas atividades consideradas de cunho essencial.

    Quais os efeitos disto nas relações jurídicas da sociedade? Imensuráveis.

    No intuito de outorgar alguma segurança jurídica em período tão conturbado, o Governo Federal, o Estado do Paraná e os Municípios editaram Decretos, dentro de suas competências legislativas, visando controlar ou minimizar alguns efeitos decorrentes das medidas adotadas para combater o Covid-19.

    O Governo Federal ainda, editou várias Medidas Provisórias e Leis visando controlar os efeitos da Covid-19 na economia e na saúde.

    Nos Municípios, grande parte seguiu o Decreto do Estado do Paraná, com algumas peculiaridades, em especial aos tributos municipais (ISS, IPTU, etc.), em que alguns municípios postergaram seus vencimentos.

    Todos que descumprirem com as ordens do Governo Federal, Estadual e Municipal, responderão civil e criminalmente, conforme definido pela Portaria Interministerial nº 5, de 17 de Março de 2020, que dispõe sobre a compulsoriedade das medidas de enfrentamento da emergência de saúde pública previstas na Lei nº 13.979, de 06 de fevereiro de 2020, relacionada ao Covid-19.

    Por outro lado, o STF decidiu que Estados e Municípios possuem competência concorrente ao Governo Federal, no que tange a limitação da locomoção de pessoas para conter a propagação do Covid-19, bem como, decidiu que Estados e Municípios, concorrentemente à União, têm competência de estabelecer políticas de saúde, inclusive questões de quarentena e a classificação dos serviços essenciais.

    Sendo assim, na omissão do ente público superior, o ente público inferior pode agir visando normatizar determinada matéria que possa impactar no controle do Covid-19.

    Por fim, neste emaranhados de novas normas, deve-se destacar que os entes públicos devem respeitar a esfera de competência de cada um, ou seja, o grau de hierarquia legislativa, nos termos do artigo 24 da Constituição Federal. Sendo assim, o Município não pode editar Decreto que contraria Decreto já editado pelo Estado, o mesmo serve entre Estado e União.

    Aliás, o Município tem o dever de fazer cumprir as normas editadas pelos Governos Federal e Estadual, como forma de fazer valer a ordem jurídica implantada pelo ente público superior.

    Ao final da pandemia, o mundo jurídico refletirá ainda por muito tempo os efeitos deste estado de calamidade pública, pois certamente leis, decretos federais, estaduais e municipais serão contestados e seus reflexos na sociedade analisados pelo Poder Judiciário.

    *O autor é advogado atuante na área eleitoral, especialista em direito administrativo, colaborador regional do IPRADE – Instituto Paranaesnse de Direito Eleitoral, presidente da Comissão de Direito Eleitoral da Subseção da OAB de Marechal Cândido Rondon/PR. (OAB/PR 43.455)

    Fonte: Fonte não encontrada

  • É possível opinar sem ofender?

    É possível opinar sem ofender?

    Metralhadoras apontadas para todos os lados: vão começar as postagens no Facebook. Você também já deve ter percebido a presença de muitas ofensas nas redes sociais, não é mesmo? 

    Tenho notado que muitas pessoas estão utilizando as redes sociais não apenas para compartilhar seus pontos de vista sobre determinados temas, mas fazendo isso de forma ofensiva em relação a internautas que eventualmente tenham posicionamento diferente daquele do emissor. Conforme constatou a estudiosa Pollyana Ferrari, “a emoção anda presidindo a razão”.

    É o caso do tema relacionado ao coronavírus, isolamento social, crise econômica e medidas adotadas pelos governos diante da pandemia mundial. Compreendo que parece inevitável politizar o assunto, por estar intimamente ligado à tomada de decisão dos gestores públicos, sejam eles presidente, ministros, governadores ou prefeitos. No entanto, entendo que nem todos os conteúdos veiculados e postagens feitas nas redes precisam ter, necessariamente, um lado político, até mesmo porque não é possível afirmar que todos os cidadãos se identificam com partido A ou partido B, muito menos os defendem.

