Os paranaenses estão envelhecendo e, nas próximas duas décadas, a tendência é pata que mais de 40% dos moradores do estado tenham 60 anos ou mais.
O raio-X do censo demográfico divulgado na última semana revela que o Paraná já tem mais idosos do que crianças de zero a 10 anos. Os números estratificados por estado revelam que, pelo censo de 2022, o estado tinha quase 1,9 milhão de pessoas acima dos 60 anos enquanto os menores de dez anos somavam pouco menos de 1,46 milhão. O Paraná é o quinto estado mais envelhecido do Brasil, atrás apenas de São Paulo (7,65 milhões de idosos); Minas Gerais (3,66 milhões); Rio de Janeiro (3,02 milhões); e Bahia (2,16 milhões). Vale destacar que nem todos estes estados lideram a lista de envelhecimento no Brasil (veja relação abaixo).
Considerando crianças e adolescentes de zero a 14 anos, o Paraná ainda conta com um número maior desses menores do que idosos, são 2,2 milhões, mas com uma escala crescente de pessoas que caminham para a terceira idade já que as que têm hoje de 50 a 59 anos somam 1,46 milhão. “São pessoas que estão prestes ou muito próximas de alcançarem a terceira idade. Quando o próximo censo for realizado, elas já estarão ao lado da tabela de idosos no estado”, afirmou o especialista e analista econômico, Marcelo Dias.
Atualmente 17% da população paranaense têm 60 anos ou mais. “Se mantivermos nossas taxas de crescimento muito abaixo de 1% ao ano, em 10 anos já seremos 30% de idosos e numa projeção de 20 anos passaremos dos 40%”, completou.
Na região oeste do Paraná, 16% dos habitantes têm 60 anos ou mais. Considerando as quatro macrorregiões (Cascavel, Foz do Iguaçu, Toledo e Marechal Cândido Rondon) que juntas somam 1,403 milhão de moradores, 218,2 mil são idosos. “Se olharmos numa perspectiva macro, até estamos num cenário que acompanha o envelhecimento do estado, mas quando investigamos por município, vemos como cidades, sobretudo as de pequeno porte, estão envelhecendo”, considerou o especialista.
No município de Mercedes, por exemplo, são 5.931 habitantes, dos quais 1.583 são idosos. Ou seja, por lá uma em cada três pessoas já está na melhor idade. “E a tendência é para que essas cidades sejam procuradas por aposentados por serem mais tranquilas e manterem uma boa qualidade de vida para o envelhecimento, por outro lado, elas tendem a encolher. Do ponto de vista da população economicamente ativa isso é preocupante”, completou.
Considerando a população de zero a 19 anos, o Oeste registra um total de 370 mil pessoas. Para o analista, analisando a proporção, é pouco mais de uma criança e/ou adolescente para cada idoso. “Ou seja, estamos próximos de uma proporão igualitária de um idoso para cada jovem adolescente ou criança”, considerou Marcelo Dias.
Cidades do oeste com grandes proporções de idosos
O novo estrato divulgado pelo IBGE mostrou que o Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Minas Gerais são os estados com o maior percentual de população idosa, mas para Marcelo Dias, o Paraná também caminha para essa realidade em um futuro próximo.
Segundo o governo federal, os dados do Censo 2022 revelam, por si só, o envelhecimento da população. “O total de idosos com 65 anos ou mais saltou de 14.081.477 em 2010 para 22.169.101 em 2022. O aumento é de 57,4%”, afirmou em publicação da Agência Brasil.
“Os novos dados mostram que as regiões do país com a maior proporção de idosos com 65 anos ou mais são o Sudeste (12,2%) e o Sul (12,1%). De outro lado, a população mais jovem, envolvendo crianças com até 14 anos, é mais expressiva no Norte (25,2% do total de moradores) e no Nordeste (25,2% do total de moradores)”, informou o governo federal.
No Rio Grande do Sul, onde 14,1% dos moradores têm 65 anos ou mais também é o estado com registro de menor percentual de crianças. A faixa etária até 14 anos representa 17,5% da população gaúcha. A idade mediana no estado é 38 anos, três a mais do que a idade mediana nacional.
Os estados com a maior proporção de crianças são todos da Região Norte: Roraima (29,2%), Amazonas (27,3%) e Amapá (27%). Em todos esses estados, o percentual de idosos com 65 anos ou mais não chega a 6%.
“Se analisarmos informações pontuais, dos 50 municípios do oeste do Paraná, ao menos 30 já tem mais percentual de idosos do que os estados considerados mais idosos do Brasil. Em dois terço das cidades da região já temos mais idosos do que crianças”, completou Marcelo Dias.
Onde a redução de fecundidade chegou mais tarde
À EBC, a pesquisadora do IBGE Izabel Guimarães considerou que estados da Região Norte do Brasil iniciaram mais tardiamente o processo de redução da fecundidade que se observa no país. “Roraima particularmente tem na sua composição uma população indígena numerosa. As populações indígenas, principalmente aquelas que residem em terras indígenas, têm fecundidade maior. Além disso, há uma migração, principalmente da Venezuela, que tem efeito no número de nascimentos no estado”, explica.
Segundo Izabel, são principalmente os jovens que vêm ao país em busca de trabalho, incluindo mulheres em idade reprodutiva. Ela destaca que os dados específicos de migração e fecundidade do Censo 2022 serão divulgados em 2024. “isso pode trazer uma mudança na realidade regional no Paraná também, sobretudo para algumas cidades, considerando que muitas têm recebido imigrantes para trabalhar nas indústrias, cooperativas. A maioria tem crianças”, explicou o especialista Marcelo Dias.
Por que as cidades maiores e as menores têm maior número de idosos?
Marcelo Dias lembra que cidades como Cascavel, Foz do Iguaçu, Toledo e Marechal Cândido Rondon não são consideradas cidades de grande porte e que, como estão em franco desenvolvimento, tendem a atrair mais pessoas em idade econômica ativa, diferente das capitais e pequenas cidades que tendem a atrair mais idosos.
Segundo o IBGE. observa-se que o envelhecimento populacional ocorre de forma mais intensa nas menores e nas maiores cidades. “Esse fenômeno pode ser avaliado por meio do índice de envelhecimento. Ele indica quantas pessoas com 65 anos ou mais existem na comparação com cada grupo de 100 crianças até 14 anos. O índice de envelhecimento é de 76,2 nas cidades com até cinco mil habitantes e de 63,9 naquelas com mais de 500 mil habitantes”, revelou.
“O que acontece nos municípios muito pequenos é a saída da população economicamente ativa, em idade reprodutiva. As pessoas se mudam para locais onde há maiores chances de empregos e melhores ofertas de serviço. Por sua vez, as cidades maiores são justamente aquelas em que a fecundidade tende a ser mais baixa”, observa Izabel Guimarães.
Nos municípios com volumes populacionais intermediários, o índice de envelhecimento é mais baixo. O menor patamar, 48,9, é observado nas cidades que têm de 50 mil a 100 mil habitantes.
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