A primeira cidade do Oeste paranaense tem origem na decisão do capitão geral (governador) do Rio da Prata, Domingos Martínez de Irala (1509–1556), substituto de Juan de Ayolas, de fundar um porto na margem direita (lado paraguaio) do Rio Paraná. Na altura de Porto Mendes, em 1544, o Porto Mbracayú (ou Santa Vitória de Los Saltos del Guaíra) aproveitava a base de um velho povoado indígena – Canendiyú.
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O fundador oficial da cidade, García Rodríguez de Vergara, preposto do governador Irala, trazia consigo 60 espanhóis e estabeleceu ali cerca de 40 mil famílias indígenas – população superior à da atual Guaíra.
“Admirado dos recursos e riquezas desta bela província e querendo, também, assegurar a liberdade de suas comunicações com a costa do Brasil e com a metrópole, pondo a nascente colônia ao abrigo das invasões dos portugueses, Irala decidiu fundar a cidade Ontiveros, junto à margem do Paraná (…)” (Alfredo Dernersay, História Geral do Paraguai).
A fundação da primeira cidade espanhola na região, junto ao Rio Paraná, originou-se da aliança dos espanhóis com os índios Guaranis com a finalidade de combater os Tupis. Considera-se Ontiveros também a origem do futuro Porto Britânia dos ingleses, já no século XIX.
Localizada entre as províncias espanholas de Nueva Toledo e Nueva Andalucia, o fato justifica a curiosidade sustentada por alguns historiadores de que “Toledo veio antes de Cascavel”.
Relatos de um viajante
Visitante da região que deixou registros da passagem, o soldado mercenário alemão Ulrich Schmidl partiu de Assunção em dezembro de 1552 em companhia de outros quatro europeus e vinte índios Carijós. Passando pela foz do Iguaçu, segue à foz do Piquiri, daí ao Cantu, Corumbataí, Ivaí e Tibagi.
Neste, ao contrário de seguir o ramal usado por Aleixo Garcia e Cabeza de Vaca, que veio de Santa Catarina, seguiu para Piratininga, Sorocaba e Itu, onde alcançou o Rio Tietê. Chegou a São Vicente em junho de 1553, embarcando finalmente para a Europa, onde publica seus relatos e permite conhecer o início da formação histórica do Oeste paranaense.
No ano seguinte vem o sevilhano Ruy Díaz de Melgarejo (1519–1602), que havia participado do governo de Cabeza de Vaca, mas também caiu em desgraça e fugiu para São Vicente. Seguiu o já tradicional caminho indígena do Peabiru, pelo qual também retornaria ao ser perdoado pelo adversário (e parente) Martínez de Irala, o governador.
Irala incumbiu o capitão Melgarejo de dar sequência ao projeto de ocupação da região do Guayrá. Sob suas ordens, é levantada uma fortificação que dará origem à Ciudad Real del Guayrá.
Capitão retorna com poderes
À frente de uma centena de soldados, transfere parte das instalações de Ontiveros para a foz do Rio Piquiri e ali terá início a “República dos Guaranis”.
Muitas controvérsias sobre a história do Paraná ainda continuam na gangorra das versões opostas. A localização de Ontiveros, a cidade de índios fundada pelos espanhóis, é uma delas.
O jornalista Romário Martins (1876–1948), um dos mais célebres historiadores paranaenses, e o general Luiz Carlos Pereira Tourinho (1914–1998), cujo conhecimento da região o fez propor Cascavel como capital do antigo Território Federal do Iguaçu, indicam a localização ao Sul da atual Santa Helena. Entretanto, há estudos indicando Ontiveros como localizada a cerca de 50 quilômetros ao Norte das Sete Quedas.
Martins foi diretor do Museu Paranaense e se dedicou à elaboração de mapas criteriosos. Ele assinalou a localização das ruínas de Ontiveros “na foz do rio São Francisco, afluente da margem esquerda do Paraná”. Tourinho, por sua vez, presidiu o Instituto Histórico Geográfico e Etnográfico Paranaense, e confirmou a indicação de Martins.
Primeira ponte Brasil-Paraguai
Romário Martins, autor de uma obra empenhada em valorizar a terra e a gente do Paraná, atribui a definição da importância estratégica do Paraná ao cacique indígena Guairacá, que sob o grito de guerra “Co ivi oguerecó yara!” (Esta terra tem dono!), liderou diversas guerras índias.
Guairacá foi um forte obstáculo ao projeto colonizador de Martínez de Irala no Oeste brasileiro, cujo marco seria a “construção da ponte pênsil de aproximadamente 77 metros ligando o alto ao baixo Paraná, ou seja, também, à época, o Paraguai ao Brasil” (IBGE, Cidades).
Em meados do século XVI crescia a movimentação de viajantes pelo Oeste paranaense, sobretudo espanhóis. Também aconteciam frequentes combates entre ibéricos e índios. Tentando vencer a resistência indígena para afirmar o domínio espanhol na região, Irala enviou uma forte expedição militar dirigida por Nuflo Chaves (1518–1568), que depois fundou o vice-reinado do Peru.
A missão de Chaves era combater os ainda invencíveis índios Tupis. Os índios do cacique Guairacá. Os espanhóis se aproveitaram com sucesso das divisões entre as tribos para se impor, mas foram os portugueses – os bandeirantes – que logo viriam para derrotar de vez os índios da região e também expulsar os espanhóis.
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