    Há quem pense que só existem dois tipos de brasileiros: ou você é petista ou bolsonarista. Errado! Essa dicotomia expressada na internet se tornou doentia, como se houvesse necessidade de classificar todas as pessoas em uma dessas duas “categorias”. Sob esse prisma, quem não é um, é outro e deve ser hostilizado. 

    É uma visão muito reducionista! Precisamos rever esse modo de pensar. Não podemos aceitar que as redes sociais se tornem máquinas rotuladoras. Queremos liberdade para emitir opinião e ser respeitados por ela. Faz parte da democracia. Mas precisamos exercer esse direito com respeito ao ponto de vista alheio.

    Por isso eu faço a pergunta: é possível opinar sem ofender? E a resposta é sim. Até mesmo é possível criticar sem ofender, isso se chama criticismo construtivo. Mas nesse caso estamos falando de opinião. 

    Afinal de contas, mais convence quem tem argumentos ponderados, equilibrados, contendo prós e contras e atribuindo peso maior para aqueles considerados mais relevantes. Não se convence ninguém xingando o seu interlocutor. Pense nisso. Ainda que sua intenção não seja argumentar para convencer os outros, se não concorda com eles, apenas respeite-os.

    Acredito que haja consenso no objetivo final: todos querem que a saúde e que a economia vão bem, então não precisam se atacar nas redes sociais. Parece uma obsessão por ser o dono(a) da razão, ou pela maior soma de curtidas. Será que é isso que motiva as pessoas? Temos que colocar a mão na consciência, pois muitos embates não valem a pena. 

    Que tal trocarmos provocações por proposições? 

    Desafio você, que tem hábito de fazer postagens polêmicas, a compartilhar no Facebook conteúdo informativo de maneira empática, contendo comentário agradável para quem vai ler ou no mínimo curioso, para que sua publicação seja interessante e conquiste a atenção do outro. Dê o seu melhor para tornar as redes sociais mais amistosas e construtivas. Desse modo, todos temos a ganhar.

    Sucesso a todos!

    *A autora é jornalista e investidora

    Fonte: Fonte não encontrada

  • 80 exploradores armados em busca de muita prata

    80 exploradores armados em busca de muita prata

    A proposta feita ao donatário Martim Afonso de Sousa por Francisco de Chaves, sobrevivente da trágica jornada de Aleixo Garcia, era tentadora: homens e armas em troca do retorno “com quatrocentos escravos carregados de prata”. Tinha ainda a vantagem de ser rápida, sem a necessidade de acompanhar o litoral até a foz do Prata e subir por este para a longa jornada aos Andes, onde os tesouros estavam.

    Em trinta dias, Martim Afonso organizou a nova expedição, não se sabe se exatamente com 400 escravos respaldados por 80 homens armados: quarenta besteiros e quarenta espingardeiros. Besteiros eram os soldados que usavam uma arma – a besta (é) conhecida também como balestra – formada por um arco, cabo e corda, com que disparavam bolotas, pedras ou setas. 

    Sob o duplo comando de Francisco de Chaves e Pero Lobo, este o capitão do galeão São Vicente, da esquadra de Martim Afonso, a comitiva partiu em 1º de setembro de 1531 com a missão de encontrar as fabulosas riquezas que já se sabia existirem na “serra de prata” dos Incas.

    Mais uma derrota no Oeste 

    Confiantes em que fariam a conquista militar do ainda desconhecido Império Inca, localizado a dois mil quilômetros de distância, a nova expedição “era uma reprise da aventura de Aleixo Garcia, realizada sete anos antes” (Eduardo Bueno, Náufragos, Traficantes e Degredados).

