Dengue: lotes descuidados são facilmente encontrados no Coqueiral

Com a cidade em situação de emergência por conta da dengue, lixo nos terrenos são observados em várias partes do bairro

Por Silvio Matos

Não só Cascavel, mas o país todo vive uma epidemia de dengue. A doença, transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti, já atingiu 1.508 cascavelenses e vitimou uma mulher de 29 anos nesta semana. Com 200% de aumento de um boletim para o outro, os números parecem não assustar toda a população. O bairro Coqueiral, na região oeste, concentra lotes com mato alto, lixo e possíveis criadouros do mosquito, que deixa os ovos em água parada, seja ela limpa ou suja.

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“É complicado! Eu tento alertar de todas as formas, falamos com os proprietários dos lotes, orientamos, mas mesmo assim o problema persiste. É difícil lidar com o ser humano! Muitas pessoas não pensam que deixando o terreno sujo podem estar colaborando com mortes, porque dengue mata”, diz o presidente da Associação de Moradores do Coqueiral, Clemir Vieira do Amaral.

Um lote denunciado à equipe do Preto no Branco, pela população, fica a poucos metros do CMEI Sonho Meu. O terreno está com mato alto, conta com uma edificação abandonada, com vidros quebrados, podendo ser um potencial criadouro do Aedes. Os moradores relataram que os agentes de endemias passam pelo local, mas o terreno nunca foi multado. A reportagem procurou a Secretaria Municipal de Saúde, que comunicou que “enviará uma equipe para fazer a vistoria para verificar se há focos do mosquito para tomar as devidas providências”. A pasta ainda informou que recebe denúncias por meio do telefone 156.

“Cuidado com a onça!” / “Cuidado com a sucuri!”

No encontro das ruas Presidente Kennedy e Padre Ricardo, uma pequena quadra incomoda os vizinhos. “O mato cresce sem parar no espaço que poderia ser uma praça, dando um péssimo exemplo do antigo ditado ‘faça o que eu digo, não o que eu faço’. Esse exemplo não deveria vir da prefeitura, que cobra que os proprietários mantenham seus terrenos limpos e roçados, mas não faz a lição de casa”, afirma o jornalista e publicitário Elvis Cândido Lima.

Este pequeno lote triangular, além da vegetação, também concentra objetos que podem se tornar criadouros do mosquito da dengue. No último fim de semana a reportagem encontrou garrafas, tampas e plástico. Pensando em chamar a atenção para o problema, a agência de publicidade Blanco Lima, que está localizada em frente ao espaço, criou uma “campanha” criativa. Placas com frases como “Cuidado com a onça!” e “Cuidado com a sucuri!” foram colocadas no local.

“É dever de todo cidadão denunciar situações como estas, especialmente quando se paga impostos e tributos com esta finalidade: deixar a cidade limpa. Este cenário de abandono não combina com a Cascavel, que é referência no Paraná. É obrigação do município manter nossa cidade limpa e livre de focos do mosquito da dengue”, afirma. 

Para ele, a prefeitura poderia aproveitar esse espaço para cultivar flores, instalar bancos e até criar uma pequena área de descanso e lazer. “Criatividade e talento o pessoal da prefeitura tem de sobra, mas se precisar, estamos aqui para sugerir. O Coqueiral é um excelente bairro, mas faltam espaços públicos de lazer, com árvores e paisagismo”, cobra. 

Elvis informou que solicitou a poda diretamente à Secretaria de Meio Ambiente, via telefone. Segundo ele, foi prometido que alguém iria ao local, porém a situação não foi resolvida. “Antes essa poda era feita com frequência, mas de uns tempos para cá, não houve novas intervenções do município”, recorda. O Preto no Branco procurou a pasta, mas não recebeu retorno até o fechamento desta edição.

O publicitário Elvis Cândido Lima usa da criatividade para chamar a atenção 

CMEI: “Precisamos de mais vagas!

