Três dias após divergirem na votação da Reforma Tributária na Câmara dos Deputados, parlamentares do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, decidiram resolver suas diferenças em um grupo de WhatsApp da bancada. Mensagens obtidas e divulgadas pelo jornal O GLOBO revelam uma discussão acalorada neste domingo, com troca de insultos e acusações mútuas.
PRINCIPAIS NOTÍCIAS PELO WHATS: ENTRE NA COMUNIDADE. TAMBÉM ESTAMOS NO TELEGRAM: ENTRE AQUI.NOS NO GOOGLE NEWS.
A coisa ficou tão quente que o líder do partido, Altineu Côrtes precisou bloquear o grupo para que ninguém mais pudesse mandar mensagens.
Alguns parlamentares favoráveis à reforma admitem a possibilidade de pedir à Justiça para deixar o PL sem ferir a regra de fidelidade partidária. Eles são minoria no partido, que tem 99 deputados e se tornou o maior da Câmara após a filiação em massa de aliados de Bolsonaro.
Na votação em primeiro turno da proposta que muda o sistema de impostos do país, a sigla deu 20 votos a favor, enquanto 75 foram contrários.
Sobre a discussão
A conversa no grupo esquentou quando Vinícius Gurgel (PL-AP) passou a reclamar de “extremistas” e da perseguição aos 20 parlamentares favoráveis à reforma nas redes sociais. Ele foi um dos deputados da sigla que apoiaram a proposta.
“Só não fico ofendendo nas redes sociais quem vota de um jeito, então peço respeito, cada um tem seu eleitor! Não sou esquerda e nem de direita, sou conservador somente! Se quiserem pedir minha suspensão de comissões, expulsão, do jeito que vier tá bom! Não é comissão que vai me eleger!”, escreveu Gurgel.
Fiel apoiadora de Bolsonaro, Julia Zanatta (PL-SC) atribuiu as reclamações à atitude de quem fica “choramingando”: “Não sei por que tanto choro”. Se tinham tanta certeza do voto, por que estão se explicando até agora?”.
Os parlamentares então passaram a discutir a possibilidade de o partido ter duas lideranças distintas para representar os grupos divergentes. Carlos Jordy (RJ), alinhado a Zanatta, reagiu: “Para mim está muito claro: o PL não vai retroagir, o caminho é consolidar-se como o maior partido conservador, de direita, de oposição no Brasil. E aqueles que não aceitam essa posição devem sair do partido”.
Júnio Amaral (PL-MG), também aliado de Jordy e Zanatta, foi além, sugerindo que os 20 deputados votaram por outro motivo, que não o apoio ao texto: “Essas tentativas de justificar o voto aqui no grupo da bancada fica parecendo que nós, bolsonaristas, somos otários para acreditar que se trata de um posicionamento verdadeiro a favor do texto, me ajuda aí. Como se ninguém soubesse como funciona”.
Gurgel rebateu pedindo que o correligionário pedisse sua expulsão do partido: “Amigo, pede minha expulsão! Aqui não tem clima mais com vcs!!”
Em meio ao barraco, o ex-ministro da Saúde de Bolsonaro General Pazuello, eleito em 2022 deputado pelo Rio de Janeiro, surgiu tentando apaziguar os ânimos: “Está faltando política nestas discussões!! Srs, considerando que sou um calouro nesta legislatura, peço desculpas caso escorregue em algumas ideias. O nome do nosso partido é Partido Liberal, só pelo nome não cabe radicalismo e acusações!”.
Não teve sucesso. A discussão prosseguiu com Gurgel afirmando que o partido parecia “casamento forçado”. Ele lamentou: “Tristeza vcs terem vindo pro PL”.
André Fernandes (PL-CE), também da ala mais bolsonarista da legenda, pergunta: “Vcs quem?”.
Gurgel responde: “Vc, amigo, é um deles, pede expulsão, não respeita! Preferia vc em outro partido”.
Fernandes rebate: “Não me chame de amigo. Não lhe dei essa liberdade”.
O bolsonarista também diz: “Tá achando ruim? Pede para sair”.
A resposta: “Na hora certa”.
Na tarde deste domingo, diante do debate acalorado, o líder da sigla, Altineu Côrtes (PL-RJ), decidiu bloquear o grupo. Assim, ninguém mais foi permitido a enviar mensagens.
Fonte: O Gloo
Deixe um comentário