    A expedição (ou entrada, como os portugueses qualificavam as iniciativas oficiais de exploração) guiou-se pelo Caminho do Peabiru. Cruzou o Rio Iguaçu pouco acima da foz e entrou no território dos índios Paiaguás. Quatro meses depois da partida, no fim de 1531, os europeus foram bloqueados pelos índios.

    Ao impedir o avanço da tropa, os índios atraíram os invasores para campo raso, onde se deu o confronto e a completa derrota dos portugueses, narra Sérgio Buarque em Visão do Paraíso. 

    O Paraná conhecido dessa época, sem mais notícias de exploradores nas perigosas terras do Oeste, limitava-se a trechos litorâneos das Capitanias de São Vicente e Santana. Ao Norte, a Capitania de São Vicente, doada pelo reino português a Martim Afonso de Sousa. Ao Sul, a de Santana, concedida a seu irmão, Pero Lopes.

    A primeira se estendia por uma costa de 45 léguas, desde Bertioga até a ilha do Mel. A outra, abrangendo 40 léguas, desde essa ilha até Laguna, a considerar o limite inferior do Tratado de Tordesilhas (Eduardo Bueno, Brasil: uma História). 

    Irmãos Sousa desistem do Paraná 

    O limite não era entendido da mesma forma por portugueses e espanhóis. Para os portugueses, o limite ambicionado, era, na realidade, o Rio da Prata, que, aliás, Pero Lopes de Sousa subiu, em sua exploração da região, e chegou a assinalar “com seus padrões a posse da Coroa portuguesa”, ignorando assim aquele tratado (História Geral da Civilização Brasileira, A Época Colonial, Tomo I, organização de Sergio Buarque de Holanda).

    A carta de doação concedendo a Martim Afonso a posse sobre cem léguas de costa brasileira, aí constando o litoral do Paraná, foi assinada em 7 de outubro de 1534, mas o donatário já não se interessava mais pela propriedade.

    Nesse mesmo ano, a região do atual Oeste do Paraná foi doada pelo rei Carlos V (1500–1558, também referido como Carlos I de Espanha) a Pedro de Mendoza y Luján (Marcelino Machuca Martinez, Atlas histórico e descritivo do Paraguai Gigante).

    Pedro de Mendoza, fundador de Buenos Aires, enfrentou sérios dissabores para manter a posse. Conseguiu controlar por algum tempo a região do Prata doando alimentos aos índios, mas Buenos Aires foi destruída em um ataque em dezembro de 1536. Mendoza abandonou a América do Sul e ao voltar à Espanha adoeceu em alto-mar e morreu em junho de 1537.

    Papa repudia escravizar índios

    Já sem o interesse dos irmãos Sousa em ocupar o Oeste, o substituto de Mendoza, Juan de Ayolas (c.1493–1538) encontrou um índio sobrevivente da expedição de Aleixo Garcia, que se dispôs a guiá-lo em busca de ouro e prata.

    “Em 1537, partiu em direção aos Andes, travando combates com tribos hostis, e chegando a alcançar algumas que possuíam ouro e prata. Com a expedição enfraquecida pelas perdas em combate e por doenças, e sabedor de que forças poderosas se preparavam para atacá-lo, bateu em retirada. Ao chegar ao Rio Paraguai com grande carga de metais, teve a mesma sorte de Garcia. Foi morto pelos mesmos Paiaguás, e o tesouro que levava desapareceu” (Nivaldo Kruger, Paraná Central: A Primeira República das Américas).

    As tentativas dos ibéricos para escravizar índios na América foram desautorizadas pelo papa Paulo III, que em 28 de maio de 1537 condenou à excomunhão os apresadores, mercadores e exploradores de índios. A bula Veritas Ipsa defendia os indígenas como plenamente humanos e condenava a escravização. A bula Sublimis Deus, de 2 de junho, reconhece aos índios direito de posse sobre seus bens.