O presidente do Coqueiral, Clemir Vieira do Amaral, cobra a ampliação do CMEI do bairro. “Hoje a unidade recebe 53 crianças, mas a demanda da comunidade é muito maior. Até agora não fomos atendidos com a ampliação, que é necessária. As vagas atuais deveriam ser triplicadas ou até mais”.

A Secretaria Municipal de Educação repassou que o CMEI Sonho Meu atende em capacidade máxima. “Não existe projeto de ampliação”, diz a nota que também informa: “A unidade tem previsão de receber serviços de manutenções corretivas ao longo do ano. O CMEI compreende a região oeste, que conta com outras nove unidades. Neste ano, entrará em funcionamento o CMEI do Loteamento Siena, que deverá impactar na lista de espera das demais unidades desta região, com aberturas de novas vagas”, projeta a secretaria.

 

Clemir Vieira do Amaral é presidente do bairro e cobra a ampliação do CMEI; município diz que não tem previsão

 

CMEI Sonho Meu atende só 53 crianças

 

Sinalização de vias

O Coqueiral é um dos bairros mais movimentados da cidade, vias importantes e com tráfego pesado fazem parte da rotina dos moradores, como a Avenida Brasil, Rua das Palmeiras, Paraná e Presidente Kennedy. A população questionou a manutenção das placas e demais sinalizações.

Com isso, a Transitar (Autarquia Municipal de Mobilidade, Trânsito e Cidadania) informou que foram feitas, em 2023, as sinalizações horizontais nos bairros Parque Verde, Tropical e Coqueiral, tendo em vista a avaliação de risco potencial de acidentes nestes locais. “Quanto à sinalização vertical, a substituição acontece conforme demanda, sempre priorizando as placas de parada obrigatória nas esquinas”, explica a nota.

51 anos no Coqueiral

Clemir Vieira do Amaral chegou no Coqueiral em 1973, prestes a completar 51 anos na comunidade, o atual presidente da Associação de Moradores recorda o passado. “Quando cheguei não existia nada! Este espaço, onde está o salão, era um campo de futebol. Me criei jogando bola aqui”, diz. 

Para ele, a evolução é surpreendente. “O Coqueiral é muito bem estruturado, hoje só faltaria uma unidade de saúde própria. Na questão comercial, temos todo tipo de empreendimento. As construções não param de surgir, com vários prédios novos chegando”, comenta. “Para os próximos gestores municipais, peço que continuem fazendo a cidade crescer, principalmente focando nos bairros, indo além do centro, seguindo o que vem sendo feito”, solicita, pensando nas eleições de outubro.

Plantas e abelhas: “Isso é a minha vida!”

João Beckert chegou em Cascavel há mais de 50 anos. O aposentado mora na divisa dos bairros Coqueiral e Tropical. Em meio a inúmeras plantas de todos os tipos, seu João, como é conhecido pelos vizinhos, se dedica ao meio ambiente. “É uma terapia! Gosto muito de cuidar das plantas, isso é a minha vida”, define. Um dos focos principais são os bonsais, que é uma técnica de miniaturização de árvores. “Qualquer espécie pode se tornar um bonsai. Requer um trabalho minucioso e cuidadoso para garantir a saúde da planta”. 

Seu João conta com duas araucárias no terreno, uma fêmea de 50 anos, plantada quando chegou na cidade, e um macho com cerca de 40 anos. “Para dar o pinhão é necessário ter essas duas árvores juntas, para ocorrer a polinização e a fecundação, assim gerando as sementes”. Outro hobby é a criação de abelhas sem ferrão, dentre elas a famosa jataí. “As minhas abelhas ajudam muito com as plantas, elas fazem esse papel importantíssimo de polinização. Elas não ficam só aqui, conseguem voar em um raio de dois a três quilômetros, assim colaborando com toda a comunidade”.

O aposentado João Beckert cuida com amor e carinho das suas inúmeras plantas; bonsais são sua paixão 

 

Fonte: Fonte não encontrada

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