    Uma parte da Capitania de São Vicente e a Capitania Santana eram as duas únicas partes do atual Paraná que pertenciam a Portugal, segundo a primeira interpretação do Tratado de Tordesilhas

     

    Na próxima semana: Cabeza de Vaca enfrentou índios honestos e brancos traiçoeiros

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Dia do Jornalista e seu valor latente

    Dia do Jornalista e seu valor latente

    Quando éramos crianças eu e meu irmão brincávamos de apresentadores do Jornal Nacional, gravando nossas notícias inventadas em uma fita K7 no radinho do meu pai.

    Inocentes, não sabíamos que o noticiário econômico sobre a inflação afetava o conteúdo da nossa geladeira, onde às vezes encontrávamos apenas alguns tomates pra comer como se fossem maçãs.

    A semente daquela brincadeira encontrou terreno fértil em mim, tornei-me jornalista formada e atuo há 20 anos, embora seja um romance bem mais antigo. Por conta isso, não poderia deixar passar em branco a data de 7 de abril, Dia do Jornalista.

    Esta profissão tem altíssimo valor para a sociedade, especialmente no sistema democrático, por ter a missão de tornar acessíveis informações de interesse público e que podem fazer toda a diferença na vida das pessoas.

    É necessário reconhecer que já foi uma profissão com maior prestígio, porém hoje sofre ataques de políticos e de pessoas que preferem sobrepor sua opinião ao respeito à atividade.

    O próprio Jornalismo, ao longo da história, passou por diversas fases e atualmente enfrenta os seguintes desafios:

    a) da Era Digital e das redes sociais, em que opiniões pessoais circulam no mesmo ambiente em que as notícias (e ali se confundem);

    b) das fake news, em que informações falsas são caracterizadas como notícias com intuito de serem assimiladas como verdadeiras;

    c) da pós-verdade, em que cada um acredita na verdade que melhor lhe convém, descartando e até renegando outras verdades.

    Nesse cenário inseguro em que o público já não tem certeza se pode acreditar nas informações com que se depara, o jornalismo traz como solução a checagem de fatos (fact checking) para distinguir o que é fato do que é fake. Os profissionais adaptaram a prática jornalística para proteger os seus leitores/ouvintes/telespectadores e desmentir o que poderia leva-los a serem enganados.

    Novamente o jornalista lança luz sobre a informação, esclarecendo ao público, mostrando o que realmente é crível e relevante para a sociedade.

    Em um contexto com excesso de informação, mais do que nunca o público precisa ser seletivo no que consome, pinçando somente “notícias-notícias”, produzidas por jornalistas e veículos de comunicação profissionais, responsáveis e de alta credibilidade.

    É quando o valor desta profissão fica ainda mais latente. E quando nos dá ainda mais orgulho.

    Parabéns a todos os colegas pelo Dia do Jornalista.

    Sucesso a todos!

    *A autora é jornalista e investidora.

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Oeste, população: cem mil índios do cacique Guairacá

    Oeste, população: cem mil índios do cacique Guairacá

    “Co ivi oguereco yara!” (Esta terra tem dono), é o brado de Guairacá contra o invasor europeu, atribuído depois também a Sepé Tiaraju (c.1723–1756). Guairacá, “durante mais de 50 anos, entre 1550 e 1601, liderando mais de 100 mil índios, enfrentou e derrotou os espanhóis, impedindo assim que eles conquistassem o atual território do Paraná” (Hermógenes Lazier, Guairacá: herói paranaense e brasileiro).

    No começo do século XVII, o padre espanhol Antônio Montoya pretendia atrair o chefe Guairacá e catequizá-lo na redução de Jesus-Maria, cidade indígena organizada pelos jesuítas, mas antes disso ela foi arrasada pelos bandeirantes. “E entre os milhares de guaranis escravizados e levados a São Paulo estava ele, Guairacá” (Nivaldo Kruger, Paraná Central: A Primeira República das Américas).

    O já idoso Guairacá conseguiu fugir dos bandeirantes, internando-se novamente na mata e reiniciou a luta, morrendo em combate. Para Romário Martins (1874−1948), Guairacá foi “o grande guerreiro que confederando os Guaranis de dez povos poderosos, com eles defendeu dos invasores vindos do mar a terra de que eram donos”.

    Lobo de campos e águas?

    Quando os espanhóis quiseram dominar o atual Paraná, escreveu Cândido Rondon (1865−1958), “a rebelião Guarani soou por toda parte, como os estrondos do trovão. A figura de Guairacá levantou-se com o leão que domina o deserto”.

    Guarani é um termo genérico para “guerreiro”. Os europeus qualificavam assim todos os índios no início da colonização, até começar a defini-los como Carijós (segundo os portugueses) e Cariós (pelos registros espanhóis).

    Guairacá, “embora afável e hospitaleiro com os viajantes, soube empunhar o arco e a flecha com bravura, no momento em que percebeu a voracidade dos estrangeiros” (Josué Corrêa Fernandes, Socialismo Utópico à Beira do Ivaí – Trajetória do dr. Jean-Maurice Faivre). 

    Adversários de Romário Martins o acusaram de inventar Guairacá para ser um símbolo paranista. No entanto, o cacique foi mencionado antes com muito respeito por padres jesuítas em seus escritos.

    Também chamado como Guayrá (Kuaira), este nome, segundo o etnógrafo Plinio Ayrosa, significa em idioma Tupi “o lugar intransponível”. Para Clóvis Chiaradia, em Dicionário de Palavras Brasileiras de Origem Indígena, guai=gente; rá=abundância. Há também apreciações de que Guairacá significaria “Lobo dos Campos e das Águas”. Nada preciso, portanto.

    João III forma o Brasil 

    Em 1530, o Brasil era apenas uma enorme prisão a céu aberto, para isolamento dos degredados lusitanos. Suas matas costeiras serviam só para a extração de pau-brasil, madeira apreciada por fornecer um valioso e raro corante púrpura, até então encontrado apenas em moluscos.

    O rei João III decidiu adotar um sistema que já havia apresentado bons resultados nas ilhas de Cabo Verde e Madeira: o regime de capitanias hereditárias. O monarca europeu “foi o verdadeiro criador do Brasil, que rapidamente se tornou o elemento fundamental do império português, assim o sendo até o início do século XIX” (Paulo Drummond Braga, D. João III).

    “O que é doado a cada um desses capitães é verdadeiramente um reino: cada um desses territórios não é menor que o próprio Portugal e alguns são tão grandes como a França ou a Espanha” (Stefan Zweig, Brasil, país do futuro). 

    Estimular os donatários a ocupar o território fazia parte da tática para conter os espanhóis que dominavam o Rio da Prata e organizavam expedições ao Norte. Ação inicial nesse sentido foi o envio da primeira missão exploradora ao Brasil, tendo à frente Martim Afonso de Sousa, que dá início às primeiras incursões para verificação do potencial produtivo das costas brasileiras e envia as primeiras expedições para prospectar o interior.

    Pode-se considerá-lo o primeiro governante do Paraná, só abaixo do rei de Portugal, porque sua Capitania de São Vicente abarcava a parte portuguesa do Paraná de hoje. Seu irmão, Pero Lopes de Sousa, ganhou a contígua Capitania de Santana, da qual faziam parte a Ilha do Mel e Santa Catarina” (Projeto Livrai-Nos!, Ouro, Guerra e Colonos, parte 1).

    O rei João II dividiu o Brasil em capitanias hereditárias, origem das futuras províncias e estados

    400 escravos carregados de prata

    Entre a formalização nunca verdadeiramente aceita do Tratado de Tordesilhas por Portugal e a assinatura do Tratado de Madri em 1750, a guerra fria com a Espanha transcorria no trânsito de naus entre a Europa e a América do Sul trazendo exploradores para avaliar riquezas e aventureiros para ocupar os espaços sob controle indígena.

    Ancorando em Cananeia em agosto de 1531, Martim Afonso de Sousa tem a esperá-lo o degredado Francisco de Chaves, que participara diretamente da jornada aos Andes, sobrevivente do ataque ao acampamento de Garcia no Paraguai. 

    Chaves sugeriu uma nova expedição, preparada para o rigor da viagem e a ofensiva indígena – “pediu gente para fazer uma entrada e prometeu voltar no fim de dez meses com quatrocentos escravos carregados de prata” (Capistrano de Abreu, Capítulos de História Colonial). 

    A proposta de Chaves seduziu o comandante por sua experiência como conhecedor da região e pela garantia de receber de volta centenas homens com tesouros para o reino português em crise econômica.

    Na próxima semana: 80 exploradores armados em busca de muita prata

    Fonte: Fonte não encontrada

  • Por humanos mais humanos

    Por humanos mais humanos

    Acordei às 06:59, fiz um café para dois. Era dia 31 de março. Fui ver o noticiário: 800 mil casos de coronavírus no mundo, 38 mil mortos, 170 mil já se recuperaram. No Brasil, 4,6 mil casos e 165 mortos. Números e mais números, que se tornaram a nossa única certeza do dia seguinte nesta fase: quando você acordar, os números da pandemia já terão aumentado. E a dúvida é até quando? 

    Parece que estamos vivendo um pesadelo, sendo que dormir nos permite sonhar. Sonhar com as pessoas se abraçando no parque. Acorda! Já tem novos números horripilantes para você encarar! A Espanha teve mais 849 mortos em 24 horas.

    Será que temos tamanha insensibilidade para tratarmos a humanidade apenas como números? 

    Sempre atual

    Clarice Lispector escreveu, em 1971, a crônica: “Você é um número”. Nesse texto atemporal ela nos lembrou que na verdade somos vários números, desde o nosso registro civil. 

    “Seu título de eleitor é um número. Profissionalmente falando você também é”. “Seu prédio, seu telefone, seu número de apartamento”. “Se você não tomar cuidado vira número até para si mesmo”.

    Temos que concordar com a indignação da escritora: “Nós não somos ninguém? Protesto. Vamos ser gente, por favor”. 

    Tenho rosto

    Em noticiários desta semana constatei que veio da Espanha um apelo importante para todos nós. A cantora brasileira Luciene de Lemos, que mora em Barcelona e está com sintomas de coronavírus, gravou um vídeo em que nos faz um alerta: “As pessoas infectadas não são números. Tenho um rosto, tenho cabelo, tenho sonhos, tenho dores, tenho família. Eu não quero morrer. (…) Há que se lamentar as pessoas infectadas, há que se lamentar as pessoas que morreram. Não somos números”.

    Esse é o nosso desafio: assumir que somos gente, suscetíveis, vulneráveis, sujeitos a erros e acertos, por vezes gananciosos, porém sociais. 

    O sol é um só, a Terra é uma só, você é um(a) só. Temos nome, identidade, história, sentimentos. Temos vizinhos, amigos, parentes, não somos uma ilha. O poeta britânico John Donne escreveu, em 1623: “a morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do gênero humano”. 

    Todos juntos

    Se você pesquisar o significado de “humanidade” no dicionário encontrará: sentimento de bondade, benevolência, em relação aos semelhantes, compaixão, piedade, em relação aos desfavorecidos. Portanto, não somos simplesmente 7,7 bilhões de humanos na Terra. Somos solidários, doadores, voluntários, então, sejamos humanos mais humanos.

    O mês de abril poderá ser o mais duro para nós, brasileiros. Nessas horas precisamos de fé e atitude, como Clarice Lispector pontuou: “Deus não é número. Vamos amar, que amor não tem número. Ou tem?”

    Amor e humanidade a todos!

    *A autora é jornalista e investidora.

    Fonte: Fonte não encontrada